Neuropatia Periférica em Pacientes com Câncer Colorretal em

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Neuropatia Periférica em Pacientes com Câncer
Colorretal em Tratamento com Oxaliplatina
revisão
doi: 10.4181/RNC.2013.21.723.14p
Oxaliplatin-Induced Peripheral Neuropathy In Patients With Colorectal Cancer
Helena Maria de Cerqueira Mathias1, Maria Cecília Mathias Machado2,
Adriano Celso Rodrigues3
RESUMO
ABSTRACT
Introdução. A neuropatia periférica representa uma das principais
queixas dos pacientes com câncer colorretal submetidos à quimioterapia com oxaliplatina, sendo necessária uma maior compreensão sobre
o tema pela comunidade de saúde. Objetivo. Revisar a literatura referente à ocorrência de neuropatia periférica secundária à oxaliplatina
em pacientes com câncer colorretal. Método. Pesquisa realizada nas
bases de dados Medline e Science Direct, com período de coleta entre
novembro de 2010 a fevereiro de 2011. Foram utilizados artigos científicos publicados nos últimos seis anos sobre o tema, sendo excluídos
artigos de revisão de literatura e estudos experimentais em laboratório. Resultados. Após a pesquisa, foram selecionados 29 artigos para
compor esse estudo, todos no idioma inglês. Nos artigos selecionados,
observou-se que as principais manifestações clínicas descritas foram
parestesia distal, disestesia perioral e laringofaríngea, incapacidade
funcional, diminuição ou ausência de reflexos tendíneos, hipersensibilidade ao frio, dor e contração muscular. Conclusões. A frequência de
neuropatia periférica em pacientes com câncer colorretal submetidos à
quimioterapia com oxaliplatina é significativamente alta. Dessa forma,
é essencial que os profissionais de saúde estejam atentos aos possíveis
efeitos adversos dessa droga. Recomendam-se novos estudos com a
finalidade de facilitar a busca de estratégias de prevenção e tratamento
para o mesmo.
Introduction. Oxaliplatin-induced peripheral neuropathy is one of
the main complaints of patients in treatment for colorectal cancer,
therefore a better understanding of the subject is necessary in order to
guide health professionals. Objective. Generalize the knowledge on
oxaliplatin-induced peripheral neuropathy in patients with colorectal cancer. Method. This study consists of a literature review carried
through consultation to the databases Medline and Science Direct,
with data collection between November 2010 and February 2011.
For this study, scientific articles published in the last six years were
used, which adressed the subject. Literature review articles and laboratory experimental studies were excluded. Results. Upon research, 29
articles have been enclosed in this study, all of them in the English
language. In these selected articles, the most frequent clinical effects
were distal paresthesia, perioral and laryngopharingeal dysesthesia,
functional impairment, loss or decrease of tendon reflexes, hypersensibility to cold, pain and muscle contraction. Conclusions. The
frequency of oxaliplatin-induced peripheral neuropathy in patients
with colorectal cancer is very high. Therefore, it is essential that health
professionals be familiar to the adverse effects of this medication. New
studies are recommended to facilitate the search of prevention and
treatment for such medication induced toxicity.
Unitermos. Neoplasias Colorretais, Quimioterapia, Síndromes Neurotóxicas, Compostos de Platina, Polineuropatias, Polineuropatia Paraneoplásica.
Keywords. Colorectal Neoplasms, Drug Therapy, Neurotoxicity
Syndromes, Platinum Compounds, Polineuropathies, Paraneoplastic
Polyneuropathy.
Citação. Mathias HMC, Machado MCM, Rodrigues AC. Neuropatia Periférica em Pacientes com Câncer Colorretal em Tratamento
com Oxaliplatina.
Citation. Mathias HMC, Machado MCM, Rodrigues AC. Oxaliplatin-Induced Peripheral Neuropathy In Patients With Colorectal
Cancer.
Trabalho realizado na Universidade Salvador (UNIFACS), Salvador-BA,
Brasil.
1.Fisioterapeuta, Pós-graduanda da Universidade Salvador (UNIFACS), Salvador-BA, Brasil.
2.Acadêmica de Medicina, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Salvador-BA, Brasil.
3.Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Traumatortopédica pela Universidade Gama Filho, Salvador-BA, Brasil.
Endereço para correspondência:
Adriano Celso Rodrigues
Universidade Católica do Salvador
Av. Anita Garibaldi Edf. Centro
Odonto-médico Itamaraty, 8 andar,
Ondina, Salvador-BA, Brasil
Tel.: (71)8226-1504
E-mail: [email protected]
Revisão
Recebido em: 04/08/11
Aceito em: 15/07/13
Conflito de interesses: não
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INTRODUÇÃO
A Neuropatia Periférica induzida pela quimioterapia é um dos efeitos colaterais mais comuns e indesejáveis
no tratamento do câncer colorretal1,2, e constitui um fator
limitante para o uso de drogas potencialmente eficazes,
sendo, muitas vezes, necessária a redução da dose ou a interrupção do tratamento3-5. A prevalência de neuropatia
periférica relacionada ao uso de agentes quimioterápicos
vem aumentando devido ao avanço na terapia adjuvante
pós-operatória, que proporcionou uma maior sobrevida
para os pacientes com esta patologia1,2. Recentemente, a
adição de oxaliplatina aos regimes já utilizados como primeira linha de tratamento tem se destacado, tanto pela
sua eficácia, quanto pela neurotoxicidade que acarreta, e
apresenta, como uma das principais complicações, a neuropatia periférica aguda ou crônica2,3,6-9.
Diferentes autores demonstraram a ocorrência de
neuropatia periférica sensitiva associada ao uso da oxaliplatina1-6,10. Essa neuropatia é caracterizada por disestesia,
hipoestesia e/ou parestesia distal, e esses sintomas estão
correlacionados com a dose administrada, aumentando
de intensidade e duração conforme o efeito cumulativo
da droga1-5,7,10. A neuropatia sensitiva é reversível, e responde a reduções de dose ou interrupção do tratamento,
porém ela pode persistir durante meses, e, nestes casos,
pode afetar a capacidade funcional do paciente e a habilidade de realizar suas atividades de vida diária1,3,4,11.
Os pacientes submetidos a esquemas de quimioterapia contendo oxaliplatina também podem apresentar
manifestações neurológicas agudas1,4-8,9,12. Estas iniciam
durante a infusão, dentro de minutos ou horas, ou mesmo um a dois dias após a administração, apresentando
resolução espontânea em poucos dias1,3,6,9,10,13. Os sinais
e sintomas podem incluir disestesia, hipoestesia e parestesia induzidas pelo frio, os quais geralmente acometem
mãos e pés, mas podem ocorrer também ao redor da boca
e laringofaringe4. Outras disfunções sensitivas e motoras
também são relatadas, tais como diplopia, rigidez mandibular, cãibra ou espasmo muscular, fraqueza generalizada,
neuromiotonia e outros sinais de hiperexcitabilidade de
nervos periféricos1,4,5,8-10.
