VANESSA ORLANDI CORRENTE RUSSA E EXERCÍCIO RESISTIDO NO MÚSCULO GLÚTEO MÁXIMO Tubarão, 2005 VANESSA ORLANDI CORRENTE RUSSA E EXERCÍCIO RESISTIDO NO MÚSCULO GLÚTEO MÁXIMO Este trabalho de conclusão de curso foi apresentado ao curso de Fisioterapia como requisito à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina Orientador Prof. Ralph Fernando Rosas Tubarão, 2005 VANESSA ORLANDI CORRENTE RUSSA E EXERCÍCIO RESISTIDO NO MÚSCULO GLÚTEO MÁXIMO Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado à obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina Tubarão, 27 de junho de 2005. Prof. Esp. Ralph Fernando Rosas Universidade do Sul de Santa Catarina Prof. MSc. Paulo César Silva Madeira Universidade do Sul de Santa Catarina Prof. Esp. Daniel Adriano Mafra Universidade do Sul de Santa Catarina RESUMO O padrão atual de estética destaca a mulher numa imagem atraente, com boa aparência física e integridade social. Sendo a fisioterapia dermato-funcional a área de atuação do fisioterapeuta voltado para o tratamento das patologias estéticas. Para tanto, a corrente russa, ao lado da cinesioterapia, tem sido um dos recursos mais amplamente utilizados nos tratamentos estéticos de flacidez muscular, por produzir fortalecimento e hipertrofia muscular, por proporcionar melhores resultados em pouco tempo e ainda sem grande esforço físico. Este trabalho teve por objetivo analisar a efetividade da associação da corrente russa e do exercício resistido no músculo glúteo máximo. Classificado como sendo uma pesquisa experimental, do tipo delineamento fatorial, constituída por três grupos (compostos por seis voluntárias em cada, com idade entre 17 e 24 anos). Os grupos ficaram dispostos como grupo A, onde foi realizada a associação da corrente russa e do exercício resistido; grupo B, somente corrente russa; e, grupo C, somente exercício resistido. Cada paciente realizou 12 sessões, sendo a primeira e a última dedicada à avaliação e reavaliação e dez sessões para a aplicação dos tratamentos, realizados três vezes por semana, com duração média de trinta minutos cada sessão. Foram analisadas a força muscular, a perimetria do quadril, o percentual de gordura da região glútea e a satisfação das pacientes após a realização dos tratamentos. Para análise estatística, utilizou-se o teste não-paramétrico de Wilcoxon para amostras dependentes, onde foram comparados os dados no pré e pós-teste em cada grupo e o teste não-paramétrico de Wilcoxon para amostras independentes, onde foram comparados os resultados das variações obtidas no pré e pós-teste entre os grupos. Os resultados mostraram-se favoráveis ao uso da corrente russa associada e isolada na melhora da força muscular e da perimetria do quadril. Enquanto que para o percentual de gordura da região glútea, a corrente russa isolada e o exercício resistido mostraram resultados melhores em relação à corrente russa associada. Com esses resultados, 72% das participantes mostraram-se satisfeitas com os resultados finais dos tratamentos realizados. Palavras-chave: corrente russa, exercício resistido, músculo glúteo máximo. ABSTRACT Nowadays the aesthetics pattern highlights the women in an attractive image, with a good appearance and social integrity. Being the dermato-functional physiotherapy the area where the physiotherapist who takes care of the aesthetic pathologies works. For that, the Russian current, beside the cinesiotherapy, has been one of the more thoroughly used resource in aesthetic treatments for muscular flabbiness because it produces strengthening and muscular hypertrophy, and it provides better results in less time and without great physical effort. The purpose of this essay is to analyze the effectiveness of the association of the Russian Current and the resisted exercise on the maximum gluteus muscle. Classified as being an experimental research, of the factorial outlining type, formed by three groups (composed by six volunteers each, aged between 17 and 24 years). The groups were separated in group A, where the association between the Russian current and the resisted exercise was made; group B, only the Russian current; and group C, only the resisted exercise. Each patient carried out 12 sessions, the first and the last dedicated to the evaluation and re-evaluation and 10 sessions to the applications of the treatments, carried out three times a week, with the duration of thirty minutes each session. The muscular force, the hip perimeter, the gluteus area percentage of fat and the patient’s satisfaction after the treatment were analyzed. For the statistical analysis, a non-parametrical test of Wilcoxon was used for dependent samples, where the data of pre and post-test in each group was compared and the non-parametric test of Wilcoxon for independent samples, where the result variations obtained in the pre and post-test among the group were compared. The results were favorable to the use of associated or isolated Russian current in the improvement of the muscular force and the perimeter of the hip. The fat percentage of the gluteus area fat, the isolated Russian current and the resisted effort showed better results towards the associated Russian current. With these results, 72% of the participants were satisfied with the final results of the treatments. Key-words: Russian current, resisted exercise, muscle maximum gluteus. DEDICATÓRIA À minha avó materna, minha mãe, minha irmã e meu pai (In Memorian) que são à base da fundamentação do meu ser. E aos meus padrinhos Pedro e Idina, Geraldo e Silvia que acreditaram no meu potencial e me proporcionaram esta herança: o estudo. AGRADECIMENTOS A Deus, que mesmo muitas vezes deixado em segundo plano, sempre me deu confiança, alento e fé para enfrentar os momentos difíceis. A minha família, minha avó Sônia, mãe Lisete, irmã Joyse, meu cunhado Léo, que mesmo através de muitas dificuldades, conseguiram lutar junto comigo para esta conquista. E as minhas primas Roberta e a Manu por ajudarem quebrando os meus “galhos”, e a minha cachorrinha Lili pela companhia nas madrugadas. Ao meu tio Maneca pelas caronas. E com certeza agradeço ao meu pai, que mesmo ausente fisicamente, colocou oportunidades e pessoas certas no meu caminho e na hora certa, zelando pela minha felicidade mesmo distante. As minhas amigas Kay, Bárbara, Rúbia, Sheilla por essa trajetória, principalmente neste último ano e por me ouvirem sempre, sendo maravilhosamente amigas. Em especial à Juliana, pela sua grande amizade sincera, pelos almoços e estadias em sua casa em épocas de provas e também a seus pais e irmão pelo apoio e carinho demonstrados. E a Madelon, pelo seu jeito parecido comigo, pelas conversas e aconselhamentos intermináveis e pelas baladas divertidas. A minha digitadora e principalmente uma super amiga, Cida, por tanta dedicação, afeto, pelos consolos e conselhos inteligentes, por repassar um pouco da sua enorme experiência profissional, estando sempre disposta em qualquer dia e horário para me atender. Também a Aurane, que com certeza tem grande parte na minha formação acadêmica, pelas ajudas prestadas, pelas conversas prazerosas e que também nunca negou seu ombro amigo. As minhas pacientes que aceitaram fazer parte desta pesquisa e assim construímos uma amizade. Ao Cláucio e aos estagiários da Clínica de Fisioterapia da UNISUL, em especial a Jenifer, Isabela, Rafaela, Débora pela dedicação e pela ajuda na interminável coleta de dados. Ao professor Ralph, que desde o projeto dedicou-se à realização deste estudo, demonstrando atenção e dedicação. E principalmente pela amizade construída nestes quatro anos, nos quais aprendemos a ser compreensivos, pacientes e dar boas risadas. Também à professora Karina que idealizou o tema e o projeto deste trabalho. Ao professor Paulo Madeira, que com muita paciência e empenho contribuiu bastante para a análise dos dados, aceitando juntamente com o professor Daniel fazer parte da banca de avaliação. E a todos que não foram citados, mas que fizeram parte da correria do meu dia-adia, contribuindo direta ou indiretamente para a realização deste. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Resultados da força muscular (medida única) no pré e pós-teste dos grupos A e B, em Kg......................................................................................................................52 Tabela 2 – Resultados da força muscular (medida única) no pré e pós-teste do grupo C, em Kg............................................................................................................................52 Tabela 3 – Resultados das variações da força muscular (medida única) entre os grupos A e B e grupos A e C, em Kg...............................................................................................53 Tabela 4 – Resultados das 3 medidas da perimetria do quadril no pré e pós-teste do grupo A, em cm......................................................................................................................53 Tabela 5 – Resultados das 3 medidas da perimetria do quadril no pré e pós-teste do grupo B, em cm......................................................................................................................54 Tabela 6 – Resultados das 3 medidas da perimetria do quadril no pré e pós-teste do Grupo C, em cm......................................................................................................................55 Tabela 7 – Resultados das variações obtidas no pré e pós-teste das 3 medidas da perimetria do quadril entre os grupos A e B, em cm.....................................................................55 Tabela 8 – Resultados das variações no pré e pós-teste das 3 medidas da perimetria do quadril entre os grupos A e C, em cm.................................................................................56 Tabela 9 – Resultados da dobra cutânea no pré e pós-teste do grupo A, em mm.....................56 Tabela 10 – Resultados da dobra cutânea no pré e pós-teste do grupo B, em mm...................57 Tabela 11 – Resultados da dobra cutânea no pré e pós-teste do grupo C, em mm...................57 Tabela 12 – Resultados das variações obtidas no pré e pós-teste das dobras cutâneas no glúteo direito e glúteo esquerdo, entre os grupos A e B, em mm....................................58 Tabela 13 – Resultados das variações obtidas no pré e pós-teste das dobras cutâneas medidas no glúteo direito e no glúteo esquerdo, entre os grupos A e C, em mm...............58 Tabela 14 – Resultados do nível de satisfação das pacientes após a realização dos tratamento.............................................................................................................59 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................13 2 MÚSCULO ESQUELÉTICO...........................................................................................17 2.1 Estrutura e função............................................................................................................17 2.1.1 Músculo glúteo máximo.................................................................................................20 2.2 Flacidez muscular.............................................................................................................22 2.3 Eletroestimulação neuromuscular..................................................................................24 2.3.1 Unidades motoras tônicas e fásicas................................................................................25 2.3.2 Aspectos fisiológicos......................................................................................................26 2.3.3 Aspectos eletrofisiológicos.............................................................................................28 2.3.3.1 Aumento da força