hora de malhar os neurônios

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hora de malhar os neurônios
Nosso cérebro começa a perder as células do sistema nervoso antes mesmo dos 30
anos. Mas pesquisas mostram que é possível retardar esse processo. E o melhor:
jogando videogame
Revista Saúde - Ago-2007
POR PAULA REIS
ILUSTRAÇÃO MG STUDIO
Da próxima vez que você der um presente para
alguém acima de 60 anos, pense duas vezes.
Opções tradicionais como roupas de dormir ou
mesmo jogos de xadrez ou de damas estão
perdendo espaço para os videogames. Isso
mesmo: videogames. A novidade tem agradado
cada vez mais gente nessa fase da vida,
principalmente em países como Estados Unidos e
Japão — lançadores de tendências. O melhor é
que essa moda tem o aval da ciência. Institutos
de pesquisa, a exemplo da Universidade do
Texas (veja boxe), estão conduzindo estudos e
concluindo que esses aparelhinhos ajudam a
melhorar o humor, a concentração e até a
coordenação motora.
Tudo porque propõem desafios que estimulam o
raciocínio e exercitam o cérebro, afastando
problemas comuns a partir dos 60 anos, como a
perda da memória e até o mal de Alzheimer (doença caracterizada pela
progressiva perda das funções intelectuais). Boa novidade também é que eles
oferecem a chance de as pessoas interagirem, tirando- as do isolamento —
queixa freqüente nessa idade. “De forma geral, são fáceis de jogar e ideais
para desfrutar a companhia de outras pessoas”, explica o jornalista David
Lemes, mestrando em desenvolvimento de games na Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC/SP) e editor do site www.gamereporter.org.
Os games preservam a memória na terceira idade
Até no Brasil existem centros de pesquisa desenvolvendo estudos na área. Um
deles é o Instituto Paulista de Déficit de Atenção. Lá, eles utilizam um
treinamento para ondas cerebrais, chamado de neurofeedback, quase uma
“musculação para o cérebro”. Segundo a médica Cacilda Amorim, diretora da
Av. Vereador José Diniz, 308
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SP
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clínica e coordenadora do Grupo de Estudos em Biofeedback e Neuroterapia da
Unidade de Medicina Comportamental da Unifesp, esses jogos são específicos
para treinar e melhorar a atenção e o raciocínio. Enquanto joga, o paciente fica
conectado por meio de um eletrodo fixado em seu couro cabeludo. A médica
explica que, de um modo geral, o cérebro pulsa rapidamente quando executa
atividades mais exigentes, como fazer cálculos mentais, ou quando precisa de
muita concentração. “O terapeuta define os parâmetros de cada sessão (se
mais ou menos difícil), dependendo do nível do usuário e da finalidade do seu
treino”, diz a especialista.
LIBERADOS PARA MAIORES
Instituto estuda benefícios dos jogos para os maiores de 60 anos
Quem pensa que esse assunto não é coisa séria, deve prestar atenção no
seguinte número: 13 milhões de dólares. Essa foi a quantia destinada a um
estudo da Universidade do Texas para avaliar os benefícios dos games para o
pessoal da terceira idade. Chamado Senéludens — associação entre os termos
“ idade avançada” e “ lucidez” —, o projeto tem o objetivo de avaliar os
processos de envelhecimento, mapeando-os e, a partir disso, desenvolver
jogos que vão estimular a memória, mantendo habilidades do cérebro que
tendem ao declínio conforme a idade avança. As pesquisas, envolvendo
neurocientistas, engenheiros e especialistas em multimídia, entre outros, estão
sendo coordenadas pelo professor Mihai Nadin, de 69 anos, que costuma
destacar o caráter social desse estudo, uma vez que integra o idoso à
sociedade por meio da tecnologia.
Vantagem tecnológica
Na verdade, os jogos que têm o objetivo de
estimular as funções cognitivas cerebrais não são
novidade. Bons exemplos disso são os de memória,
forca, cartas, palavras cruzadas e xadrez — que
são estratégicos por excelência. “Como o jogador
precisa antecipar o movimento de seu adversário,
tem que elaborar suas jogadas mentalmente”,
explica Roger Tavares, professor de pós-graduação
em games do Senac. A vantagem dos videogames
sobre essas brincadeiras é que, conforme as fases
vão passando, a dificuldade aumenta. Para quem
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não sabe, os games têm etapas que variam de um jogo mais fácil para o mais
difícil. Esse desafio constante estimula o “bom funcionamento” dos neurônios,
fortalecendo as conexões (a comunicação) entre eles.
