Química Geral e Experimental II Termoquímica Resolução comentada de exercícios selecionados – versão termo_v1_2005 Prof. Fabricio R. Sensato (1) O calor específico do níquel é 0,445 J/g K. Qual a quantidade de calor necessária para aquecer 168 g de níquel de –15,2 oC até +23,6 oC? (Exercício 6.14 Kotz & Treichel). (2) O que precisa de mais calor para ser aquecido de 22 oC até 85 oC, 50,0 g de água ou 200 g de alumínio metálico? (exercício Kotz & Treichel, 6.16) (3) Descobriu-se, recentemente, que o monóxido de nitrogênio está envolvido em ampla diversidade de processos biológicos. O gás reage com o oxigênio para dar o NO2, gás castanhoavermelhado. 2NO(g) + O2(g) → 2NO2(g) ∆Hro = - 114,1 kJ/mol Esta reação é endotérmica ou exotérmica? Se 1,25 g de NO for convertido completamente a NO2, qual a quantidade de calor desprendida ou absorvida? (Exercício 6.24 Kotz & Treichel) (4) O nitrato de amônio decompõe-se exotermicamente a N2O e água: NH4NO3(s) → N2O(g) + 2H2O(g) (a) Se a entalpia de formação do N2O(g) for 82,1 kJ/mol, qual o calor desprendido (a pressão constante e nas condições padrões) (b) Se 8,00 kg de nitrato de amônio explodirem, que quantidade de calor será desprendida (a pressão constante e nas condições padrões) (Exercício 6.74 Kotz & Treichel) (5) As refeições “prontas para comer” do exército podem ser aquecidas num aquecedor sem chama. Admita que a reação no aquecedor seja Mg(s) + 2H2O(l) → Mg(OH)2(s) + H2(g) Calcule a variação de entalpia (em joules) nesta reação, em condições padrões. Qual a quantidade de magnésio para fornece o calor que se precisa para aquecer 25 mL de água (d = 1,00 g/mL) de 25 oC até 85 oC? (Exercício 6.68, Kotz & Treichel) (6) Imagine que se misturem 200 mL de HCl 0,400 M com 200 mL de NaOH 0,400 M num calorímetro improvisado. A temperatura das soluções antes da mistura era de 25,10 oC; depois da mistura e da reação, a temperatura é de 26,60 oC. Qual a entalpia molar de neutralização do ácido? (Admita que as densidades de todas as soluções sejam 1,00 g/mL e os calores específicos 4,20 J/g K) www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005 (7) Queima-se em uma bomba calorimétrica uma amostra de 1,00 g de açúcar (sacarose, C12H22O11). A temperatura de 1,50 × 103 g de água do calorímetro eleva-se de 25,00 para 27,32 o C. Se a capacidade calorífica da bomba for 837 J/K e o calor específico da água for 4,184 J/g K, calcular (a) o calor desprendido por mol de sacarose e (b) o calor desprendido por mol de sacarose. (8) O metanol, CH3OH, um composto que pode ser obtido do carvão com pouca despesa, é um substituto promissor da gasolina. Este álcool tem teor energético mais baixo do que a gasolina, porém tem octanagem mais elevada e queima com mais eficiência nos motores a explosão. (Também tem a vantagem adicional de contribuir em menor grau para a poluição da atmosfera.) Compare o calor de combustão, por grama, do CH3OH e do C8H18 (isooctano), que é um composto representativo da gasolina (Exercício 6.88 Kotz & Treichel). (9) A entalpia molar padrão de formação, ∆Hfo, da diborana, B2H6(g), não pode ser determinada diretamente, pois o composto não pode ser preparado pela reação direta do boro com o hidrogênio. No entanto, este valor pode ser calculado considerando-se as seguintes reações: (exercício 6.92 Kotz & Treichel) 4B(s) + 3O2(g) 2H2(g) + O2(g) B2H6(g) + 3O2(g) → → → 2B2O3(s) 2H2O(g) B2O3(s) + 3H2O(g) ∆Hro = -2543,8 kJ ∆Hro = -484 kJ ∆Hro = -2032,9 kJ Calcule ∆Hfo para o B2H6(g). (10) Muitas vezes é possível preparar o metal puro