muscular.........................................................................................28 2.3.3.2 Efeitos no metabolismo muscular e no fluxo sangüíneo.............................................29 2.3.3.3 Fadiga muscular...........................................................................................................29 2.3.3.4 Mudança na estrutura das fibras musculares...............................................................30 2.3.4 Corrente russa.................................................................................................................32 2.3.4.1 Definição......................................................................................................................32 2.3.4.2 Efeitos da corrente russa..............................................................................................32 2.3.4.3 Indicações e contra-indicações....................................................................................33 2.3.4.4 Parâmetros e aplicação da corrente russa....................................................................34 2.3.4.5 Modo de aplicação da corrente....................................................................................35 2.4 O exercício resistido.........................................................................................................36 2.4.1 Conceito..........................................................................................................................36 2.4.2 Metabolismo energético..................................................................................................37 2.4.3 Princípios de treinamento...............................................................................................38 2.4.3.1 Princípio de sobrecarga................................................................................................38 2.4.3.2 Especificidade do treinamento com pesos...................................................................39 2.4.3.3 Reversibilidade............................................................................................................39 2.4.4 Treinamento de força através do método de uma repetição máxima – 1-RM................40 2.4.5 Adaptações ao treinamento de força...............................................................................42 3 DELINEAMENTO DA PESQUISA.................................................................................44 3.1 Tipo de pesquisa...............................................................................................................44 3.2 População e amostra.........................................................................................................45 3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados................................................................46 3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados.................................................................47 4 ANÁLISE DOS DADOS....................................................................................................51 5 DISCUSSÃO DOS DADOS...............................................................................................60 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................66 REFERÊNCIAS………………………………………………………………………....…..68 APÊNDICES............................................................................................................................73 APÊNDICE A – Lista para seleção da amostra.......................................................................74 APÊNDICE B – Ficha de avaliação fisioterapêutica para flacidez muscular..........................76 ANEXOS..................................................................................................................................79 ANEXO A – Escala de opinião................................................................................................80 ANEXO B – Termo de consentimento.....................................................................................82 13 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento da fisioterapia dermato-funcional vem de encontro ao novo conceito de beleza do século XX (MEYER; MEDEIROS; OLIVEIRA, 2003), em que as mulheres começaram a se preocupar com aspecto estético e com sua imagem de mulher feminina e atraente. Esta área de atuação da fisioterapia atua desde a prevenção ou tratamento das deformidades posturais até o tratamento das patologias estéticas, ou seja, proporciona uma completa atuação do fisioterapeuta em relação à saúde. A flacidez muscular é uma das patologias em fisioterapia estética, sendo a inatividade física (perda do tônus ou força muscular), desequilíbrio alimentar (devido às dietas) e o envelhecimento fisiológico, as disfunções que favorecem ou resultam nesta patologia. Como o músculo glúteo máximo é o maior músculo do corpo humano em tamanho (66cm2 de secção), de acordo com Kapandji (2000), e tem um papel importante na manutenção da postura ereta, pode sofrer alterações no seu tônus muscular caso ocorra alguma das disfunções citadas acima. Uma alteração nessa musculatura interfere na imagem corporal da mulher, afetando sua auto-estima. No entanto, as abordagens terapêuticas utilizadas na fisioterapia dermatofuncional são os mesmos recursos utilizados na fisioterapia em geral. Sendo as correntes de eletroestimulação neuromuscular, entre elas, a corrente russa, a que mais se destaca entre as 14 terapias que envolvem a flacidez muscular. A corrente russa, utilizada nesta pesquisa, é uma corrente de média freqüência (2.500 Hz), que produz variações eletrofisiológicas no tecido e na força muscular segundo a intensidade e duração do pulso. É indicada para o fortalecimento muscular e mudança na função do tecido muscular, e vem sendo utilizada como um importante recurso para coadjuvar os tratamentos estéticos, principalmente na flacidez muscular (EVANGELISTA et al, 2003a). E também os programas de fortalecimento muscular são procedimentos importantes e muito utilizados na clínica fisioterápica. No qual observa-se que os exercícios resistidos começaram a ter um papel importante na vida cotidiana das pessoas, com diversos objetivos, desde prevenir doenças, desenvolver esportes competitivos ou de lazer, como de manter um corpo esteticamente bonito. A aplicação da corrente russa tem sido, ao lado do da cinesioterapia, um dos recursos mais amplamente utilizado na clínica fisioterapêutica para se produzir fortalecimento e hipertrofia muscular, no tratamento da flacidez muscular. Diante deste contexto: Em que medida, a utilização da corrente russa associada ao exercício resistido, pode aumentar a força muscular e melhorar o aspecto estético do músculo glúteo máximo? As mulheres começaram a analisar suas imagens corporais, tentando enquadrar-se nos padrões de beleza devido à cobrança da sociedade atual em destacar a mulher numa imagem atraente, com boa aparência física e integridade social. Por isso a fisioterapia cada vez mais amplia seu campo de atuação profissional, aonde a fisioterapia dermato-funcional vem em relação à necessidade de estudos mais apurados na área da estética, buscando não apenas restaurar ou melhorar a aparência, mas também em restaurar e melhorar a função. A corrente russa está conquistando um espaço cada vez maior, pois consegue-se ativar 30 a 40% a mais das unidades motoras com a corrente elétrica de média freqüência do que nos exercícios comuns e nos tratamentos convencionais (HOOGLAND, 1988 apud 15 EVANGELISTA et al 2003b), buscando melhores resultados em tempo reduzido e ainda sem grande esforço físico. E ainda, pode ser utilizada na complementação aos programas de atividade física. O exercício resistido é um tipo de cinesioterapia, ou seja, são exercícios ativos que são realizados contra uma resistência, geralmente mecânica aplicada por aparelhos que variam a carga e por pesos. É realizado para restabelecer as funções normais do músculo, para manter o tônus e evitar hipotrofia muscular, além de produzir hipertrofia muscular. Sendo muito importante para a melhora do rendimento de um determinado esporte e do fator estético. No entanto, a corrente russa pode auxiliar ou melhorar o tratamento estético, onde várias técnicas como a plástica, a gordura localizada e a flacidez muscular, começaram a receber um tratamento mais eficaz e em curto prazo, com a eletroestimulação do que apenas com exercícios isolados. Além de servir como um excelente método alternativo nas preparações físicas para o desporto. Por estes motivos e também pela necessidade de aprofundamento científico na fisioterapia dermato-funcional, esta pesquisa associou dois recursos terapêuticos, a corrente russa e o exercício resistido, utilizados no tratamento da flacidez muscular do músculo glúteo máximo, a fim de justificar e comparar as abordagens terapêuticas utilizadas nesta patologia estética. O presente trabalho tem com objetivo geral analisar a efetividade da associação da corrente russa e do exercício resistido sobre a performance muscular e o aspecto estético do músculo glúteo máximo e como objetivos específicos avaliar o aumento da força muscular do músculo glúteo máximo; verificar a perimetria do quadril; verificar o percentual de gordura da região glútea, nos diferentes tratamentos e verificar a satisfação das pacientes após a realização do tratamento. Neste trabalho descreve-se uma pesquisa experimental, do tipo fatorial, aplicandose três grupos de pacientes, buscando estabelecer uma situação onde, a eficácia da aplicação 16 da corrente russa e do exercício resistido sejam associados para desenvolver um melhor tratamento para a flacidez do músculo glúteo máximo. O referente trabalho será descrito em seis capítulos, sendo este o 1º capítulo, o 2° capítulo trata de uma revisão de literatura sobre os temas abordados para a realização deste trabalho, o 3º capítulo relata a metodologia científica aplicada, o 4º capítulo analisa estatisticamente os dados, o 5º capítulo discute os resultados encontrados na pesquisa e o último capítulo são as considerações finais do trabalho. 