REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO CONTEÚDOS Regiões do IBGE Complexos Regionais Amazônia Nordeste Centro-Sul AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS Com mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, o Brasil é um dos maiores países do mundo. Alguns estados como Amazonas, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais são maiores que muitos países europeus reunidos. Figura 1 – Pontos extremos do Brasil Fonte: Fundação Bradesco Por conta da imensa extensão latitudinal e longitudinal do Brasil e da grande diversidade de características naturais, econômicas, sociais, culturais, entre outras, o país sempre foi, ao longo dos anos, dividido em regiões que agrupavam áreas com características comuns, sejam elas naturais ou resultantes da ação da sociedade. É muito comum ouvirmos falar em “região de clima quente”, “região da Caatinga”, “região industrial”, “região agrícola”. Essas características, naturais ou não, dão um tom de particularidade a uma determinada localidade, ao passo que a distingue das demais. Desta forma, uma região é uma área geográfica delimitada a partir de um ou mais critérios, que a diferenciam do entorno. Regiões do IBGE A diversidade regional do Brasil é resultado de um longo processo histórico de formação territorial, econômica, cultural e social, bem como de uma imensa variedade de paisagens naturais que proporcionaram diferentes formas de ocupação, aproveitamento dos recursos e intervenções antrópicas no espaço geográfico. Ao longo de sua história, o Brasil teve diferentes regionalizações, elaboradas de acordo com as intenções e com critérios pertinentes à cada época. Uma das primeiras propostas de regionalização que se tem conhecimento foi concebida em 1913, por Delgado de Carvalho. Nela, o geógrafo propunha uma divisão do país em cinco regiões, baseada em critérios naturais e, secundariamente, em critérios socioeconômicos. Figura 2 – Regionalização do Brasil proposta por Delgado de Carvalho, em 1913 Fonte: Fundação Bradesco Essa regionalização foi feita para atender a fins didáticos, no entanto, serviu de base para as regionalizações oficiais propostas a partir da criação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 1934. Os estudos da divisão regional do Brasil, elaborada pelo IBGE, tiveram início em 1941 e, no ano seguinte, o instituto lançou a primeira proposta de regionalização oficial, com a intenção de divulgar as estatísticas do país. Para se estabelecer as grandes regiões, os responsáveis por essa regionalização pautaram-se em critérios naturais, econômicos, políticos e sociais, influenciados pela proposta divulgada em 1913. Figura 3 – Primeira regionalização do Brasil elaborada pelo IBGE, em 1942 Fonte: Fundação Bradesco Ao longo dos anos, o IBGE foi aperfeiçoando e reformulando sua proposta, levando em consideração também a criação de novos estados. Em 1969, o instituto criou a região Sudeste, com a inclusão de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Na década de 1980, a regionalização brasileira já estava muito próxima a atual1, exceção feita ao estado do Tocantins, criado oficialmente em 1989. 1 O estado do Mato Grosso do Sul já havia sido desmembrado de Mato Grosso em 1979. Figura 4 – Regionalização do Brasil, na década de 1980 Fonte: Fundação Bradesco A última mudança considerável na regionalização do território brasileiro proposta pelo IBGE, ocorreu entre os anos de 1989 e 1990, em virtude das alterações propostas com a Constituição de 1988. Além de Tocantins, desmembrado de Goiás e incorporado à região Norte; Roraima, Amapá e Rondônia tornaram-se estados autônomos e Fernando de Noronha foi incorporado ao estado de Pernambuco. Com essas mudanças, a regionalização brasileira resultou na configuração que conhecemos hoje. Desde então, o Brasil está dividido em cinco regiões, em uma regionalização político-administrativa, isto é, que respeita as delimitações políticas dos estados. As regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul agrupam unidades com características semelhantes, a partir de critérios de diferentes naturezas, sobretudo, naturais, econômicos e sociais. A principal finalidade da regionalização do IBGE é a compilação, tratamento e divulgação de dados estatísticos que facilitem o planejamento do extenso território nacional. Figura 5 – Brasil: divisão regional do IBGE Fonte: Fundação Bradesco 1) Região Norte: Agrupa os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A região Norte ocupa aproximadamente 45% do território brasileiro, no entanto, possui a menor densidade demográfica – de 2 a 3 habitantes por quilômetros quadrados – e a menor população em termos absolutos, com menos de 20 milhões de habitantes. A região se caracteriza, basicamente, pela presença da Floresta Amazônica e da bacia hidrográfica do rio Amazonas. Do ponto de vista econômico, destaca-se pelas atividades extrativistas e agropecuárias. Figura 6 – Teatro Amazonas, em Manaus (AM) Fonte: guentermanaus/Shutterstock.com Os estados da região Norte concentram a maior parte da população indígena do Brasil. 