2. Aspectos históricos: a atividade jornalística se

Propaganda
2. Aspectos históricos:
concretiza e evolui
a
atividade
jornalística
se
A evolução dos meios de comunicação possibilita que as notícias sejam
divulgadas cada vez mais rapidamente e para um número maior de indivíduos,
alterando relações nas sociedades. Ao traçar uma visão global da história do
telejornalismo na democracia, Nelson Traquina aponta para três vertentes
fundamentais do seu desenvolvimento:
A sua expansão, que começou no século XIX com a expansão da imprensa e
explodiu no século XX com a expansão de novos meios de comunicação social,
como o rádio e a televisão, e abre novas fronteiras para o jornalismo on line; a
sua comercialização, que teve verdadeiramente início no século XIX com a
emergência de uma nova mercadoria, a informação; concomitantemente, o pólo
econômico do campo jornalístico está em face da emergência do pólo intelectual
com a profissionalização dos jornalistas (Traquina, 2000, p. 33).
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Com o objetivo de contextualizar esse estudo na linha do tempo,
observando-se a evolução da atividade jornalística, apresentaremos neste capítulo
um retrospecto dos avanços na área, considerando os aspectos históricos e o
campo teórico. Também resgataremos a formação técnico-industrial e a
determinação mercantil do telejornalismo como parte de uma atividade capitalista.
Felipe Pena (2005) mostra como a escrita mudou radicalmente nossa
forma de pensar, tendo sido uma revolução no processo cognitivo humano.
Segundo o autor, a invenção da escrita data de aproximadamente cinco mil anos
antes de Cristo. É atribuída ao povo de Uruk, ao sul da Mesopotâmia, atual Iraque.
Mas os monumentos escritos mais antigos estão no idioma sumério, que utilizava
ideogramas. Naquela época ainda não havia o alfabeto, que só seria inventado três
mil anos depois. Todavia o advento da escrita não foi considerado uma unânime
evolução do pensamento humano, a exemplo de Sócrates, para quem o livro
diminuiria os níveis de sabedoria, e Platão, que responsabilizava o alfabeto
fonético pela perda da memória dos indivíduos.
A passagem para o mundo das culturas escritas rompe o sentido da vida
em comunidade. O surgimento do registro por escrito liberta a narrativa de ser
apenas um relato, feito por alguém previamente inscrito na história e que,
portanto, tinha representação legítima para fazê-lo. Ao propor uma nova forma de
narrativa, a sociedade da escrita teve que buscar outras formas de fechamento em
cada história, uma vez que o sentido da trama já não estava mais assegurado pelo
32
compartilhamento de informações entre os membros da comunidade. Ou seja, a
quebra do sentido partilhado e do fim previamente conhecido passa a exigir
compreensão no próprio texto narrativo. E uma vez que o sentido deixa de ser
orientado pelo fim, chega-se ao tempo da crise constante, em que buscamos,
permanentemente, pequenos sentidos cotidianos.
“Mas o alfabeto não modifica apenas a forma de pensar. Muda também a
transmissão do pensamento. As informações passam a vir em suporte físico e não
mais biológico” (Pena, 2005, p. 27). Os primeiros suportes da escrita foram tábuas
de ferro, o que dificultava o fluxo da informação. Depois vieram as tabuletas de
madeira, marfim, bambu e até pétalas de flores. Peles, tiras de chumbo e estanho,
também foram utilizados, até que os egípcios criaram o papiro, muito usado na
Antiguidade Clássica, antes do surgimento do papel, por volta do século X.
A invenção da imprensa foi outra grande revolução na propagação da
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cultura escrita. Pena (2005) afirma que apesar da fama de Gutemberg, seus
verdadeiros criadores foram os chineses. O primeiro livro impresso conhecido é
do ano 869 e a invenção do tipo móvel foi aproximadamente em 1040. Ambos em
território chinês. O exemplar mais antigo da impressão em xilogravura é japonês e
tem data de 764 a.C.:
Gutemberg ficou conhecido no mundo ocidental como o grande revolucionário
da impressão porque uma de suas primeiras obras foi a Bíblia, no ano 1456.
