INTRODUÇÃO-DEFINIÇÕES 5 de agosto de 2010 1 ASTRONOMIA é a ciência que se ocupa em estudar os astros à luz dos conhecimentos disponíveis. Este estudo, (teórico ou observacional) pode ser feito de duas maneiras: I analisando e medindo a direção de onde vem a luz (Astrometria e Mecânica Celeste) I analisando e medindo a quantidade e o tipo de luz recebida (Astrofísica) 1. Astronomia Observacional: a principal forma de obter informação é através da detecção e análise da luz visível ou outras regiões do espectro eletromagnético. Informações também podem ser obtidas através de raios cósmicos, neutrino e, futuramente, por ondas gravitacionais (Teoria da Relatividade Geral) 1.1 Radioastronomia: estuda a radiação com λ&1 mm . A Radioastronomia é diferente da maioria das outras formas de astronomia observacional pelo fato de as ondas de rádio observáveis poderem ser tratadas como ondas ao invés de fótons discretos. Diversas linhas espectrais produzidas por gás interestelar, notadamente a linha espectral do hidrogênio de 21 cm, são observáveis no comprimento de onda de rádio. Uma grande variedade de objetos são observáveis no comprimento de onda de rádio, incluindo supernovas, gás interestelar, pulsares e núcleos de galáxias ativas. Figura: Sidney-Austrália http://lief.if.ufrgs.br/~gentil/astro2.html Figura: Radio Telescópio de Arecibo com 305 m - Porto Rico 1963 http://lief.if.ufrgs.br/~gentil/astro2.html Figura: Imagem obtida por radiotelescópio (cores falsas), gás envolvendo galáxia jovem. http://lief.if.ufrgs.br/~gentil/astro2.html 1.2 Astronomia Infravermelha: lida com a detecção e análise da radiação infravermelha (λ < λvermelho ). Observatórios de infravermelho precisam estar localizados em lugares altos e secos, ou no espaço. O espectro infravermelho é útil para estudar objetos que são muito frios para emitir luz visível, como os planetas e discos circunstelares. Comprimentos de onda infravermelha maior podem também penetrar nuvens de poeira que bloqueiam a luz visível, permitindo a observação de estrelas jovens em nuvens moleculares e o centro de galáxias. Algumas moléculas irradiam fortemente no infravermelho, e isso pode ser usado para estudar a química no espaço, assim como detectar água em cometas. Figura: Os resultados destas observações revelaram três estrelas com características que indicam serem bem jovens. Elas têm menos de um milhão de anos de idade e estão envolvidas por casulos de gás e poeira. A imagem mostra a região central de nossa galáxia no IV e em destaque as estrelas citadas. http://wwo.uai.com.br/UAI/html/sessao_11/2009/07/07/em_notici 1.3 Astronomia Óptica: também chamada de astronomia da luz visível, é a forma mais antiga da astronomia (olho nu, lunetas e telescópios, câmaras CCD). Figura: Galáxia espiral do tipo Sc, localizada a aproximadamente 20 milhões de anos-luz. A imagem foi obtida pelo Telescópio Espacial Hubble, em janeiro de 2005, utilizando um mosaico de dois detectores CCD, semelhantes aos usados nas populares câmeras digitais. O mosaico tem um total de 17 Megapíxeis. Esta galáxia é conhecida como a Galáxia do Redemoinho. O seu nome de catálogo é M51. Ela possui uma galáxia companheira, menor, que aparece à direita, na imagem. http://www.observatorio.ufmg.br/Pas78.htm 1.4 Astronomia Ultravioleta: usada para se referir a observações com 10 nm < λ < 320 nm . As observações devem ser feitas na atmosfera superior ou no espaço. É mais utilizada para o estudo da radiação térmica e linhas de emissão espectral de estrelas azul quente que são muito brilhantes nessa banda de onda. Outros objetos normalmente observados incluem a nebulosa planetária, remanescente de supernova, e núcleos de galáxias ativas. Entretanto, a luz ultravioleta é facilmente absorvida pela poeira interestelar, e as medições da luz ultravioleta desses objetos precisam ser corrigidas. Figura: Imagem ultravioleta registra galáxia em rota de colisão. http://www.apolo11.com/spacenews.php?posic=dat_20091023090855.inc 1.5 Astronomia de Raios-X: estuda os objetos que emitem radiação na região de raio-X, como radiação de síncroton. As observações devem ser feitas de balões de grande altitude, foguetes, ou naves espaciais. Fontes de raio-X notáveis incluem binário de raio-X, pulsares, remanescentes de supernovas, galáxias elípticas, aglomerados de galáxias e núcleos galáticos ativos. 