Este quadro de desconforto representa uma das
principais queixas dos pacientes em acompanhamento
para neoplasia colorretal na clínica oncológica, interfe-
rindo em suas atividades de vida diária, com consequente perda de qualidade de vida. Desta forma, uma maior
compreensão sobre o tema é necessária para orientar a comunidade de saúde na busca de estratégias de tratamento
para este agravo. Sendo assim, este trabalho tem como
objetivo revisar a literatura referente à ocorrência de neuropatia periférica secundária à oxaliplatina em pacientes
com câncer colorretal.
MÉTODO
Foi realizada uma revisão de literatura por meio
do levantamento de publicações que abordavam a neuropatia periférica em pacientes com câncer de cólon e reto
submetidos à quimioterapia, com divulgações em língua
inglesa e portuguesa. As bases de dados utilizadas foram
Medline e Science Direct e biblioteca virtual Bireme. A
coleta de dados foi realizada entre janeiro de 2010 a fevereiro de 2011. Os artigos foram identificados através
dos descritores: neoplasias colorretais, quimioterapia,
síndromes neurotóxicas, polineuropatias, polineuropatia
paraneoplásica, compostos de platina e seus correlatos em
língua inglesa.
Foram incluídos estudos que relatavam a ocorrência de neuropatia periférica em pacientes portadores de
câncer colorretal, submetidos ao tratamento quimioterápico com regimes baseados em oxaliplatina, publicados
nos últimos seis anos, com data de divulgação entre 2006
a 2011. Pela relevância para a pesquisa, foram aceitas quatro publicações de anos anteriores a este período. Como
critérios de exclusão, não foram aceitos artigos que tinham, como desenho de estudo, revisão de literatura e
estudos experimentais em laboratório.
RESULTADOS
A pesquisa inicial realizada nas bases eletrônicas
identificou 105 referências. Através da Medline, foram
identificados 66 artigos e, pela Science Direct, foram localizados 41 artigos. Contudo, foram excluídos aqueles
que não se adequavam ao objetivo da pesquisa, sendo selecionados 60 artigos para leitura de resumo. Dentre estes, foram ainda excluídos os que tinham como desenho
de estudo revisão de literatura e aqueles que não preenchiam os critérios de inclusão previamente determinados.
Foram, então, selecionados 29 artigos para compor esse
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DISCUSSÃO
As evidências científicas acerca das manifestações
clínicas da neuropatia periférica em pacientes com câncer
colorretal submetidos à quimioterapia com oxaliplatina
sugerem alta frequência de alterações da sensibilidade e,
também, está relacionada ao frio, presença de dor, contrações musculares, diminuição ou ausência de reflexos
tendíneos e incapacidade funcional. Foi possível também
observar, nos resultados de alguns estudos selecionados,
que diminuição da percepção vibratória, fraqueza muscular e ataxia sensorial podem ocorrer e, desta forma, comprometer a qualidade de vida dos pacientes.
No presente estudo foi possível encontrar uma alta
frequência de alterações da sensibilidade, destacando-se a
presença de parestesias e disestesias. Em um estudo1 com
86 adultos portadores de câncer colorretal submetidos à
quimioterapia com oxaliplatina, a parestesia foi encontrada em 94,3% dos pacientes durante a terapia, e este sintoma acometia principalmente os pés e as mãos. Os autores
demonstraram que, após seis ciclos de tratamento, 92%
dos pacientes ainda apresentavam dormência e formigamento, e relacionaram este achado ao desenvolvimento
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de neuropatia crônica decorrente do efeito cumulativo da
droga. A incidência desta complicação foi muito semelhante em outros estudos14,15. Em um deles14, foi relatada a ocorrência deste sintoma em 96% dos indivíduos,
enquanto, em outra pesquisa15, dos 27 pacientes estudados, 16 apresentaram quadro de parestesia em membros
superiores e inferiores. Em discordância com esses achados, no protocolo NSABP C-072, os autores analisaram
a neurotoxicidade secundária ao uso desta droga e não
encontraram uma prevalência tão elevada desse sintoma,
pois apenas 19,5% dos pacientes apresentaram adormecimento ou formigamento em pés e mãos, porém enfatizaram a persistência dos sintomas, já que, 18 meses após
o início do tratamento, 13.9% destes indivíduos ainda
apresentavam parestesia nos pés.
Alterações de sensibilidade secundária à quimioterapia com oxaliplatina foram descritas em um estudo16
com 135 pacientes com câncer de cólon e reto, que relatava a ocorrência de disestesia distal em 68 indivíduos, sendo que 9 deles apresentavam ainda disestesia e/ou
parestesia na região oral e perioral e 7 evoluíram também com disestesia laringofaríngea. Outras pesquisas8,17
citaram também a presença desses sintomas na face e
na faringe. Em uma delas17, foi observado que, dos 18
pacientes tratados com a referida droga, 13 apresentaram disestesia distal, perioral e laringofaríngea. Em outra pesquisa8, da mesma forma, foi observada a presença
de disestesia em faringe, relatada pelos pacientes como
desconforto respiratório. A maioria dos autores concorda que a fisiopatologia desses sintomas sensitivos ainda
não está completamente esclarecida, mas, provavelmente,
esses se devem aos efeitos neurotóxicos do acúmulo da
oxaliplatina nas células dos gânglios sensitivos dorsais, o
que provoca mudanças morfológicas no corpo celular, e
pode resultar em axonopatia dos nervos periféricos, especialmente nas fibras largas mielinizadas, responsáveis pela
condução nervosa sensorial4,18,19.
Diversos autores observaram a relação desses sintomas sensitivos com o frio1,5,8,10,17,20,21. Em ensaio clínico20, com 48 adultos portadores de câncer colorretal, os
autores relataram a ocorrência de parestesia e disestesia
nas mãos desencadeada pelo frio em 96% dos pacientes,
e disestesia na laringofaringe em 32% desses. Em outra
pesquisa1, foi observado que 87.2% dos pacientes apre-
revisão
estudo, todos no idioma inglês. Dos estudos incluídos,
25 foram publicados nos últimos seis anos e quatro tinham data de divulgação entre 2000 e 2005. Esses foram
constituídos, em sua maior parte, por ensaios clínicos,
totalizando vinte e cinco artigos, dois estudos de coorte
e dois estudos retrospectivos. Todas essas publicações foram lidas na íntegra e preencheram os critérios propostos
inicialmente (Tabela 1).
Nos artigos selecionados, observou-se que as principais manifestações clínicas foram descritas e, entre
estas, 85.7% descreveram parestesia distal, 85.7% relataram disestesia distal, perioral e laringofaríngea,71.4%
descreveram incapacidade funcional, 57.1% relataram
diminuição ou ausência de reflexos tendíneos, 53.5%
descreveram hipersensibilidade ao frio, 50% relataram
dor e 42.8% descreveram contração muscular nas extremidades distais e região perioral. Embora menos frequentes, outros sintomas foram citados nos artigos, sendo que
21.4% relataram diminuição ou ausência de percepção
vibratória, 21.4% descreveram ataxia sensorial e 17.8%
relataram fraqueza muscular (Tabela 2).
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sentavam disestesia na face e nas extremidades, e esta se
manifestava como sensibilidade dolorosa ao frio quando
os pacientes comiam, bebiam ou seguravam objetos frios.