Entretanto, é inegável a sua vital importância na história da sociedade que ele
influenciou. Através da rápida difusão do prelo de Gutemberg pela Europa, foram
consolidadas as línguas nacionais, difundiu-se a Reforma Protestante e também a
contra-reforma. Além disso, constituiu a indústria do livro e da imprensa
periódica (Pena, 2005, p. 28).
A elite intelectual europeia surgida nas universidades renascentistas fez
aumentar a demanda por livros. Os modelos de impressão serviam como suporte
para as atividades comerciais e industriais, dando forma burocrática e organizada
aos negócios, sistematizando as relações.
Na árvore genealógica dos jornais estão as gazetas, que vem do italiano
gazette, a moeda utilizada em Veneza no século XVI. Elas eram manuscritas,
periódicas e traziam notícias vinculadas ao interesse mercantil, com informes
sobre colheitas, chegada de navios, cotações de produtos, relatos de guerra (Pena,
2005, p. 34).
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A atualidade tornou-se objeto de curiosidade com um fim prático. A
comunicação converteu-se em uma necessidade da vida urbana, profissional,
política e religiosa.
Nos Estados Unidos, o fornecimento regular de notícias surgiu em 1690,
quando o primeiro jornal tinha circulação mensal. Rapidamente as corporações
jornalísticas perceberam a urgente necessidade de elas próprias correrem atrás das
notícias, o que implicava empregar mais pessoas para a produção dos jornais.
Dessa forma, poderíamos dizer que o próprio mercado se transformou num campo
fértil para o surgimento da figura do repórter e a divisão do trabalho. A técnica da
entrevista, que somente em 1870 se tornaria prática corrente, e o uso de fontes
múltiplas também colaboraram para o desenvolvimento do jornalismo (Traquina,
2005, p. 60-61).
No fim do século XVIII, os jornais eram sobretudo armas na luta política,
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estreitamente identificados com causas políticas. Pena classifica essa fase como o
primeiro jornalismo. O período que se estendeu de 1789 a 1830 foi caracterizado
pelo conteúdo literário e político, com texto crítico, economia deficitária e
comandado por escritores, políticos e intelectuais.
O século XIX testemunhou o aumento das tiragens, o que incentivou a
criação de um novo jornalismo: a chamada penny press ou jornais vendidos aos
centavos (Traquina, 2005, p. 34).
“Durante o século XIX, os jornais são encarados como um negócio que
pode render lucros” (Traquina, 2005, p. 34). Quando o objetivo passa a ser o
fornecimento de informação e não mais de propaganda, o jornalismo ganha um
novo rumo. Os jornais passaram a oferecer fatos e não mais opiniões. Assim como
uma fotografia apreendia instantaneamente uma parte da realidade, também a
imprensa escrita deveria ater-se à verdade exata. A notícia passou a ser vista como
mercadoria numa indústria de informação.
Felipe Pena classifica esse período compreendido entre 1830 e 1900 como
o segundo jornalismo. A imprensa de massa marca o início da profissionalização
dos jornalistas, a criação de reportagens e manchetes, a utilização de publicidade e
a consolidação da economia de empresa (Pena, 2005, p. 33).
A crescente demanda por jornais e a aparente voracidade com que os
leitores se debruçavam em direção às novidades alicerçaram a atividade industrial
da informação. É nessa época que surgem valores ainda hoje identificados com o
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jornalismo, como a busca pela verdade, a independência, a objetividade e uma
noção de serviço público. Acrescente-se a isso a obsessão dos jornalistas com a
obrigação de fornecer as últimas notícias, de preferência em primeira mão e com
exclusividade, para chegarmos ao que poderia ser a essência da profissão. Mas
devemos considerar, ainda, uma definição das notícias em função de valores e
normas que apontam para o papel social da informação numa democracia.
O jornalismo desenvolveu-se a ponto de ser impensável um regime
democrático sem imprensa livre. “O terceiro Presidente dos Estados Unidos,
Thomas Jefferson, afirmou: não há democracia sem liberdade de imprensa”
(Traquina, 2005, p. 49). Mas o processo de democratização não se deu
uniformemente em todo o mundo.
