PIB de Minas Gerais cresce 0,3% nos seis primeiros meses de 2014 Desde 2010, a economia mineira registrou um crescimento acumulado de 16,1% ante uma elevação de 14,9% no PIB do país Levantamento feito pelo Centro de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro (FJP) indica que, apesar das conjunturas econômicas nacional e internacional adversas, no primeiro semestre de 2014, o Produto Interno Bruto de Minas Gerais (PIB) cresceu 0,3% em relação ao mesmo período de 2013. O boletim com a íntegra do levantamento será publicado no final da tarde desta sexta-feira (19/09) no site www.fjp.mg.gov.br. Com o resultado do primeiro semestre de 2014, o crescimento acumulado da economia mineira no período de janeiro de 2010 a junho de 2014 chega a 16,1% ante um crescimento acumulado de 14,9% do PIB nacional. A expansão de 0,3% do PIB mineiro nos seis primeiros meses de 2014 ficou no mesmo nível do crescimento de 0,5% registrado no PIB do país no mesmo período e continua sendo puxada, basicamente, pelo comportamento positivo do setor de serviços, tanto no Estado (1,2%) quanto nacionalmente (1,1%). Na indústria, embora tenha havido uma retração de -0,7% em Minas no primeiro semestre, o resultado do Estado também foi melhor que o do país, que registrou uma queda de -1,4%. No setor agropecuário, o Estado teve uma retração de -2,5% no período face a um crescimento nacional de 1,2%. A tabela a seguir compara o desempenho econômico de Minas Gerais e do Brasil no primeiro semestre de 2014 e o PIB acumulado entre 2010 e 2014. Produto Interno Bruto (PIB) e Valor Adicionado (VA) Taxa de variação acumulada no período 1° semestre de 2014 em relação ao 1° semestre de 2013 (série sem ajuste sazonal) Agregados Macroeconômicos Minas Gerais (%) Brasil (%) PIB (preços mercado) 0,3 0,5 VA (preços básicos) 0,2 0,5 Agropecuária -2,5 1,2 Indústria -0,7 -1,4 Serviços 1,2 1,1 Crescimento acumulado do PIB (2010 a 2014*) 16,14% 14,9% Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP) – Centro de Estatística e Informações (CEI) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Contas Nacionais Trimestrais. (*) Até junho/2014 Indicadores nacionais ruins impactam PIB do Estado A análise do desempenho das economias estaduais deve levar em consideração o fato de as atividades econômicas de instâncias regionais serem fortemente dependentes da política macroeconômica, estabelecida no plano federal, e vinculadas ao desempenho da economia nacional, que também apresentou crescimento reduzido no período. A decisão da agência de classificação de risco Moody's, anunciada na última terça-feira (16/09), de alterar a perspectiva do rating (nota) – de "estável" para "negativa" – dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Maranhão, Mato Grosso e Paraná, além dos municípios de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, é uma demonstração inequívoca dessa vinculação. A mudança feita pela Moody’s no rating de estados e municípios decorre da recente atribuição da perspectiva negativa para o rating do governo federal, que agora impacta na categorização das demais esferas governamentais monitoradas pela agência. Ao justificar sua decisão, a Moody’s afirma textualmente que "a redução das perspectivas de crescimento econômico no Brasil e a deterioração da posição fiscal do país tiveram impacto direto no ambiente operacional dos estados e municípios brasileiros". A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) também fez essa mesma vinculação durante a divulgação da “Pesquisa de Indicadores Industriais”, em agosto último, que indicou uma queda de -6,64% no faturamento da indústria mineira no primeiro semestre de 2014, em relação ao mesmo período de 2013, decorrente do fraco desempenho tanto do mercado interno como do externo. “A indústria mineira sofre as consequências do fraco desempenho econômico do país”, conclui análise publicada no site da entidade. Ainda de acordo com a Fiemg, a incerteza política relacionada ao quadro eleitoral, a instabilidade de estoques e a baixa confiança empresarial estão adiando as perspectivas de recuperação do setor produtivo no país e, por consequência, no Estado. Em artigo publicado no mesmo site – cuja íntegra pode ser acessada aqui – o presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior, joga luz sobre essa questão. Segundo ele, desde 2010 a atividade econômica do país se manteve enfraquecida, sobretudo no setor industrial. “As medidas adotadas fizeram com que o gasto fiscal do governo voltasse a pressionar a inflação”, afirma. O resultado desse processo, segundo o presidente da Fiemg, é que a atividade econômica continua estagnada no país e até recessiva em alguns setores industriais. “A inflação continua rondando o teto da meta mesmo depois de Copom elevar a (taxa de juros) Selic a 11% ao ano. Para piorar, a confiança dos empresários e dos consumidores está quase no mesmo nível de 2009, o auge da crise recente”, pontua. Relatório divulgado na última segunda-feira (15/09) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), corrobora com a análise da Fiemg e destaca a queda de investimentos no país como o principal problema da economia brasileira atualmente. De acordo com o documento, o Brasil entrou em recessão no primeiro semestre de 2014 e a queda do investimento é um de seus sintomas mais preocupantes. "O investimento tem sido particularmente fraco e minado pela incerteza sobre a direção das políticas após as eleições e a necessidade de uma política monetária que contenha a inflação acima da meta", pontua o relatório da OCDE, que é uma organização internacional composta por 34 países e cuja sede fica em Paris (França). Conjuntura internacional também adversa O cenário econômico mineiro tem sido impactado, ainda, pela conjuntura internacional, uma vez que o início do processo de reversão da crise econômica em alguns países ainda não produziu efeitos expressivos sobre a demanda mundial pelos produtos que ancoram a economia estadual, ao mesmo tempo em que os preços internacionais de alguns produtos relevantes da pauta de exportação do Estado permanecem baixos. Importante destacar que os resultados dos indicadores macroeconômicos nacionais, associados à baixa taxa de investimento do Brasil e a uma conjuntura internacional ainda adversa, afetam de maneira diferente a economia das unidades da federação. Alguns estados, em função de suas características econômicas, sofrem mais do que outros. É o caso de Minas Gerais, cuja economia depende, em grande medida, do dinamismo econômico nacional e mundial. O setor automotivo também apresentou queda no 1º semestre de 2014 no país e em Minas, assim como a construção civil e o setor de máquinas e equipamentos. A queda na atividade de setores intensivos em aço impacta fortemente a demanda interna de produtos siderúrgicos e, consequentemente, a economia de Minas Gerais, onde esse setor tem grande relevância. Serviços puxam PIB de Minas no 1º semestre Âncora da economia mineira do primeiro semestre de 2014, com desempenho positivo de 1,2%, o setor de serviços, que tem elevada representatividade na composição global do PIB, apresentou alguns destaques, como o subsetor de transportes, que teve um crescimento no estado de 5,9% no primeiro semestre, mais do que o dobro do crescimento de 2,4% registrado no país. No subsetor de serviços imobiliários e de aluguéis, o Estado cresceu 3,1% no período ante um crescimento nacional de 1,8%. Já no comércio, enquanto Minas cresceu 0,2%, o país registrou uma redução de -0,2%. O desempenho do estado só foi superado pelo nacional nos subsetores administração pública (0,5% e 1,6%, respectivamente) e “outros serviços” (-0,8% e 0,8%, respectivamente). Apesar das taxas positivas, o setor de serviços sofreu perda de dinamismo, motivada, sobretudo, pela queda do consumo interno em decorrência da redução do ritmo de geração de empregos. Forte queda da indústria no 1º semestre de 2014 O setor industrial teve uma retração de -0,7% em Minas Gerais no acumulado do primeiro semestre de 2014. Entretanto, a taxa mineira foi a metade da registrada pela indústria nacional no mesmo período (de -1,4%). A queda da atividade industrial, tanto em Minas como no Brasil, foi provocada pela retração da indústria da transformação (-3,2% e -3,1%, respectivamente) e da construção civil (-3,6% e -4,9%, respectivamente). A indústria da transformação em Minas Gerais foi afetada, principalmente, pelo desempenho negativo da indústria automobilística, explicado em boa parte pela