pela redução do óxido metálico pelo hidrogênio gasoso. Por exemplo, WO3(s) + 3H2(g) → W(s) + 3H2O(l) (a) Calcule a variação de entalpia nesta reação. (b) Que quantidade de calor é trocada se 1,00 g de WO3 reage com hidrogênio gasoso em excesso? (exercício 6.54 Kotz & Treichel) www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005 Química Geral e Experimental II Termoquímica Resolução comentada de exercícios selecionados – versão termo_v1_2005 Prof. Fabricio R. Sensato Tabela 1. Algumas entalpias molares padrões de formação a 298 K ∆Hfo (kJ/mol) -259,2 -238,66 -393,509 -285,8 -241,8 -924,5 -365,56 -842,9 Composto C8H18(l) CH3OH(l) CO2 H2O(l) H2O(g) Mg(OH)2(s) NH4NO3(s) WO3(s) (1) O calor específico do níquel é 0,445 J/g K. Qual a quantidade de calor necessária para aquecer 168 g de níquel de –15,2 oC até +23,6 oC? (Exercício 6.14 Kotz & Treichel). Resolução A capacidade calorífica de uma substância indica a quantidade de calor necessária para elevar de 1K a massa de 1 g da substância. C( J / g × K ) = q(J) [m(g )] × [∆T (K )] q = C m ∆T ∆T = 23,6 oC – ( –15,2 oC) = 38,8 oC ∆T = 38,8 K (Obs. O tamanho de 1 (um) Kelvin e de 1 (um) grau Celsius são iguais. Veja Kotz & Treichel, v1, p. 170) q = (0,445 J/g K) (168 g) (38,8 K) = 2,90 × 103 J ou 2,90 kJ (2) O que precisa de mais calor para ser aquecido de 22 oC até 85 oC, 50,0 g de água ou 200 g de alumínio metálico? (exercício Kotz & Treichel, 6.16) Resolução A quantidade de calor necessária para produzir um aumento ∆T de temperatura, é dada por q = C m ∆T (C é a capacidade calorífica específica e indica calor necessário para produzir uma mudança de temperatura de 1K (ou 1 oC) por grama do material (veja Kotz & Treichel, p. 167)) Assim, para a água (C = 4,184 J/g K) q = C(H2O) m(H2O) ∆T (∆T = (85 – 22) oC = 63 oC = 63 K) q = (4,184 J/g K) (50,0 g) (63 K) q = 13 kJ Para o alumínio (C = 0,902 J/g K) www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005 q = C(Al) m(Al) ∆T q = (0,902 J/g K) (200 g) (63 K) q = 11 kJ Portanto, o aquecimento de 50,0 g de água demanda mais calor que o aquecimento de 200 g de alumínio (3) Descobriu-se, recentemente, que o monóxido de nitrogênio está envolvido em ampla diversidade de processos biológicos. O gás reage com o oxigênio para dar o NO2, gás castanhoavermelhado. 2NO(g) + O2(g) → 2NO2(g) ∆Hro = - 114,1 kJ/mol Esta reação é endotérmica ou exotérmica? Se 1,25 g de NO for convertido completamente a NO2, qual a quantidade de calor desprendida ou absorvida? (Exercício 6.24 Kotz & Treichel) Resolução: Se ∆H > 0, o processo é endotérmico, ou seja, ocorre com absorção de energia. Se ∆H < 0, o processo é exotérmico e, portanto, ocorre com desprendimento de energia. Assim, a situação contemplada pelo problema se refere a um processo exotérmico. A equação termoquímica supracitada revela que quando 2 mols de NO reagem com uma quantidade suficiente (estequiométrica) de O2, o processo libera 114,1 kJ. Assim, para conhecer qual a quantidade de calor liberada pela reação de 1,25g de NO com O2, faz-se necessário conhecer qual a quantidade de matéria (de NO) contida em 1,25 g de NO. A massa molar do NO é 30,01 g/mol. Assim, 1 mol de NO (1,25 g de NO ) = 4,17 × 10- 2 mols de NO 30,0l g de NO Deve-se, então, determinar qual o calor desprendido quando 4,17 × 10-2 mol de NO reage com quantidade estequiométrica de O2 ( ) - 114,1 kJ −2 4,17 × 10 mols de NO = - 2,38 kJ 2 mols de NO www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005 (4) O nitrato de amônio decompõe-se exotermicamente a N2O e água: NH4NO3(s) → N2O(g) + 2H2O(g) (c) Se a entalpia de formação do N2O(g) for 82,1 kJ/mol, qual o calor desprendido (a pressão constante e nas condições padrões) (d) Se 8,00 kg de nitrato de amônio explodirem, que quantidade de calor será desprendida (a pressão constante e nas condições padrões) (Exercício 6.74 Kotz & Treichel) Resolução Faz-se necessário calcular a entalpia de reação padrão, ∆Hro, da reação supracitada. Isto é feito utilizando as entalpias de formação de reagentes e produtos: o o o ∆Hr = ∑ [∆Hf (produtos)] −∑ [∆Hf (reagentes)] Valores tabelados de entalpias padrões de formação de várias substâncias são dados na Tabela 1. ∆Hro = [82,1 kJ/mol + 2 × (-241,8 kJ/mol)] – [(-365,56 kJ/mol) (observe a consideração dos coeficientes estequiométricos) ∆Hro = -35,9 kJ/mol Ou seja, o calor desprendido pela reação nas condições padrões é de 35,9 kJ/mol (questão “a”) Ainda, quando 1 mol de NH4NO3 se decompõe são liberados 35,9 kJ Para saber qual o calor liberado por 8,00 kg de NH4NO3, deve-se, então, conhecer a quantidade de NH4NO3 contida em 8,00 kg do sal. Como a massa molar do NH4NO3 é 80,04 g/mol, tem-se que: 1 mol de NH 4 NO3 80,04 g de NH 4 NO3 8,00 × 103 g de NH4 NO3 = 100 mols de NH 4 NO3 Para calcular a quantidade de calor liberada pela queima de 100 mols de NH4NO3: - 35,9 kJ 1 mol de NH 4 NO3 www.fsa.br/fabricio 100 mols NH 4 NO3 = - 3,59 × 103 kJ versão termo_v1_2005 (5) As refeições “prontas para comer” do exército podem ser aquecidas num aquecedor sem chama. Admita que a reação no aquecedor seja Mg(s) + 2H2O(l) → Mg(OH)2(s) + H2(g) Calcule a variação de entalpia (em joules) nesta reação, em condições padrões. Qual a quantidade de magnésio para fornece o calor que se precisa para aquecer 25 mL de água (d = 1,00 g/mL) de 25 oC até 85 oC? (Exercício 6.68, Kotz & Treichel) Resolução A entalpia da reação (neste caso em condições padrões) é calculada a partir das entalpias padrões de formação de reagentes e produtos. o o o ∆Hr = ∑ [∆Hf (produtos)] −∑ [∆Hf (reagentes)] As entalpias padrões de formação dos elementos nos estados padrões são nulas (Veja Kotz & Treichel, v.1, p 181). Assim, ∆Hfo de Mg(s) e H2(g) são nulas. A Tabela 1 revela o valor de ∆Hfo para a H2O(l) e para o Mg(OH)2(s). Assim, o cálculo de ∆Hro para a reação se resume a: ∆Hro = (-924,5 kJ/mol – 2 × (-285,8 kJ/mol) (Observe que os coeficientes estequiométricos devem ser considerados no cômputo da variação de entalpia da reação) ∆Hro = - 352,9 kJ/mol Ou seja, a reação de 1 mol de Mg(s) com 2 mols de H2O resultando em 1 mol de Mg(OH)2(s) e 1mol de H2(g) libera 352,9 kJ (reagentes e produtos estão em seus correspondentes estados padrões). A quantidade de calor necessária para aquecer 25 mL de água de 25 até 85 oC é calculada empregando-se a capacidade calorífica da água (4,2 J/g K): q = C(H2O) m(H2O) ∆T ∆T = (85 – 25) oC = 60 oC ∆T = 60 K (Obs. O tamanho de 1 (um) Kelvin e de 1 (um) grau Celsius são iguais. Veja Kotz & Treichel, v1, p. 170) A massa de água é calculada a partir do volume e de sua densidade 1,00 g de água ( 25 mL de água ) = 25 g de água 1 mL de água q = 4,2 J/g K × 25 g × 60 K q = 6,3 kJ Deve-se, então, calcular qual a quantidade de Mg(s) que deve reagir com a água para fornecer 6,3 kJ para que 25 mL de água seja aquecida de 25 até 85 oC. Calculou-se, previamente, que a reação de 1 mol de Mg(s) com H2O(l) libera 1496 kJ. Assim, a quantidade de Mg(s) necessária para fornecer 6,3 kJ é: 1 mol de Mg(s) (6,3 kJ ) = 1,8-2 mol de Mg(s) 352,9 kJ Para o resultado final ser dado em gramas (Massa molar do