fisiologia da digestão monogástricos – aula 2

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Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia – Produção Animal
FISIOLOGIA DA DIGESTÃO
MONOGÁSTRICOS – AULA 2
Profa. Dra. Cinthia Eyng
FCA/UFGD
OBJETIVOS DA AULA:
• Secreções do trato gastrointestinal
• Processos digestivos (carboidratos, proteínas e
gorduras)
• Processos absortivos
Secreções do Trato Digestório
• Secreções:
– Glândulas salivares
– Pâncreas
– Fígado
– Glândulas do estômago
– Glândulas do intestino
• Ajudam na degradação das substâncias da dieta
para que possam ser absorvidas
Secreção Salivar
• Parótidas, submaxilares ou mandibulares
– Parótidas: células serosas
– Submaxilares e sublinguais: células serosas + mucosas
• Facilitam a mastigação e deglutição  lubrificação
– Volume de secreção é maior nos herbívoros
• Potencial de evaporação e resfriamento
Secreção Salivar
• Capacidade tamponante
• Enzima amilase  mais abundante nos suínos
– Estômago proximal  ausência de atividade de mistura
• Lipase lingual  animais jovens  desaparece nos
adultos
• Atividade antibacteriana da saliva  Lisozima 
enzima com propriedades antibacterianas
Saliva  secretada nos ácinos
Células glandulares nos ácinos  secretam água, eletrólitos, enzimas e muco
Ductos coletores  composição da saliva modificada  reabsorção eletrólitos
Secreção Salivar
• Regulação:
– Expectativa de comer  resposta parassimpática
• O animal ouve um som associado ao oferecimento do alimento
• O animal vê o próprio alimento
– Glândulas salivares: não são submetidas a regulação
endócrina
Secreção Gástrica
– Região esofagiana: área não glandular ao redor da
cárdia.
– Região glandular cárdica: produção de muco
• Suíno secreta bicarbonato
– Região glandular fúndica: secreções gástricas
• Células parietais: produzem HCl e fator intrínseco
• Células mucosas: produzem muco
• Células principais: produzem pepsinogênio, lipase
– Região glandular pilórica: produção de muco, gastrina
(células G) e somatostatina (células D)
Secreção Gástrica
muco
Mucosa glandular  inúmeras invaginações conhecidas como fossetas gástricas
Áreas superficiais bem como o revestimento das fossetas são cobertas com células mucosas
Secreção HCl e Pepsinogênio
• HCl  acidifica o conteúdo gástrico:
– Converter pepsinogênio (zimogênio inativo) em ativo
(pepsina  início da digestão das proteínas)
– Desnaturação de proteínas
susceptíveis a hidrólise

proteínas
mais
– Ação bactericida
• Pepsinogênio:
– Precursor inativo da pepsina
– A conversão ocorre sob a influência do HCl  atividade
ótima pH de 1,8 a 3,5  digestão gástrica da proteína
Secreção HCl
(A)O íon H+ é formado a partir de
CO2 + H2O  H2CO3  H+ +
HCO3
(B)O H+ é secretado no lúmen em
troca de K+ (volta para o
lúmen em combinação com
ânions cloreto)  gasto de
energia  reciclagem de
potássio
(C)O HCO3 é enviado ao sangue
em troca por ânions cloreto
Aumento da [ ] plasmática de HCO3 
alcalose pós-prandial  pH do sangue
aumenta  pâncreas ativo
Estímulo da Secreção
• Acetilcolina, gastrina e histamina
– Acetilcolina: atua nas células parietais e nas células G
– Gastrina: produtos proteicos
estimulação HCl e pepsinogênio
no
estômago

– Histamina:
• Derivado de aa presente na maioria dos tecidos corpóreos
• Estimulação da produção de HCl por potencialização da
gastrina ou estimulação direta
Inibição da Secreção
• Dentro do estômago: redução do pH para 2 ou menos
• Do duodeno: (resposta aos produtos que chegam)
– Mecanismo nervoso: neurônios inibidores para fibras
parassimpáticas que estimulam as células G
– Soluções ácidas, gordurosas e hipertônicas no duodeno 
liberação de hormônios  secretina e colecistocinina