Em análise da duração desse sintoma, os autores perceberam que, após 6 ciclos de tratamento, apenas 68% dos
indivíduos se queixavam deste acometimento, e sugeriram que estes sintomas estão geralmente associados ao
fenômeno de hiperexcitabilidade transitória dos nervos
periféricos. Achados semelhantes foram encontrados em
outros estudos5,8,10,17,21, sendo que, em dois deles5,8 todos
os pacientes submetidos ao tratamento relataram presença de parestesia induzida pelo frio após a infusão, com
duração de três a vinte e um dias, enquanto, nas outras
pesquisas10,17, os autores citaram a ocorrência de disetesia relacionada ao frio em 72% a 75% dos pacientes, os
quais persistiram por dois a cinco dias após a infusão.
Esses sintomas, desencadeados ou aumentados pela exposição à temperatura fria, estão relacionados à neuropatia aguda, e, geralmente, são suaves, de curta duração,
e completamente reversíveis dentro de horas ou dias4,18.
Até o momento, a hipótese mais aceita sugere que estes
efeitos agudos se devem à combinação do cálcio com o
oxalato liberado pela oxaliplatina na membrana sináptica,
provocando alterações nos canais de sódio voltagem-dependentes, com consequente aumento da excitabilidade
das células nervosas e musculares4,18,22,23.
No atual estudo, foi encontrada, também, uma
alta incidência de dor, principalmente, relacionada ao
frio. Autores24 avaliaram 16 pacientes com câncer tratados com oxaliplatina através do questionário McGill,
específico pra dor, e observaram que, dentre estes, 9
apresentaram queixa de dor, e todos relataram associação
desta com o frio, provocada pelo ambiente com baixas
temperaturas e/ou contato com objetos, líquidos ou ar
frio. Em uma pesquisa20, foi descrita, além das alterações
de sensibilidade já citadas, a ocorrência de dor nas mãos
relacionada ao frio, após cada ciclo de tratamento, em
96% dos indivíduos estudados. Outros autores1 verificaram que a dor provocada pelo frio era o sintoma mais
comum experimentado pelos pacientes durante o tratamento, acometendo mais de 80% destes. Outro estudo2
apresentou uma incidência bem mais baixa desse sintoma
que a citada pelos outros autores, de apenas 26%. Esse
sintoma parece ocorrer pelo fato de que a neurotoxicidade
da oxaliplatina é mediada pela sensibilização dos sistemas
nociceptivos periféricos e centrais24. Essa droga também
exerce efeito significativo no potencial de ação das fibras
mielinizadas tipo A Delta, responsáveis pela condução do
estímulo térmico relacionado ao frio20,24.
Além da dor induzida pelo frio, em estudo já re1
ferido , os autores observaram que 60% dos pacientes
queixavam-se de dor ao morder os alimentos, devido ao
espasmo da musculatura mastigatória. Contrações musculares, como espasmos, rigidez e cãibras musculares
foram citados em várias pesquisas5,21,25,26. Em dois estudos5,25, realizados pelo mesmo grupo de pesquisadores,
foi demonstrado, através de avaliação neurológica, que,
após infusão da oxaliplatina, sete, entre os dez pacientes
examinados, mantinham a contração muscular dos extensores das mãos após percussão do nervo interósseo por
tempo mais prolongado do que em indivíduos normais.
Em pesquisa26 recente conduzida com 15 pacientes com
câncer avaliados antes e após infusão da oxaliplatina, foi
observado que 13% destes evoluíram com cãibras e fasciculações em mãos e pés com duração de 2 a 10 dias
após aplicação da droga, enquanto 7% dos indivíduos
apresentaram dor e rigidez mandibular. Esses sintomas
apresentam semelhança clínica com espasmos tetânicos,
os quais são geralmente atribuídos à hiperexcitabilidade
dos neurônios motores e associados à hipocalcemia e hipomagnesemia4.
Outro sintoma diversamente citado no presente
estudo foi a diminuição ou ausência de reflexos tendíneos. Em análise da neurotoxicidade secundária ao uso
da oxaliplatina, autores20 realizaram exame neurológico
em 18 pacientes do grupo que recebeu esta droga 12,2
meses após o término da quimioterapia. Deste total, 12
indivíduos ainda apresentavam evidência clínica de neuropatia periférica em membros superiores e/ou inferiores, com diminuição ou ausência de reflexos tendíneos
em 50% deles. Outros estudos9,17,27 também relacionaram
este sintoma à neurotoxicidade crônica associada a essa
droga. Em um deles17, os pesquisadores estudaram dois
grupos de pacientes com câncer colorretal avançado em
tratamento com oxaliplatina, sendo que o primeiro foi
avaliado no momento da infusão, 9 e 18 semanas após
início da quimioterapia; enquanto o segundo grupo foi
examinado dias após o término da terapia e acompanhado
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mioterapia. Além disso, o tratamento teve duração mais
longa para muitos pacientes com doença avançada.
Resultados sobre a reversibilidade da neurotoxicidade têm sido contraditórios. No estudo europeu30, com
seguimento mediano de 27,7 meses, a toxicidade neurosensitiva de grau 3 foi reversível em 74% dos pacientes3.
Por outro lado, 0,7% dos pacientes no grupo que fazia
uso de oxaliplatina no estudo MOSAIC6 apresentavam
toxicidade neurossensitiva de grau 3 aos 18 meses. No
entanto, tanto o estudo MOSAIC quanto o estudo do
NSABP C-07 mostraram que a neurotoxicidade de menor grau continuou em boa parcela dos pacientes durante
o seguimento2,6. Os estudos mostram que quase 25% dos
pacientes participantes do estudo MOSAIC e 40% dos
pacientes do NSABP C-07 ainda apresentavam sintomatologia neuropática após 1 ano de acompanhamento2,6.
Até que ponto a neurotoxicidade influencia na qualidade
de vida ainda não está claro, em virtude das conclusões
inconsistentes de alguns estudos2,6,9. Porém, pacientes que
evoluem com incapacidade funcional relatam dificuldade
na realização de atividades de vida diária relacionadas à
coordenação motora fina, como abotoar camisas, escrever
ou segurar objetos17,18,31,32.
Embora menos citado nos artigos selecionados,
talvez pela não aplicação de exames neurológicos específicos, a diminuição ou ausência de percepção vibratória foi
um dos resultados encontrados no presente estudo. Em
pesquisa17 referida anteriormente, os autores observaram
que, dos 18 pacientes submetidos à quimioterapia com
oxaliplatina, 38% apresentaram hipopalestesia 9 semanas
após o início do tratamento, e todos evoluíram com esse
sintoma 18 meses após a primeira infusão. Esses autores
relataram também que 76% dos indivíduos ainda apresentavam diminuição de percepção vibratória após 7 meses de acompanhamento, sem sinais de melhora clínica.
