O Workshop de Jornalismo, com o professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa Nelson Traquina, terminou na tarde desta sexta-feira (9), na UNICAP. O evento foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco e teve o apoio do Departamento de Comunicação Social da UNICAP. Nelson Traquina, além de professor universitário, é o autor livros como O Que é Jornalismo; Estudo do Jornalismo no século XX; A Redescoberta do Poder do Jornalismo: Análise e Textos da Teoria do Agendamento; Big Show Media: Viagem pelo Mundo do Audiovisual Português, entre outros. Na platéia, estavam presentes professores e alunos da UNICAP, UFPE, UFRPE, UFPB e Universidade Potiguar (RN). Durante a palestra, Nelson Traquina afirmou que é difícil os jornalistas terem uma visão desenvolvida do gosto do público. “A atividade jornalística é realizada com grandes pressões como as exercidas pelo tempo de divulgarem as matérias”, diz. O imediatismo seria um dos grandes vilões que impediam que o jornalismo fosse bem desenvolvido. Traquina falou sobre a importância dos fatos que têm repercussão mundial e que o jornalismo é uma atividade de reação. “Notícias relacionadas ao vírus HIV, por exemplo, só serão divulgadas quando alguma novidade aparecer ou quando alguém importante, famoso, tocar no assunto”, explica o professor. Quando o jogador de basquete americano Magic Johnson revelou que tinha AIDS (soro positivo), por exemplo, o assunto sobre o vírus tornou-se massivamente divulgado pela mídia. De acordo com Traquina, o jornalismo comparado à indústria cultural é o menos afetado pela globalização, pois a proximidade dos fatos é um critério de noticiabilidade que pesa muito nos jornais. “O cinema, por exemplo, não consegue seguir um padrão muito diferenciado. Em vários cantos do mundo você pode assistir, neste momento, ao filme do Harry Potter”, diz. Quando indagado sobre o que achava do jornalismo contemporâneo, Nelson Traquina é taxativo. “O jornalismo enfrenta graves dificuldades. Ele é exercido para gerar lucro, com ideais imediatistas, sem falar nos efeitos patológicos que muitos seguem: noticiar fatos sobre famosos, serem tendenciosos e sensacionalistas”, resume.