2) Região Nordeste: Agrupa os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Por muito tempo foi identificada como uma região marcada por problemas sociais e pela escassez hídrica, sobretudo, no interior da maior parte dos estados, nas áreas de clima semiárido. O Nordeste é a segunda região mais populosa do Brasil, com mais de 50 milhões de habitantes e possui uma diversidade paisagística (de florestas úmidas à Caatinga), econômica e cultural bastante marcante. Em função dessa diversidade, a região está dividida em quatro sub-regiões: MeioNorte, Sertão, Agreste e Zona da Mata. A economia brasileira começou nos atuais estados da região, ainda no período colonial, no século 16, com a produção de cana-de-açúcar. Ainda hoje, o produto é cultivado no litoral dos estados. Apesar dos problemas sociais, a região apresenta considerável crescimento econômico, e se destaca também pela produção industrial, agropecuária, pela extração de petróleo e pelas atividades turísticas. Figura 7 – Farol da Barra, em Salvador (BA) Fonte: Jeilson Barreto Andrade/Shutterstock.com 3) Região Centro-Oeste: Agrupa os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal. A região Centro-Oeste ocupa aproximadamente 20% do território brasileiro e concentra aproximadamente 15 milhões de habitantes. É uma região basicamente de clima tropical, marcada pela vegetação do Cerrado e pelo Complexo do Pantanal. A região planáltica concentra nascentes de importantes rios brasileiros. Figura 8 – Produção de soja em Campo Verde (MT) Fonte: Alf Ribeiro/Shutterstock.com A produção de soja e as atividades do agronegócio dominam a economia da região e são responsáveis pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) regional. Abriga da capital federal, Brasília, fundada em 1960. 4) Região Sudeste: Agrupa os estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Ocupa pouco mais 10% do território nacional e concentra aproximadamente 90 milhões de habitantes. É a região mais urbanizada do país e reúne as três maiores cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. É a região que mais contribui com o PIB nacional e concentra a principal produção industrial do país. Apesar da riqueza, também concentra inúmeros problemas sociais. Figura 9 – O Porto de Santos (SP) é o maior do Brasil, em transporte de carga Fonte: T photography/Shutterstock.com O clima tropical predomina na região e, antes da devastação, o Sudeste abrigava extensas áreas de Mata Atlântica. 5) Região Sul: Agrupa os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É a menor região do país, ocupando menos de 7% do território. Possui aproximadamente 30 milhões de habitantes e se diferencia das demais regiões brasileiras pela forte influência da colonização alemã e italiana. A região Sul possui alto grau de desenvolvimento humano e apresenta uma produção industrial diversificada. As atividades agrícolas (cultivo de grãos e hortifrutigranjeiros) e a pecuária também marcam a economia regional. Figura 10 – A pecuária domina as paisagens dos pampas no Rio Grande do Sul Fonte: Toniflap/Shutterstock.com O clima subtropical prevalece no sul do país. Do ponto de vista paisagístico, a região é marcada por florestas de araucária e pelos campos no extremo sul do território. Complexos Regionais Além das regionalizações oficiais propostas pelo IBGE, no ano de 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger, elaborou uma outra proposta para dividir o Brasil. Essa regionalização, que ficou conhecida como Complexos Regionais ou Regiões Geoeconômicas, foi elabora para fins didáticos e de pesquisa e, portanto, não considerou as divisas entre os estados. Para elaborar tal divisão, o geógrafo agrupou os espaços, de acordo com o processo de formação territorial e econômica, considerando, sobretudo, os efeitos do processo de industrialização no país. Isto é, os Complexos Regionais refletem os arranjos espaciais que as atividades econômicas impuseram ao território. No entanto, os fatores naturais não foram desconsiderados. Na medida em que a integração da economia nacional foi se configurando, partes do território