17 2 MÚSCULO ESQUELÉTICO 2.1 Estrutura e função Conforme Powers e Howley (2000, p. 129), o corpo humano contém mais de quatrocentos músculos esqueléticos voluntários, os quais representam 40 – 50% do peso corporal total. O músculo esquelético tem três funções principais: (1) produção de força para a locomoção e respiração; (2) produção de força para a sustentação postural; e (3) produção de calor durante a exposição ao frio. De acordo com os mesmos autores, as fibras musculares individuais são compostas por centenas de filamentos protéicos denominados miofibrilas. As miofibrilas contêm dois tipos principais de proteína contrátil: (1) actina (parte dos filamentos finos); e (2) miosina (principal componente dos filamentos espessos). A teoria do deslizamento dos filamentos de Huxley é uma explicação de como as fibras musculares são ativadas para produzir força. O músculo ativado pode produzir força durante um encurtamento (ação concêntrica), sem alteração no seu comprimento (ação isométrica), ou durante um estiramento (ação excêntrica) (FLECK; KRAEMER, 1999). O processo de contração muscular pode ser explicado, conforme Foss e Ketcyian (2000), quando os sarcômeros de um músculo se contraem, em comparação com o estado de 18 repouso: a zona H desaparece, pois os filamentos de actina deslizam por sobre os filamentos de miosina, na direção do centro do sarcômero; a faixa I se encurta, pois os filamentos de actina presos às linhas Z de ambos os lados do sarcômero são pressionados na direção do centro; o comprimento da faixa A não se modifica; e nem os filamentos de miosina, nem os de actina modificam seu comprimento, graças à mecânica do deslizamento ou da interdigitação. O músculo contém fibras tanto motoras (eferentes) quanto sensoriais (aferentes). O ponto onde o nervo motor (axônio) termina sobre uma fibra muscular é conhecido como função neuromuscular ou placa motora terminal (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000). De acordo com os autores supra citados, para uma fibra muscular exercer força, um impulso do nervo motor que a inerva deve resultar na propagação de uma ação potencial ao longo do sarcolema. Chegando à placa motora essa ação potencial libera a acetilcolina. A acetilcolina é o neurotransmissor que estimula a fibra muscular à despolarização, sendo este o sinal para o início do processo contrátil. Frontera, Dawson e Slovik (2001), afirmam que o músculo esquelético compreende diferentes tipos de fibras que variam estrutural, histoquímica e metabolicamente. Há duas categorias principais. As fibras do tipo I (lenta oxidativa) e fibras do tipo II (rápida glicolítica). As fibras do tipo I são as mais adequadas para contrações sustentadas ou repetidas que requerem tensão relativamente baixa, tais como: caminhar, ficar de pé e muitas atividades da vida diária. A produção de energia nas fibras tipo I é através da fosforilação oxidativa. E ainda conforme os mesmo autores, as fibras tipo II são subdivididas em tipos IIb e IIa. As fibras tipo IIb (rápida glicolítica) são usadas para atividades que requerem desenvolvimento rápido, de alta tensão, como o levantamento de peso. As fontes de energia para essas fibras são primariamente anaeróbias, a partir da glicólise. E as fibras IIa intermediárias (rápida oxidativa glicolítica) são mais facilmente fatigadas que as do tipo I e 19 utilizam fontes de energia aeróbias e anaeróbias. Para Fleck e Kraemer (1999), as fibras musculares numa unidade motora variam em tamanho e em características metabólicas. As fibras musculares de uma unidade motora, no entanto, são mais semelhantes entre si do que em relação às de outras unidades motoras na mesma região do músculo. A ordem na qual as unidades motoras são recrutadas na maioria das vezes é relativamente constante. Durante a maioria dos movimentos, parece ocorrer uma ordem hierárquica por tamanho de recrutamento da unidade motora, correspondendo a uma progressão do tipo I para o tipo IIa e para o tipo IIb. Isso significa que, durante exercícios leves, a maior parte das fibras do tipo I será recrutadas; durante exercícios moderados, comparecem tanto o tipo I quanto o tipo II; e durante exercícios mais pesados, todos os tipos de fibra contribuem para a produção de energia (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000). “O fator que determina o recrutamento de unidades motoras de alto ou baixo limiar é a quantidade total de força necessária para o desempenho da ação muscular.” (FLECK; KRAEMER, 1999, p. 67). Estudos escritos demonstram vários fatores interessantes sobre as porcentagens de fibras musculares rápidas e lentas encontradas nos humanos. Primeiro não existem diferenças aparentes segundo a idade ou o sexo na distribuição de fibras. Segundo, o ser humano sedentário médio possui cerca de 47 – 53% de fibras lentas. Terceiro, comumente, acredita-se que os atletas de potência possuem grande porcentagem de fibras rápidas, enquanto os de endurance geralmente apresentam grande porcentagem de fibras lentas. (POWERS; HOWLEY, 2000, p. 139). Conforme Longo e Fuirini Júnior (2000), em fisioterapia hoje, é comum se falar da musculatura tônica e fásica. Neste contexto seria melhor falar de unidades motoras tônicas e fásicas. As unidades motoras tônicas são as primeiras a se tornarem ativas durante o movimento, estas fibras tem uma particularidade, importante na atividade do ser humano, elas são ativadas nas atividades posturais e nos movimentos lentos ou moderados. De acordo com os mesmos autores supra citados, as unidades motoras fásicas somente se tornam ativas quando uma força adicional é requerida, ou seja, são ativadas 20 durante a atividade de explosão. Este tipo de fibras são responsáveis pela agilidade do ser humano, como também são citadas como as fibras responsáveis pela manutenção do tônus muscular. Este é o motivo pelo qual, as pessoas quando envelhecem, tornam, mais lentos e o tônus vai diminuindo gradativamente. 2.1.1 Músculo glúteo máximo Os músculos extremamente bem desenvolvidos ao redor da articulação do quadril são os glúteos, em especial o glúteo máximo. É o músculo maior, mais pesado e de fibras mais densas na região glútea. O glúteo máximo cobre os outros músculos glúteos, exceto o terço posterior do glúteo médio, e forma um coxim sobre o túber isquiático. Situa-se entre a parte posterior da crista ilíaca superiormente, o canal anal medialmente e o sulco glúteo inferiormente (FIELD, 2001; MOORE; DALLEY, 2001) De acordo com Moore e Dalley (2001, p. 486) O músculo glúteo máximo inclina-se ínfero-lateralmente em um ângulo de 45º da pelve para a nádega. As fibras da parte superior e mais larga do músculo glúteo máximo e fibras superficiais da parte inferior inserem-se no trato iliotibial. Algumas fibras profundas da parte inferior do músculo fixam-se à tuberosidade glútea do fêmur. O nervo e os vasos glúteos inferiores entram na face profunda do músculo glúteo máximo no seu centro. Ele é suprido por ambas as artérias glúteas inferior e superior. Na parte superior de seu trajeto, o nervo isquiático passa profundamente ao músculo glúteo máximo. Kapandji (2000) afirma ainda que o mais importante músculo extensor do quadril é o glúteo máximo; é o músculo mais potente do corpo (34 kg para um comprimento de 15 cm), também é o de maior tamanho (66cm2 de secção) e, naturalmente, o mais forte (238 kg). A sua ação está complementada pelos feixes mais posteriores dos glúteos médio e mínimo. 21 Marques (2000) complementa citando suas ações musculares: x extensão e rotação externa do quadril. As fibras inferiores auxiliam a adução do quadril e as fibras superiores auxiliam a abdução através de sua inserção no trato iliotibial, ajuda na estabilização do joelho em extensão pelo trato iliotibial da fáscia lata; x se o ílio está fixo, puxa o fêmur para trás (extensão do quadril) em rotação lateral e discreta adução; x se o fêmur está fixo e atuando bilateralmente, realiza a retroversão da pelve; se atuar de um lado só, leva o ílio à retroversão, rotação medial e inclinação lateral. Os extensores do quadril têm uma função essencial na estabilização da pelve no sentido antero-posterior. Durante a marcha normal, os ísquio-tibiais realizam a extensão e o glúteo máximo não intervém. Não acontece o mesmo ao correr, saltar ou caminhar num plano ascendente, quando o glúteo máximo é indispensável e tem um papel principal. (KAPANDJI, 2000, p. 52). Continua o mesmo autor que, nos esforços de extensão sobre a pelve muito basculada o glúteo máximo se contrai energeticamente (conforme figura 1), assim como os ísquios-tibiais, cuja eficácia aumenta se o joelho estiver em extensão (posição de pé, tronco inclinado para frente, mãos tocando os pés) Figura 1 – G (glúteo máximo em contração); C (centro de gravidade) e IT (ísquio-tibiais) Fonte: Kapandji (2000, p. 53) 22 Um encurtamento desta musculatura leva a uma deformidade em extensão e rotação externa do quadril levando à retroversão (MARQUES, 2000). Para os autores Foss e Ketcyian (2000), Longo e Fuirini Júnior (2000) e Field (2001), o músculo glúteo máximo é composto de fibras musculares (tônicas) do tipo I, numa porcentagem de 41,2% – 71,5%, pois este é importante na manutenção da postura ereta. No entanto, a composição dos tipos de fibras varia dentro de regiões diferentes do mesmo músculo, entre músculos diferentes dentro da mesma pessoa e, certamente entre os mesmos músculos de pessoas diferentes. 2.2 Flacidez muscular Para Meyer, Medeiros e Oliveira (2003) o desenvolvimento da Fisioterapia dermato-funcional veio de encontro do novo conceito de beleza do século XX, em que principalmente as mulheres começaram a analisar suas imagens corporais e lutar contra aqueles excessos gordurosos que resistiam às dietas, ginásticas, assim como começaram a se preocupar com os distúrbios estéticos associados a patologias estéticas como a flacidez muscular. Conforme E. Guirro e R. Guirro (2004, p. 338): “A definição da flacidez estética é tema de discussão, uma vez que a flacidez da pele e a hipotonia muscular são considerados por alguns como uma entidade única ao passo que para outros são independentes.” Os mesmos autores supra citados afirmam que é preciso ficar claro para o fisioterapeuta que a sua intervenção só será possível no caso de hipotonia muscular ou flacidez muscular, pois no caso de flacidez de pele somente a cirurgia plástica resolverá o problema. Por isso, é necessário que fique diferenciado os conceitos de flacidez da pele e de 23 flacidez muscular. Para tanto, O’Sullivan e Schmitz (1993, p. 161) afirmam que “[...] hipotonia, ou flacidez, é o termo usado para a definição da queda ou ausência do tônus muscular (postural).” A resistência ao movimento passivo está diminuída, os reflexos de estiramento estão deprimidos e os membros são facilmente deslocados (frouxos) com a freqüente hiperextensibilidade das articulações. Os movimentos estão geralmente prejudicados pela fraqueza (paresia) ou paralisia. E. Guirro e R. Guirro (2004) afirma que pode classificar a flacidez estética não como uma patologia distinta, mas sim como uma “seqüela” de vários episódios ocorridos como, por exemplo: inatividade física, emagrecimento demasiado, etc. A flacidez da pele, ainda conforme E. Guirro e R. Guirro (2004) é devido o comportamento viscoelástico, que quando seu limite elástico da mesma é ultrapassado por algum motivo, como por exemplo, um indivíduo magro que se torna obeso em um curto período de tempo e depois emagrece novamente, ao cessar o estímulo, ela não volta ao seu tamanho original. Os fenômenos metabólicos evidentes do envelhecimento parece ser o retardamento da síntese de proteínas, em virtude do qual se estabelece um desequilíbrio entre a formação e a degradação. A pele tende a se tornar delgada em alguns locais, enrugada, seca e ocasionalmente escamosa, o que também caracteriza a flacidez da pele (GUIRRO, E; GUIRRO, R., 2004). A flacidez muscular pode ocorrer com o envelhecimento fisiológico que, segundo Powers e Howley (2000), o envelhecimento está relacionado a uma perda da massa muscular. O declínio da massa relacionado à idade parece ter suas fases. Uma fase “lenta” de perda muscular, em que 10% da massa é perdida entre os 25 e os 50 anos de idade. Em seguida, ocorre uma perda rápida de massa muscular. Na verdade entre os 50 e 80 anos de idade, ocorre uma perda adicional de 40% de massa muscular. Portanto, em torno dos 80 anos de 24 idade, metade da massa muscular total foi perdida. Além disso, o envelhecimento acarreta a perda de fibras rápidas e o aumento de fibras lentas. A perda de tamanho e força muscular observada nos adultos mais velhos e inativos não é restrito à população mais idosa (POWERS; HOWLEY, 2000). Conforme Powers e Howley (2000) e E. Guirro e R. Guirro (2004), o músculo esquelético é um tecido altamente plástico que responde tanto ao uso quanto ao desuso. Embora ocorra uma perda de massa muscular nas pessoas mais velhas, essa redução do tamanho muscular não se deve somente ao processo de envelhecimento, mas, freqüentemente, à atrofia associada à atividade física limitada dos indivíduos mais idosos, tudo isso envolve a hipotonia muscular, caracterizando a flacidez muscular. Embora os exercícios regulares não possam eliminar completamente a perda muscular relacionada à idade, pode aumentar a endurance e a força muscular nos idosos de maneira similar à observada nos indivíduos jovens. Além dos exercícios físicos, outro recurso utilizado para o aumento da massa muscular é a eletroestimulação neuromuscular, através da corrente russa que vem ampliando seus estudos em relação à fisioterapia dermato-funcional, mostrando resultados favoráveis no tratamento da flacidez muscular (EVANGELISTA et al, 2003a). 