1.6 Astronomia de Raios Gama: estuda os objetos astronômicos que emitem os menores comprimentos de onda do espectro eletromagnético. Os raios gama podem ser observados diretamente por satélites. Exemplos de objetos observados incluem pulsares, estrelas de nêutrons, e candidatos a buracos negros como núcleos galácticos ativos. 1.7 Astrometria e Mecânica Celestial: um dos campos mais antigos da astronomia e de todas as ciências, é a medição da posição dos objetos celestiais. Historicamente, o conhecimento preciso da posição do Sol, da Lua, dos planetas e das estrelas era essencial para a navegação celestial. 1.8 Astronomia Estelar 1.8.1 Astronomia estelar: estudo das estrelas, em geral. 1.8.2 Formação de estrelas: estudo das condições e dos processos que conduziram à formação das estrelas no interior de nuvens do gás, e o próprio processo da formação. 1.8.3 Evolução estelar: estudo da evolução das estrelas, de sua formação a seu m como um remanescente estelar. 1.9 Astronomia Galáctica: estudo da estrutura e componentes de nossa galáxia, seja através de dados relativos a objetos de nossa galáxia ou através do estudo de galáxias próximas, que podem ser observadas em detalhe e que podem ser usadas para comparação com a nossa. Também estuda a formação e evolução de galáxias. 1.10 Astronomia Extragaláctica: Estudo de objetos (principalmente galáxias) fora de nossa galáxia. 1.11 Cosmologia: estuda a origem dos astros. A cosmologia observacional estuda o universo como um todo e sua evolução. 2. Astronomia Teórica: os temas estudados através de modelos teóricos envolvem a 2.1 dinâmica e evolução estelar 2.2 formação e evolução de galáxias 2.3 estrutura em grande escala da matéria no Universo 2.4 origem dos raios cósmicos 2.5 relatividade geral e cosmologia física Campos interdisciplinares: a Astronomia e a Astrofísica desenvolveram ligações importantes com outros grandes campos cientícos. 2.1 Arqueoastronomia: é o estudo das antigas e tradicionais astronomias em seus contextos culturais, utilizando evidências arqueológicas e antropológicas. 2.2 Astrobiologia: é o estudo do advento e evolução os sistemas biológicos no universo, com ênfase particular na possibilidade de vida fora do planeta Terra. 2.3 Astroquímica: é o estudo da química encontrada no espaço, incluindo sua formação, interação e destruição. 2.4 Cosmoquímica: é o estudo de compostos químicos encontrados dentro do Sistema Solar, incluindo a origem dos elementos e as variações na proporção de isótopos. 2 ASTROLOGIA I do grego astron, astros + estrelas , corpos celestes , e logos, palavra , estudo , é um grupo de sistemas, tradições e crenças que alega que as posições relativas dos corpos celestes podem prover informação sobre personalidade e relações humanas. I se fundamenta em um paradigma que arma que todas as coisas que existem no Universo estão inter-relacionadas. Um praticante de astrologia é chamado astrólogo. I Cientistas consideram astrologia uma pseudo-ciência ou superstição, uma vez que esta não prove evidências acerca da ecácia de seus métodos. I registros mais antigos sugerem que a Astrologia surgiu no terceiro milênio a.C.. Ela teve um importante papel na formação das culturas, e sua inuência é encontrada na Astronomia antiga. I até a Era Moderna a astrologia e astronomia eram frequentemente indistinguíveis. A Astronomia começou a divergir gradualmente da Astrologia, a partir da Renascença, até o século XVIII. Eventualmente, a Astronomia se distinguiu como uma disciplina cientíca, constituída do estudo objetivo do Universo, abandonando