desenvolveram um moderno parque industrial, enquanto outras ficaram marcadas por estruturas mais arcaicas. Nesse cenário, Pedro Pinchas Geiger dividiu o país em: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul. Apesar de relativamente antiga, essa proposta de regionalização ainda reflete algumas características econômicas e sociais do Brasil e, por esse motivo, é amplamente utilizada, uma vez que agrupa os lugares de acordo com suas semelhanças econômicas, históricas, sociais, culturais e também naturais. Figura 11 – Brasil: divisão regional proposta por Pedro Pinchas Geiger, em 1967 Fonte: Fundação Bradesco Amazônia O complexo regional da Amazônia engloba os sete estados da região Norte, além do norte do estado do Mato Grosso e a porção ocidental do estado do Maranhão. A região basicamente se caracteriza pela presença da Floresta Amazônica, bem como, as atividades econômicas ligadas à ela, como o extrativismo vegetal. Historicamente, a região foi ocupada por inúmeros grupos indígenas, com aldeias que, em alguns casos, agrupavam mais de 5 mil pessoas. Assim, quando os colonizadores adentraram o território da colônia, a floresta já era ocupada e explorada (de forma sustentável) pelos indígenas. Desta forma, foram as atividades da agropecuária, do extrativismo vegetal e mineral que, anos mais tarde, iniciaram o processo de devastação da floresta. Entre os séculos 17 e 18, a Amazônia foi ocupada basicamente por missões religiosas e expedições que exploravam as drogas do sertão (cacau, castanha-do-pará, guaraná, baunilha, etc.). Nessa época, a ocupação se estabelecia principalmente nas margens dos rios. No final do século 19 e início do século 20, o extrativismo da borracha (produzida por meio do látex da seringueira) caracterizou uma nova onda de ocupação e proporcionou o crescimento das duas maiores cidades da região: Manaus (AM) e Belém (PA). Entre os anos de 1870 e 1910, o Brasil viveu o auge da produção dessa mercadoria e se tornou o maior exportador de borracha do mundo, até a entrada da concorrência asiática no mercado. Figura 12 – Extração de látex da seringueira Fonte: Wikimedia Commons Mesmo com a extração do látex e com a ida de alguns migrantes nordestinos para a região, especialmente no atual estado do Acre, a Amazônia continuava pouco habitada. Foi somente em 1960, que o processo de ocupação se intensificou, durante os governos militares (1964-1985). Com a intenção de integrar a economia nacional, foram criados programas de colonização, projetos agropecuários e de mineração para os interessados em explorar os recursos da região. Apesar do considerável desenvolvimento econômico, os projetos ampliaram os problemas ambientais e sociais da Amazônia. Dentre eles, destacam-se o desmatamento e os conflitos pela posse da terra. A pecuária (bovinos e bufalinos) e a produção de grãos, desde então, ganham destaque na economia do complexo da Amazônia. A descoberta de minérios de ferro, manganês, ouro, diamante, cobre, cassiterita também levaram o governo federal a investir na atividade extrativista na região, a partir da década de 1960. Dentre os projetos de mineração, destaca-se o projeto Carajás, em uma região localizada entre os estados do Tocantins, Maranhão e Pará, que se constitui em uma das regiões mais ricas em minério de ferro do mundo. O desenvolvimento industrial da região também esteve ligado a projetos e incentivos federais, a partir da segunda metade do século 20. Até então, as indústrias da região eram predominantemente ligadas ao beneficiamento de produtos da atividade extrativistas, como a borracha, castanha, madeira, além de indústria de bens de consumo não duráveis, vestuários, alimentos e bebidas. Em 1967, foi criada a Zona Franca de Manaus (ZFM), um polo industrial, (especialmente de eletroeletrônicos, relógios e motos) instalado na cidade de Manaus, com o intuito de desenvolver a região e promover a desconcentração industrial da região CentroSul, sobretudo, do estado de São Paulo. Por meio de incentivos fiscais, como a isenção de impostos, e de outros atrativos, como mão de obra barata, muitas indústrias migraram para a Zona Franca e passaram a abastecer o mercado interno e externo. No entanto, mesmo com esse programa de incentivo, a Amazônia ainda é região menos industrializada do país. Apesar da integração econômica, boa parte da população da Amazônia ainda se concentra em zonas rurais e vive de atividades tradicionais, como extrativismo, agricultura, pesca, coleta e caça. São os chamados “povos da floresta”, formados por comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas, seringueiros, castanheiros, babaçueiros