2.3 Eletroestimulação neuromuscular De acordo com Longo e Fuirini Júnior (2000), estimulação elétrica neuromuscular (NMES) para a ativação de músculos estruturais é uma técnica terapêutica que tem sido utilizada em medicina por mais de meio século. 25 Em 1976 nos Jogos Olímpicos de Montreal, os atletas soviéticos foram observados fazendo uso de NMES em conjunto com exercícios voluntários como uma técnica de treinamento para fortalecimento. Em 1977, o pesquisados russo Kots, que desenvolvera a técnica de estimulação, relatou que NMES poderia produzir ganhos de força muscular em atletas de elite que eram de 30 a 40% maiores que aqueles obtidos apenas através de exercícios. Estes ganhos de força dramáticos foram alcançados pela execução de contrações musculares de 10 a 30% maiores que aquelas alcançadas com contração muscular voluntária máxima. Pesquisadores ocidentais rapidamente reconheceram o potencial de tal técnica e logo iniciaram estudos destinados à verificar os relatos de Kots. (LONGO; FUIRINI JÚNIOR, 2000, p. 4). Starkey (2001) relata ainda, que embora os protocolos experimentais de Kots não fossem documentados e seus resultados nunca puderam ser reproduzidos no ocidente, seus relatos contribuíram para que os pesquisadores do mundo todo reconhecessem o potencial dessa técnica e ampliassem os estudos em relação à estimulação elétrica e o fortalecimento muscular. Os estudos desenvolvidos a partir de então parece dar suporte a afirmação de que a estimulação elétrica neuromuscular pode fortalecer músculos normalmente inervados, tanto em sujeitos sadios, quando naqueles que sofrem de vários tipos de distúrbios onde estejam presentes fraqueza e atrofia muscular. Conforme Nelson, Hayes e Currier (2003) A utilidade da NMES para aumentar a resistência (ou endurance) da performance muscular, isto é, a capacidade do sistema neuromuscular de produzir força por um período prolongado de tempo, é pouco documentada. O aumento seletivo da performance de resistência das fibras musculares de contração rápida pode ser uma alternativa. 2.3.1 Unidades motoras tônicas e fásicas Segundo Johnson (apud LONGO; FUIRINI JÚNIOR, 2000), as fibras musculares são mistas, podem ter predomínio de fibras tônicas, quando o músculo tem um trabalho mais 26 relacionado à postura e movimentos rotineiros e pode ter um predomínio de fibras fásicas, quando este músculo desempenha atividades relacionadas à destreza, ou alta velocidade de realização. As unidades motoras tônicas são ativadas nas atividades posturais e nos movimentos lentos ou moderados, enquanto as fibras fásicas são responsáveis pela manutenção do tônus muscular. As diferenças das propriedades das unidades motoras tônicas e fásicas estão demonstradas no quadro 1. UNIDADES MOTORAS TÔNICAS UNIDADES MOTORAS FÁSICAS Fibras musculares vermelhas. Fibras musculares brancas. Filogeneticamente mais velhas. Filogeneticamente mais novas. Melhor capilarização. Menos capilarização. Inervada pelos neurônios . Inervadas pelos neurôniRV. Freqüência titânica de 20 – 30 Hz. Freqüência titânica de 50 – 150 Hz. Fadiga lenta. Fadiga rápida. Estática. Dinâmica Quadro 1 – Propriedades das unidades tônicas e fásicas Fonte: Longo e Fuirini Júnior (2000, p. 06). 2.3.2 Aspectos fisiológicos Os neurônios motores demonstram propriedades que são funcionais em relação às fibras musculares as quais eles inervam. O neurônio .é menor que o neurônio .$Oém do mais, neurônios geralmente seguem o chamado princípio de tamanho (HENNEMAN apud LONGO; FUIRINI JÚNIOR, 2000), os menores neurônios são ativados antes dos maiores. Uma das razões para isto é que o potencial transmembrâneo dos neurônios menores é aproximadamente -70mV, enquanto que para os neurônios maiores é -90mV. Na musculatura, isto significa que as fibras musculares tônicas são ativadas antes das fibras de musculatura 27 fásicas. Já que, ao mesmo tempo, a freqüência de fusão tetânica desta unidade motora é baixa e a exaustividade é baixa (veja Quadro 1), a musculatura pode se adaptar fácil e rapidamente a condições alteradas. Nesta conexão as unidades motoras são conhecidas como posturais (LONGO; FUIRINI JÚNIOR, 2000). Conforme Porcari et al (2002), a vantagem proposta de utilizar a estimulação elétrica neuromuscular é que a ordem de recrutamento é invertida em relação ao exercício voluntário. Durante a atividade voluntária, o sistema nervoso central ativa primeiro os menores neurônios motores . TXH é relacionado ao tipo de fibra muscular inervada pelo neurônio motor. Fibras musculares oxidativas lentas (fibras tipo I) são recrutadas tipicamente primeiro, considerando que as fibras glicolíticas rápidas (fibras tipo IIb) são mais difíceis de recrutar durante a atividade voluntária. A ordem de recrutamento da fibra muscular é invertida quando o músculo é ativado por estimulação elétrica, sendo os nervos motores de grande diâmetro recrutados primeiro e em seguida os de pequeno diâmetro. Para Nelson, Hayes e Currier (2003), a estimulação elétrica aplicada através da superfície da pele sobre uma parte do sistema neuromuscular intacto pode evocar um potencial de ação no músculo ou fibra nervosa que é idêntico àqueles potenciais de ação gerados fisiologicamente. No entanto, a ordem de recrutamento voluntário das unidades motoras é diferente daquele eliciada eletricamente, desse modo, o tipo e o número de unidades motoras ativas e a fatigabilidade da contração muscular evocada eletricamente serão diferentes das contrações musculares voluntárias. 28 2.3.3 Aspectos eletrofisiológicos 2.3.3.1 Aumento da força muscular Muitas pesquisas foram realizadas, buscando conhecer o efeito de correntes elétricas nas fibras musculares. Os estudos se concentram em duas hipóteses principais: aumento da força muscular e mudança no tecido muscular (EVANGELISTA et al, 2003A). Sobre o aumento da força muscular, Starkey (1999) relata que a estimulação elétrica neuro-muscular (EENM) estimula os nervos motores de grande diâmetro do tipo IIb a se contraírem antes das fibras do tipo I, é fácil concluir que o vigor da contração aumenta, considerando-se que as fibras do tipo IIb são capazes de produzir mais força. Quanto ao aumento de massa muscular com a prática de EENM, Robinson e Snyder-Mackler (2001), afirmam que possuem pouquíssimas informações, mas é marcante o aumento da força em indivíduos diferentes, em estudos selecionados. Separando alguns destes estudos, a média de ganho de força devido a EENM aparenta ser em torno de 20% em aproximadamente um mês. Sob condições normais, o músculo pode ativar de 30% a 60% de suas unidades motoras dependendo da extensão do treinamento, cita Hoogland (1988 apud EVANGELISTA et al, 2003b) que confirmou a importância da EENM no ganho de força quando definiu alguns benefícios extras: – consegue-se ativar 30% a 40% mais das unidades motoras com corrente elétrica de média freqüência que nos exercícios comuns e os tratamentos convencionais. Pois com a estimulação elétrica ocorre a modulação do nervo motor alfa e não despolarização do neurônio, como no movimento ativo, tendo assim, características de despolarização 29 artificial tornando possível ativar todas as unidades motoras simultaneamente; – aumento da força em curto prazo. 2.3.3.2 Efeitos no metabolismo muscular e no fluxo sangüíneo Para Andrews, Harrelson e Wilk (2000) a estimulação elétrica terá o mesmo efeito que a contração muscular normal voluntária para causar um aumento temporário no metabolismo muscular. Haverá conseqüências associadas de aumento na combustão de oxigênio e dióxido de carbono, ácido láctico e outros produtos metabólicos, bem como aumento de temperatura e de fluxo sangüíneo local. Vários estudos demonstraram um aumento no fluxo sangüíneo, por exemplo, Currier et al (1986 apud LONGO; FUIRINI JÚNIOR, 2000) que quantificou um aumento de 20% da circulação sangüínea após um (01) minuto do início da aplicação da corrente elétrica e perdurou em torno de 5 minutos após seu término. 2.3.3.3 Fadiga muscular Segundo os autores Evangelista et al (2003a) e Longo e Fuirini Júnior. (2000) a fadiga muscular como conseqüência de contrações voluntárias é bem conhecido, mas é um fenômeno complexo e não completamente compreendido. Inicialmente ela é devido à extinção do glicogênio muscular e da glicose sangüínea disponível com outras limitações bioquímicas. No final a taxa da utilização de oxigênio é importante. 30 Alguns autores (SELKOWITZ, 1985; KARLSSON et al, 1970; apud EVANGELISTA et al, 2003a), colocam como importante prática clínica à observação do tempo de repouso e tempo de contração devida o grau de duração da fadiga aparentar ser diretamente relacionado com a duração da estimulação elétrica. Brasileiro et al (2002) citam que possivelmente sustentações prolongadas podem levar a fadiga mais facilmente. Desta forma, o tempo de repouso deve ser um tanto quanto mais longo sendo mais comumente usado 10 segundos para a contração e 60 segundos para o repouso. Fadiga a contrações submáximas é controlada pela variação de unidades motoras particulares envolvidas. Contrações prolongadas demonstram um recrutamento maior de unidades motoras para manter a mesma força muscular conforme a fadiga ocorre. Seria desta forma esperado que a estimulação elétrica dos músculos via o nervo motor levaria a uma fadiga muscular relativamente rápida, já que um conjunto fixo de unidades motoras é estimulado com as fibras fásicas de disparo rápido selecionadas preferencialmente (LONGO; FUIRINI JÚNIOR, 2000). A fadiga após o exercício, incluindo o exercício induzido eletricamente, pode ser um estimulo necessário para o fortalecimento muscular, mas se a estimulação de um músculo já fatigado é danoso ou não ainda não se sabe (EVANGELISTA et al, 2003a). A possibilidade de risco devido à estimulação elétrica funcional (FES) também foi considerada por Stokes e Cooper (1989 apud EVANGELISTA et al, 2003a), mas parece não haver nenhuma evidência de qualquer dano funcional ou estrutural devido à estimulação elétrica. 2.3.3.4 Mudança na estrutura das fibras musculares Foi estabelecido, pelos autores Petty, Hoogland, Howard e Swinghedauw (apud 31 EVANGELISTA, 2003b), que a estrutura das fibras musculares mudam após estimulação por um longo período com correntes elétricas. Esta mudança aparenta depender primariamente da freqüência com que o nervo motor é despolarizado pela corrente elétrica. Na maioria dos casos, a velocidade de ativação das células musculares se reduz. A fibra muscular se torna mais vermelha (tônica) e a capilarização aumenta. A célula muscular também se torna mais sensível. A fibra muscular assume então um caráter de fibra tônica. Esta mudança não é sempre desejável, particularmente em músculos que devem ser capazes de trabalhar dinamicamente. E ainda para os mesmo autores supra citados, a mudança na estrutura da fibra muscular é reversível, a mesma se adapta à função conforme o músculo é utilizado funcionalmente. Também foi estabelecido com alguma exatidão que a freqüência de despolarização do nervo motor é um dos fatores determinantes no desenvolvimento desta. Isto pode levar a conclusão que a freqüência de despolarização da fibra muscular é o fator determinante para as suas propriedades (EVANGELISTA et al, 2003b). A conservação da mudança na estrutura da fibra muscular é principalmente determinada pelo uso funcional do músculo, relata Swinghedauw (1986 apud LONGO; FUIRINI JÚNIOR, 2000). Se a função não se adequa a estrutura, então esta se adapta rapidamente. Isto se aplica particularmente para as fibras musculares brancas “fásicas.” Com estimulação elétrica pode-se influenciar a estrutura da mesma conforme se deseje com a variação da freqüência da estimulação elétrica. Aqui, a estimulação elétrica difere da terapia de exercício. 