O jornalismo teve maiores dificuldades na afirmação de sua autonomia em
países como a França, onde mantinha laços estreitos com a literatura e a política.
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Durante um longo tempo o jornalismo francês foi dependente da veiculação de
opiniões, fossem elas de escritores ou de diretores de jornal.
Genro observa que a imprensa apresentava particularidades também em
seu formato latino-americano.
Desde o fim do século XVIII, quando nasceu, a imprensa latino-americana era
entendida como uma corrente de opinião, tendo se constituído em expressão
significativa das lutas pela independência e libertação nacional. No século XIX,
quando a imprensa norte-americana já tinha um caráter sensacionalista, a
imprensa latino-americana seguia seu estilo literário e opinativo (Genro, 1987, p.
78).
Segundo Pena, até o começo do século XX os jornais mantinham um
caráter opinativo. Não que a notícia estivesse ausente das páginas. Mas as
reportagens não escondiam a carga panfletária, defendendo explicitamente as
posições dos jornais (e de seus donos) sobre os mais variados temas. As narrativas
eram mais retóricas do que informativas (Pena, 2005, p. 41).
As mudanças ocorridas no perfil do jornalismo geraram críticas de
perspectivas sociológicas. Adorno, citado por Genro, “foi um dos primeiros
teóricos a abordar os meios de comunicação de massa na perspectiva de suas
relações com a economia de mercado, através do conceito de indústria cultural”
(Genro, 1987, p. 91). Expressão que, na visão do autor, tinha um enfoque de
manipulação. O jornalismo era visto como um instrumento particular da
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dominação burguesa. Eis aí o mote principal dos estudos feitos pelos teóricos da
Escola de Frankfurt.
Aqui, nos posicionamos ao lado de Genro, quando o autor aponta
determinadas críticas ao conceito de “indústria cultural” como fora forjado pela
Escola de Frankfurt. Para Genro, “os teóricos de Frankfurt não perceberam as
forças produtivas democratizantes e humanizadoras que estavam surgindo no
campo da comunicação” (Genro, 1987, p. 96).
As potencialidades sociais da tecnologia são apenas vagamente admitidas mas
não são consideradas efetivamente na análise. A universalização real da cultura, a
ampliação gigantesca do acesso à arte e às informações, as possibilidades de uma
democratização radical do processo cultural e as novas alternativas estéticas que
nascem dessa base técnica, tudo isso não é levado na devida conta na teorização
de Adorno e Horkheimer (Genro, 1987, p. 94).
Diferentemente, a análise de Walter Benjamin sobre os meios de
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comunicação de massa demonstrava uma postura mais aberta em relação aos
demais autores da Escola de Frankfurt. Segundo Genro, Benjamin “percebe as
enormes potencialidades culturais e estéticas que nascem com a reprodutibilidade
técnica”. Assim, o poder da cópia e do audiovisual passa a ser visto como um
possível aliado na luta pela democratização daquilo que, antes, somente chegava
às elites.
Ao estudar a história do jornalismo, Traquina observa que as novas formas
de financiamento, como as receitas de publicidade e os crescentes rendimentos
das vendas dos jornais, permitiram à imprensa deixar de ser um instrumento
deliberadamente de lutas políticas. Distante dos subsídios, o jornalismo encontrou
padrões de performance e integridade moral, tendo sua expansão alimentada pela
crescente conquista de direitos fundamentais.
A liberdade, impulsionada pelas revoluções francesa e americana, tornavase um princípio social básico. Os grandes avanços tecnológicos e as descobertas
científicas, capazes de criar um produto de massas, também contribuíram
efetivamente para o desenvolvimento dessa atividade. O domínio da técnica
tipográfica (o linotipo surgiu em 1857, e a rotativa, em 1868) e os progressos na
rapidez de transmissão das informações podem ser citados como exemplos desse
impulso, capaz de tornar o jornalismo cada vez mais ágil e global. A instituição do
ensino público e a urbanização das cidades são outras mudanças importantes,
ocorridas no plano social, que contribuíram para a expansão da imprensa.
