microabrasão-tratamento conservador em manchas de

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MICROABRASÃO-TRATAMENTO CONSERVADOR EM MANCHAS
DE HIPOPLASIA DE ESMALTE
Acácia Carolina Basso1
Altivo Carlos Pereira Netto2
Kátia Cristina Salvi De Abreu Lopes 3
RESUMO
A Hipoplasia é um defeito da matriz orgânica do esmalte dentário, cuja superfície apresenta-se rugosa
e coloração diferente do aspecto normal do esmalte. A Microabrasão é uma técnica conservadora para
suavização e eliminação das manchas no esmalte e tem indicação para a melhoria das manchas de
hipoplasia do esmalte. O objetivo do presente estudo é avaliar a efetividade da microabrasão no
tratamento de manchas de hipoplasia de esmalte, relatar, discutir os resultados obtidos através de duas
pastas mais utilizadas e demonstrar o protocolo de atendimento clínico. Neste estudo, utilizaram-se duas
pastas abrasivas, sendo uma com Ácido clorídrico 6% associado ao carbeto de silício e outra com Ácido
fosfórico 37% com pedra pomes. Foram realizados os procedimentos seguindo um protocolo clínico,
em seis casos, cujos pacientes estavam insatisfeitos com a estética devido à presença de manchas no
esmalte dental. Os efeitos de suavização das manchas ou remoção completa foram observados. Alguns
casos, associamos restauração ultra-conservadora, direta em resina composta, promovendo melhora na
estética e satisfação dos pacientes. Nos casos em que a mancha foi removida com sucesso, houve
necessidade somente do polimento da estrutura dental a fim de promover uma superfície lisa.
Concluímos que o tratamento além de ser ultraconservador, promoveu estética e satisfação aos
pacientes.
Palavras-chave: Microabrasão. Hipoplasia. Tratamento Conservador.
INTRODUÇÃO
As manchas de hipoplasias de esmalte são comumente encontradas no dia-a-dia das
clínicas odontológicas e, na maioria das vezes, acomete dentes anteriores afetando diretamente
o convívio social com outras pessoas, acarretando em danos psicológicos, principalmente em
pacientes jovens.
De acordo com Nanci (2008) O esmalte dental é o tecido mais mineralizado do corpo
humano, consistindo em mais de 96% de matéria inorgânica. O processo de desenvolvimento
do esmalte é formado pelas células do epitélio interno que, protege e recobre a coroa dos dentes.
1
Bacharelanda em odontologia pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal-FACIMED. Email:
[email protected]
2
Bacharelando em odontologia pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal-FACIMED. Email:
[email protected]
3
Bacharel em Odontologia. Especialista em Odontopediatria - (UNESP). Mestre em Odontologia - Universidade
Estadual São Paulo (USP). Doutora em Odontologia (UNESP) Presidente do Núcleo de Pesquisa NUPESFACIMED. Membro do Conselho da FAPERO- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Rondônia. Email:
[email protected]
_______________________________
A amelogênese é um processo que consiste basicamente em duas etapas: o primeiro é quando
inicialmente o esmalte se forma, este se mineraliza apenas parcialmente (30%), e o segundo,
consiste na perda de matriz orgânica e água e deposição de mineral. Os ameloblastos são células
extremamente sensíveis a mudanças em seu ambiente, mesmo modificações fisiológicas
menores, afetam e provocam mudanças na estrutura e pode ter como consequência defeitos no
esmalte.
Conforme Bhaskar (1986, p.104):
A principal expressão de amelogênese imperfeita é a hipoplasia, que se manifesta por
fossetas, sulcos ou mesmo total ausência de esmalte; e a hipocalcificação, na forma de áreas
opacas ou esbranquiçadas em superfícies de esmalte de contorno normal. As causa de tais
formações defeituosas podem ser classificadas geralmente como, sistêmicas, locais ou
genéticas. As influencias sistêmicas que provocam a hipoplasia são na maioria das vezes,
ativas no primeiro ano de vida. Portanto os dentes mais afetados serão os incisivos, caninos
e primeiro molares decíduos [...] fatores locais afetam um único dente. Se mais de um dente
for afetado pela hipoplasia local, a localização dos defeitos não mostra correlação com a
cronologia do desenvolvimento [...] o tipo de hipoplasia de causa hereditária é,
provavelmente, um distúrbio generalizado nos ameloblastos.