32 2.3.4 Corrente russa 2.3.4.1 Definição Segundo Braga, Darini e Mendes (2004), é um recurso bioelétrico que promove contrações musculares isométricas podendo se mostrar eficaz em disfunções de fibras musculares. “A corrente russa é caracterizada por apresentar um sinal senoidal de freqüência igual a 2.500Hz modulada por uma freqüência de batimento de 50Hz com Duty Cycle de 50%.” (GUIRRO, 2000, p. 48). Para Low e Reed (2001) a corrente russa é senoidal, mas chama-se de quadrática porque possui pulsos quadrangulares. É uma corrente bifásica, alternada e homogênea. Não tem pólos. 2.3.4.2 Efeitos da corrente russa Low e Reed (2001) relatam que por ser uma corrente de média freqüência, a contração muscular com estimulação elétrica é similar à contração voluntária, porém melhora o trofismo e, de acordo com a corrente, aumenta o volume da massa muscular, além de auxiliar na oxigenação e no intercâmbio metabólico celular. A contração e o relaxamento exercem uma ação de bombeamento sobre os vasos venosos e linfáticos, dentro dos músculos 33 e situados próximos a eles, atinge fibras mais profundas, tem menos resistência e recruta mais fibras musculares, promovendo assim o fortalecimento. Outra característica da corrente russa conforme Rodrigues e Guimarães (1998) é sua capacidade de realizar, de forma verdadeira, uma contração isométrica, isotônica e isocinética trabalhando o músculo em sua capacidade máxima num tempo de terapia reduzido em relação a outros recursos. Sua utilização é fácil, podendo ser trabalhados vários grupos musculares, respeitando as agonistas e antagonistas em contrações alternadas. E de acordo com Evangelista et al (2003b), a eletroestimulação de média freqüência tem a capacidade de recrutar maior número de fibras que a contração voluntária, sendo assim, a eletroestimulação é capaz de produzir resultados mais eficazes que apenas exercícios isolados. 2.3.4.3 Indicações e contra-indicações Conforme Kitchen (2001), é indicada nos casos de: – hipotonia muscular; – fortalecimento e aumento de tônus muscular; – melhora da performance de atletas; – reeducação postural; – estimulação do fluxo sangüíneo e linfático. E, ainda conforme Kitchen (2001) e Guirro (2000), sua contra-indicação está presente em: – incapacidade cardíaca, pacientes com marca-passos, por exemplo; 34 – doença vascular periférica, especialmente quando há a possibilidade de trombos se soltarem; – sobre os seios carotídeos; – indivíduos hipertensos e hipotensos; – áreas de excesso do tecido adiposo em pacientes obesos; – tecido neoplásico; – áreas de tecido com infecção ativa; – pacientes diabéticos ou com neuropatias periféricas; – gestação em qualquer fase; – próteses metálicas no local de aplicação. 2.3.4.4 Parâmetros e aplicação da corrente russa Os parâmetros, de acordo com Fuirini Júnior (2003), para a utilização da corrente russa são: 1. tipo de fibra a ser estimulada e modulação de corrente: Fibras tônicas – 20 a 30 Hz Fibras fásicas – 50 a 120 Hz. 2. ciclo útil da corrente: 20% - atrofia severa ou flacidez severa 35% - atrofia moderada ou flacidez relativamente importante 50% - no final da recuperação de atrofia e para recuperação de tônus muscular 3. tempo de contração e repouso: x o tempo de contração se assemelha com a quantidade de peso que damos a um 35 exercício resistido, quanto maior o tempo, maior a resposta com relação ao volume e tônus; x este tempo de contração deve ser aplicado de forma crescente, respeitando a condição metabólica do músculo, evitando um gasto energético excessivo (acidose tecidual); x devemos sempre perseguir este tempo em todas as aplicações e sempre tender e evoluir, até um limite fisiológico. 4. tempo total de estímulo: x o tempo total do estímulo, depende diretamente do número de contrações por minutos, pois se multiplicamos este número de contração por minutos pelo tempo total de estímulo, teremos o número total de contrações; x este número deve ser avaliado de acordo com as condições físicas do paciente, para que não se ultrapasse sua condição metabólica, não entrando em fase anaeróbica. Quando o músculo apresentar fibras tônicas e fásicas, ou seja, misto, coloca-se 5 minutos para cada fibra. 5. controle de intensidade: a intensidade de corrente está, diretamente, relacionada a maior ou menor contração muscular. Sendo um dado variável, que depende da sensibilidade cutânea do paciente e da sensação da contração muscular. 2.3.4.5 Modo de aplicação da corrente A aplicação da corrente é realizada com a colocação dos eletrodos no ventre muscular. Guirro (2000) cita que a aplicação muscular é empregada quando a finalidade é fortalecer a musculatura, melhorar a circulação e relaxar a musculatura. Os eletrodos são constituídos de um material flexível (borracha ou silicone- 36 carbono) que apresenta a menor incidência de irritação da pele. Os eletrodos fazem contato com a pele através de uma substância gel; os eletrodos devem ser trocados aproximadamente a cada seis meses, porque podem ocorrer alterações na propagação de impulso (RODRIGUES; GUIMARÃES, 1998). Também se deve realizar a limpeza prévia da região a ser aplicada, com álcool e algodão, para a fixação dos eletrodos e menor resistência da pele. De acordo com Starkey (2001), o tamanho do eletrodo dependerá do tamanho do músculo a ser estimulado e da intensidade da contração a ser promovida. Eletrodos pequenos podem ser utilizados na localização da estimulação a pequenos músculos, ou podem ser empregados na aplicação de um estímulo sobre um nervo que inerva um músculo. Eletrodos maiores são necessários para a estimulação de músculos maiores e grupos musculares. A corrente russa apresenta várias vantagens em relação a corrente de baixa freqüência. Uma dessas vantagens está relacionada a resistência (impedância) do corpo oferece à condução da corrente elétrica. Como a impedância do corpo humano é capacitiva e, em sistemas capacitivos quanto maior a freqüência menor será a resistência presente. Com isso, podemos concluir que uma corrente com média freqüência diminui sensivelmente o desconforto da corrente que o paciente está sendo submetido (GUIRRO, 2000). 2.4 O exercício resistido 2.4.1 Conceito Um aspecto de nomenclatura em fisiologia do exercício que tem gerado alguma confusão é a atual designação dos exercícios em que as contrações musculares ocorrem contra 37 alguma forma de resistência, geralmente pesos. Mais recentemente, surgiu em inglês a denominação resistance training ou resistive training, cujo significado é treinamento de força, realizado contra resistências. A tradução mais adequada é treinamento resistido (SANTAREM, 1999). Os exercícios resistidos são exercícios em que as contrações musculares são realizadas contra resistências, geralmente utiliza-se à resistência mecânica, a qual é aplicada por aparelhos que variam a carga, por meio da graduação de pesos e do ângulo imposto ao movimento, afirma E. Guirro e R. Guirro (2004). Assim, os exercícios resistidos seriam o meio mais utilizado para se aplicar à musculação e a principal capacidade motora treinada seria a força (GUEDES, 2005). “Força muscular é a quantidade máxima de força que um músculo ou grupo muscular pode gerar em um padrão específico de movimento em uma determinada velocidade de movimento.” (FLECK; KRAEMER, 1999, p. 20). Santarém (apud GHORAYEB; BARROS, 1999) afirma que os exercícios resistidos geralmente são “isotônicos”, ou seja, apresentam alternância de contrações concêntricas e excêntricas. 2.4.2 Metabolismo energético Para Santarém (1999), o metabolismo energético dos exercícios resistidos é em grande parte anaeróbio. A falta de oxigênio disponível nos músculos por ocasião do início de esforços intensos é o principal determinante do metabolismo anaeróbio dos exercícios com pesos. Além disto, a contração de várias fibras musculares ao mesmo tempo leva a interrupção parcial do fluxo sangüíneo ao músculo, dificultando o metabolismo aeróbio. No 38 entanto, no treinamento com pesos, os intervalos para descanso ocorrem após alguns movimentos consecutivos, sendo razoável a participação aeróbia. 2.4.3 Princípios de treinamento Os programas de fortalecimento efetivos são baseados na sobrecarga, na especificidade e na reversibilidade (ENOKA, 1994, apud FRONTERA; DAWSON; SLOVIK, 2001). 2.4.3.1 Princípio de sobrecarga O princípio fisiológico de que depende o desenvolvimento da força e da endurance é conhecido como princípio de sobrecarga. Esse princípio preceitua simplesmente que a força, o endurance e a hipertrofia de um músculo somente aumentarão quando o músculo é exercitado por um determinado período de tempo em sua capacidade quase máxima de força e de endurance, contra cargas de trabalho que estejam acima daquelas encontradas normalmente. (FOSS; KETCYIAN, 2000). 39 2.4.3.2 Especificidade do treinamento com pesos Os efeitos do treinamento são específicos ao modo de estresse de exercício importo no músculo em exercício (FRONTERA; DAWSON; SLOVIK, 2001). Os programas de treinamento devem ser relevantes para as demandas do evento para o qual o indivíduo está sendo treinado. Essas demandas incluem o sistema energético predominante implicado e os padrões de movimento e os grupos musculares específicos implicados (FOSS; KETCYIAN, 2000). Para Fleck e Kraemer (1999), o treinamento de força é usado mais comumente para provocar adaptações nas fontes de energia anaeróbicas. E é constituído por exercícios com resistência progressiva que incluem os grupos musculares e que estimulam os padrões de movimento utilizados mais freqüentemente durante a execução de determinada tarefa. 2.4.3.3 Reversibilidade Os benefícios do treinamento não são constante, a menos que os músculos permaneçam suficientemente desafiados pelo uso contínuo dos ganhos de força. As mudanças iniciais que ocorrem com o destreinamento são recrutamento muscular diminuído, seguido por atrofia da fibra muscular (ENOKA, 1994 apud FRONTERA; DAWSON; SLOVIK, 2001). 40 2.4.4 Treinamento de força através do método de uma repetição máxima – 1-RM A crescente demanda pelo treinamento contra resistência (musculação) tem incentivado a procura de parâmetros bem estabelecidos para a prescrição dos exercícios (PEREIRA; GOMES, 2003). Para isso, realiza-se testes de força, aonde os métodos por testar força ficaram crescentemente mais sofisticados, sendo o melhor método para avaliá-la o teste de uma repetição máxima, ou 1-RM, isso se refere ao peso máximo, ou carga, levantado de uma só vez (DOHONEY et al, 2002; ABADIE; WENTWORTH, 2000). Pereira e Gomes (2003) relatam que operacionalmente o teste de uma repetição máxima (1-RM – também designada uma execução máxima) é definido como a maior carga que pode ser movida por uma amplitude específica de movimento uma única vez e com execução correta. Para testar 1-RM de determinado grupo muscular, é escolhido um peso inicial apropriado próximo, porém abaixo da capacidade máxima de levantamento do indivíduo. Se foi completada uma repetição, acrescenta-se mais peso ao dispositivo do exercício, até ser alcançada a capacidade máxima de levantamento. Dependendo do grupo muscular avaliado, os aumentos de peso variam habitualmente entre 1 e 5kg (McARDLE; KATCH, F.; KATCH, V., 1998). Bittencourt (1986 apud MARINS; GIANNICHI, 2003), acrescenta que o Teste de Carga Máxima (TCM) ou 1-RM, ainda permite um acompanhamento da evolução muscular e pode ser aplicado de duas formas, uma crescente e a outra decrescente. Na forma crescente o procedimento do teste consiste em se adicionar um peso gradativo até que o testando não consiga realizar nenhum movimento. E pela forma decrescente, inicia-se com uma carga máxima, que não permite ao testando executar o movimento; a seguir diminui-se, 41 gradativamente, a carga até um determinado ponto, quando será possível a execução do exercício. Delorme e Watkins, em 1948, enunciaram o método de 1-RM como um dos primeiros