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Foi nos Estados Unidos que surgiu uma técnica que prometia revolucionar
as redações e trazer objetividade ao jornalismo: o lead. Este nada mais é do que o
relato sintético do acontecimento logo no começo do texto, respondendo às
perguntas básicas do leitor: o quê, quem, como, onde, quando e por quê. Esse
novo conceito chegou ao Brasil por volta de 1950, pelas mãos do jornalista
Pompeu de Souza (Pena, 2005, p. 42).
Quando falamos em objetividade, faz-se necessária uma pequena pausa
para compreendermos melhor esse fenômeno dentro da cadeia produtiva do
jornalismo. Para Felipe Pena, a objetividade não pode ser definida em oposição à
subjetividade, pois ela surge não para negá-la, mas sim por reconhecer sua
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inevitabilidade.
Seu verdadeiro significado está ligado à idéia de que os fatos são construídos de
forma tão complexa que não se pode cultuá-los como a expressão absoluta da
realidade. Pelo contrário, é preciso desconfiar desses fatos e criar um método que
assegure algum rigor científico ao reportá-los. [...] A objetividade, então, surge
porque há uma percepção de que os fatos são subjetivos, ou seja, construídos a
partir da mediação de um indivíduo, que tem preconceitos, ideologias, carências,
interesses pessoais ou organizacionais e outras idiossincrasias. E como estas não
deixarão de existir, vamos tratar de amenizar sua influência no relato dos
acontecimentos. Vamos criar uma metodologia de trabalho (Pena, 2005, p. 50).
A divisão de tarefas é uma das maneiras para isso. Pauteiros, repórteres e
editores têm funções específicas, embora estejam interligadas. A divisão em
editorias também ajuda a organizar o trabalho. O processo industrial, com hora de
fechamento e cartão de ponto permite certa organização no caos aparente da
atividade jornalística.
Outro marco na história do jornalismo foi a criação da estrutura narrativa
conhecida como “pirâmide invertida”, em 1861, em um jornal de Nova York. Ela
consiste em um relato que prioriza não a sequência cronológica dos fatos, mas
escala em ordem decrescente os elementos mais importantes, os essenciais, em
uma montagem que os hierarquiza de modo a apresentar inicialmente os mais
atraentes, terminando por aqueles de menor apelo (Pena, 2005, p. 48).
Ao longo dessa pesquisa teremos a oportunidade de analisar a construção
das reportagens feitas pela Caravana JN, no capítulo em que apresentaremos a
visão dos membros da equipe da TV Globo que estava envolvida no projeto. Após
as entrevistas realizadas com esses profissionais, podemos adiantar que as
reportagens da série não apenas nasciam livres da ditadura do lead e da técnica da
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pirâmide invertida, como partiam justamente do desejo de inovar na forma de
contar histórias, como veremos no capítulo intitulado impressões de viagem.
2.1. Das invenções tecnológicas: o rádio como pioneiro
No campo da comunicação, as descobertas tecnológicas acompanham o
nível de desenvolvimento das sociedades e são impulsionadas pelos estudos de
homens que, devido à grande contribuição que deram, passaram de cientistas a
personagens da história. O Manual do locutor, da Escola de Comunicação
Maurício Sirotsky Sobrinho, expõe os fatos em ordem cronológica.
Em 1843, o norte-americano Samuel Filnley Bruce Morse inventava o
telégrafo eletromagnético com fio. Em 1863, em Cambridge, na Inglaterra, o
professor James Clerk Maxwell demonstrou, por deduções matemáticas e sem
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nenhuma experiência prática, que as ondas eletromagnéticas deveriam existir.
Partindo dessa primeira teoria, o físico Henrich Rudolf Hertz dedicou muitos anos
de pesquisa em seu laboratório, na Alemanha, até conseguir detectar ondas de
rádio pela primeira vez, em 1887. O físico italiano Guilherme Marconi codificou
o sistema de Morse (transmissão por fio) para o sistema “sem fio” e, em 1896,
transmitiu alguns sinais sem fio, a uma pequena distância.
Existe uma certa controvérsia quanto à autoria dessa, que foi uma das
invenções mais revolucionárias do homem. Segundo a Escola de Comunicação
Maurício Sirotsky Sobrinho, a história credita a Marconi o título de inventor do
rádio, embora as primeiras experiências nas transmissões de sinais de telegrafia e
de voz à distância tenham sido realizadas pelo padre gaúcho Roberto Landell de
Moura. Deve-se a ele a invenção da válvula de três polos (ou tríodo), aparelho que
possibilitou a transmissão de notas musicais à longa distância, sem fios, em 1893.