Shafer (1983 p. 47-49) descreve que:
A hipoplasia do esmalte pode ser definida como uma formação incompleta ou
defeituosa da matriz orgânica do esmalte dentário [...] Existem dois tipos básicos de
hipoplasia de esmalte: um tipo hereditário [...] um tipo causado por fatores ambientais [...]
sabe-se que vários fatores diferentes, cada qual capaz de causar danos ao ameloblastos,
podem dar origem a esta condição, incluindo: deficiências nutricionais (vitaminas A, C e D);
doenças exantemáticas (sarampo, varicela, escarlatina); sífilis congênita; hipoclacemia;
trauma por ocasião do nascimento, prematuridade, eritroblastose fetal; infecção ou
traumatismo locais; ingestão de substancias químicas (principalmente fluoreto); e causas
idiopáticas.
De acordo com Neville (2009, p.54-55):
Dentre os fatores sistêmicos relacionados a defeitos de esmalte estão: traumas
relacionados ao nascimento (nascimento prematuro, trabalho de parto prolongado), químicos
(flúor, chumbo, tetraciclina), infecções (varicela, sífilis, rubéola, tétano, infecções
respiratórias), má nutrição (desnutrição generalizada, hipovitaminose A e D), alterações
metabólocas (cardiopatias, doença renal, hipocalcemia) dentre outros. E dos fatores locais:
trauma mecânico agudo local (quedas, arma de fogo, cirurgias, acidente veiculares),
queimadura elétrica, irradiação, infecção local (osteomielite maxilar neonatal aguda, doenças
inflamatórias periapicais) [...] A hipoplasia de esmalte ocorre em forma de fossetas, ranhuras,
ou em grandes áreas com ausência de esmalte. As opacificações difusas do esmalte aparecem
como variações de translucidez do esmalte. A espessura do esmalte afetado é normal;
entretanto, ela apresenta um aumento da opacificação branca, sem que haja uma delimitação
clara com o esmalte normal subjacente. As opacificaçoes demarcadas do esmalte mostram
áreas de menor translucidez, aumento de opacidade e um limite demarcado com o espaço
adjacente. O esmalte tem espessura normal, e as opacidades podem ser brancas, amarelas ou
marrons.
Afirma Berkovitz et al. (2004, p.116):
A hipoplasia geralmente se manifesta com físsuras e sulcos na superfície do esmalte. Na
hipomineralização a superfície geralmente é intacta, mas opaca em vez de translucida. A
hipomineralização do esmalte é relacionada ao atraso na remoção das amelogeninas durante
a maturação.
Corrêa (2009) considera que o esmalte hipoplásico por ter superfície rugosa é retentivo
para a placa, e os dentes envolvidos são mais suscetíveis a carie. Além disso, a hipocalcificação
pode conduzir a uma progressão da carie mais rápida. Os tratamentos usados para dentes com
defeitos de desenvolvimento de esmalte, dependem da sua extensão [...] Entretanto devem ser
o menos invasivas possíveis.
Segundo Baratieri et al. (2011), o tratamento estético para estas manchas não se resume
ao clareamento propriamente dito, mas sim, na sua remoção mecânica da porção manchada do
dente, que deve ser feito de maneira seletiva [...] este procedimento é chamado de microabrasão
programada [...] A técnica de microabrasão consiste basicamente na remoção mecânica da
mancha, por abrasão seletiva da superfície do esmalte, onde a mancha é predominante.
Queiroz et al. (2010, p.369) entende que:
A microabrasão do esmalte é a remoção de manchas ou de irregularidades da
superfície por associação da ação erosiva de ácidos e ação abrasiva de alguns substancias,
por meio do esfregaço. Este procedimento pode ser utilizado sozinho ou associado a um ou
mais tratamentos estéticos, tais como o restaurador, traduzindo se em um tratamento
conservador e duradouro.