Outros estudos9,13,27 descreveram diminuição da sensibilidade vibratória distal nesses pacientes, sendo que dois deles9,13 relataram a ocorrência desse sintoma em membros
superiores e membros inferiores, enquanto outro27 encontrou apenas em membros inferiores. Esse acometimento,
provavelmente, deve-se à ação tóxica da oxaliplatina nos
neurônios sensoriais, atingindo as fibras grossas mielinizadas responsáveis pela condução da sensação vibratória.
revisão
durante 7 meses. Os autores relataram que 55% dos pacientes apresentaram hiporreflexia dos tendões profundos
após 9 semanas, 45% evoluíram com este sintoma após
18 semanas, e 76% dos indivíduos ainda apresentavam
esse acometimento após 7 meses de seguimento. Outra
pesquisa13 associou o grau da neuropatia com este sintoma e observou que, dos 25 adultos com câncer de cólon
metastático estudados, 6 indivíduos com neuropatia leve
mantiveram o reflexo do tornozelo preservado, enquanto
8 pacientes com neurotoxicidade moderada apresentaram
hiporreflexia, e 2 indivíduos com toxicidade elevada cursaram com arreflexia e hiporreflexia do tornozelo. Esses
sintomas ocorrem quando há comprometimento dos elementos que constituem o arco reflexo, nesse caso, provavelmente, deve-se ao acúmulo de oxaliplatina nas células
dos gânglios sensitivos dorsais, atingindo as fibras grossas
mielinizadas que compõem este sistema4,18,19,28,29.
Diversos autores analisaram a gravidade e a duração da neuropatia associada ao tratamento com oxaliplatina2,6,9,30. Para esta finalidade, os instrumentos mais
utilizados foram a escala de neurotoxicidade do Instituto
Nacional do Câncer e uma escala desenvolvida especificamente para avaliar a neurotoxicidade secundária a essa
droga. Esta última possui um sistema de graduação, no
qual pacientes com grau 1 apresentam parestesia e disestesia de curta duração; grau 2 são aqueles que cursam
com parestesia e disestesia persistindo entre os ciclos de
tratamento e grau 3 quando esses sintomas evoluem para
incapacidade funcional4,18.
Em estudo europeu30 realizado com pacientes com
câncer colorretal, 18% dos indivíduos do grupo que utilizou oxaliplatina apresentaram toxicidade neurosensitiva
de grau 3 em algum período do tratamento. Valores semelhantes foram encontrados em outras pesquisas6,9. No
estudo MOSAIC6, no qual 2246 pacientes com câncer
de cólon estágio II e III foram avaliados entre outubro
de 1998 a janeiro de 2001 e acompanhados nos seis anos
subsequentes, os autores relataram que 12.5% dos pacientes tratados com oxaliplatina desenvolveram parestesia de grau 3 durante o tratamento. As taxas de toxicidade
de grau 3 nesses estudos são mais altas do que os 8,4%
detectados no protocolo NSABP C-072, em parte, devido
à inclusão de 2 semanas de descanso no esquema de qui-
439
revisão
440
Tabela 1
Características metodológicas dos estudos que relataram as manifestações clínicas da neuropatia periférica em pacientes com câncer colorretal submetidos
à quimioterapia com oxaliplatina
Autores e
Ano de
publicação
Delineamento
do estudo
Amostra
Instrumentos
Resultados
Discussão
Comentários
Leonard et
al.1
2005
Ensaio clínico
fase I
86 pacientes com
idade entre 26 e 74
anos (56 homens e
30 mulheres), com
câncer de cólon, reto
ou apêndice.
Questionário/Sistema
de graduação da
neurotoxicidade
87.2% dos pacientes
experimentaram disetesia na face e extremidades, 94.3% deles
experimentaram parestesia nas mãos e pés
em algum momento
da quimioterapia com
oxaliplatina. Alguns
pacientes evoluíram
com incapacidade
funcional com uso de
doses mais elevadas.
Os resultados demonstraram que a maioria
dos pacientes apresentou
neurotoxicidade leve a
moderada. Porém, os
autores enfatizaram a
possibilidade da ocorrência de neuropatia severa
com uso de doses mais
elevadas, o que pode
interferir na qualidade de
vida destes pacientes.
Bom estudo. Descreveu
com detalhes a intensidade, tipo, localização e
duração da neuropatia
periférica associada
à quimioterapia com
oxaliplatina.
Land et al.2
2007
Ensaio clínico,
multicêntrico,
randomizado,
fase III
2492 pacientes, com
idade entre 17 e 85
anos, 1391 homens
e 1074 mulheres,
com câncer de colon
está-gio II e III.
Subestudo com 400
pacientes.
Functional Assessment of Cancer
Therapy/ Gynecologic
Oncology Group
OxaliplatinNeurotoxicity/NCI-Sanofi
Criteria
Dormência e formigamento em mãos e
pés, desconforto nas
mãos, dor em mãos e
pés induzida pelo frio e
fraqueza geral. Nos 18
meses de seguimento,
a neurotoxicidadese
mostrou-se mais severa
no grupo que recebeu
oxaliplatina, atingin-do
principalmente os pés.
Os autores demonstraram
que o grupo que recebeu
oxaliplatina apresentou
maior neurotoxicidade
em todas as etapas do
tratamento, além de
maior persistência e
severidade da neuropatia
no seguimento realizado
aos 6 e 18 meses após o
término da terapia.
Bom estudo randomizado. Descreve detalhadamente aspectos sobre
a neuropatia periférica
secundária ao uso de
oxaliplatina.
Wang et
al.3
2007
Ensaio clínico
randomizado
86 pacientes adultos
(56 homens e 30
mulheres), com
câncer de cólon e
reto, randomizados
em dois grupos
para receber ou não
glutamina.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC)
Pacientes experimentaram parestesia e
disestesia em mãos e
pés assim como laringe
e mandíbula.
Os autores sugeriram
que a glutamina tem
função neuroprotetora
na neuropatia periférica
secundária à oxaliplatina
em pacientes com câncer
de cólon e reto.
Não apresenta detalhes
sobre sintomas, tipo e
localização da neuropatia periférica secundária à oxaliplatina.
Tamanho da amostra
reduzido.
Wilson et
al.5
2002
Ensaio clínico
fase I
Subestudo com13
pacientes
Eletroneuromiografia
e questionário
para avaliação dos
sintomas.
Todos os pacientes
experimentaram
neurotoxicidade aguda
secundária a oxaliplatina, com parestesia e
disestesia nas mãos, pés
e região perioral, disestesia faringolaringeal
e hipersensibilidade
ao frio.
Os autores sugeriram
que a neuropatia aguda
secundária a oxaliplatina
caracteriza-se pela hiperexcitabilidade do nervo periférico, assemelhando-se
às manifestações clínicas
da neuromiotonia.
Tamanho da amostra
muito reduzido.
Thierry et
al.6
2009
Ensaio clínico,
multicêntrico,
randomizado
2246 pacientes, com
idade entre 18 e 75
anos, que realizaram
ressecção completa
de câncer de cólon
estágio II ou III.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria,
versão 1
Parestesia distal
durante a terapia com
oxaliplatina. Neuropatia periférica grau 3
ocorreu em 12.5%dos
pacientes, interferindo com a função.
Depois de 18 meses,
24,1% dos pacientes
ainda apresentavam
sintomas, sendo que
0.7% com incapacidade funcional. 48 meses
depois sintomas ainda
presentes.
Os resultados sugeriram
que a terapia adjuvante
de oxalipaltina com FU e
leucovorin deve ser utilizada depois da cirurgia de
pacientes com câncer de
cólon estágio II. O efeito
adverso mais preocupante
é a neuropatia periférica
decorrente da terapia.
Bom estudo randomizado, mas não foca
nos detalhes sobre a
neuropatia periférica
relacionada à quimioterapia com oxaliplatina.