que, apesar de extraírem recursos e tirarem seus sustentos diretamente da floresta, o fazem de forma sustentável com o mínimo de impacto ambiental. Figura 13 – Comunidade ribeirinha no Pará Fonte: Agência Brasil In: Wikimedia Commons Além do desmatamento e a extração ilegal de madeira, a biopirataria também ameaça a biodiversidade da floresta. Curiosidade: a biopirataria diz respeito à exploração ilegal, com finalidade comercial, das diferentes formas de vida da floresta. Muitas vezes, cientistas e outros pesquisadores estrangeiros são enviados para a região da Amazônia, para se apropriarem dos recursos da floresta, desenvolverem e patentearem produtos sem autorização ou qualquer forma de pagamento ao governo brasileiro. A ausência de fiscalização na região motiva esse tipo de atividade. Nordeste O complexo regional do Nordeste compreende integralmente oito estados da região Nordeste do IBGE, além do norte do estado de Minas Gerais e a porção oriental do estado do Maranhão. Trata-se de uma região bastante heterogênea, com contrastes paisagísticos, climáticos, econômicos e culturais. O Nordeste foi a primeira região brasileira a ser ocupada, ainda no século 16, estando diretamente ligada ao ciclo do açúcar e à economia colonial. Por muito tempo, o Nordeste foi identificado como a “região problema”, por enfrentar graves problemas sociais, decorrentes da escassez de água, da concentração fundiária, da falta de oportunidade de trabalho e condições de vida precária. A migração marcou as estruturas socioeconômicas da região, sendo considerada uma área de forte repulsão populacional. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, por décadas, receberam intensos fluxos migratórios de nordestinos, atraídos pelas oportunidades de emprego na indústria e na construção civil. Contudo, os últimos anos mostram um intenso desenvolvimento econômico e social da região, fruto de políticas públicas ligadas diretamente à promoção do crescimento econômico e bem-estar social da população. Assim como ocorreu na Zona Franca de Manaus, inúmeras unidades produtivas migraram do Centro-Sul para o Nordeste, atraídos pelos incentivos fiscais e pela presença de mão de obra numerosa e barata. Apesar desse crescimento, os indicadores sociais do Nordeste ainda são baixos, quando comparados ao restante do Brasil. As taxas de analfabetismo, mortalidade, mortalidade infantil e índice de desenvolvimento humano, em geral, estão abaixo das médias nacionais. A população do Nordeste se concentra majoritariamente no litoral, sobretudo, nas capitais e grandes cidades dos estados. Figura 14 – A Região Metropolitana de Recife é o maior aglomerado urbano do Nordeste Fonte: Gustavo Frazao/Shutterstock.com A complexidade da região, levou alguns estudiosos a dividir o Nordeste em quatro sub-regiões: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte. Essa sub-regiões também foram classificadas segundo aspectos naturais (clima, vegetação e relevo), econômicos (desenvolvimento industrial, agrícola, pecuária, extrativismo) e sociais. Observe o mapa: Figura 15 – Nordeste: sub-regiões Fonte: Fundação Bradesco 1) Zona da Mata A Zona da Mata se caracteriza pela extensa faixa litorânea que se estendo do Rio Grande do Norte à Bahia. O clima tropical litorâneo é característico da região, com chuvas abundantes durante todo o ano, especialmente no verão. A Mata Atlântica, antes de ser devastada, marcava a paisagem da sub-região, que recebeu o nome de “Zona da Mata” justamente pela presença da floresta. Até o século 19, ainda se caracterizava basicamente pela produção de cana-deaçúcar, apesar da concorrência com a produção caribenha. Ainda hoje, essa atividade desempenha um importante papel no contexto da economia regional, sendo a principal atividade econômica de muitos estados. A produção de cacau também ocorre nessa região, sobretudo, no sul do estado da Bahia. Algumas frutas nativas como caju, cajá, pitanga e mangaba são produzidas na Zona da Mata. A região ainda se destaca pela produção de fumo e sal marinho. Atualmente 95% do sal marinho produzido no Brasil têm origem no Nordeste. Apesar de se constituir de uma estreita faixa no litoral, a Zona da Mata é a subregião mais densamente ocupada do Nordeste. Além das principais capitais e grandes cidades, concentra a maior parte do desenvolvimento econômico regional (industrial, agrícola, comercial e de serviços). O Recôncavo Baiano, localizado próximo à Salvador (BA) é um grande polo industrial e petroquímico. O Rio Grande do Norte também se destaca pela produção de petróleo. Na Zona