as antigas interpretações astrológicas. I Astrólogos acreditam que o movimento e posições dos corpos celestes podem inuenciar diretamente eventos na Terra e em escala humana. Astrólogos modernos denem a astrologia como uma linguagem simbólica, uma forma de arte, ou uma forma de vidência. I Astrologia e Ciência I A comunidade cientíca não considera a astrologia uma ciência, embora haja astrólogos que procurem dar respeitabilidade à sua atividade usando justicações cientícas. Um grande número de astrólogos praticantes e de lósofos da astrologia a vê como uma arte baseada em conhecimento técnico, conhecimento tradicional e uma concepção sistêmica do universo. Uma das ideias que são base da astrologia é que o posicionamento dos astros no momento do nascimento de uma pessoa tem relação com seu caráter, inuenciando sua personalidade e, portanto, seu destino, além de poder inuenciar os eventos que ocorrem na Terra. Mas não há consenso entre os astrólogos sobre como se processa esta relação. Na busca do reconhecimento pela ciência ocial, o trabalho estatístico de Michel Gauquelin, analisando exaustivamente a incidência de determinados planetas na área da carreira do mapa natal de personalidades de várias áreas de atuação, é amplamente conhecido nos meios acadêmicos. I Teorias sobre o funcionamento da astrologia: I I após a divisão da astronomia e a astrologia, sempre houve os que vêem a astrologia como pseudo-ciência que se utiliza de maneira mística dos conhecimentos de astronomia para tentar estabelecer relações entre o comportamento humano e as posições dos astros, tentando fazer previsões e predições baseadas nesses dados. buscando ser aceita como ciência, a Astrologia procurou preencher os dois critérios que a enquadrariam como tal. São eles (a) Previsibilidade, ou seja, passível de ser comprovada por observadores de outras disciplinas cientícas e (b) Consistência, ou seja, no âmbito da losoa das ciências. A astrologia deveria demonstrar, portanto, que funciona, e explicar porque funciona. 3 ASTROFÍSICA I É o ramo da Astronomia que lida com a Física do Universo, incluindo as propriedades físicas como luminosidade, densidade, temperatura e composição química dos objetos astronômicos como as estrelas, galáxias e meio interestelar, além de suas interações. I Além de determinar as constantes universais, é o ramo da Física que demonstra a natureza dos corpos celestes através de instrumentação cientíca. 4 COSMOLOGIA do grego cosmos, ordem, mundo + discurso, estudo é o ramo da Astronomia que estuda a origem, estrutura e evolução do Universo a partir da aplicação dos métodos cientícos. 5 ASTRONOMIA ANTIGA I a Astronomia é considerada a mais antiga das ciências (os registros astronômicos mais antigos datam de 3000 a.C. se devem aos chineses, babilônios, assírios e egípcios) I os antigos observavam e estudavam o céu com objetivos práticos, como medir a passagem do tempo e prever a melhor época para o plantio e colheita I os chineses sabiam a duração do ano e usavam um calendário com 365 dias. Deixaram registros de anotações precisas de cometas, meteoros e meteoritos desde 700 a.C. I os babilônios, assírios e egípcios também sabiam da duração do ano. I evidências de conhecimento astronômicos muito antigos foram deixados na forma de monumentos (Stonehenge, na Inglaterra, que data de 3000a.C. a 1500a.C.) Figura: Stonehenge. I os maias, na América Central também conheciam o calendário e fenômenos celestes. Figura: O templo de Kukulkán que era utilizado como observatório astronômico, tem as quatro faces voltadas para os quatro pontos cardeais e representam as quatro estações do ano. Nos dias 21 de Março e 23 de Setembro, os dias possuem a mesma duração da noite e o Sol que incide às 17:30 hs sobre o templo, projeta uma sombra nos degraus formando uma imagem de Kukulkán, o deus da serpente emplumada. Os maias possuíam vários registros sobre catástrofes universais e principalmente sobre o