– Ocupam nas células o local da gastrina  evitando a
estimulação
– Secretina: aumenta a secreção de pepsinogênio mas inibe a
secreção do HCl
Secreções Pancreáticas
• Componente aquoso rico em:
– Bicarbonato (HCO3-): neutraliza a [HCl] no conteúdo
estomacal que entra no duodeno
– Enzimas e precursores enzimáticos: digestão
• Proteases: tripsinogênio (enteroquinase; inibidor de tripsina),
quimiotripsinogênio, elastase e carboxipeptidases A e B
• Lipase pancreática
• Amilase pancreática
• Equinos: taxa de secreção enzimática baixa  alimentos que
requerem digestão microbiana
Secreções Pancreáticas
• Secreção produzida por mecanismos separados:
– Células acinares: secretam enzimas (estocadas em
vesículas - grânulos de zimogênio)
– Células estimuladas  grânulos se fundem na membrana
plasmática  liberação das enzimas
– Células ductais e células centroacinares: secretam
solução aquosa rica em bicarbonato de sódio
Secreção de HCO3
(A)O íon H+ é formado a partir de CO2
+ H2O  H2CO3  H+ + HCO3
(B)O H+ é secretado no sangue em
troca de Na+
(C)O HCO3 é secretado no lúmen por
um intercambiador apical Cl HCO3. Os íons Cl são reciclados
para o lúmen por um canal de Cl
na membrana apical
Na
(D) A secreção total de HCO3 requer
um íon Na+ que se desloca
passivamente do sangue para o
lúmen
A célula secretória do pâncreas opera ao contrário da célula parietal
Controle Secreção Exócrina do Pâncreas
• Nervos autônomos e hormônios gastrintestinais
(gastrina, colecistocinina e secretina)
• Fase cefálica: visão e cheiro  estimulação
• Fase gástrica:
estimulação
distensão
do
estômago

• Preparação do intestino para a chegada iminente
de alimento
Controle Secreção Exócrina do Pâncreas
• Fase intestinal (estímulos neurais e endócrinos):
– Alimento no duodeno  distensão  impulsos
nervosos  estimulação do pâncreas por acetilcolina
• Hormônios: gastrina, colecistocinina e secretina
– Secretina: estimulada pela entrada de ácido no duodeno
e leva o pâncreas a secretar bicarbonato  células dos
dutos
– Colecistocinina: secretada em resposta a presença de
proteína e gordura no duodeno  células acinares
– Gastrina: quando estimula o parassimpático  pâncreas
Secreções Biliares
• Uma das funções do fígado  glândula secretora
do sistema digestório
– Gordura: problema especial para absorção – insolúvel
em água
– Bile: necessária para digestão e absorção de gorduras
• Quantidade necessária excede a produção  recirculação
– Bile: mistura de sais biliares, pigmentos e colesterol
• Produzida no fígado  estocada na vesícula biliar
• Equinos não possuem vesícula biliar  secreção direta no
intestino (único animal doméstico sem vesícula)
Secreções Biliares
• Hepatócitos sintetizam sais biliares a partir do
colesterol
– Coleterol quase totalmente insolúvel em água
– Colesterol  alterações químicas  lado solúvel em
água (hidrofílico) e lado solúvel em lipídeos (hidrofóbico)
– Propriedade característica dos detergentes
– Combinação hidrofóbico – hidrofílico torna os lipídeos
solúveis em água
– Micelas solúveis
Períodos interdigestivos: esfíncter de oddi fechado  músculo da
vesícula biliar relaxado  acúmulo de bile hepática
Períodos digestivos: vesícula biliar contrai-se  esfíncter relaxa sob
controle de CCQ  grandes quantidades de bile são liberadas
Digestão dos Carboidratos
• Fibra  componente estrutural da planta
• Açúcares simples: glicose, galactose e frutose
(encontrados na dieta apenas em pequena qtd)
• Açúcares complexos:
– Lactose = glicose + galactose
– Sacarose = glicose e frutose
– Maltose
– Isomaltose
– Maltotriose
Compostos de duas ou três unidades de
glicose
Raramente estão presentes nestas formas