da Mata pernambucana, localiza-se o Complexo Industrial Portuário de Suape, onde se encontra o maior estaleiro e o maior porto em extensão da América do Sul. Figura 16 – Porto de Suape (PE) Fonte: C. A. Müller In: Wikimedia Commons Tanto as grandes, como as médias cidades são marcadas por um elevado contingente populacional e por grandes desigualdades sociais. O turismo é a principal atividade econômica da Zona da Mata e do Nordeste como um todo. 2) Agreste O Agreste se constitui por uma estreita faixa, que vai do Rio Grande do Norte à Bahia, sendo considerada uma área de transição entre a Zona da Mata e o Sertão. Justamente por ser uma faixa de transição, a sub-região compreende uma grande diversidade paisagística e climática, prevalecendo o clima tropical e os brejos; contudo, a presença da umidade é determinante na configuração da paisagem. Geralmente, as áreas mais elevadas apresentam maiores índices pluviométricos, enquanto nas porções mais a oeste, já próximas ao Sertão, predominam as áreas mais secas, com ocorrência de Caatinga. A pecuária (especialmente leiteira) é uma atividade econômica tradicional da região, além da produção de milho, mandioca, café e feijão, especialmente para a subsistência. A produção de algodão e a indústria têxtil também se destacam na economia regional. As maiores concentrações populacionais do Agreste estão nos vales dos rios Cariri e São Francisco. Caruaru (PE), Campina Grande (PB), Feira de Santana (BA) e Vitória da Conquista (BA) são os principais centros econômicos do Agreste e se destacam pelas atividades comerciais, muitas vezes ligadas à produção agrícola e de artesanatos locais. Figura 17 – Caruaru (PE) é conhecida como a “capital do Agreste” Fonte: A. Júnior In: Wikimedia Commons 3) Sertão O Sertão ocupa a maior parte do território do Nordeste e o norte de Minas Gerais e se caracteriza pela presença do clima semiárido e pela vegetação da Caatinga. Figura 18 – Caatinga paraibana Fonte: Renalle Ruana Pessoa Ramos In: Wikimedia Commons As temperaturas são elevadas e as médias de chuva anual são as mais baixas do país, entre 400 e 700mm. As chuvas, além de escassas, são concentradas em três ou quatro meses ao longo do ano. Os demais meses são marcados pela estiagem. Historicamente, a falta de água é um dos principais problemas naturais e sociais do Sertão e do Nordeste, isso porque, ela é responsável por agravar os quadros de pobreza e miséria da sub-região. A intensa concentração fundiária, isto é, muitas terras nas mãos de poucos proprietários, intensifica ainda mais o problema, já que, por muitas vezes, as cisternas, os poços e os açudes estão localizados em propriedades privadas e, portanto, fora do alcance da maior parte da população. As migrações para o Sudeste e o êxodo rural, desde a década de 1950, são estimuladas pelos longos períodos de estiagem. O povoamento do Sertão é bastante antigo e está diretamente ligado à economia açucareira, durante o período colonial. Enquanto a faixa litorânea concentrava os engenhos e a produção de açúcar que seria exportado, os sertanejos se incumbiram da criação do gado, que serviriam as fazendas. Ainda hoje, a pecuária extensiva é a principal atividade econômica da região, com destaque para os rebanhos ovinos e caprinos. Nas regiões mais úmidas, como as encostas das serras e os vales dos rios, produzse milho, arroz, feijão, mandioca e algodão. O rio São Francisco, mesmo cortando extensas áreas de clima semiárido, é perene e, em seu vale é possível a produção agrícola irrigada, especialmente de frutas. A região de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) formam o maior polo de fruticultura irrigada do país para exportação, com destaque para manga, uva, goiaba, banana, coco, acerola e tomate. Figura 19 – Ponte Presidente Dutra (Petrolina-Juazeiro) Fonte: Giovane Carneiro In: Wikimedia Commons 4) Meio-Norte O Meio-Norte localiza-se no Maranhão e em parte do Piauí, constituindo-se como uma faixa de transição entre o semiárido e as regiões úmidas da Floresta Amazônica e onde se localiza a Mata dos Cocais, marcada pela presença de palmeiras, como o babaçu e a carnaúba. Figura 20 – Mata dos Cocais, no Maranhão Fonte: Wikimedia Commons A economia da região está baseada no extrativismo vegetal. Além da extração do babaçu e da carnaúba, que são matérias-primas de ceras e de óleos vegetais, a região também produz algodão, cana-de-açúcar e arroz, além da pecuária extensiva. Nos últimos anos, a soja também foi introduzida na região e passou a ser produzida em larga escala, sobretudo, em áreas com presença de Cerrado. A região integra