Como vantagens Porto et al. (2008, p.146) afirma que:
A técnica da microabrasão fornece resultados estéticos bastante favoráveis. Promove
pequeno desgaste da superfície dentária, desde que as indicações sejam obedecidas e o caso
devidamente selecionado. È uma alternativa conservadora. Procedimento rápido, fácil
execução nos casos de fracassos, a microabrasão auxilia na obtenção de resultados estéticos
mais satisfatórios na execução de facetas.
Souza et al, (2009, p.16) afirma que:
Restaurações adesivas de resina composta têm sido utilizadas para o tratamento de
hipoplasias com êxito, pois com a introdução do condicionamento ácido e os crescentes
melhoramentos dos sistemas adesivos e das resinas compostas tornaram possível a realização
desta técnica. Técnicas restauradoras diretas proporcionam um tratamento conservador,
estético e funcional em uma única sessão, minimizando a quantidade de tecido dentário a ser
removido em um dente já comprometido pela alteração no esmalte [...] Desta forma, o
tratamento restaurador direto com resina composta mostrou-se uma excelente alternativa
restauradora estética, pois pôde restabelecer a harmonia entre função e estética, satisfazendo
as expectativas do paciente e propiciando significativo impacto positivo à sua auto-estima.
O impacto psicológico dos pacientes e estéticos das manchas de esmalte pode ser tratado
de forma conservadora, através da microabrasão, um procedimento de baixo custo e alta
eficácia que proporciona o mínimo de desgaste dental.
MATERIAL E MÉTODOS
Realizou se um estudo quantitativo, descritivo e longitudinal. A amostra foi constituída
de seis casos (cinco pacientes), de ambos os sexos, que apresentavam insatisfação estética
devido à presença de hipoplasia de esmalte. Os pacientes foram consultados para que
autorizassem a publicação das suas imagens e assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido e da pessoa como sujeito da pesquisa.
Para participar da pesquisa, os pacientes deveriam estar em tratamento na Clínica
Odontológica da FACIMED-Unidade I, apresentar hipoplasia de esmalte em um ou mais dentes
e aceitar participar da pesquisa, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido. Os
pacientes que não se encaixavam nestes quesitos, ou que, apresentavam manchas de fluorose,
manchamento por tetraciclina, manchas extrínsecas provenientes do uso de cigarro e alimentos
como chá, café, chimarrão e corante em geral e, manchas por uso de aparelho ortodôntico, não
fizeram parte deste estudo. A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética e Pesquisa
CONEP/CEP da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal- FACIMED conforme a
resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde protocolo de aprovação número: 737.455
(ANEXO-2).
Os atendimentos foram realizados na clinica de Odontologia da FACIMED- Unidade I,
localizada na Avenida: Rosilene Xavier Transpadini, nº 2070 - Bairro: Jardim Eldorado,
Município de Cacoal – RO.
A coleta de dados, o exame clínico e radiográfico, realizados nos dias de atendimento da
disciplina de Clinica Integrada Infantil I nas segundas feiras e na Clínica Integrada Infantil II,
nas terças feiras na Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal-FACIMED - Unidade I. E nas
sextas-feiras, período matutino, reservada somente para realização destes procedimentos. Em
todos os momentos, o Box 08 de atendimento estava devidamente preparado para a realização
dos procedimentos, seguindo o protocolo da Clínica Odontológica. Os pais ficaram na sala de
espera durante a execução do procedimento.
A análise estatística utilizada no presente estudo foi do tipo descritivo. Utilizou se o Índice
modificado de defeitos de desenvolvimento de esmalte – DDE índex proposto pela Federação
Dental Internacional (FDI – Federation Dentaire Internacional) em 1992, (APÊNDICE-1).
Inicialmente foi realizado o protocolo de atendimento clínico para os seis casos, que se
caracteriza pela anamnese e profilaxia com pedra-pomes e água, lavagem e secagem da
superfície, exame clínico detalhado, diagnóstico das manchas, isolamento absoluto com lençol
de borracha.
Após esta etapa, foram realizadas as técnicas de microabrasão, que previamente foram
divididas em dois grupos diferentes, composto por três casos para cada grupo: Técnica com
pasta 1 e outra técnica com pasta 2 (APÊNDICE-4). A variação das técnicas foi somente ao
tipo de pasta empregado na microabrasão.