queda no ritmo de vendas, tanto no mercado interno quanto no externo. Já a construção civil vem sendo afetada pela desaceleração no ritmo de expansão da oferta de crédito no país. Por outro lado, a indústria extrativa mineral apresentou forte expansão no estado no primeiro semestre de 2014, com um crescimento de 5,6% em relação a igual período do ano anterior, próximo ao crescimento nacional de 6,8%. Já nas atividades de utilidade pública do setor de energia e saneamento, Minas Gerais registrou crescimento de 5,2%, superando o desempenho nacional (3,1%). Ou seja: apesar da conjuntura nacional adversa, a atividade industrial em Minas Gerais teve desempenho melhor do que o registrado no país nos primeiros seis meses de 2014. Investimentos na “nova economia” Importante ressaltar que, nos últimos anos, vêm sendo tomadas várias iniciativas visando diversificar a economia mineira, complementando sua base minerária e agroexportadora com atividades de maior valor agregado, em especial segmentos intensivos em conhecimento e tecnologia. Desse modo, Minas Gerais já conta com modernas plantas industriais instaladas, como por exemplo, a única fábrica de helicópteros da América latina, localizada em Itajubá, e se destaca também na fabricação de locomotivas, eletrodomésticos e eletrônicos. Há, ainda, o Centro de Capacitação de Tecnologia Aeroespacial implantado pelo Estado em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de BH, que tem atraído empresas do segmento de aviação, como a Embraer, que instalou lá uma unidade de engenharia e desenvolvimento. O Estado dispõe, também, de parques tecnológicos instalados ou em implantação nas cidades de Belo Horizonte (capital), Viçosa e Juiz de Fora (Zona da Mata), Itajubá e Lavras (Sul) e Uberaba (Triângulo). Outras companhias da chamada “nova economia” estão em processo de implantação no Estado, como a fábrica de semicondutores Six (em Ribeirão das Neves), a fábrica de insulina Biomm Technology (em Nova Lima), a fábrica de capsulas para medicamentos ACG Worldwide (em Pouso Alegre) e o Centre Suisse d’Electronique et de Microtechnique (em Belo Horizonte). Esta última companhia realiza investimentos em pesquisa básica e aplicada nos campos das nano e microtecnologias, engenharia de sistemas, tecnologias de informação e telecomunicação. Mais recentemente, foi implantado em BH o programa estadual de desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo e startups, que tem como objetivo transformar Minas no maior polo de empreendedorismo tecnológico da América Latina. Ao todo, 80 startups de Minas e de vários outros estados e países já receberam recursos para desenvolver seus projetos, que visam, sobretudo, a diversificação da economia estadual. Agropecuária reflui em função da seca no 1º semestre No primeiro semestre de 2014, o setor agropecuário de Minas Gerais registrou retração de -2,5% ante uma expansão de 1,2% em âmbito nacional, na comparação com o mesmo período do ano passado. O principal motivo do recuo registrado neste setor foi o fraco desempenho do café, que responde por parte bastante relevante do agronegócio mineiro, e de outras lavouras de peso para a atividade econômica estadual, em função dos longos períodos de estiagem. O índice pluviométrico em outras regiões do país explica o desempenho positivo de alguns segmentos da agropecuária no Brasil, especialmente na safra de grãos (1,2%), com impactos no desempenho das economias do Centro-Oeste e Sul. Projeções feitas pela Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg) indicam que o Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária mineira, com base nos dados do período de janeiro a agosto, deve encerrar o ano de 2014 em um total de R$ 46,4 bilhões – um recuo de 0,7% na comparação com igual período do ano passado. De acordo com a assessoria técnica da entidade, a queda no VBP do setor também reflete a estiagem atípica ocorrida no primeiro trimestre de 2014 e as expectativas em relação a uma elevada produção mundial de grãos. Pecuária de MG deve superar desempenho nacional Especificamente no subsetor de pecuária, entretanto, o desempenho de Minas Gerais deverá superar o do país em 2014. É o que indicam as taxas preliminares de crescimento real de alguns produtos