a nova fronteira agrícola do Brasil, conhecida como Matopiba. (Para saber mais sobre a fronteira agrícola Matopiba, consulte o Tema de Estudo de Geografia do EM: Fluxos Migratórios: mobilidade populacional no Brasil). Centro-Sul O Centro-Sul é a região mais industrializada e modernizada do Brasil, onde se iniciou o processo de integração econômica nacional e, portanto, a região que deu origem à configuração dos Complexos Regionais. O Centro-Sul compreende todos os estados do Sul e Sudeste (à exceção do norte de Minas Gerais), além dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e a porção mais ao sul do estado do Mato Grosso. A região é marcada pela diversidade paisagística e climática, com formações vegetais que variam de florestas tropicais aos campos sulinos. Os climas variam e se tornam mais amenos à medida em que se aproximam das porções mais ao sul; contudo, predomina o clima tropical. Além da importância econômica, o Centro-Sul também é considerado o centro político-administrativo do Brasil, por incorporar o Distrito Federal. Desde o ciclo do ouro e do café, o Centro-Sul retirou do Nordeste o status de principal polo econômico do Brasil. Com a crise do modelo exportador, na primeira metade do século 20, o estado de São Paulo reunia as condições econômicas necessárias para o desenvolvimento urbano-industrial, herdadas dos lucros obtidos com a produção de café. Desde então, a capital paulista se transformou em um importante centro comercial e industrial (têxtil e alimentos) concentrando sedes de empresas e bancos. A infraestrutura ferroviárias e de energia elétrica, também favoreceram o crescimento industrial de São Paulo. Essas características fizeram de São Paulo o centro da transição do modelo agroexportador para o urbano-industrial. A chegada das multinacionais montadoras de automóveis, durante o governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) intensificaram ainda mais a importância industrial de São Paulo e foram responsáveis pela atração de inúmeros migrantes, que chegavam à capital paulista (e região metropolitana) em busca de oportunidades nas indústrias e na construção civil. Além de São Paulo, destacam-se as áreas industriais de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. A diversificação das atividades econômicas do Centro-Sul favoreceu a intensa ocupação e a urbanização da região. As principais cidades do Brasil se encontram nesse complexo regional. Figura 21 – São Paulo (SP) é a maior cidade do Brasil Fonte: gary yim/Shutterstock.com Atualmente, o parque industrial do Centro-Sul é o mais denso e diversificado do Brasil, com indústrias de base, petroquímica, automobilística, de eletrônicos, alimentos, calçados, têxteis. A indústria também está presente no interior dos estados do Centro-Sul, em sua maioria, ligadas às modernas atividades do agronegócio. Muitas cidades concentram grandes complexos agroindustriais de beneficiamento de alimentos, com destaque para o interior paulista. As empresas vinícolas e frigoríficas também são importantes para a economia dos estados do Sul e do Centro-Oeste. Nesse sentido, a agricultura mecanizada é destaque na região, com ênfase para a produção de cana-de-açúcar, café, laranja e soja. Além dos produtos agrícolas, a exploração de petróleo também é fundamental para a economia desse complexo regional, sobretudo, no estado do Rio de Janeiro. Figura 22 – Plataforma de petróleo no Rio de Janeiro (RJ) Fonte: Attila JANDI/shutterstock.com As indústrias mais modernas do país, tais como biotecnologia, aeroespacial, informática, naval, telecomunicações também se encontram no Centro-Sul. O complexo é ainda a região com melhor infraestrutura e maior concentração de redes de transportes e telecomunicações do país. Concentra os principais aeroportos, universidades, centros de pesquisa e centros culturais e de entretenimento. Apesar da prosperidade econômica, o Centro-Sul está longe de ser uma região homogênea e também é marcado por graves problemas sociais e falta de infraestrutura básica para boa parte da população. Todas essas características mostram que, apesar da integração econômica, o Brasil está longe de eliminar suas desigualdades regionais. ATIVIDADES 1. O espaço brasileiro foi dividido a partir de diferentes critérios de regionalização. Observe: Fonte: Fundação Bradesco A regionalização representada no mapa foi baseada em critérios a) políticos e administrativos. b) militares e ambientais. c) jurídicos e naturais. d) socioeconômicos e históricos. e) culturais e educacionais. 2. (UERJ – 2014) Faroeste Caboclo − Não tinha medo o tal João de Santo Cristo. Era o que todos diziam quando ele se perdeu. Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda (...) Ele queria sair para ver o mar E as coisas que ele via na televisão Juntou dinheiro para poder viajar De escolha própria, escolheu a solidão (...) E encontrou um boiadeiro com quem foi falar (...) Dizia ele: − Estou indo pra Brasília Neste país lugar melhor não há. (...) E João aceitou sua proposta E num ônibus entrou no Planalto Central Ele ficou bestificado com a cidade (...) www.omelete.uol.com.br E João não conseguiu o que queria quando veio pra Brasília, com o diabo ter Ele queria era falar pro presidente Pra ajudar toda essa gente Que só faz sofrer. Renato Russo “Que país é este?”, EMI, 1987. O enredo do filme Faroeste caboclo, inspirado na letra da canção de Renato Russo, foi contado muitas vezes na literatura brasileira: o retirante que abandona o sertão em busca de melhores condições de vida. A existência de retirantes está associada fundamentalmente à seguinte característica da sociedade brasileira: a) expansão acelerada da violência urbana b) retração produtiva dos setores industriais c) disparidade econômica entre as regiões nacionais d) crescimento desordenado das áreas metropolitanas 3. Complete o quadro a seguir, com as principais características das regiões geoeconômicas brasileiras: Amazônia Abrangência (Estados da federação) Características naturais Características econômicas Nordeste Centro-Sul 4. Sobre as sub-regiões do Nordeste, avalie se as afirmativas a seguir são falsas “F” ou verdadeiras “V”: [__] O Meio-Norte é uma faixa de transição entre a Amazônia e o sertão semiárido do Nordeste. [__] As maiores concentrações populacionais da Zona da Mata estão nos vales dos rios Cariri e São Francisco. [__] A Zona da Mata é a sub-região mais urbanizada e populosa do Nordeste. [__] O extrativismo vegetal é a principal atividade do Sertão. [__] O Agreste é uma área de transição entre o Sertão semiárido e a Zona da Mata. [__] A pecuária se destaca no Agreste, tanto nas porções úmidas, como nas porções mais secas da sub-região. [__] O Sertão é uma extensa área de clima semiárido, com chuvas escassas e mal distribuídas. [__] O Meio-Norte se destaca pela produção da cana, do cacau, do fumo e do sal marinho. LEITURA COMPLEMENTAR Divisão Regional no Brasil O termo região é extremamente utilizado, principalmente na ciência geográfica que representa uma das categorias da Geografia. A palavra região pode ser utilizada em várias escalas, em nível particular e geral, em nível econômico ou natural. Dessa forma, utilizamos o termo nas seguintes ocasiões: região produtora de café, região industrial, região rica, região pobre, região de clima tropical, região afetada por furacão e dezenas de outras possibilidades. As regiões se diferem por causa de suas particularidades, desprezando sua grandeza ou localização geográfica. São distintas por suas atuações com a produção agropecuária (região da soja, milho, leite, tomate entre outras), centros urbanos (região metropolitana de São Paulo e Rio de Janeiro), influência de um município (região de Goiânia, Uberlândia, Presidente Prudente etc.). O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 1970, dividiu o território brasileiro em regiões: Região Sul, Sudeste, Centro Oeste, Nordeste e Norte. Em 1988, com a divisão do Estado de Goiás, a demarcação territorial sofreu uma modificação, o novo estado do Tocantins foi incorporado à região Norte. A configuração econômica, social e cultural de uma região é resultado do contexto histórico, essa pode ser alterada de acordo com diversos interesses, algumas regiões substituíram suas atuações econômicas, como deixar de extrair ouro devido seu declínio para praticar a pecuária, mudança de uma região natural para um centro industrial ou rural, diante disso fica evidente que as regiões são dinâmicas em suas características. Após a Segunda Guerra Mundial o mundo passou por várias transformações, dentre essas está o fenômeno da globalização, que proporcionou uma interligação entre as regiões do planeta, deixaram de ser isoladas para se integrarem de forma global, assim qualquer região pode alterar o mundo e também ser alterada. FREITAS, Eduardo de. Divisão Regional no Brasil. Alunos Online UOL. Disponível em: <http://alunosonline.uol.com.br/geografia/divisao-regional--brasil.html>. Acesso em: 06 set. 2016. 15h50min. REFERÊNCIAS A. JÚNIOR In: WIKIMEDIA COMMONS. Vista do Monte do Bom Jesus - Caruaru Pernambuco – Brasil. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Vista_do_Monte_do_Bom_Jesus_-_Caruaru__Pernambuco_-_Brasil.jpg>. Acesso em: 12 set. 2016. 