Análise filogenética do gene SH do vírus que infecta 95 - ICB-USP

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Análise filogenética do gene SH do vírus que infecta
95% de crianças nos primeiros 2 anos de vida
POR André Fragoso
N
o Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, os professores Edison Luiz Durigon e Klaus Eberhard
Stewien, juntamente com a sua equipe*, e em parceria com o Instituto
Butantan e o Hospital Universitário
da USP, analisaram a variabilidade
genética da sequencia do gene SH
(small hydrophobic) do vírus HRSV (Vírus Respiratório Sincicial Humano) de diferentes amostras de
pacientes do Brasil.
O Vírus Respiratório Sincicial Humano (HRSV) foi
inicialmente isolado no ano 1956, e recebeu esta denominação devido seu tropismo pelo trato respiratório humano e a sua capacidade de induzir a formação
de células gigantes sinciciais em cultura. Em crianças
e idosos imunocomprometidos, o HRSV é o principal
causador de doenças agudas do trato respiratório inferior, tais como: um resfriado comum, e as infecções
brônquicas ou alveolares. A infecção é mais severa
em recém-nascidos prematuros, podendo ocasionar
risco de vida. Aproximadamente 95% das crianças
apresentam a primeira infecção pelo HRSV nos primeiros dois anos de vida, sendo o pico de incidência
nos meses iniciais.
Na partícula viral de HRSV estão inseridas algumas
proteínas denominadas de proteína G, F e SH (Figura
1). A proteína G ancora o vírus na célula hospedeira,
e a proteína F facilita a fusão do vírus com a membrana celular. Entretanto, apesar da função da proteína SH ainda não estar elucidada, acredita-se que possa estar envolvida no processo de infecção. O HRSV
pode ser classificado em dois grupos principais: A e
B, sendo a maior parte dos estudos de variabilidade
genética e evolução molecular de cada grupo baseado
em na sequencia do gene da proteína G. Dessa forma,
o trabalho dos pesquisadores contribuiu com a identificação de genótipos desse vírus a partir da análise da
sequencia da proteína SH.
Figura 1 - Estrutura do HRSV
As amostras foram obtidas de lavado nasofaringeal de
965 crianças com menos de cinco anos de idade que
apresentavam os sintomas de doenças agudas do trato
respiratório inferior, durante o período de janeiro de
2004 a dezembro 2005. Das 965 amostras analisadas,
424 continham o vírus HRSV dos quais 117 amostras
foram escolhidas aleatoriamente. De modo geral, os
pesquisadores concluíram que o gene SH é bastante
conservado nas amostras obtidas no Brasil, reforçando
a hipótese da sua importância na infecção viral. Além
disso, apesar da baixa variação na sequencia de nucleotídeo, a análise filogenética dos resultados gerados
pelo sequenciamento permitiram identificar os genótipos GA2 e GA5 do HRSVA, e os genótipos SAB1,
SAB3, GB3 e BA-like de HRSVB.
*equipe: Hildenêr Nogueira Lima, Viviane Fongaro Botosso, Danielle Bruna Leal Oliveira, Angélica Cristine de Almeida Campos,
Andrea Lima Leal, Tereza Souza Silva, Patrícia Alves Ramos Bosso, Claudia Trigo Pedroso Moraes, Claudionor Gomes da Silva
Filho, Sandra Elisabete Vieira, Alfredo Elias Gilio.
Texto de divulgação elaborado a partir do artigo: Molecular epidemiology of the SH (small hydrophobic) gene of humanrespiratory
syncytial virus (HRSV), over 2 consecutive years, de autoria da equipe do Laboratório de Metabolismo Lipídico, coordenado pelo
professor doutor Edison Luiz Durigon, e publicado na revista Virus Research; pode ser lido na íntegra no site.
Texto de divulgação científica produzido por André Fragoso, aluno da FFLCH-USP e bolsista do projeto Aprender com Cultura e
Extensão do ICB-USP.
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