Rev Neurocienc 2013;21(3):435-448
Autores e
Ano de
publicação
Delineamento
do estudo
Amostra
Instrumentos
Resultados
Discussão
Hill et al.8
2010
Ensaio clínico
prospectivo
29 pacientes adultos
(22 homens e 7
mulheres) com idade
entre 28 e 79 anos,
com diagnóstico de
câncer colorretal
metastático, câncer
de cabeça e pescoço
e câncer de pulmão.
Eletroneuromiografia
e questionário
para avaliação dos
sintomas.
Parestesia induzida
pelo frio em 100% dos
pacientes, sensação de
aperto na mandíbula
ou garganta em 68%
deles, dor no membro
superior no local da
infusão em 55% dos
pacientes. Foram também relatadas cãibras
musculares e dificuldade para respirar.
Os autores sugeriram
que as características
neurofisiológicas da hiperexcitabilidade neuromotora aguda relacionada à
oxaliplatina é semelhante
à neuromiotonia.
Bom estudo, porém
tamanho da amostra
reduzido.
Park et al.9
2009
Coorte
58 pacientes, com
idade entre 22 e 77
anos, com câncer
colorretal estágio III
ou IV tratados com
regimes baseados em
oxaliplatina.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC), versão 3
/Oxaliplatin-Specific
Neurotoxicity Scale
94% dos pacientes apresentaram
neurotoxicidade
aguda relacionada à
oxaliplatina. 20% deles
experimentaram neuropatia crônica severa.
Sintomas relatados:
parestesia distal, dormência, diminuição da
sensibilidade vibratória
nas extremidades, ausência ou diminuição
dos reflexos tendíneos
e ataxia nos casos mais
severos.
Apesar da ligação entre
a neurotoxicidade aguda
e crônica induzida pela
oxaliplatina não estar bem
definida na literatura, os
autores sugeriram que a
modulação dos canais de
Na que ocorre durante
a fase aguda influencia a
severidade da neuro-toxicidade secundária a
esta droga.
Tamanho da amostra
reduzido.
Petrioli et
al.10
2006
Ensaio clínico
prospectivo
33 pacientes (19
homens e 14 mulheres), com idade
entre 47 e 79 anos,
com câncer colorretal, tratados com
regimes baseados em
oxaliplatina.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC), versão
2/ OxaliplatinSpecific Neurotoxicity
Scale/ Testes
para avaliação
proprioceptiva e
exteroceptiva.
87.5% dos pacientes
apresentaram neuropatia periférica durante o
tratamento. 75% deles
relataram disestesia induzida pelo frio. 3.1%
dos pacientes evoluíram com incapacidade
funcional após onze
ciclos de tratamento.
Os autores sugeriram que
o uso da estratégia "stop
and go" associado à quimioterapia de manutenção com capecitabina está
relacionado a uma baixa
incidência de neuropatia
severa em pacientes tratados com oxaliplatina.
Tamanho da amostra
reduzido. Apesar de
utilizar escalas para avaliação proprioceptiva e
exteroceptiva, não há
relato sobre os resultados desses exames.
Baek et
al.11
2010
Ensaio clínico
prospectivo
366 pacientes adultos (201 homens e
165 mulheres), com
idade entre 24 e 75
anos, com cancer de
cólon, tratados com
regimes quimioterápicos baseado sem
oxaliplatina.
National
Cancer Institute
Common Toxicity
Criteria(NCI-CTC)
versão 3
Pacientes experimentaram parestesia e disestesia nas extremidades.
Em alguns casos houve
comprometimento da
capacidade de realizar
suas atividades de vida
diária.
Os autores não conseguiram estabelecer os
parâmetros clínicos que
propiciam o desenvolvimento de neuropatia
severa em pacientes com
câncer de cólon tratados
com oxaliplatina.
Poderia apresentar
mais detalhes sobre os
sintomas, tipo e localização da neuro-patia
periférica secundária à
oxaliplatina.
Kuebler et
al.12
2007
Ensaio clínico,
randomizado,
multicêntrico,
prospectivo,
fase III.
2492 pacientes, com
idade entre 17 e 85
anos, (1391 homens
e 1074 mulheres),
com câncer de cólon
estágio II e III.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC) versão 2
Pacientes apresentaram
dormência e formigamento em mãos e pés,
desconforto nas mãos,
dor em mãos e pés induzida pelo frio. 8.4%
deles evoluíram com
incapacidade funcional
com uso de doses mais
elevadas.
Os autores demonstraram
que o grupo que recebeu
oxaliplatina apresentou
maior neurotoxicidade
em todas as etapas do
tratamento.
Bom estudo randomizado. Os autores
associam com clareza
os resultados com as
evidências já descritas
na literatura.
Rev Neurocienc 2013;21(3):435-448
Comentários
revisão
Tabela 1
(continuação)
441
revisão
442
Tabela 1
(continuação)
Autores e
Ano de
publicação
Delineamento
do estudo
Amostra
Argyriou et
al.13
2007
Ensaio clínico
25 pacientes acima
de 18 anos (17 homens e 8 mulheres),
com idade entre 48
e 78 anos, com diagnóstico de câncer de
cólon metastático.
Ishibashi et
al.14
2010
Ensaio clínico
randomizado,
prospectivo
Chay et
al.15
2010
Gamelin et
al.16
2007
Instrumentos
Resultados
Discussão
Comentários
Neurological
Sympton Score
(NSS), Neurological
Disability Score
(NDS), Functional
Grading scale (FGS)
Evidências clínicas de
neuropatia periférica
em 64% dos pacientes.
Todos experimentaram
sintomas positivos,
como dormência e
dor, enquanto dois
apresentaram sintomas
negativos, como
marcha instável e dificuldade em identificar
objetos com as mãos e
boca. Diminuição da
sensação de vibração,
propriocepção e reflexos tendíneos foram
observados.
A maioria dos pacientes
com câncer de cólon
tratados com o regime
FOLFOX-4 manifestaram
uma neuropatia periférica
predominantemente
sensorial distal, axonal,
simétrica, de severidade
suave a moderada.
Avaliação apenas da
neuropatia crônica, não
avalia neuropatia aguda. Não foram utilizadas as escalas aplicadas
em oncologia, o que
dificulta a comparação
com outros estudos.
33 pacientes (16
homens e 17
mulheres), com
idade entre 32 e 74
anos, com câncer
colorretal, tratados
com oxaliplatina,
randomizados em
dois grupos: pacientes que receberam
ou não Ca/Mg.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC) versão 3
Neurotoxicity Criteria
of Debiopharm
(DEB-NTC)
100% dos pacientes
apresentaram disestesia
e parestesia de curta
duração (aguda), em
6% deles os sintomas
persistiram entre os
ciclos de trata- mento,
e 6% apresentaram incapacidade funcional.
Os autores não apresentaram resultados conclusivos sobre a neuroproteção
do Ca/Mg em pacientes
tratados com oxaliplatina.
Tamanho da amostra
reduzido. Poderia
abordar outros aspectos
sobre a neuroropatia
periférica secundária
à oxaliplatina, como
duração, tipo e localização.