Na técnica da pasta 1, foi utilizado uma pasta microabrasiva pré-fabricada whiteness RM,
FGM (Fabricante Joinville - SC, Brasil apresenta em sua composição ácido clorídrico 6% e
carbeto de silício-FGM) De acordo com as orientações do Fabricante, realizamos a aplicação
da pasta abrasiva com mais ou menos 1 mm de espessura sobre a mancha do esmalte e a
realização da microabrasão com espátula de madeira, lavagem abundante e análise da remoção
da mancha com a superfície de esmalte úmida após cada aplicação. Foram realizados três
sessões e um caso, apenas duas sessões. Seguindo o protocolo foram realizadas 12 aplicações
por 10 segundos cada aplicação. Em casos que somente a microabrasão foram eficientes, foi
finalizado com polimento do esmalte com disco de feltro e pasta para polimento, e em todos os
casos fora realizados aplicação tópica de flúor fosfato acidulado 1,23%, e orientações a não
ingestão de alimentos e bebida com corantes durante o tratamento. Na técnica da pasta 2, foi
utilizado na realização da microabrasão, a pasta de pedra-pomes e ácido fosfórico á 37%, na
proporção volumétrica de 1:1, de acordo com as especificações da técnica QUEIROZ (2010).
Todos os procedimentos clínicos descritos anteriormente foram executados por dois
operadores devidamente calibrados e acompanhados pela orientadora.
No caso em que a mancha não foi removida completamente com a realização da técnica
de microabrasão, foi realizada restauração ultra-conservadora em resina composta, seguindo os
mesmos princípios da Dentística Restauradora.
Este trabalho apresenta seis casos de hipoplasia de esmalte em cinco pacientes. Sendo
realizados para demonstrar o protocolo de atendimento clinico das duas técnicas. O registro
fotográfico aconteceu em cada etapa dos procedimentos e no final de cada procedimento.
DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS
Técnica 1- Utilização do ácido clorídrico 6% associado ao carbeto de silício.
Relato do primeiro caso clínico
Paciente S.K.A.O. do gênero feminino, 20 anos de idade, insatisfeita com a presença de
manchas sugestivas de hipoplasia de esmalte no elemento 21 classificado pelo DDE índex tipo
A3, B10, C1, (ANEXO-1). Após criteriosa anamnese e com o auxilio do exame clínico onde se
detectou falha no processo de mineralização do esmalte de caráter ambiental, PASSOS et al.
(2007), associado à presença de manchas de origem intrínsecas, sugestivas de hipoplasia de
esmalte.
Foi definido como plano de tratamento (APÊNDICE-1) a Microabrasão do esmalte com
ácido clorídrico 6% associado ao pó de carbeto de silício. Foram esclarecidas as dúvidas do
paciente com relação ao tratamento a ser executado e cuidados necessários durante o
tratamento.
A Microabrasão foi realizada em apenas duas sessões, sendo totalmente eliminada com
a Microabrasão. Não houve necessidade de tratamento restaurador em resina composta.
(APÊNDICE-6)
Relato do segundo caso clínico
Paciente M.O.M. do gênero feminino, 07 anos de idade, insatisfeita com a presença de
manchas sugestivas de hipoplasia de esmalte no elemento 41 classificado pelo DDE índex tipo
A3, B10, C3, (ANEXO-1). Após criteriosa anamnese onde se detectou que a paciente tinha
histórico de deficiência nutricional e nascimento prematuro, sendo um fator sistêmico para
hipoplasia PASSOS et al. (2007), depois do exame clínico verificou-se a presença de manchas
de origem intrínsecas, sugestivas de hipoplasia de esmalte.
Foi definido então como plano de tratamento (APÊNDICE-1) a Microabrasão do esmalte
com ácido clorídrico 6% associado ao pó de carbeto de silício. Foram então esclarecidas as
dúvidas do paciente com relação ao tratamento a ser executado e cuidados necessários durante
o tratamento.
A Microabrasão foi realizada em três sessões, sendo necessário tratamento restaurador
em resina composta. (APÊNDICE-7)
Relato do terceiro caso clínico.