deste setor projetadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP. A previsão de crescimento para bovinos em Minas Gerais, de 16,7%, é significativamente maior do que a taxa de 1,1% projetada para o Brasil. O mesmo acontece com o leite, cujos levantamentos preliminares preveem um crescimento de 17,0% em Minas ante uma elevação de 14,2% no país. A expectativa para 2014, portanto, é de que Minas Gerais tenha um desempenho superior ao da pecuária nacional, sobretudo em função dessas duas atividades, que têm grande importância no valor adicionado do agronegócio mineiro. Resultados do 2º trimestre de 2014 Os resultados econômicos acumulados nos primeiros seis meses de 2014, em Minas, só não foram melhores porque, no segundo trimestre do ano (de abril a junho), um conjunto de fatores afetou negativamente as economias mineira e brasileira. Na comparação com o mesmo período de 2013, as taxas de crescimento do segundo trimestre de 2014 foram negativas tanto na economia mineira (-1,8%) como na economia nacional (-0,9%). No segundo trimestre de 2014, em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve retração do PIB também em dois outros grandes estados: São Paulo (3,3%) e do Rio Grande do Sul (-2,4%). As economias paulista, mineira e gaúcha, que têm forte relevância no desempenho do PIB brasileiro, foram negativamente afetadas pela política macroeconômica e pelos mercados internacionais. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, houve retração de -2,5% no PIB do Estado. Também nesse comparativo, São Paulo e Rio Grande do Sul registraram quedas, respectivamente de -2,3% e -0,4%. Indústria No caso da economia mineira, o fator preponderante para esta contração, no segundo trimestre de 2014 em relação ao trimestre anterior, foi a retração de -5,0% observada no setor industrial. Vários fatores contribuíram para o desempenho negativo do setor no segundo trimestre: a redução da demanda mundial por minério de ferro e a dos preços internacionais, o desaquecimento no consumo interno (com destaque para o aço, cimento e outros insumos impactados pelo ritmo mais lento da indústria da construção em todo o país) e o fraco desempenho na geração de energia hidroelétrica causado pela escassez de chuvas. No conjunto da economia brasileira, a retração observada na indústria, entre abril e junho, foi de -1,5%. Serviços No setor de serviços, ao contrário de 2013, quando era o segmento com maior dinamismo em razão dos fortes estímulos ao consumo interno e da expectativa de incremento gerada pela Copa do Mundo, a diminuição do ritmo de criação de novos empregos e dos ganhos reais de remuneração da população contribuiu para uma redução do volume adicionado (-1,1% em Minas Gerais e -0,5% no Brasil). O menor número de dias úteis no primeiro semestre deste ano também afetou consideravelmente o comportamento do comércio. Agropecuária No segundo trimestre de 2014, houve pequena variação negativa (de -0,5%) no valor adicionado da agropecuária mineira, em relação ao trimestre imediatamente anterior. No conjunto da economia nacional houve, praticamente, estabilidade no valor adicionado do setor na série com ajuste sazonal, tendo em vista que a expansão observada foi bastante modesta, de apenas 0,2%. Importante destacar que a produção agrícola, a extração vegetal e a silvicultura são sujeitas a acentuadas oscilações no curto prazo, em função da sua forte exposição a fatores climáticos e significativas alterações nos preços, tanto dos produtos quanto dos insumos que compõem o consumo intermediário da atividade. Resultados preliminares e sujeitos a revisão Ressalte-se que os resultados referentes ao PIB de 2014, tanto para Minas Gerais como para o Brasil, são preliminares e, naturalmente, estão sujeitos a revisão. Como o IBGE está em processo de elaboração de uma “nova base”, com aperfeiçoamentos metodológicos no cálculo e incorporação das novas recomendações internacionais – em que 2010 será o ano de referência –, as informações divulgadas sofrerão algum tipo de revisão. A expectativa é que os dados definitivos do PIB, de 2010 em diante, sejam divulgados em 2015. Assessoria de Comunicação | Fundação João Pinheiro Informações para a imprensa: [email protected] (31) 3448-9580 ou (31) 9791-5595