programas de exercícios para desenvolvimento máximo de força. Em seu programa, estes utilizaram 10 repetições máximas (10-RM), isto é, a carga máxima que podia ser levantada 10 vezes. Para cada grupo muscular a ser treinado, o programa de exercícios consistia em um total de 30 repetições por sessão de treinamento, divididas em três séries de 10 repetições (FOSS; KETCYIAN; 2000). A seleção do número de repetições deve ser de acordo com os objetivos do avaliador. Bittencourt (1986 apud MARINS; GIANNICHI, 2003), apresente uma proposta de repetições adequadas de acordo com o objetivo, diferenciando ainda em movimentos para diversas partes corporais (quadro 2). Velocidade de execução % do peso máximo Força pura Lenta Força dinâmica Força explosiva Qualidades físicas R.M.I. Repetições 90-100 M. superiores/ dorso e peitoral 1a4 M. inferiores/ abdômen 1a6 Média 70-85 6 a 13 10 a 20 Máxima 50-70 8 a 15 8 a 15 Média 35-50 acima de 25 acima de 30 Quadro 2 – Indicações para desenvolvimento das qualidades físicas na musculação Fonte: Bittencourt (1986, apud MARINS; GIANNICHI, 2003). Outros pesquisadores têm reforçado a conclusão de que não há uma combinação única de séries e de repetições capaz de produzir em todas as pessoas aumentos ótimos de força (PEREIRA; GOMES, 2003). Não se obteve nenhuma diferença significativa em aumentos de 1-RM entre um treinamento com três séries de seis repetições de 6 RM e duas séries de nove repetições de 9 RM (HENDERSON, 1970 apud FLECK; KRAEMER, 1999), um treinamento com cinco 42 séries de três repetições de 3 RM, quatro séries de cinco repetições de 5 RM ou três séries de sete repetições de 7 RM (WITHERS, 1970 apud FLECK; KRAEMER, 1999), ou um treinamento com três séries de duas a três repetições, cinco a seis repetições ou nove a dez repetições com a mesma RM respectiva (OSHEA, 1966 apud FLECK; KRAEMER, 1999). Em um estudo recente realizado na Universidade do Estado de Mississippi, com o propósito de determinar se pudesse ser predita 1-RM através de 4 – 6 RM da força submáxima com maior precisão que de 7 – 10 RM da força submáxima comumente usada. A pesquisa foi realizada com 34 homens adultos, jovens saudáveis, foi avaliada a força dos músculos bíceps e tríceps braquial e músculos isquiotibiais. E os resultados constataram que a predição de 4 – 6 RM da forma submáxima, parece ser o teste mais válido e preciso comparado a 7 – 10 RM da força submáxima (DOHONEY et al, 2002). Enfim, os testes de força têm sua aplicação principal na investigação científica, em casos em que é necessário o conhecimento dos níveis de força dos sujeitos nas situações pré e pós-treinamento e na própria prescrição do treinamento do protocolo de pesquisa (PEREIRA; GOMES, 2003). 2.4.5 Adaptações ao treinamento de força Conforme Santarém (1999) todas as qualidades de aptidão física são estimuladas pelos exercícios resistidos: força, potência, resistência, flexibilidade e coordenação. A hipertrofia muscular representa uma resposta normal ao treinamento físico, sendo caracterizada por um aumento no tamanho das fibras musculares individualmente. Esta resposta também pode envolver um aumento no número de fibras musculares, sendo este último fenômeno rotulado como hiperplasia (POLLOCK; WILMORE, 1993). Goldberg et al 43 (apud POLLOCK; WILMORE, 1993) concluíram que a hipertrofia é resultante tanto de um aumento da síntese protéica, quanto de uma redução no carboidrato de proteínas. Para Santarém (apud GHORAYEB; BARROS, 1999, p. 38): “O principal mecanismo da hipertrofia é a multiplicação das miofibrilas protéicas com capacidade contrátil, que ocorre como adaptação à sobrecarga tensional nos músculos em atividade.” A contração habitual dos músculos com sobrecarga tensional também produz ao longo do tempo o aprimoramento da coordenação neuromuscular, no sentido do recrutamento de unidades motoras para ação simultânea. A hipertrofia e a melhor coordenação resultam em aumento da força muscular (SANTAREM, 1999). Os exercícios com pesos forçam os limites das amplitudes das articulações, o que em conjunto com a proliferação do tecido conjuntivo explica os efeitos estimulantes desses exercícios sobre a flexibilidade (SANTAREM apud GHORAYEB; BARROS, 1999) Ao atingir a puberdade, a composição corporal entre os sexos começa a se diferenciar significativamente. Isso se dá em grande parte por causa das mudanças endócrinas, relata Guedes (2005). Para Fleck e Kraemer (1999) as alterações na composição corporal são um objetivo de alguns programas de treinamento de força para mulheres, assim como para homens. Aumentos na massa corporal magra e diminuições no percentual de gordura a partir de programas curtos de treinamento de força (de 8 a 20 semanas) são da mesma magnitude em homens e mulheres. 44 3 DELINEAMENTO DA PESQUISA Este capítulo tem por finalidade descrever o delineamento da pesquisa que, segundo Gil (1994), refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, ou seja, neste momento, o investigador indica o tipo de pesquisa utilizado para descrever a investigação, define a população e amostra, estabelece os instrumentos e procedimentos utilizados para a coleta de dados e os procedimentos para análise e interpretação dos dados. 3.1 Tipo de pesquisa A pesquisa realizada caracteriza-se como sendo experimental, que de acordo com Köche (1997), na pesquisa experimental, o investigador analisa o problema, constrói suas hipóteses e trabalha manipulando os possíveis fatores, as variáveis, que se referem ao fenômeno observado, para avaliar como se dão suas relações preditas pelas hipóteses. Esta pesquisa segue o plano clássico do experimento, sendo definida como: grupo controle e grupo experimental comparados “antes” e “depois”. E conforme Gil (2002) é possível, no entanto, introduzir mais de uma variável independente no experimento. Quando isso ocorre, tem-se um plano do tipo fatorial. Este 45 consiste basicamente, em utilizar duas, ou três, ou mais variáveis independentes, simultaneamente, para estudar seus efeitos conjuntos ou separados em uma variável dependente. Com isso torna-se possível testar hipóteses mais complexas e elaborar teorias mais abrangentes. 3.2 População e amostra A população desta pesquisa é caracterizada por acadêmicas do curso de Fisioterapia da UNISUL – Campus Tubarão - SC, devidamente matriculadas nos anos de 2004B e 2005A. Utilizou-se uma amostra configurada por conveniência, composta por 18 participantes, que assinaram uma lista para seleção da amostra (apêndice A), distribuída nas salas de aula. As participantes deveriam apresentar as características definidas pelos critérios de inclusão, que são: – gênero feminino; – idade entre 17 e 24 anos; – altura entre 1,60 e 1,70m; – índice de massa corporal (IMC) dentro dos padrões normais, que de acordo com Jáequier (1987 apud MARINS; GIANNICHI, 2003) o valor de IMC desejável para uma mulher adulta está compreendido entre 20 à 24,9kg/m2; – vida sedentária; Esta amostra, ainda, encontra-se de acordo com critérios de exclusão: – praticar algum tipo de exercício físico, durante o tratamento; – iniciar, durante o período de tratamento, dieta alimentar; 46 – assim como, fazer uso de fármacos e/ou outras terapias alternativas (exceto anticoncepcionais); – ter realizado tratamentos anteriores para flacidez muscular de glúteos; – não comparecer a qualquer sessão, incluindo a avaliação, a reavaliação e a qualquer sessão para aplicação do tratamento. A amostra foi composta por três grupos, cada grupo contendo seis participantes dispostas de acordo com a ordem de chamada da lista para a seleção da amostra, sendo o primeiro grupo, o grupo experimental 1 (realizou-se a aplicação da corrente russa associada ao exercício resistido), o segundo; o grupo experimental 2 (realizou-se somente a aplicação da corrente russa) e o terceiro grupo; o grupo experimental 3 (realizou-se somente o exercício resistido ). 3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram: – ficha de avaliação – para armazenar dados subjetivos e objetivos sobre as participantes (apêndice B); – balança digital da marca Filiola® – para registrar o peso (kg) e a altura (cm); – máquina para glúteos, marca MS® (Metalúrgica Souza) – Instrumento utilizado para avaliar a força muscular do músculo glúteo; – fita métrica de uso doméstico – utilizada para realização da perimetria da região do quadril; – plicômetro – (compasso de dobras cutâneas) da marca Sanny®. Segundo McArdle, F. Katch e V. Katch (1998) é o instrumento utilizado para medir a gordura subcutânea em 47 locais selecionados do corpo, no caso, na área glútea; – corrente russa – aparelho de eletroestimulação neuromuscular: Masterline- Interferencial Microcontrolado® fabricado pela KW Indústria de Tecnologia Eletrônica Ltda; – eletrodos – quatro eletrodos de silicone com área de 5 cm2, fabricado pela KLD Biosistemas Ltda, conectados ao cabo de transmissão do aparelho de corrente russa e fazem contato com a pele através de uma substância gel que são agentes de ligação sem sal, condutor de eletricidade, projetados para minimizar a resistência da pele ao eletrodo; – caneleiras (kg) marca Prace Products® – utilizadas para a realização do exercício resistido de extensão de quadril em decúbito ventral (DV); – escala de opinião, segundo Oenning (2002) – aplicado à amostra, com o objetivo de avaliar o nível de satisfação sobre o tratamento (anexo A); – Termo de consentimento (anexo B). 3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados Para a coleta de dados foi realizado um estudo piloto, a fim de estabelecer qual a melhor maneira de se realizar as medidas pretendidas na avaliação da força muscular, perimetria do quadril e mensuração de dobras cutâneas do músculo glúteo máximo. Além de serem testadas as posições dos eletrodos na musculatura em questão, e a posição ideal da paciente para a aplicação dos tratamentos, corrente russa e exercício resistido. A coleta de dados foi realizada na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL, campus Tubarão, no período de setembro e novembro de 2004 e abril de 2005. Depois de selecionada a amostra, foram repassadas orientações sobre a pesquisa e os procedimentos 48 realizados às participantes, e aplicado o termo de consentimento (anexo B). A coleta seguiu o seguinte protocolo: a avaliação, realizada na 1º sessão; 10 sessões para aplicação do tratamento, realizadas três vezes por semana; e de uma reavaliação realizada na última sessão. A avaliação foi realizada através de uma ficha de avaliação fisioterapêutica para flacidez muscular (apêndice B), que constava de dados de identificação, anamnese e exame físico. No exame físico foram avaliados: – força muscular (em kg): avaliada através do Teste de carga máxima – TCM, de forma decrescente, conforme Marins e Giannichi (2003). Os mesmos autores citam que no emprego do TCM pela forma decrescente, inicia-se com uma carga máxima, que não permite ao testando executar o movimento; a seguir diminui-se, gradativamente, a carga até um determinado ponto, quando será possível a execução do exercício. Movimento testado foi de extensão do quadril e a força muscular foi expressa em 1 RM; – perimetria do quadril (em cm): de acordo com E. Guirro e R. Guirro (2004), são feitas 3 medidas com a fita métrica, tendo como pontos de referência (adaptados para a pesquisa): as espinhas ilíacas póstero-superior (EIPS), linha do trocânter maior do fêmur e na prega glútea; – dobra cutânea (mm): é medida através do plicômetro, que é um instrumento utilizado para medir a distância entre dois pontos. O procedimento para medir a espessura das pregas cutâneas consiste em pinçar fortemente, com o polegar e o indicador, uma prega de pele e gordura subcutânea, afastando-a do tecido muscular subjacente. Isto é registrado em milímetros, dentro de 2 segundos após aplicar toda a força do plicômetro (McARDLE, KATCH, F.; KATCH, V, 