O título dado ao italiano se justificaria, portanto, pelo fato de ter sido ele o
pioneiro no registro do primeiro transmissor de sinais à distância, em 1896, três
anos depois da experiência bem-sucedida de Landell de Moura.2 Marconi, sem
dúvida, desenvolveu um papel importante nessa trajetória. Augusto Benchimol
destaca suas façanhas em Uma breve história da eletrônica.
2
Em Manual do Locutor – Escola de Comunicação Maurício Sirotsky Sobrinho. Editora Feplan,
1995, p. 11-12.
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Embora vários cientistas tenham trabalhado intensamente neste campo, após a
descoberta de Herz de que as ondas eletromagnéticas propagavam-se à distância,
coube a Marconi e sua equipe o mérito pelo desenvolvimento das antenas com a
finalidade de enviar, a distâncias cada vez maiores, as ondas hertzianas, como
passaram a ser chamadas (Benchimol, 1995, p.140).
O primeiro noticioso radiofônico foi ao ar em 1916, transmitindo o
resultado de uma eleição para a presidência dos Estados Unidos. Entre os anos de
1914 e 1919 as descobertas de uso de sinais eletrônicos para transmissões de rádio
foram utilizadas, de modo especial, para fins militares e serviam para contatos
entre aeronaves e navios. “A técnica dos receptores de rádio a válvula evoluiu
rapidamente, atingindo seu apogeu durante a II Guerra Mundial (1940 a 1944)”
(Benchimol, 1995, p. 67).
No Brasil, a primeira transmissão de rádio aconteceu no dia 7 de setembro
de 1922, no Rio de Janeiro, durante os festejos do primeiro centenário da
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Independência. Foram distribuídos na cidade oitenta aparelhos receptores, entre
autoridades e público em geral, para que se pudessem ouvir as transmissões da
abertura da Feira-Exposição Mundial, que acontecia na antiga praia de Santa
Luzia. O discurso de abertura do evento, pronunciado pelo presidente da república
Epitácio Pessoa, entrava para a história das comunicações como a primeira
transmissão radiofônica brasileira.
No ano seguinte, Edgar Roquette Pinto e Henry Morize, pesquisadores e
cientistas da Academia Brasileira de Ciências, instalaram, no anfiteatro de Física
da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, o aparelho transmissor da primeira
emissora de rádio do Brasil, a SQIA – Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
A partir da década de 1930 a história do rádio no Brasil se confunde, até o
aparecimento da televisão, com a história dos programas de auditório e de seus
apresentadores, dos cantores e, mais tarde, dos atores das radionovelas.
A instalação da Rádio Nacional, no Rio de Janeiro, em 12 de setembro de
1936, configurou-se como um dos momentos mais importantes da radiodifusão no
Brasil. A emissora marcou o apogeu do rádio brasileiro e foi o primeiro veículo de
integração da população. A capacidade que os veículos de comunicação
apresentam de conectar regiões distantes do país, atuando como dispositivos
integradores, será abordada em maior profundidade no decorrer desse trabalho.
Por ora, cabe-nos lembrar que os programas da Rádio Nacional eram ouvidos em
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todo o país e fizeram os primeiros ídolos de alcance nacional, principalmente na
música.
A presença marcante do rádio trouxe ainda outras consequências. No caso
do jornalismo latino-americano, pode-se dizer que foi a partir dos anos trinta, a
época do rádio, que começa a se impor o conceito de notícia objetiva.
Neste capítulo, fizemos um retrospecto do desenvolvimento da atividade
jornalística desde o surgimento das primeiras gazetas até o momento em que os
periódicos passaram a alcançar um nível de profissionalização elevado. Também
acompanhamos a evolução tecnológica que tornou possível o invento do rádio e
sua disseminação no Brasil. No próximo capítulo vamos abordar um mundo novo,
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cheio de possibilidades que se abriam com a descoberta da televisão.
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