Ensaio clínico
prospectivo,
randomizado
fase II
27 pacientes (14
homens e 13 mulheres), com idade entre
18 e 75 anos, com
câncer colorretal,
tratados com quimioterapia baseada
em oxaliplatina,
randomizados em
dois grupos: pacientes que receberam
ou não infusões de
Ca/ Mg.
National
CancerInstitute
Common Toxicity
Criteria (NCI-CTC),
versão 3/ OxaliplatinSpecific Neurotoxicity
Scale
Do total de 27 pacientes, 22 experimentaram
sintomas neuropáticos
agudos, como parestesia e disestesia induzida
pelo frio. Com doses
mais elevadas, os
pacientes apresentaram dormência que
persistiu entre os ciclos
de tratamento. 11%
deles experimentaram
neuropatia grau 3,
interferindo com a
função.
Os autores demonstraram
o efeito neuroprotetor
do Ca/Mg na neuropatia aguda, mas não
encontraram associação
do mesmo com a redução
dos sintomas neuropáticos crônicos.
Tamanho da amostra
muito reduzido. Limitação na interpretação
dos resultados, pois o
estudo foi encerrado
antes do previsto.
Ensaio clínico
prospectivo
135 pacientes
adultos (93homens
e 42 mulheres), com
idade entre 30 e 80
anos, com câncer de
cólon e reto, tratados
com regime quimioterápico baseado em
oxaliplatina.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC) versão 3
Pacientes experimentaram parestesia e
disestesia nas extremidades e na região oral
e perioral, disetesia
faringolaringeal, diminuição dos reflexos
profundos, dificuldade
na realização das
AVD's e incapacidade
funcional.
Os autores estudaram a
fisiopatologia da neuropatia periférica secundária
à oxaliplatina, além da
propensão genética para
ocorrência deste agravo, e
sugeriram testes genéticos
para prevenção desta.
Não foca em detalhes
sobre a neuropatia
periférica secundária
à oxaliplatina, como
sintomas, duração e
localização.
Rev Neurocienc 2013;21(3):435-448
Autores e
Ano de
publicação
Delineamento
do estudo
Amostra
Pietrangeli
et al.17
2006
Ensaio clínico
31 pacientes, com
idade entre 42 e 73
anos, com câncer
colorretal avançado,
tratados com
regimes baseados em
oxaliplatina.
Attal et
al.20
2009
Ensaio clínico
prospectivo
Grothey et
al.21
2010
Resultados
Discussão
Comentários
Exame neurológico/
EMG
Pacientes relataram
disestesia distal, em
região perioral e laringofaringeal induzida
ou aumentada pelo
frio, de curta duração.
No exame neurológico
foram observados
hiporreflexia dos
tendões profundos e
hipopalestesia. Sintomas persistiram por 7
meses após interrupção
do tratamento.
Os resultados clínicos e
neurofisiológicos demonstraram que a reversibilidade da neuropatia
periférica relacionada à
oxaliplatina depende da
dose administrada e do
tempo de observação. A
neuropatia crônica não é
facilmente reversível após
o término do tratamento.
Descrição detalhada
dos sinais, sintomas,
intensidade e duração
da neuropatia periférica
secundária à oxaliplatina. Tamanho da
amostra reduzido.
48 pacientes adultos
(33 homens e 15
mulheres), com
idade entre 37 e 78
anos, a maioria deles
com câncer de cólon
e reto, divididos
em dois grupos:
pacientes tratados
com oxaliplatina ou
cisplatina.
Neuropathic Pain
Symptom Inventory
(NPSI)/ Quantitative
Sensory Testing
(QST)/
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC)
Pacientes experimentaram parestesia, disestesia e dor em mãos e
pés induzida pelo frio,
hiperalgesia relacionada ao frio,diminuição
ou ausência de reflexos
profundos, ataxia proprioceptiva e déficit de
percepção vibratória.
Os autores sugeriram que
a hiperalgesia relacionada
ao frio é um marcador
eficiente para o desenvolvimento da neuropatia
associada à oxaliplatina.
Indicaram o uso do QST
em combinação com a
avaliação dos sintomas
neurológicos para identificação de pacientes com
alto risco de neurotoxicidade crônica.
Bom estudo, porém
tamanho da amostra
reduzido.
Ensaio clínico
prospectivo,
randomizado
102 pacientes adultos (54 homens e 48
mulheres), com câncer de cólon estágio
II e III, tratados com
regimes baseados em
oxaliplatina.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC), versão
3/ OxaliplatinSpecific Neurotoxicity
Scale
Pacientes apresentaram
sintomas relacionados
à neuropatia aguda,
como hipersensibilidade ao frio, desconforto
na garganta, cãibras
musculares, dormência
e formigamento em
mãos e pés.
Os autores sugeriram
que aplicações de Ca/
Mg reduzem as cãibras
musculares, mas não
diminuem a sensibilidade
ao frio. Notaram uma
melhora dos sintomas
após o primeiro ciclo, em
comparação com os ciclos
seguintes.
Apresenta poucos
detalhes sobre tipo
duração e localização
da neuropatia periférica
secundária à oxaliplatina.
Argyriou et
al.22
2006
Ensaio clínico
randomizado
40 pacientes (25
homens e 15
mulheres), com
câncer de cólon
avançado, tratados
com oxaliplatina,
divididos em dois
grupos: pacientes
que receberam ou
não oxcarbazepina.
Neurologic Sympton
Score (NSS)/
Neurologic Disability
Score (NDS)
Pacientes experimentaram sintomas sensoriais
positivos e negativos,
sendo que o grupo que
recebeu oxcarbazepina
apresentou menos
sintomas que o grupo
controle.
Os autores sugeriram
que a oxcarbazepina tem
um efeito neuroprotetor
importante, atuando de
forma efetiva na prevenção da neuropatia periférica crônica secundária à
oxaliplatina.
Tamanho da amostra
reduzido. Apresenta os
resultados de forma superficial, não descreve
os sinais e sintomas e
outros aspectos importantes da neuropatia
associada à oxaliplatina.
Kono et
al.23
2009
Estudo
retrospectivo
90 pacientes (52
homens e 38
mu-lheres), com
idade entre 36 e
87anos, com câncer
colorretal avançado,
tratados com
regimes qui-mioterápicos baseados
em oxali-platina,
divididos em grupos
para receber ou não
goshajinkigan.
Neurotoxicity Criteria
of Debiopharm
(DEB-NTC)
Pacientes apresentaram
parestesia e disestesia
das extremidades
induzidas pelo frio, dor
e disfunção sensorial.
Nas doses mais elevadas foi observada incapacidade funcional.
Os autores sugeriram
que o goshajinkigan tem
efeito neuroprotetor na
neuropatia periférica
secundária à oxaliplatina
em pacientes com câncer
de cólon e reto.
Tamanho da amostra
reduzido. Desenho de
estudo retrospectivo.
Rev Neurocienc 2013;21(3):435-448
Instrumentos
revisão
Tabela 1
(continuação)
443
revisão
444
Tabela 1
(continuação)
Autores e
Ano de
publicação
Delineamento
do estudo
Amostra
Instrumentos
Resultados
Discussão
Comentários
Binder et
al.24
2007
Ensaio clínico
prospectivo
16 pacientes adultos,
com idade entre 39
a 75 anos, com diagnóstico de câncer
de cólon, esôfago e
gástrico, divididos
em dois grupos:
pacientes com e sem
queixa álgica.