Paciente T.O.F. do gênero masculino, 11 anos de idade, insatisfeito com a presença de
manchas sugestivas de hipoplasia de esmalte no elemento 21, classificada pelo DDE índex tipo
A3, B10, C1 (ANEXO-1). Após criteriosa anamnese e com o auxilio do exame clínico onde se
detectou falha no processo de mineralização do esmalte de caráter ambiental, PASSOS et al.
(2007), associado à presença de manchas de origem intrínsecas, sugestivas de hipoplasia de
esmalte.
Foi definido então como plano de tratamento (APÊNDICE-1) a Microabrasão do esmalte
com ácido clorídrico 6% associado ao pó de carbeto de silício. Foram então esclarecidas as
dúvidas do paciente com relação ao tratamento a ser executado e cuidados necessários durante
o tratamento.
A Microabrasão foi realizada em três sessões, sendo necessário tratamento restaurador
em resina composta (APÊNDICE-8).
Técnica 2- Utilização do ácido fosfórico 37% associado à pedra pomes de granulação
fina (APÊNDICE-2)
Relato do quarto caso clínico.
Paciente L.M.S.N. do gênero feminino, 19 anos de idade, insatisfeita com a presença de
manchas sugestivas de hipoplasia de esmalte no elemento 21 classificado pelo DDE índex tipo
A3, B10, C1, (ANEXO-1). Após criteriosa anamnese e com o auxilio do exame clínico onde se
detectou falha no processo de mineralização do esmalte de caráter ambiental, PASSOS et al.
(2007), associado à presença de manchas de origem intrínsecas, sugestivas de hipoplasia de
esmalte.
Foi definido então como plano de tratamento (APÊNDICE-2) a Microabrasão do esmalte
com ácido fosfórico 37% associado à pedra pomes de granulação fina. Foram então esclarecidas
as dúvidas do paciente com relação ao tratamento a ser executado e cuidados necessários
durante o tratamento.
A Microabrasão foi realizada em três sessões, sendo necessário tratamento restaurador
em resina composta. (APÊNDICE-9) A mesma relatou sensibilidade após a terceira sessão
(APÊNDICE-5).
Relato do quinto caso clínico.
Paciente J.O.R. do gênero feminino, 15anos de idade, insatisfeita com a presença de
manchas sugestivas de hipoplasia de esmalte nos elemento 11 classificado pelo DDE índex tipo
A3, B10, C1, elemento 22 classificado pelo DDE índex tipo A3, B10, C3, (ANEXO-1).
Após criteriosa anamnese e com o auxilio do exame clínico onde se detectou falha no
processo de mineralização do esmalte de caráter sistêmico PASSOS et al. (2007), associado à
presença de manchas de origem intrínsecas, sugestivas de hipoplasia de esmalte em mais de um
elemento.
Foi definido então como plano de tratamento (APÊNDICE-2) a Microabrasão do esmalte
com ácido fosfórico 37% associado à pedra pomes de granulação fina. Foram esclarecidas as
dúvidas do paciente com relação ao tratamento a ser executado e cuidados necessários durante
o tratamento.
A Microabrasão foi realizada em três sessões, sendo que no elemento 11 não houve
necessidade de tratamento restaurador em resina composta, sendo totalmente eliminada com a
Microabrasão (APÊNDICE-10). No elemento 22, foi necessário tratamento restaurador em
resina composta (APÊNDICE-11).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os pacientes que compareceram na Clinica Odontológica da FACIMED
interessados em participar do estudo, apenas cinco pacientes correspondiam aos critérios de
inclusão, sendo que, em um paciente foram usados dois elementos dentários diferentes para este
estudo, totalizando seis casos.
A faixa etária dos pacientes variou entre 07 a 20 anos. Quatro participantes eram do sexo
feminino e um do sexo masculino. O caráter da lesão hipoplásica dentre os participantes do
estudo variou entre: Três de caráter ambiental, três de caráter sistêmico e nenhum de caráter
hereditário.
GRÁFICO 1- Resultado dos tipos de caráter das lesões hipoplásicas.
MANCHA DE HIPOPLASIA
6
QUANTIDADE DE CASOS
5
4
3
2
1
0
Ambiental
Sistêmico
Hereditário
Fonte: Os autores (2014).
