GUITARRAS DE ELITE MISSÕES COMPING | PARTE 1 FOTO DO COLUNISTA ADRIANO DE CARVALHO Adriano de Carvalho é guitarrista e professor de música em diferentes universidades de São Paulo e Minas Gerais. Desenvolve um intenso trabalho de pesquisa sobre a evolução da guitarra no Jazz. Possui Mestrado em Performance (Unicamp) e Bacharelado em guitarra (FAAM). Contato: [email protected] O termo comping se refere a um tipo de acompanhamento onde se estabelece uma relação mais ativa entre a seção rítmica e solistas. O músico acompanhante tem por objetivo estimular o solista, rítmica e harmonicamente. Originalmente, tratava-se de uma forma de acompanhamento em que os acordes eram colocados nos espaços deixados pela melodia, estabelecendo-se, assim, um diálogo entre solista e seção rítmica (comp = complemento). A técnica do comping envolve um grande conhecimento de aberturas de acordes, desenvoltura rítmica e a necessidade de estar sempre atento ao solista para que se possa criar um diálogo entre as ideias apresentadas por ambos no discurso musical. Os exemplos a seguir foram ideias para cadências “II – V – I” extraídas do livro “Guitar Comping” (AEBERSOLD, Jamey. Guitar Comping. New Albany, IN: Aebersold Publications, 1986) do guitarrista Barry Galbraith, que traz uma série de transcrições de acompanhamentos tocados por Galbraith em algumas composições Exemplo 01 | II - V em Fá maior importantes do repertório jazzístico. Nascido em 1919, Galbraith foi um dos principais guitarristas de estúdio de Nova York, nos anos 1950 e 1960. Como líder, aparentemente, gravou apenas um disco, chamado Guitar and the Wind. Ficou conhecido por sua excepcional leitura musical e habilidades como músico acompanhante. Podemos observar que a cifra utilizada nos exemplos nos mostra a cadência harmônica básica, no caso, uma sequência “II – V” [Gm7 – C7] na tonalidade de Fá Maior. Esta compreensão do movimento harmônico a partir da função do acorde nos dá maior liberdade para utilizarmos as extensões que julgarmos mais adequadas ao contexto musical. Note que, no Ex. 01, o acorde de Gm7 é harmonizado com uma tétrade de Bb7M. Esse é um tipo de substituição muito utilizada na harmonização jazzística. Nesse caso, o acorde resultante é um acorde de Gm7/9: | AUDIO TRACK: 06 22 | GUITARRAS DE ELITE.com.br | OUTUBRO 2014 Já no Ex. 02, o acorde do II grau é “desmembrado” em duas tríades de Bb, gerando mais movimento na execução do acorde: Exemplo 02 | II - V em Fá maior | AUDIO TRACK: 07 O Ex. 03 utiliza o acorde de Gm7 com 11ª, criando uma possível variação em relação ao exemplo 1. Nesse caso, a 11ª deu lugar à 3ª do acorde, o que, em acordes de II grau cadenciais, não altera sua função: Exemplo 03 | II - V em Fá maior | AUDIO TRACK: 08 No Ex. 04, temos o uso de um acorde “Sus” [Csus7(9), neste caso] na posição do Dominante – C7: Exemplo 04 | II - V em Fá maior | AUDIO TRACK: 09 OUTUBRO 2014 | GUITARRAS DE ELITE.com.br | 23 MISSÕES CADERNO TÁTICO #01 MISSÕES GUITARRAS DE ELITE O Ex. 05 nos mostra a possibilidade de inserirmos movimentos cromáticos ao tocarmos acordes. É comum relacionarmos o cromatismo a passagens melódicas. Exemplo 05 | II - V em Fá maior Mas este é um recurso que também pode ser trabalhado na harmonia. Além disso, neste exemplo, a cadência é finalmente resolvida sobre um acorde de F7M(9): | AUDIO TRACK: 10 O Ex. 06 é contribuição do nosso editor com a finalidade de darmos uma “revisão geral” nos nossos estudos: junte os 05 exemplos em sequência e divirta-se! Exemplo 06 | REVISÃO COMPING: Parte 1 | AUDIO TRACK: 11 24 | GUITARRAS DE ELITE.com.br | OUTUBRO 2014 MISSÕES CADERNO TÁTICO #01 Para praticar nossas atividades desta Missão, segue também um PLAYBACK de referência - AUDIO TRACK 12. Dicas finais para os seus estudos: • Tente, sempre que possível, manter a mesma digitação proposta nos exemplos. • Toque os exercícios em diferentes andamentos. • Transponha os exemplos para diferentes tonalidades. Bons estudos e até o próximo encontro! Keep on Swinging! A.C. OUTUBRO 2014 | GUITARRAS DE ELITE.com.br | 25