Quantitative
SensoryTesting
(QST)/ Questionário
de Dor McGill
(versão alemã)/
Oxaliplatin-Specific
Neurotoxicity Scale
56.2% dos pacientes
apresentaram queixa
de dor associada ao
frio, provocada pelo
ambiente com baixas
temperaturas e/ou
contato com objetos,
líquidos ou ar frio.
Os autores sugeriram
que os sintomas de dor
relacionados à neurotoxicidade da oxaliplatina ocorrem devido à
sensibilização do sistema
nociceptivo periférico e
central.
Bom estudo, porém
tamanho da amostra
muito reduzido.
Lehky et
al.25
2004
Ensaio clínico
fase I
50 pacientes (37 homens e 13mulheres),
com idade entre 27 e
33 anos, com câncer
colorretal avançado,
tratados com regime
quimioterápico baseado em oxaliplatina.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC)
Pacientes apresentaram neurotoxicidade
aguda secundária a
oxaliplatina, com
parestesia induzida
pelo frio, dormência na
região perioral, aperto
na laringofaringe e
mandíbula e cãimbras
musculares. Parestesia
em mãos e pés persistiram depois do oitavo
ciclo de quimioterapia,
caracterizando neuropatia crônica.
Os autores sugeriram que
a neurotoxicidade aguda
secundária a oxaliplatina
caracteriza-se pela hiperexcitabilidade do nervo periférico, assemelhando-se
às manifestações clínicas
da neuromiotonia.
Tamanho da amostra
reduzido.
Park et al.26
2010
Coorte
15 pacientes (12 homens e 3mulheres)
com câncer colorretal estágio II, III
e IV, tratados com
regimes baseados em
oxaliplatina.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC), versão 3
/Oxaliplatin-Specific
Neurotoxicity Scale
Todos os pacientes
experimentaram
neurotoxicidade
aguda relacionada à
oxaliplatina. Sintomas
relatados: cãibras musculares e fasciculações
induzidas pelo frio nas
mãos e pés, disestesia
faringolaringeal, hipersensibilidade ao frio,
parestesia, dor e rigidez
mandibular.
Os autores sugeriram que
a oxaliplatina afeta a excitabilidade nervosa através
de mecanismos voltagem-dependentes. Sugeriram
também a busca de
estratégias terapêuticas
através da modulação dos
canais de Na +.
Tamanho da amostra
reduzido. Apresenta
poucos detalhes sobre
a neuropatia periférica
secundária à oxaliplatina.
Delius et
al.27
2007
Ensaio clínico
prospectivo,
randomizado,
multicêntrico,
fase II
36 pacientes (18
homens e 18 mulheres), com idade entre
36 e 82 anos, com
câncer colorretal,
tratados com oxaliplatina, divididos
em dois grupos:
para receber ou não
carbamazepina.
Neurotoxicity
grading scale of Levi /
Testes para avaliação
proprioceptiva e
exteroceptiva.
Os sintomas neurológicos mais frequentes
foram parestesia e dormência em pés e dedos.
Ao exame físico, foram
observadas redução da
percepção vibratória
nos membros inferiores
e diminuição ou
ausência dos reflexos
tendíneos profundos.
Não houve perda de
força muscular significativa.
Os autores consideraram
os resultados inconclusivos quanto à eficácia
da carbamazepina na
prevenção da neuropatia
periférica secundária à
oxaliplatina devido ao
tamanho reduzido da
amostra e baixo poder
estatístico do estudo.
Utilização de boas
escalas para avaliação
neurológica, porém
tamanho da amostra
muito reduzido.
Kottshade
et al.29
2010
Ensaio clínico,
randomizado,
prospectivo,
fase III
189 pacientes
adultos (34 homens
e 155 mulheres),
com diagnóstico de
câncer, tratados com
diferentes agentes
quimioterápicos, incluindo oxaliplatina,
divididos em dois
grupos: pacientes
que receberam ou
não vitamina E.
National
Cancer Institute
Common Toxicity
Criteria(NCI-CTC)
versão 3/ Neuropathy
Specif Questionary
Symptom
Pacientes experimentaram dormência e formigamento em mãos
e pés, dor em mãos e
pés, hipoestesia, dificuldade na marcha, na
realização de atividades
funcionais e atividades
de coordenação motora
fina.
Os autores não encontraram associação entre uso
de vitamina E e melhora
da neuropatia periférica
secundária ao uso de
agentes quimioterápicos.
Poderia abordar mais
detalhes sobre tipo,
localização, duração e
sintomas da neuropatia
periférica relacionada à
quimioterapia.
Rev Neurocienc 2013;21(3):435-448
Autores e
Ano de
publicação
Delineamento
do estudo
Amostra
Gramont et
al.30
2000
Ensaio clínico,
randomizado,
fase III
420 pacientes (249
homens e 171
mulheres), com
idade entre 18 e 75
anos, com câncer de
cólon e reto, com
metástase.
Lecomte et
al.31
2006
Estudo
retrospectivo
Petrioli et
al.32
2007
Instrumentos
Resultados
Discussão
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC)
18% dos indivíduos
tratados com oxaliplatina apresentaram toxicidade neurosensitiva
grau 3 em alguma fase
do tratamento. Esta foi
reversível em 74% dos
pacientes.
Os resultados do estudo
demonstraram que, apesar
da toxicidade neurosensitiva ser um fator limitante
para o uso de doses mais
elevadas da droga, esta é
reversível na maioria dos
casos.
Bom estudo randomizado. Os autores
associam com clareza
os resultados com as
evidências já descritas
na literatura.
64 pacientes (35
homens e 29
mulheres), com
câncer gastrointestinal, tratados com
regimes baseados em
oxaliplatina.
Oxaliplatin-Specific
Neurotoxicity Scale
42% dos pacientes
apresentaram parestesia
e disestesia de curta
duração, 27% deles
experimentaram parestesia e disestesia que
persistiram entre os ciclos de quimioterapia,
e 23% dos pacientes
apresentaram incapacidade funcional.
Os resultados do estudo
sugeriram que o polimorfismo do gene GSTP1
pode aumentar o risco
de neuropatia severa em
pacientes com câncer
gastrointestinal em tratamento com quimioterapia
baseada em oxaliplatina.
Tamanho da amostra
reduzido. Não foca em
detalhes sobre a neuropatia periférica.
Ensaio clínico,
randomizado,
prospectivo
64 pacientes adultos
(39homens e 25
mulheres), com
idade entre 42 e 70
anos, com câncer
de cólon estágio II
ou III e/ou câncer
gástrico, tratados
com oxaliplatina.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria,
versão 2
Pacientes apresentaram
parestesia e disestesia
distal induzida pelo
frio, aumentando com
a dose cumulativa da
oxaliplatina. Alguns
pacientes apresentaram
incapacidade funcional
com doses mais
elevadas. Depois de 6
meses,baixa incidência
de neurotoxicidade
severa.
Os autores associaram
a baixa incidência de
neurotoxicidade severa
nos seis meses de seguimento à dose cumulativa
máxima de 1.020 mg/m2
recebida pelos pacientes.
Sugeriram que a administração da oxaliplatina
durante tempo de infusão
mais prolongado resulta
em diminuição da neurotoxicidade.