Para o presente estudo, foram usadas diferentes pastas abrasivas com a utilização de
espátulas de madeira, e através de movimentos de fricção promoveu uma singela redução do
esmalte dental, concentrando este apenas na região da mancha, permitiu ao operador maior
controle, evitando o espalhamento nas regiões próximas a mancha, evitando assim uma
desmineralização desnecessária do tecido vizinho sadio. Nos casos em que somente com a
Microabrasão a mancha foi removida, clinicamente demonstrou uma rugosidade superficial,
que pode ser revertida através de polimento na estrutura dental, deixando a superfície
novamente lisa e polida, evitando alterações da superfície e promovendo melhora na estética.
Observamos que no relato do primeiro caso clinico, utilizando da técnica com a pasta 1,
houve microredução, e eliminação da mancha, não havendo necessidade de uma terceira sessão
e nem de tratamento restaurador em resina composta para efeito satisfatório. Conforme relato
de Ferreira (2011), “o tratamento promoveu uma remoção significativa dos manchamentos na
superfície de esmalte”. Já Freitas (2006), menciona que: “O número de aplicações na técnica
microabrasiva está diretamente relacionado à profundidade e à quantidade de estrutura de
esmalte envolvido pelas manchas.”
No relato do segundo caso clinico utilizando a técnica com a pasta 1, houve microredução,
suavização da mancha, porém necessitando de tratamento restaurador em resina composta para
efeito satisfatório. Conforme, Sundfeld (2013) afirma que: “Diante de manchas mais profundas
e que não foram passíveis de remoção pela aplicação da técnica da Microabrasão, o dente deverá
ser restaurado, na mesma sessão com resina composta”.
No relato do terceiro caso clinico utilizando a técnica com a pasta 1, houve microredução,
suavização da mancha, porém necessitando de tratamento restaurador em resina composta para
efeito satisfatório. Souza (2009) propala que: “Restaurações adesivas de resina composta têm
sido utilizadas para o tratamento de hipoplasias com êxito.”
Ao realizarmos a técnica com a pasta 2, no relato do quarto caso clinico, houve
microredução, suavização da mancha, porém necessitando de tratamento restaurador em resina
composta para efeito satisfatório. “A técnica de Microabrasão com acido fosfórico e pedrapomes [...] apresentou resultados clínicos satisfatórios”. E Neville (2009), descreve que a
melhoria das marcas brancas da superfície do esmalte comumente requer posterior
procedimento restaurador.
Quando utilizamos a técnica com a pasta 2, no relato do quinto caso clínico, houve
microrredução, e eliminação da mancha com efeito satisfatório. O que reforça o relato de Freitas
(2006, p.44) “A técnica da Microabrasão foi efetiva para eliminar ou pelo menos atenuar as
manchas superficiais do esmalte”
Já no relato do sexto caso clínico, onde utilizamos a técnica com a pasta 2, houve
microredução, suavização da mancha, porem necessitando de tratamento restaurador em resina
composta para efeito satisfatório. Queiroz (2010) entende que: “A Microabrasão [...] pode ser
utilizado sozinho ou associado a um ou mais tratamentos estéticos, tais como o restaurador”.
GRÁFICO 2- Resultado final da Microabrasão.
RESULTADO FINAL DA MICROABRASÃO
6
QUANTIDADE DE CASOS
5
4
3
2
Mancha suavizada com 2 seções
sem necessidade de restauração
estética
Mancha eliminada com 3 seções
sem necessidade de restauração
estética
Mancha suavizada com
necessidade de restauração
estética
Mancha não suavizada
1
0
Fonte: Os autores (2014).
Comparando as duas pastas de efeito abrasivo, notamos subjetivamente que a técnica com
a pasta 1 houve uma maior redução do esmalte, apesar deste estudo estremar-se apenas a
visualização clinica.
Foi possível observar que, independente da técnica realizada, as duas pastas abrasivas
associadas ao uso de espátulas de madeira e isolamento absoluto, permitiram eficácia da
Microabrasão na remoção das manchas brancas, de maneira ultra-conservadora, preservando a
estrutura de esmalte e demais tecidos, e a satisfação dos pacientes (APÊNDICE-3).