mas são originados no trato digestório como
produtos intermediários da digestão do
amido
Digestão dos Carboidratos
FORMAS QUÍMICAS DO AMIDO
α 14
Amido: amilose + amilopectina
α 16
Cadeia ramificada
Digestão dos Carboidratos
• α amilase
brevemente
salivar

atua
• Ligações α 14
• Amilopectina (cadeia ramificada)
• Produtos da digestão: móleculas
de oligossacarídeos ramificados
menores (maltose, isomaltose)
• Suínos
• Celulose  ausência de β 14
Digestão dos Carboidratos
• Digestão cessa no estômago (elevada acidez inativa
amilase salivar)
• Neutralização conteúdo ácido  intestino
– Bicarbonato (pâncreas)
• α amilase pancreática
– Digestão final: jejuno superior
– Ação enzimas na borda em escova:
•
•
•
•
Isomaltase: isomaltose (glicose)
Maltase: maltose (glicose)
Sacarase: sacarose (glicose + frutose)
Lactase: lactose (glicose + galactose)
Digestão de Carboidratos
Absorção dos Carboidratos
• Transporte do lúmen para a célula:
– Glicose e Galactose:
• Transporte sódio dependente
• Proteína transportadora específica (SGLT1)
– Frutose:
• Transportador independente de sódio (GLUT5)
• Transporte da célula para a circulação porta:
– Transportador (GLUT2)  difusão facilitada
3
2
Proteína (SGLT1) tem sítios de ligação íons sódio e glicose  ambos
ocupados  mudança de configuração  sódio e glicose liberados na
face interna da membrana apical
Intolerância ao Açúcar
• Deficiências enzimáticas: defeito na atividade de
determinada dissacaridase
– Ex: lactase (ausente ou ineficiente)  intolerância a
lactose
• Deficiências na absorção: defeito nas proteínas da
membrana dos enterócitos
– Defeito, diminuição ou ausência das proteínas SGLT1,
Glut5 e Glut2
Digestão de Proteínas
• Nitrogênio da dieta na forma de proteínas
– Moléculas grandes para serem absorvidas
– Exceção: neonatos (absorção anticorpos presentes no
leite)
• Proteínas  hidrólise  aa’s
• Início da digestão: estômago
– HCl e pepsina (pepsinogênio)
– Liberação de peptídeos e poucos aa’s livres
Digestão de Proteínas
• No int. delgado:
– Polipeptídeos  clivagem pelas proteases
– Endopeptidases: tripsina, quimotripsina, elastase 
quebram as proteínas em pontos internos  peptídeos
de cadeia curta
– Exopeptidases: carboxipeptidase A e B  liberação de
aa’s individuais das extermidades das cadeias peptídicas
– Aminopeptidases
• Peptídeos de cadeias maiores  incompletamente
digeridos  di e tripeptídeos  absorção 
hidrólise peptidases intracelulares  aa’s livres
Digestão de Proteínas - Resumo
Absorção de Proteínas
• Do lúmen para o interior das células:
– Sistemas transportadores diferentes  especificidade
com aminoácidos
– Alguns requerem Na (similar ao transporte de glicose) 
aa’s livres
– Di e tripeptídeos são transportados por mecanismos
dependentes de H
• Do interior das células para o sangue:
– Carreadores de difusão facilitada
Absorção de Aminoácidos Livres
Absorção de Peptídeos
Absorção de Aminoácidos para
Corrente Sanguínea
Absorção Anticorpos em Neonatos
(A)Concentração
críticas
destas
macromoléculas  invaginação da
membrana e formação de
pequenas vesículas
(B)As vesículas coalescem com os
lisossomas formando grandes
vacúolos
denominados
fagolisossomas

digestão
intracelular
(C)Algumas moléculas escapam e
migram
para
a
superfície
basolateral  exocitose 
corrente sanguínea
Primeiras 24 horas após nascimento  mucosa intestinal altamente
permeável a macromoléculas
Digestão de Gorduras
• Lipídeos da dieta: triacilgliceróis, ésteres de
colesterol e fosfolipídeos
• Início da digestão: estômago (lipase gástrica 
células principais)
– Triacilgliceróis que contêm ácidos graxos de cadeia curta
ou média
– Digestão de pequena quantidade (10%)