Tamanho da amostra
reduzido.
Park et al.33
2009
Ensaio clínico
prospectivo
25 pacientes adultos
(14 homense 11 mulheres), com idade
entre 22 e 77 anos,
com câncer de cólon
e reto estágio II, III
ou IV, tratados com
regimes quimioterápicos baseados em
oxaliplatina.
National Cancer
Institute Common
Toxicity Criteria
(NCI-CTC), versão
3 Oxaliplatin Specific
Neurotoxicity Scale
Pacientes apresentaram
parestesia associada ao
frio, disestesia, sensação de aperto ou dor
na mandíbula, cãibras
musculares ou fasciculações. Em alguns casos
houve incapacidade
funcional.
Os autores sugeriram
uma associação entre as
manifestações aguda e
crônica da neuropatia
periférica induzida pela
oxaliplatina.
Tamanho da amostra
redu-zido. Não apresenta detalhes sobre os
sintomas da neuro-patia periférica secundária
à oxaliplatina.
Tofthagen
et al.34
2011
Ensaio clínico
prospectivo
109 pacientes (40
homens e 69 mulheres), com idade
entre 18 e 90 anos,
com diferentes tipos
de câncer, incluindo
câncer de cólon,
em tratamento com
oxaliplatina e outras
drogas.
Chemotherapy
Induced Peripheral
Neuropathy
Assessment Tool
(CIPNAT)
Pacientes apresentaram
dormência e formigamento em mãos e
pés, sensibilidade ao
frio, dor muscular
e articular, fraqueza
muscular, alteração do
equilíbrio, alteração na
marcha e dificuldade
para dirigir.
Os autores avaliaram o
risco de queda decorrente dos sintomas da
neuropatia periférica em
pacientes tratados com
quimioterapia e sugeriram
a utilização de medidas
objetivas para avaliação
funcional.
Bom estudo. Utiliza
uma boa escala para
avaliação funcional em
pacientes que realizam
quimioterapia com
diferentes agentes
antineoplásicos.
A análise dos dados referentes à ocorrência de
fraqueza muscular mostra divergência entre os autores.
Em uma pesquisa13, ao exame clínico com pacientes que
cursaram com neuropatia grave, foi descrita a presença de fraqueza muscular suave a moderada, envolvendo
principalmente os músculos distais, como os extensoRev Neurocienc 2013;21(3):435-448
Comentários
revisão
Tabela 1
(continuação)
res do hálux e os abdutores dos dedos. Outros autores1
relataram o caso de um paciente que desenvolveu uma
síndrome sensoriomotora progressiva após a quarta dose
de oxaliplatina, a qual acarretou uma fraqueza profunda
nos membros superiores e inferiores, sem comprometimento da musculatura respiratória. Em discordância com
445
revisão
446
esses autores, em outros estudos9,27, foi encontrada pouca
ou nenhuma alteração de força muscular, e os autores27
associaram esse fato ao não envolvimento de neurônios
motores na toxicidade crônica desta droga, já que esta é
puramente sensitiva. Essa fraqueza, provavelmente, deve-se ao fato de a oxaliplatina comprometer os nervos eferentes, prejudicando a sua função de estimular os órgãos
efetuadores, que são parte inerente dos músculos.
Nos casos mais graves, ataxia sensitiva pode ocorrer nos pacientes submetidos a esse tratamento. Autores20
verificaram a ocorrência de ataxia proprioceptiva em
17% dos pacientes avaliados 12,2 meses após o término
da quimioterapia com oxaliplatina. Esse resultado também foi descrito em dois estudos9,33 realizados pelo mesmo grupo de pesquisadores, que descreveram presença de
ataxia sensitiva nos indivíduos que evoluíram com neuropatia periférica grave. Em outra pesquisa2, foi encontrada
uma incidência bem mais baixa desse sintoma, o qual foi
descrito em menos de 5% dos pacientes com neuropatia
grau 3.
Autores13 citaram ainda a ocorrência de marcha
instável, como consequência da ataxia sensitiva, em 8%
dos indivíduos estudados. Em pesquisa34 que tinha como
objetivo avaliar o risco de queda em pacientes com neuropatia secundária à quimioterapia, a dificuldade na marcha
foi descrita como um dos efeitos da terapia com oxaliplatina. Essa forma de ataxia ocorre quando há comprometimento da sensibilidade cinético-postural. Quando as
informações transmitidas ao sistema nervoso central por
receptores situados nas articulações e tendões são insuficientes, não há noção perfeita da posição dos segmentos
do corpo e suas modificações, o que acarreta uma marcha
alterada, caracterizada por andar inseguro e passos irregulares. Processos patológicos que atingem as raízes dorsais
dos nervos espinhais são as causas mais frequentes deste
agravo28.
A realização dessta revisão de literatura trouxe a
possibilidade de disponibilizar para a comunidade acadêmica e profissional uma síntese das informações contidas
nos estudos relevantes publicados nos últimos seis anos
sobre a neuropatia periférica em pacientes com câncer
colorretal tratados com oxaliplatina, contribuindo para
sistematizar o conhecimento acerca deste.
Tabela 2
Incidência dos sintomas da neuropatia periférica em pacientes com câncer colorretal submetidos à quimioterapia com oxaliplatina nos estudos
revisados
Sintomas
Estudos
Incidências
Parestesia
Leonard et al1
94,3%
Ishibashi et al14
96,0%
Chay et al15
59,3%
Land et al
19,5%
2
Disestesia
Gamelin et al
50,4%
16
Pietrangeli et al
72,2%
Gramont et al
67,5%
Attal et al
96,0%
17
30
Parestesia/Disestesia
induzidas pelo frio
20
Leonard et al
87,2%
Wilson et al5
100,0%
Hill et al8
100,0%
1
Petrioli et al10
75,0%
Pietrangeli et al
72,0%
Binder et al
56,3%
17
Dor induzida pelo frio
24
Attal et al
96,0%
20
Leonard et al
80,0%
Land et al
26,0%
1
2
Espasmos musculares
Arreflexia e hiporreflexia
Leonard et al
60,0%
5
Wilson et al
70,0%
Lehky et al25
70,0%
Park et al9
13,0%
1
Attal et al20
50,0%
Pietrangeli et al
76,0%
Argyriou et al
40,0%
17
22
Gramont et al
30
11,5%
Apalestesia e
hipopalesetesia
Pietrangeli et al
100,0%
Argyriou et al
64,0%
Ataxia sensorial
Attal et al
17,0%
17
22
20
Land et al
5,0%
Argyriou et al22
8,0%
2
CONCLUSÃO
Pacientes com câncer colorretal submetidos à quimioterapia com regimes baseados em oxaliplatina geralmente evoluem com neuropatia periférica. As principais
manifestações clínicas relacionadas a esse agravo são as
alterações de sensibilidade, principalmente parestesias
e disetesias, hipersensibilidade ao frio, dor, contrações
musculares, diminuição ou ausência de reflexos tendíneos
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todas essas possíveis alterações, assim como seu manejo,
com o intuito de minimizar o sofrimento destes e melhorar sua qualidade de vida. Recomendam-se novos estudos
com a finalidade de ampliar o conhecimento acerca desse
agravo.
447
revisão
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