Mg = 24,3 g/mol): 24,3 g de Mg 1,8-2 mol de Mg = 0,44 g de Mg 1 mol de Mg www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005 (6) Imagine que se misturem 200 mL de HCl 0,400 M com 200 mL de NaOH 0,400 M num calorímetro improvisado. A temperatura das soluções antes da mistura era de 25,10 oC; depois da mistura e da reação, a temperatura é de 26,60 oC. Qual a entalpia molar de neutralização do ácido? (Admita que as densidades de todas as soluções sejam 1,00 g/mL e os calores específicos 4,20 J/g K) Resolução A equação química que descreve a reação de neutralização entre o HCl e NaOH é: HCl(aq) + NaOH(aq) → NaOH(aq) + H2O(l) Deve-se reconhecer que o aquecimento da solução é promovido pela liberação de calor associado à reação de neutralização supracitada (entalpia da reação de neutralização). O meio reacional resultante compreende 400 mL de solução (200 mL de HCl e 200 mL de NaOH). Considerando a densidade da solução como sendo 1,00 g/mL, o volume da solução corresponde a 400 g de solução. O calor necessário para aquecer 400 g da solução de 25,10 até 26,60 oC (∆T = 1,50 oC ou ∆T = 1,50 K) é calculado como segue : q = C(solução) m(solução) ∆T q = 4,20 J/g K × 400 g × 1,50 K q = 2,52 × 103 J Ou seja, a quantidade de calor liberada na interação de 200 mL de HCl 0,400 M com 200 mL de NaOH 0,400 M é 2,52 × 103 J. Entretanto, o problema indaga qual é a entalpia molar de neutralização do ácido, ou seja, quando 1 mol de HCl interage com quantidade suficiente (estequiométrica) de NaOH. Deve-se, então, conhecer a quantidade de HCl presente em 200 mL de uma solução de HCl 0,400 M. 0,400 mols de HCl 0,200 L de solução de HCl = 0,0800 mols de HCl 1 L de solução de HCl Isto significa que quando 0,0800 mols de HCl reagem com 0,0800 mols de NaOH ocorre há liberação de 2,52 × 103 J. A reação de 1 mol de HCl com quantidade equivalente de NaOH, liberará: 2,52 × 103 J 1 mol de HCl = 31,5 J 0,0800 mol de HCl Desde modo, ∆Hr = -31,5 J. www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005 (7) Queima-se em uma bomba calorimétrica uma amostra de 1,00 g de açúcar (sacarose, C12H22O11). A temperatura de 1,50 × 103 g de água do calorímetro eleva-se de 25,00 para 27,32 o C. Se a capacidade calorífica da bomba for 837 J/K e o calor específico da água for 4,184 J/g K, calcular (a) o calor desprendido por mol de sacarose e (b) o calor desprendido por mol de sacarose. Resolução A equação química que descreve a queima da sacarose, C12H22O11, é: C12H22O11 + 12O2 → 12CO2 + 11H2O(l) O calor desprendido pela reação aquece a água do calorímetro e também as paredes do próprio calorímetro (veja Kotz e Treichel, v. 1, p. 183 como funciona um calorímetro). Assim, q(reação) = - (q(água) + q(bomba do calorímetro)) Deve-se, então, calcular o calor gasto para aquecer 1,50 × 103 g de água de 25,00 para 27,32 oC e o calor gasto para elevar a temperatura do calorímetro pelo mesmo intervalo de temperatura. Aquecimento da água (q(água)) q(água) = C(água) m(água) ∆T (∆T = 27,32 oC – 25,00 oC) = 2,32 oC = 2,32 K) 3 q(água) = 4,184 J/g K × 1,50 × 10 g × 2,32 K q(água) = 1,46 × 104 J Aquecimento do calorímetro (q(bomba do calorímetro)) q(calorímetro) = C ∆T q(calorímetro) = 837 J/K × 2,32 K q(calorímetro) = 1,94 × 103 J O calor da reação é, então, calculado como segue: q(reação) = - (q(água) + q(bomba do calorímetro)) q(reação) = - (1,46 × 104 J + 1,94 × 103 J) q(reação) = - 1,65 × 104 J Assim, a energia liberada com a queima de 1,00 g de sacarose (questão a) é –1,65 × 104 J. Para determinar a energia liberada por 