passado de um vasto império que é referido com freqüência como seus irmãos (Mu). http://ilhadeatlantida.vilabol.uol.com.br/povos/maiaspg.html I os polinésios aprenderam a navegar por meio de observações celestes I foi na grécia que houve o grande avanço na ciência (600a.C. a 400d.C.). O conceito de esfera celeste veio dos gregos: esfera de material cristalino, contendo as estrelas e tendo a Terra no centro; imaginavam que esta esfera girava). Os gregos ainda observaram que todas as estrelas giram em torno de um ponto xo no céu. I Astrônomos da Grécia Antiga: I Tales de Mileto (624 546 a.C.): introduziu na Grécia os fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensava que a Terra era um disco plano em uma vasta extensão de água. I Pitágoras de Samos (572 497 a.C.): acreditava que a Terra, a Lua e demais corpos celestes tinham o formato esférico. Achava que os planetas, o Sol e a Lua eram transportados por esferas separadas daquela que carregava as estrelas. I Aristóteles de Estagira (384 322 a.C.): explicou que as fases da Lua dependem de quanto da parte da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra. Explicou os eclipses do Sol (Lua entre a Terra e o Sol) e da Lua (Lua entra na sombra da Terra). Era a favor da esfericidade da Terra, visto que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada. I Aristarco de Samos (310 230 a.C.): foi o primeiro a propor que a Terra se move em torno do Sol desenvolveu um método para determinar os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. I Eratóstenes de Cirênia (276 194 a.C.): foi o primeiro a medir o diâmetro da Terra. I Hiparco de Nicéia (160 125 a.C. considerado o maior astrônomo da era pré-cristã): I I I I I criou um catálogo com a posição e a magnitude (especica o brilho da estrela) de 850 estrelas deduziu corretamente a direção dos pólos celestes e a precesão deduziu o valor corrento de 8/3 para a razão entre o tamanho da sombra da Terra e o tamanho da Lua encontrou que a Lua estava a 59 vezes o raio da Terra de distância determinou a duração do ano com precisão de 6 minutos I Claudius Ptolemaeus (85 d.C 165 d.C.): último astrônomo importante da antiguidade compilou uma série de 13 volumes de astronomia (Almagesto) e sua contribuição mais importante foi uma representação geométrica do sistema solar, com círculos, epiciclos e equantes, que permitia predizer o movimento dos planetas com considerável precisão e que foi usado até o Renascimento, no século XVI. 6 OUTRAS DEFINIÇÕES I desde a antiguidade é sabido que o Sol muda sua posição no céu ao longo do ano (∼ 1 o para leste por dia). I o tempo para o Sol completrar uma volta na esfera celeste dene o ano. I o caminho aparente do Sol no céu durante um ano denie a eclíptica (os eclipses ocorrem somente quando a Lua está próxima da eclíptica). I os planetas e a Lua percorrem o céu numa região de 18o centrada na eclíptica. Aristóteles chamou esta região de Zodíaco, pois é formada por 12 constelações (atualmente 13 por causa da precessão) com forma predominantemente de animais. 7 CONSTELAÇÕES I são grupos aparentes de estrelas. Os astrônomos antigos imaginaram formar guras de pessoas, animais ou objetos. Os antigos gregos já tinham dividido o céu em constelações, assim como os chineses e egípcios antes dos gregos. I as constelações do zodíaco são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes (Oúco é a 13 a constelação). I surgiram na antiguidade para ajudar a marcar as estações do ano (escorpião e órion) I além das constelações do zodíaco, muitas outras constelações são conhecidas e facilmente observáveis no céu em determinadas épocas do ano, como o Cruzeiro do Sul e Órion, o caçador. Figura: as 12 constelações do zodíaco. Figura: Cruzeiro do Sul e o Polo Celeste Sul. http://www.observatorio.ufmg.br/pas29.htm Figura: Cruzeiro do Sul no céu estrelado. http://www.observatorio.ufmg.br/pas29.htm Figura: Constelação de Órion. Figura: Constelação do escorpião.