9h15min. AGÊNCIA BRASIL In: WIKIMEDIA COMMONS. Comunidade ribeirinha no Pará. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Workshop_jornalistas_desmatamento_na_Amaz onia_7846.jpg>. Acesso em: 12 set. 2016. 9h20min. 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Por esse motivo, não se trata de uma regionalização oficial, com finalidade jurídica ou administrativa. Os três complexos regionais, como ficaram conhecidas as regiões, são: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul. 2. Alternativa C. Comentário: As migrações internas no Brasil estão diretamente relacionadas à busca por melhores condições de vida e emprego. Uma das causas desses deslocamentos é a falta de oportunidades existente em algumas localidades do Brasil. O desenvolvimento econômico brasileiro, sobretudo a partir do ciclo do café e do processo de industrialização, foi bastante concentrado no Sudeste, o que estimulou a ida de muitos migrantes para essa região. A música e o filme Faroeste Caboclo, simbolicamente retratam um caso dos inúmeros migrantes que se deslocaram do Norte e do Nordeste para o Centro-Oeste, o Sul e o Sudeste, ou de áreas rurais para centros urbanos. Assim, a existência de retirantes na sociedade brasileira está associada às disparidades socioeconômicas entre as regiões nacionais. 3. Abrangência (Estados da federação) Amazônia Nordeste Centro-Sul O complexo regional da Amazônia engloba os sete estados da região Norte, além do norte do estado do Mato Grosso e a porção ocidental do estado do Maranhão. O complexo regional do Nordeste compreende integralmente oito estados da região Nordeste do IBGE, além do norte do estado de Minas Gerais e a porção oriental do estado do Maranhão. O Centro-Sul compreende todos os estados do Sul e Sudeste (à exceção do norte de Minas Gerais), além dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e a porção mais ao sul do estado do Mato Grosso. A região basicamente se caracteriza pela presença da Floresta Amazônica, clima equatorial e pela presença da bacia do rio Amazonas (tal como a região Norte do IBGE). A região apresenta uma grande variedade paisagística e climática. Zona da Mata: clima tropical litorâneo e Mata Atlântica. Agreste: clima tropical e brejos, com áreas mais secas próximas ao Sertão. Sertão: clima semiárido e caatinga. Meio-Norte: faixa de transição entre os climas semiárido e equatorial e presença de Mata dos Cocais A região é marcada pela diversidade paisagística e climática, marcada por formações vegetais que variam de florestas tropicais aos campos sulinos. Os climas vão variando e se tornando mais amenos à medida em que se aproximam das porções mais ao sul; contudo, predomina o clima tropical. A região se caracteriza pela presença da Floresta Amazônica, bem como as atividades econômicas ligadas à ela, como o extrativismo vegetal. A mineração (ferro, manganês, ouro, diamante, cobre), a pecuária (bovinos e bufalinos) e a produção de grãos, desde então, ganham destaque na economia do complexo da Amazônia. Em 1967, foi criada a Zona Franca de Manaus (ZFM), um polo industrial, (especialmente de eletroeletrônicos, Zona da Mata: indústrias, atividades comerciais, prestação de serviço, turismo e agricultura (frutas típicas, cana-de-açúcar, fumo e cacau) Agreste: pecuária, produção de algodão, milho, mandioca, café e feijão. Sertão: pecuária e produção de algodão. Meio-Norte: extrativismo vegetal (babaçu e carnaúba) Principal parque industrial do Brasil, com destaque para as indústrias de base, petroquímica, automobilística, de eletrônicos, alimentos, calçados, têxteis. Agricultura mecanizada, com destaque para a produção de cana-deaçúcar, café, laranja e soja. A atividade agrícola está associada à produção industrial e beneficiamento de alimentos, vinícolas e frigoríficos. As indústrias mais modernas do país, tais como biotecnologia, aeroespacial, Características naturais Características econômicas relógios e motos) instalado na cidade de Manaus. informática, naval, telecomunicações também se encontram no Centro-Sul. O complexo é ainda a região com melhor infraestrutura e maior concentração de redes de transporte e telecomunicações do país. Concentra os principais aeroportos, universidades, centros de pesquisa e centros culturais e de entretenimento. 4. [V] [F] As maiores concentrações populacionais do Agreste estão nos vales dos rios Cariri e São Francisco. [V] [F] O extrativismo vegetal é a principal atividade do Meio-Norte. [V] [V] [V] [F] A Zona da Mata se destaca pela produção da cana, do cacau, do fumo e do sal marinho.