1998). A localização anatômica da área glútea foi uma prega oblíqua medida na linha lateral, tendo um ponto médio entre EIPS (espinha ilíaca póstero superior) e a prega glútea; 49 A reavaliação, realizada na última sessão, constituiu-se dos mesmos procedimentos realizados no exame físico da avaliação, sendo aplicado ainda, a escala de opinião (anexo A). O período de tratamento foi de 12 sessões, sendo que no primeiro e no último dia foram realizadas a avaliação e a reavaliação. Para a aplicação da corrente russa e do exercício resistido foram destinadas 10 sessões, realizadas três vezes por semana, interrompidas pelos sábados, domingos e alguns feriados, sendo que o modo de aplicação do tratamento foi seguido por um mesmo protocolo realizado com todas as participantes, diferenciado entre grupos que assim ficaram dispostos: – Grupo A – grupo experimental 1 – formado por seis participantes. Foi realizada a aplicação da corrente russa e durante o tempo ON (tempo de contração da corrente) foi realizado o exercício resistido com caneleiras de 50 % do valor obtido no teste de 1RM, composto de duas séries de 10 repetições, tendo cada sessão duração de 30 minutos; – Grupo B – grupo experimental 2 - formado por seis participantes.Utilizou-se somente a aplicação da corrente russa, tendo cada sessão duração de 30 minutos; – Grupo C – grupo experimental 3 - formado por seis participantes. Utilizou-se somente o exercício resistido com caneleiras de 50% do valor obtido no teste de 1RM, composto de duas séries de 10 repetições, tendo cada sessão duração de 10 minutos. . O tempo de duração de cada sessão foi dividido assim: 10 minutos para o preparo da paciente, colocação e retirada dos eletrodos, e 20 minutos para a aplicação da corrente russa, isto para os grupos A e B. Para o grupo C eram necessários somente 10 minutos para a realização das duas séries de 10 repetições do exercício resistido. Para aplicação da corrente russa, a paciente era posicionada numa maca, em decúbito ventral, onde se realizava a limpeza da região glútea com álcool e algodão para a colocação dos eletrodos. Os eletrodos foram dispostos de forma bilateral (dois eletrodos conectados em cada cabo de transmissão do aparelho – Masterline), sendo posicionados sobre 50 o ventre muscular do músculo glúteo máximo. Os parâmetros da corrente russa foram: – freqüência portadora de 2500 Hz; – freqüência modulada de 50 Hz; – onda senoidal, com modo de estimulação sincronizado (2 canais simultâneos); – tempo de subida (RISE) e descida (DECAY) da rampa igual a 00 segundos; – tempo ON (tempo de contração da corrente) e tempo OFF (tempo de repouso da corrente) conforme Rosas (2002), estão dispostos no quadro 3. Sessões 1ª 2ª 3ª, 4ª e 5ª 6ª, 7ª e 8ª 9ª e 10ª ON 12” 08” 06” 06” 06” OFF 18” 16” 14” 12” 10” Quadro 3 – Tempo ON e OFF1 – tempo total de estimulação de 20 minutos; – intensidade (mA) confortável e suficiente para proporcionar contração visível. E para a realização do exercício resistido foi seguido o seguinte protocolo: 50% do valor obtido no teste de 1RM; duas séries de 10 repetições, onde as participantes com vestimenta confortável, eram posicionadas numa maca, em decúbito ventral e executavam o movimento de extensão do quadril com os joelhos flexionados a 90º e com as caneleiras colocadas no tornozelo, também realizadas três vezes por semana. 1 Material didático utilizado pelo Prof. Ralph Fernando Rosas, responsável pela disciplina de Recursos Terapêuticos II, ministrada no 3º semestre, 2002b. 51 4 ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo será apresentada a análise dos dados, sendo utilizados para análise estatística, o teste não-paramétrico de Wilcoxon para amostras dependentes, onde foram realizadas as comparações dos pacientes no pré e pós-teste em cada grupo, e o teste nãoparamétrico de Wilcoxon para amostras independentes, onde foram comparados os resultados das variações obtidas no pré e pós-teste entre os grupos. Os grupos ficaram identificados, como já descritos no capítulo anterior, em: grupo A – experimental 1 (corrente russa e exercício resistido); Grupo B – experimental 2 (somente corrente russa); e Grupo C – experimental 3 (somente exercício resistido). Abaixo serão apresentados os resultados da força muscular em medida única, nas tabelas 1 e 2 respectivamente, com a análise obtida através do Teste de Wilcoxon para amostras dependentes, onde poderá ser observada a diferença do pré e pós-teste entre os grupos avaliados. 52 Tabela 1 – Resultados da força muscular (medida única) no pré e pós-teste dos grupos A e B, em Kg Paciente 1................ 2................ 3................ 4................ 5................ 6................ Pré-teste 3 4 5 4 4 4 Grupo A Pós-teste 5 6 6 6 5 6 Variação 2 2 1 2 1 2 Pré-teste 5 4 3 5 4 5 Grupo B Pós-teste 7 5 6 7 6 6 Variação 2 1 3 2 2 1 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. 5HDOL]DGRR7HVWHGH:LOFR[RQSDUDDPRVWUDVGHSHQGHQWHVFRP. REWHYHse a aceitação da hipótese alternativa, significando que houve diferença estatística entre o pré e o pós-teste dos pacientes no grupo A e B. Tabela 2 – Resultados da força muscular (medida única) no pré e pós-teste do grupo C, em Kg. Paciente 1................................. 2................................. 3................................. 4................................. 5................................. 6................................. Pré-teste 4 5 4 5 4 4 Grupo C Pós-teste 5 6 4 6 4 4 Variação 1 1 0 1 0 0 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. Quando analisada a força muscular no Grupo C, conforme tabela 2, não foi possível a análise estatística através do teste de Wilcoxon para amostras dependentes. Pois quando ocorrem muitas repetições o valor de n (número de elementos da amostra), para efeito de utilização do teste fica reduzido, ou seja, ao invés do n = 6 temos n = 3, pois diminuímos 1 unidade de n para cada diferença = 0. Como vão 3 diferenças = 0, temos n = 6 – 3 = 3. Então, para n = 3 não se pode consultar a tabela de valores críticos da distribuição T de Wilcoxon para obter o T (tabelado) que faz parte do Teste. Em Callegari-Jaques (2003) 53 até um n = 4 é possível realizar o teste. Para Triola (1999), somente a partir de n = 5 é possível obter o valor de T (tabelado). Tabela 3 – Resultados das variações da força muscular (medida única) entre os grupos A e B e grupos A e C, em Kg. Paciente 1......................... 2......................... 3......................... 4......................... 5......................... 6......................... Grupo A 2 2 1 2 1 2 e Grupo B 2 1 3 2 2 1 Grupo A 2 2 1 2 1 2 e Grupo C 1 1 0 1 0 0 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. Para os resultados das variações obtidas no pré e pós-teste da força muscular, entre os grupos A e B e os Grupos A e C ilustrados na tabela 3, utilizou-se o Teste de Wilcoxon para amostras iQGHSHQGHQWHVFRP. REWHQGR-se a aceitação da hipótese nula em ambos os grupos, o que significa que não existiu diferença estatística nas variações entre os grupos. Os resultados do grupo A e B, referentes ao pré e pós-teste da perimetria do quadril, realizada em 3 medidas: a primeira nas espinhas ilíacas antero-superior (EIAS); a segunda na linha do trocânter maior e a terceira medida na prega glútea, estão ilustrados nas tabelas 4 e 5, respectivamente. Tabela 4 – Resultados das 3 medidas da perimetria do quadril no pré e pós-teste do grupo A, em cm. Paciente 1................ 2................ 3................ 4................ 5................ 6................ 1ª Medida Pré-teste Pós-teste 82 82 90 88 81 80,5 86 86 89 89 85,5 85 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. 2ª Medida Pré-teste Pós-teste 95 95,5 98,5 99 98 98,5 95 95,5 99 101,5 95 96 3ª Medida Pré-teste Pós-teste 95,5 94,5 99,5 98,5 98 97,5 96 94 101,5 100,5 94 93,5 54 Tabela 5 – Resultados das 3 medidas da perimetria do quadril no pré e pós-teste do grupo B, em cm. Paciente 1................ 2................ 3................ 4................ 5................ 6................ 1ª Medida Pré-teste Pós-teste 77 77 86 86 83 83 83,5 83 81 82 82,5 82,5 2ª Medida Pré-teste Pós-teste 95,5 97,5 101,5 102 94,5 95 91,5 92 94 95,5 97,5 98 3ª Medida Pré-teste Pós-teste 97 96 100,5 99,5 92,5 93 87,5 88 95 96,5 95,5 95 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. Para a análise estatística da primeira medida (EIAS) da perimetria do quadril nos dois grupos, não foi possível a realização do Teste de Wilcoxon para amostras dependentes, devido há muitas repetições dos valores no pré e pós-teste, como já explicado anteriormente na análise estatística da força muscular no grupo C. Já para a análise estatística da segunda medida (linha do trocânter maior do fêmur) foi possível realizar o Teste de Wilcoxon para amostras dependentes, com . QRV GRLV grupos, obtendo-se a aceitação da hipótese alternativa, chegando à conclusão que existe diferença estatística entre o pré e pós-teste da população na perimetria do quadril nos dois grupos. Quando analisada a terceira medida (prega glútea) utilizando-se também o mesmo WHVWHSDUDDPRVWUDVGHSHQGHQWHVFRP. QRVGRLVJUXSRVDFHLWD-se novamente a hipótese alternativa para ambos os grupos. Para a análise estatística dos resultados das três medidas da perimetria do quadril do grupo C, expressos na tabela 6, abaixo, não foi possível realizar o Teste de Wilcoxon para amostra dependentes, devido ao grande número de repetições das medidas no pré e pós-teste. Em razão disto, o tamanho da amostra fica reduzido de n = 6 para n = 3, não sendo possível consultar a tabela para se obter o T (tabelado), conforme os autores Callegari-Jacques (2003) e Triola (1999). 55 Tabela 6 – Resultados das 3 medidas da perimetria do quadril no pré e pós-teste do Grupo C, em cm. Pacientes 1................ 2................ 3................ 4................ 5................ 6................ 1ª Medida Pré-teste Pós-teste 81 82 83 83 83 83 86 86 90,5 90 86 86 GRUPO C 2ª Medida Pré-teste Pós-teste 96 96 98 98 94 95 101 100 107 106,5 93 93 3ª Medida Pré-teste Pós-teste 95 95 95,5 96 93 94 98 98 103,5 103 89,5 89,5 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. Quando realizado o Teste de Wilcoxon para amostras independentesFRP. para os resultados das variações obtidas no pré e pós-teste das três medidas da perimetria do quadril entre os grupos A e B, como mostra a tabela 7, pode-se aceitar a hipótese nula para as três medidas entre os grupos, permitindo-se observar que a intervenção fisioterapêutica não apresentou correlação estatística entre os grupos. Tabela 7 – Resultados das variações obtidas no pré e pós-teste das 3 medidas da perimetria do quadril entre os grupos A e B, em cm. Paciente 1................ 2................ 3................ 4................ 5................ 6................ 1ª Medida Grupo A Grupo B 0 0 2,0 0 0,5 0 0 0,5 0 -1,0 0,5 0 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. 2ª Medida Grupo A Grupo B -0,5 -2,0 -0,5 -0,5 -0,5 -0,5 -0,5 -0,5 -2,5 -1,5 -1,0 -0,5 3ª Medida Grupo A Grupo B 1,0 1,0 1,0 1,0 0,5 -0,5 2,0 -0,5 1,0 -1,5 0,5 0,5 56 Tabela 8 – Resultados das variações no pré e pós-teste das 3 medidas da perimetria do quadril entre os grupos A e C, em cm. Pacientes 1................ 2................ 3................ 4................ 5................ 6................ 