1 mol de sacarose (entalpia molar de reação) e necessário conhecer a massa de 1 mol de sacarose, ou seja, sua massa molar. A massa molar da sacarose é 342,3 g/mol. A energia liberada pela queima de 1 mol (ou 243,3 g) de sacarose é, então, calculada: − 1,65 × 104 J 342,3 g de sacarose = 5,65 × 106 J 1,00 g de sacarose www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005 (8) O metanol, CH3OH, um composto que pode ser obtido do carvão com pouca despesa, é um substituto promissor da gasolina. Este álcool tem teor energético mais baixo do que a gasolina, porém tem octanagem mais elevada e queima com mais eficiência nos motores a explosão. (Também tem a vantagem adicional de contribuir em menor grau para a poluição da atmosfera.) Compare o calor de combustão, por grama, do CH3OH e do C8H18 (isooctano), que é um composto representativo da gasolina (Exercício 6.88 Kotz & Treichel). Resolução O calor de combustão é a variação de entalpia associada ao processo de queima (combustão) do combustível (CH3OH e do C8H18). Assim, se faz necessário determinar a estequiometria das respectivas reações de combustão (equação química) para que a quantidade de calor liberada possa ser calculada. Como regra geral, a combustão de hidrocarbonetos produz CO2 e H2O. Para o isooctano, a correspondente equação química balanceada é: C8H18(l) + (25/2)O2(g) → 8CO2(g) + 9H2O(l) A variação de entalpia que acompanha o processo é calculada a partir das entalpias de formação de produtos e reagentes: o o o ∆Hr = ∑ [∆Hf (produtos)] −∑ [∆Hf (reagentes)] (veja Tabela 1 para valores de entalpias molares padrões de formação dos reagentes e produtos) ∆Hro = [8 × (-393,509) + 9 × (-285,8)] – [(-259,2)] kJ/mol ∆Hro = -5461,1 kJ/mol Ou seja, a queima de 1 mol de C8H18(l) libera a quantidade de calor de –5461,1 kJ. Entretanto, o problema indaga qual a quantidade de calor liberada na queima de 1 g do combustível. Faz-se necessário conhecer a equivalência entre massa e quantidade de matéria (massa molar do isoctano). A massa molar do isoctano é 114,228 g/mol. Assim, - 5461,1 kJ 1 mol de C8 H18 1 g de C8 H18 = - 47,809 kJ/g 1 mol de C8 H18 114,228 g de C8 H18 Portanto, a quantidade liberada pela combustão de 1 g de C8H18 é –47,809 kJ A equação química que descreve a combustão do CH3OH é: CH3OH(l) + 3/2O2 → 2H2O(l) + CO2(g) Similarmente ao desenvolvido para o C8H18, deve-se calcular a variação de entalpia que acompanha a combustão do metanol (CH3OH). Com os dados da Tabela 1, tem-se: o o o ∆Hr = ∑ [∆Hf (produtos)] −∑ [∆Hf (reagentes)] ∆Hro = [2 × (-285,830) + (-393,509)] – [(-238,66)] ∆Hro = -726,51 kJ/mol A massa molar do CH3OH é 32,0417 g/mol. Para calcular o calor desenvolvido pela queima de 1 g de metanol: - 726,51 kJ 1 mol de CH3 OH 1 g de CH3 OH = - 22,674 kJ/g 1 mol de CH3 OH 32,0417 g de CH3 OH Assim, enquanto a queima de 1 g de CH3OH libera –22, 674 kJ, a queima de 1 g de C8H18 libera –47,809 kJ de calor. www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005 (9) A entalpia molar padrão de formação, ∆Hfo, da diborana, B2H6(g), não pode ser determinada diretamente, pois o composto não pode ser preparado pela reação direta do boro com o hidrogênio. No entanto, este valor pode ser calculado considerando-se as seguintes reações: (exercício 6.92 Kotz & Treichel) 4B(s) + 3O2(g) 2H2(g) + O2(g) B2H6(g) + 3O2(g) → → → ∆Hro = -2543,8 kJ ∆Hro = -484 kJ ∆Hro = -2032,9 kJ 2B2O3(s) 2H2O(g) B2O3(s) + 3H2O(g) (i) (ii) (iii) Calcule ∆Hfo para o B2H6(g). Resolução Como a entalpia padrão de formação, ∆Hfo, é a variação de