Não é difícil entender. Os neurônios são células que estão ligadas umas às
outras, sendo responsáveis por conduzir o impulso nervoso. Se não forem
estimuladas, podem morrer, comprometendo a transmissão de informações
para outros neurônios, músculos ou glândulas. “A idéia é usar para não
perder”, explica a médica Cacilda Amorim.
É verdade que nem todo problema de memória é decorrente do
envelhecimento ou de perda dessas células. Segundo a médica, fazer muitas
coisas ao mesmo tempo, excesso de trabalho e estresse crônico prejudicam a
atenção e, conseqüentemente, os processos de formação e recuperação da
memória. É justamente aí que os games podem ajudar, à medida que relaxam,
ao mesmo tempo que estimulam a superação individual.
De olho nesse filão, a indústria está encurtando a distância entre as clínicas
que estudam esse tipo de jogo e a sala de estar das casas. Um exemplo? O
Nintendo Wii, considerado o game do momento com seu console diferenciado
(lembra um controle remoto), é muito mais fácil de ser usado. “Ele possui
sensores que, até então, foram pouco explorados pela indústria desses jogos”,
diz David Lemes.
Ao contrário do que acontece em outros países, no Brasil, boa parte dos idosos
não está familiarizada com a tecnologia e tem até certa aversão a novidades.
Por conta disso, a chegada do Nintendo Wii vai representar um grande avanço
na tentativa de aproximá-los da tecnologia.
Brincadeira não tem idade
“Nasci em uma época em que se jogava cartas e gamão na porta de casa”,
comenta o comerciante paulistano Francisco Paulo, de 68 anos. “Como não
quero parar de trabalhar, estou me acostumando com o computador. Mas não
sei se conseguiria jogar videogame”, afirma. Já Beto Andrade, 55 anos, pensa
diferente. Vice-presidente de uma multinacional, afirma que recorre aos games
pelo menos uma vez por semana. Ele não tinha conhecimento dos benefícios
dos jogos eletrônicos. “No começo, era uma maneira de me aproximar do meu
filho. Hoje, jogo quando tenho uma folga. O melhor de tudo é que vou poder
brincar com os netos daqui a algum tempo”, conta. Para Roger Tavares,
professor do Senac, essa versão da Nintendo é ideal para o pessoal da terceira
idade porque, além de permitir até quatro jogadores, dispõe de jogos como o
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Maestro, para reger uma orquestra, e o Wii Sports, ideal para simular jogos de
tênis e boliche, por exemplo.
O uso moderado estimula o cérebro e não vicia
Por conta desse e de outros apelos, virou mania nos Estados Unidos e até uma
casa de repouso organiza um campeonato de boliche entre seus moradores,
que competem com seus aparelhinhos. O neuropsicólogo Paulo Cunha, doutor
em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP, só alerta para o tempo
dedicado a esses jogos: em excesso, não importa a idade, vira vício.
GIRO PELO MERCADO
Entre as opções abaixo, escolha a que melhor se adapta ao seu gosto, sem prejudicar
o bolso:
1. Brain Age – criado em 2003 pelo neurocientista Ryuta
Kawashima, é portátil e possui exercícios de memorização,
desenhos e aritmética, além de manter o registro do seu
desempenho. Na versão moderna – Brain age: train your
brain in minutes a day (em português, treine seu cérebro
alguns minutos por dia), a proposta é determinar a idade
mental da pessoa. Por R$ 800 (o aparelho e o jogo)
2. The Sims – jogo de computador em que o objetivo é
montar uma família e administrar a casa. De R$ 100 a 130 (a
versão mais moderna).
3. Mini Brain Trainer – o aparelho de bolso possui exercícios
e quebra-cabeças para treinar a atenção e o raciocínio.
Custa R$ 40.
4. Nintendo Wii – a versão Wii Sports reúne modalidades
como tênis, boxe, boliche, baseball e golfe. Por R$ 2000.
5. Sudoku – jogo de raciocínio e lógica, em que o jogador
precisa elaborar seqüências de números em um grande
quadro.
É
possível
jogá-lo
em
sites
como
http://sudoku.mundopt.com.
http://revistavivasaude.uol.com.br/Edicoes/52/artigo57488-1.asp?o=r
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