CONCLUSÃO
Concluímos que a Microabrasão foi efetiva em todos os casos, independemente da pasta
microabrasiva usada, onde associado ao tratamento restaurador direto ou não, proporcionou
estética imediata e satisfação dos pacientes.
Observamos que o uso da espátula de madeira mostrou vantagens por permitir pouco ou
nenhum espalhamento excessivo da pasta nas estruturas sadia do esmalte.
Notamos que em manchas de hipoplasia de grande profundidade, se faz necessário
tratamento restaurador em resina composta.
Já em manchas de hipoplasia de esmalte com pouca profundidade, somente a técnica da
Microabrasão é determinante no tratamento.
Atentamos que há maior necessidade de pesquisas sobre Microabrasão.
MICROABRASION- TREATMENT CONSERVATIVE IN SPOTS OF HIPOPLASIA OF ENAMEL
Abstract
The enamel hypoplasia is an organic enamel matrix failure whose that has a rough surface and discolouration. The
enamel microabrasion is a conservative technic for soften and removed the stains in the enamel, and it can also be
used for hypoplasia enamel improvement. In this study we used two slurries, one with 6% hydrochloric acid
associated with silicon carbide and other with 37% phosphoric acid with pumice stone to measure the effectiveness
of the conservative treatment in enamel hypoplasia. The procedures were performed following the clinical protocol
in six cases which patients were unhappy with the esthetic because the stains in the enamel. The softening and
elimination of the stains were observed. Some cases, we associated a direct resin conservative restoration for
promoting better esthetic and patient's satisfaction. In cases where the stains were removed successfully, there
need only polishing of tooth structure in order to promote a smooth surface. We conclude that treatment besides
being ultra-conservative, promotes a esthetics and patient satisfaction.
Keywords: Microabrasion. Hypoplasia. Conservative treatment of enamel stains.
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Santos, 2011.
BHASKAR S.N. Histologia e Embriologia Oral - De Orban. 10. Ed. São Paulo: Artes
Médicas, 1986.
BERKOVITZ, B. K. B.; HOLLAND, G. R.; MOSHAM, B. J.; Anatomia, Embriologia e
Histopatologia Bucal. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
CORRÊA, M.S.N.P.: Odontopediatria na primeira infância. 3. ed. São Paulo: Santos,
2010. (2009)
FEDERATION DENTAIRE INTERNATIONALE. Commission on Oral Health, Research
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Dent J., v. 42, n. 6, p. 411-26, 1992.
FERREIRA, A. C. A.; Ensaio clínico randomizado comparando duas técnicas de
microabrasão do esmalte dentário. João Pessoa: 2011.
FREITAS, E. S. P.; DIOGO, E. F.; ROSELINO, P.L.; Microabrasão do esmalte como
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NANCI, A.: Histologia oral - Desenvolvimento, estrutura e função. 7. ed. Rio de Janeiro:
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NEVILLE, B. W. et al.; Patologia oral e maxilofacial. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
PASSOS, I. A. et AL.; Defeitos do esmalte: etiologia, características clínicas e diagnóstico
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PORTO, C. L. D. A. et al.; Cariologia: Grupo Brasileiro de Professores de Dentística. São
Paulo: Artes Médicas, 2008.
QUEIROZ, V.A.O. et al.; Relato de duas técnicas de microabrasão do esmalte para
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SHAFER, W. G., et al.: Tratado De Patologia Bucal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
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SOUZA, J. B., et al. Hipoplasia do esmalte: Tratamento restaurador estético. ROBRAC,
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SUNDFELD, R. H., et al. Remoção de manchas do esmalte dental pela técnica da
Microabrasão. Araçatuba, 2013.
APÊNDICE 6- Paciente do primeiro caso
Fonte: Os autores (2014).
APÊNDICE 7- Paciente do segundo caso
Fonte: Os autores (2014).
APÊNDICE 8- Paciente do terceiro caso
Fonte: Os autores (2014).
APÊNDICE 9- Paciente do quarto caso
Fonte: Os autores (2014).
APÊNDICE 10- Paciente do quinto caso
Fonte: Os autores (2014).
APÊNDICE 11- Paciente do sexto caso
Fonte: Os autores (2014).
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