entalpia padrão de uma reação de formação de um mol de um composto a partir dos respectivos elementos (também em seus estados padrões), o problema se resume na determinação da variação de entalpia para a reação (veja Kotz & Treichel, p. 180): 2B(s) + 3H2(g) → B2H6(g) ∆Hfo(B2H6) = ? Deve-se, então, utilizando a lei de Hess (veja Kotz & Treichel, p. 178), calcular ∆Hfo(B2H6) a partir das entalpias padrões das reações supracitadas. O primeiro passo é reconhecer que qualquer que seja a combinação das reações, o B2H6(g) deve figurar entre os produtos. Isto é feito invertendo-se a eq. (iii). Assim: 4B(s) + 3O2(g) 2H2(g) + O2(g) B2O3(s) + 3H2O(g) → → → 2B2O3(s) 2H2O(g) B2H6(g) + 3O2(g) ∆Hro = -2543,8 kJ ∆Hro = -484 kJ ∆Hro = +2032,9 kJ (i) (ii) (iii) × (-1) Observe que o sinal do correspondente ∆Hro deve ser trocado. O composto B2O3(s) não figura na reação de formação da diborana e, portanto, deve ser eliminado durante a combinação das reações. Uma análise das três equações imediatamente acima revela, entretanto, que entre produtos há 2 mols de B2O3(s) (equação i) e entre reagentes há apenas 1 mol (equação iii). Assim, deve-se multiplicar a equação iii por 2 para igualar a quantidade de B2O3 em produtos e reagentes. A correspondente entalpia de reação deve também ser multiplicada por 2. 4B(s) + 3O2(g) → 2H2(g) + O2(g) → 2B2O3(s) + 6H2O(g) → 2B2O3(s) 2H2O(g) 2B2H6(g) + 6O2(g) ∆Hro = -2543,8 kJ ∆Hro = -484 kJ ∆Hro = +4065,8 kJ (i) (ii) (iii) × (-1) × (2) Nestas condições, já se tem a diborana entre os produtos e a produção de B2O3 é nula (pois há a mesma quantidade de B2O3 em reagentes e produtos, 2 mols). Multiplicando-se a equação ii por 3, consegue-se eliminar a água e o oxigênio molecular, O2(g): www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005 4B(s) + 3O2(g) → 6H2(g) + 3O2(g) → 2B2O3(s) + 6H2O(g) → 2B2O3(s) 6H2O(g) 2B2H6(g) + 6O2(g) ∆Hro = -2543,8 kJ ∆Hro = -1452 kJ ∆Hro = +4065,8 kJ (i) (ii) × 3 (iii) × (-1) × 2 ∆Hro = -2543,8 kJ ∆Hro = -1452 kJ ∆Hro = +4065,8 kJ ∆Hro = 70 kJ (i) (ii) × 3 (iii) × (-1) × 2 A somatória das três equações produz: 4B(s) + 3O2(g) 6H2(g) + 3O2(g) 2B2O3(s) + 6H2O(g) 4B(s) + 6H2(g) → → → → 2B2O3(s) 6H2O(g) 2B2H6(g) + 6O2(g) 2B2H6(g) Entretanto, a entalpia de formação se refere, por definição, à formação de 1 mol do composto de interesse. A combinação acima, resulta na formação de 2 mols de B2H6(g). Assim, a entalpia padrão de formação da diborana é de 35 kJ/mol. (10) Muitas vezes é possível preparar o metal puro pela redução do óxido metálico pelo hidrogênio gasoso. Por exemplo, WO3(s) + 3H2(g) → W(s) + 3H2O(l) (a) Calcule a variação de entalpia nesta reação. (b) Que quantidade de calor é trocada se 1,00 g de WO3 reage com hidrogênio gasoso em excesso? Resolução A variação de entalpia é para a reação é calculada diretamente com os dados da Tabela 1 (entalpias padrões de formação), segundo a expressão: o o o ∆Hr = ∑ [∆Hf (produtos)] −∑ [∆Hf (reagentes)] Assim, ∆Hro = 3 × (-285,8 kJ/mol) – ( -842,9 kJ/mol) ∆Hro = -14,5 kJ/mol A reação é exotérmica por –14,5 kJ por mol do óxido WO3. Entretanto o problema indaga sobre o calor liberado com a reação de 1,00 g de WO3. Faz-se necessário, então, conhecer a relação entre massa e quantidade de matéria para o WO3, ou seja, sua massa molar. A massa molar do WO3 é 231,8 g/mol. Assim, para 1,00 g de WO3, - 14,5 kJ 1 mol de WO3 1,00 g de WO3 = - 62,6 J 1 mol de WO3 231,8 g de WO3 Ou seja, a reação de 1,00 g de WO3 com quantidade estequiométrica de H2, libera 62,6 J. www.fsa.br/fabricio versão termo_v1_2005