• Emulsificação dos lipídeos no duodeno (bile e
agitação): aumento da área de superfície  ação
das enzimas mais eficiente
Digestão de Gorduras
• Lipase pancreática: remove ácidos graxos
preferencialmente dos carbonos 1 e 3 dos
triacilgliceróis  2-monoacilgliceróis e ácidos
graxos livres
• Ác. Graxos livres + colesterol + 2-monoacilgliceróis +
sais biliares  micelas (grupo hidrofóbico para
dentro e grupo hidrofílico para fora)
• Micelas: solúveis no meio aquoso  aproximação
da membrana com borda em escova  absorção
via difusão simples
Absorção de Gorduras para dentro dos
Enterócitos
Absorção de Gorduras para a Corrente
Sanguínea
• Dentro das células epiteliais do int. delgado os
produtos da digestão são reesterificados
• Estes lipídeos complexos são muito hidrofóbicos
agregando-se em meio aquoso
• Embalados com gotículas de gordura circundadas
com uma fina camada de fosfolipídeos, colesterol e
apolipoproteina
– Estabilização da partícula  liberados para o sistema
linfático  ducto torácico  sangue
VISÃO GERAL
DA DIGESTÃO E
ABSORÇÃO DAS
GORDURAS
Digestão Fermentativa
• Substratos 
microrganimos
ação
de
bactérias
e
outros
• Enzimas da digestão fermentativa origem
microbiana  contrário da digestão enzimática
• pH próximo do neutro e taxa de fluxo lenta 
sobrevivência dos microrganismos no int. grosso
• Passagem do material pelo estômago e int. delgado
traz vantagem a digestão fermentativa:
– Umedecimento e exposição ao ácido  aumenta a
susceptibilidade a ação dos microrganismos
Síndrome de Má Absorção
• Absorção de nutrientes: int. delgado
• Quantidade de alimento superior as necessidades:
absorção de 100% da ingestão
• Má absorção: não alcançam a corrente sanguínea
– Distúrbio que interfira na digestão
– Distúrbio que interfira na absorção
• Causas das síndromes de má absorção:
– Crescimento de tipos inadequados de bactérias no int.
delgado
– Mistura inadequada dos alimentos com as secreções do
TGI
– Lesão do revestimento intestinal
– Infecções, drogas
– Produz quantidades ou tipos inadequados de enzimas
– Erros no mecanismo de absorção
Absorção de Água
• A mucosa intestinal é livremente permeável a água
permitindo seu movimento em qualquer direção
• 95% da água é absorvida no int. delgado por
osmose
• Quando eletrólitos e outros nutrientes
absorvidos a água também é absorvida
são
Absorção de Água
• Considerável secreção
gastrointestinal
de
• Balanço hídrico (humanos)
– Entrada:
• Ingestão: aprox. 2 litros/dia
• Secreção (TGI): aprox. 7 litros/dia
– Saída:
• Fezes: aprox. 100 ml/dia
– Conclusão:
• Aprox. 9 litros/dia absorvidos
água
pelo
trato
• Digestão intraluminal amido  inúmeras moléculas
osmoticamente ativas
• Essas moléculas puxam água dos espaços laterais
para dentro do lúmen intestinal
• Quando as moléculas são absorvidas há redução
dessas moléculas e a água é absorvida
osmoticamente conjuntamente  retorna para o
epitélio
Diarréia
• Eliminação de maior quantidade de água pelas fezes
• Diarréia por má absorção:
– Absorção inadequada para recuperar quantidade
suficiente de água secretada
– Infecções intestinais  diminuição do comprimento das
vilosidades
– Dificuldade de absorção dos nutrientes  absorção de
água reduzida
• Diarréia secretora:
– Volume de secreção intestinal aumenta e supera a
capacidade absortiva
– Maioria dos casos: secreção inadequada do int. delgado
 anormalmente estimulado
– Enterotoxinas (bactérias patogênicas) (Escherichia coli)
• Diarréia motora:
– Causada por distúrbio de motilidade do canal alimentar
– Hipermotilidade: absorção prejudicada pelo tempo
reduzido para o contato do material a ser incorporado
pela mucosa
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