1ª Medida Grupo A Grupo C 0 -1,0 2,0 0 0,5 0 0 0 0 0,5 0,5 0 2ª Medida Grupo A Grupo C -0,5 0 -0,5 0 -0,5 -1,0 -0,5 1,0 -2,5 0,5 -1,0 0 3ª Medida Grupo A Grupo C 1,0 0 1,0 -0,5 0,5 -1,0 2,0 0 1,0 0,5 0,5 0 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. E para os resultados das variações obtidas no pré e pós-teste das três medidas da perimetria do quadril entre os grupos A e C, conforme a tabela 8, também realizou-se o mesmo teste para amostras independentes, com . SDUDDVWUês medidas entre os grupos. Para a primeira medida (EIAS) da perimetria do quadril se aceita a hipótese nula. Já para a segunda medida (linha do trocânter maior do fêmur) e para a terceira medida (prega glútea), obteve-se a aceitação da hipótese alternativa. Para a avaliação do percentual de gordura foi medida a dobra cutânea do músculo glúteo máximo, sendo medida no glúteo direito e no glúteo esquerdo. Os resultados dos grupos A, B e C estão ilustrados abaixo nas tabelas 9, 10 e 11, respectivamente. Tabela 9 – Resultados da dobra cutânea no pré e pós-teste do grupo A, em mm. GRUPO A Pacientes 1................ 2................ 3................ 4................ 5................ 6................ Pré-teste 35,7 31 29 38 39 37,7 Glúteo Direito Pós-teste Variação 35 0,7 30,7 0,3 28,7 0,3 36 1,7 37,7 1,3 36,3 1,4 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. Glúteo Esquerdo Pré-teste Pós-teste Variação 35,7 35,7 0 32,7 32 0,7 28,3 27,3 1,0 38,3 37,7 0,6 38,7 37,7 1,0 38,7 37,3 1,4 57 Tabela 10 – Resultados da dobra cutânea no pré e pós-teste do grupo B, em mm. Pacientes 1................ 2................ 3................ 4................ 5................ 6................ GRUPO B Glúteo Direito Glúteo Esquerdo Pré-teste Pós-teste Variação Pré-teste Pós-teste Variação 32 27,3 4,7 31,6 28 3,6 33,3 31,6 1,7 33,3 32 1,3 30 29 1,0 30 29 1,0 30 27,3 2,7 30 28 2,0 32 30,6 1,4 32 30,3 1,7 32,3 30,3 2,0 32,3 30,6 1,7 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. Tabela 11 – Resultados da dobra cutânea no pré e pós-teste do grupo C, em mm. Pacientes 1................ 2................ 3................ 4................ 5................ 6................ GRUPO A Glúteo Direito Glúteo Esquerdo Pré-teste Pós-teste Variação Pré-teste Pós-teste Variação 32,7 29 3,7 32 27,7 4,3 28 26,7 1,3 28,3 27 1,3 29 26 3,0 29,3 26,3 3,0 30,3 28 2,3 30,7 27,3 3,4 24,3 23 1,3 24,3 22,7 1,6 29,7 27 2,7 29,3 27 2,3 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. No grupo A, utilizou-se o Teste de Wilcoxon para amostras dependentesFRP. 5% para o glúteo direito e . SDUDRJOúteo esquerdo, obtendo-se a aceitação da hipótese alternativa para ambos. Para os grupos B e C, também realizou-se o Teste de Wilcoxon para amostras dHSHQGHQWHVFRP. SDUDDPERVRVJOúteos, aceitando-se também a hipótese alternativa. Os resultados das variações das dobras cutâneas, medidas no glúteo direito e no glúteo esquerdo, entre os grupos A e B e os grupos A e C, como mostra as tabelas 12 e 13, respectivamente, foram analisados estatisticamente, através do Teste de Wilcoxon para amostras independentes, com . SDUDWRGRVRVJUXSRV 58 Tabela 12 – Resultados das variações obtidas no pré e pós-teste das dobras cutâneas no glúteo direito e glúteo esquerdo, entre os grupos A e B, em mm. Pacientes 1......................... 2......................... 3......................... 4......................... 5......................... 6......................... Glúteo Direito Grupo A Grupo B 0,7 4,7 0,3 1,7 0,3 1,0 1,7 2,7 1,3 1,4 1,4 2,0 Glúteo Esquerdo Grupo A Grupo B 0 3,6 0,7 1,3 1,0 1,0 0,6 2,0 1,0 1,7 1,4 1,7 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. Tabela 13 – Resultados das variações obtidas no pré e pós-teste das dobras cutâneas medidas no glúteo direito e no glúteo esquerdo, entre os grupos A e C, em mm. Pacientes 1......................... 2......................... 3......................... 4......................... 5......................... 6......................... Glúteo Direito Grupo A Grupo C 0,7 3,7 0,3 1,3 0,3 3,0 1,7 2,3 1,3 1,3 1,4 2,7 Glúteo Esquerdo Grupo A Grupo C 0 4,3 0,7 1,3 1,0 3,0 0,6 3,4 1,0 1,6 1,4 2,3 Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. Para as variações das dobras cutâneas comparadas entre os grupos A e B, obtevese a aceitação da hipótese alternativa, tanto para o glúteo direito quanto para o glúteo esquerdo, significando que houve diferente estatística entre os grupos. O mesmo concluiu-se para as variações das dobras cutâneas entre os grupos A e C, que também se aceita a hipótese alternativa para o glúteo direito e esquerdo, entre os grupos. Para verificar a satisfação das pacientes após a realização dos tratamentos em cada grupo, foi aplicado uma escala de opinião, no qual os resultados estão ilustrados na tabela 14. 59 Tabela 14 – Resultados do nível de satisfação das pacientes após a realização dos tratamento. Pacientes 1.............................. 2.............................. 3.............................. 4.............................. 5.............................. 6.............................. Grupo A Satisfeita Satisfeita Plenamente satisfeita Plenamente satisfeita Satisfeita Plenamente satisfeita Grupo B Satisfeita Satisfeita Satisfeita Satisfeita Satisfeita Satisfeita Grupo C Plenamente satisfeita Satisfeita Satisfeita Satisfeita Parcialmente satisfeita Satisfeita Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2005. No grupo A, nota-se um maior nível de satisfação, 50% plenamente satisfeita e 50% satisfeitas, em relação aos resultados da aplicação da corrente russa associada ao exercício resistido. No grupo B todas se mostraram satisfeitas (100%) com a aplicação somente da corrente russa. E por final, no grupo C, 17% mostraram-se plenamente satisfeita, 17% parcialmente satisfeito e 66% satisfeitos em relação à realização apenas do exercício resistido. 60 5 DISCUSSÃO DOS DADOS Depois de analisados estatisticamente os resultados do pré e pós-teste da força muscular nos grupos A e B, pode-se observar que houve aumento da força após a intervenção fisioterapêutica, em ambos os grupos. Portanto, para o grupo A a aplicação da corrente russa associada ao exercício resistido foi efetiva, assim como somente a aplicação da corrente russa no grupo B. Este efeito pode ser explicado de acordo com Kots (apud NELSON; HAYER; CURRIER, 2003), o primeiro a utilizar a estimulação elétrica neuromuscular (EENM) no fortalecimento muscular em indivíduos saudáveis, a capacidade para um maior recrutamento de unidades motoras seria o principal fator responsável pelos significativos ganhos de força, observado na associação da EENM ao treinamento com a contração voluntária máxima (NELSON; HAYER; CURRIER, 2003). Selkowitz (1989 apud GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004) explica ainda que a eletroestimulação isolada, em posição isométrica promove aumento de força isométrica, determinando também uma maior capacidade do indivíduo em tolerar contrações mais fortes e longas. Observou que não existe correlação significativa entre a intensidade da corrente tolerada durante a estimulação elétrica e o torque produzido pela contração, em que esta variabilidade é devida à interferência do sistema nervoso central (sensibilidade e percepção emocional, desconforto e ansiedade), à fadiga e à impedância elétrica de cada indivíduo. 61 E Delitto e Snyder-Mackler (1976 apud ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001) que sustentam e explicam o aumento da força muscular através da estimulação elétrica, discutem que o aumento da força muscular pela EENM envolve o mesmo mecanismo do exercício voluntário, ou seja, o aumento da força depende do aumento da carga funcional. Quando analisada a força muscular no grupo C, pode ser observado que as diferenças no pré e pós-teste apresentaram pequena variação nos valores, obtendo-se um aumento da força em no máximo 1kg, utilizando o protocolo proposto neste estudo de 50% do valor obtido no teste de 1RM. Hortobágui et al (1992 apud BRASILEIRO; SALVINI, 2004), acreditam que forças em torno de 50 a 60% da contração voluntária máxima são requeridas para o fortalecimento ou hipertrofia de músculos saudáveis. Já Wilmore e Costill (2001) relatam que somente exercícios que utilizem pelo menos 75% da força máxima são capazes de um recrutamento máximo de unidades motoras. Santarém (apud GHORAYEB; BARROS, 1999), reafirma citando que exercícios com pesos entre 75% e 85% da carga máxima, são mais eficientes para estimular o aumento de volume dos músculos, que apresentam hipertrofia tanto de fibras brancas quanto de fibras vermelhas, com razoáveis hidratação e vascularização. Enquanto exercícios com pesos entre 60 e 75% de carga máxima produzem hidratação e vascularização máximas, porém hipertrofia de fibras brancas e vermelhas em menor grau. Com a análise dos resultados das variações obtidas no pré e pós-teste da força muscular, entre os grupos A e B e os grupos A e C, conclui-se que embora tenham sido verificados diferenças, entre os grupos no pré e pós-teste quando os resultados das variações foram comparados, tanto a aplicação da corrente russa associada do exercício resistido, quanto somente a aplicação da mesma e somente aplicação do exercício resistido, não apresentaram correlação estatística entre os grupos. Portanto, os tratamentos utilizados nesta pesquisa demonstraram ter, em seu 62 resultado final, a mesma eficácia em ambos os grupos, o que enfatiza o estudo feito por Currier e Mann (1983 apud BRASILEIRO; SALVINI, 2004), que analisaram os efeitos da estimulação elétrica em quatro diferentes grupos experimentais: estimulação elétrica, estimulação elétrica associada ao exercício voluntário, exercício isométrico voluntário e grupo controle, identificando um aumento significativo de força em todos os três grupos, quando comparado ao grupo controle. Já McMiken et al (apud ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001) comparando dois programas de tratamento, sendo um a contração isométrica voluntária máxima e outro a estimulação elétrica, por um período de 10 dias, observaram um aumento de 25% no grupo de contração isométrica e de 22% para estimulação elétrica, ressaltando que não houve diferença entre os mesmos. Contrariamente a estes resultados, Delitto et al (1988 apud ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001) observaram um ganho de força muito maior no grupo de estimulação elétrica (2.500Hz, modulado a 50Hz, com intensidade máxima tolerada) do que no grupo treinado com contração voluntária. E. Guirro e R. Guirro (2004), concluem que os dados encontrados na literatura podem apresentar certa divergência entre vários autores em função dos protocolos utilizados nos programas de eletroestimulação elétrica neuromuscular. A freqüência, intensidade, relação entre o tempo de contração e repouso, período de análise, ângulo do segmento, entre outros, podem influenciar nos resultados. Essas variáveis devem ser cuidadosamente destacadas quando da análise dos resultados de um experimento ou no confronto de vários. Após a análise estatística do pré e pós-teste da primeira medida (EIAS) da perimetria do quadril, nos grupos A e B, pode-se observar que não houve diferenças significativas desta medida, após a intervenção fisioterapêutica dos dois grupos. Já com a análise estatística da segunda medida (linha do trocânter maior do fêmur), pode ser observado na amostra que houve um aumento desta medida em ambos os grupos. Portanto, para esta segunda medida da perimetria do quadril, a intervenção 63 fisioterapêutica dos grupos A e B foi efetiva. E na análise da terceira medida (prega glútea) no grupo A, observou-se que houve uma redução desta medida, quando se aplicam os dois tratamentos associados. E no grupo B, não houve alteração significativa desta medida, quando aplicada somente a corrente russa. No entanto, quando analisada as variações obtidas no pré e pós-teste das três medidas da perimetria do quadril entre os grupos A e B, observou-se que o resultado final dos tratamentos aplicados demonstrou ter mesma efetividade em ambos os grupos. No grupo C, após a análise dos resultados das três medidas da perimetria, chegouse a conclusão que somente com a aplicação do exercício resistido não há alterações significativas nestas medidas, sendo menos eficaz em relação às intervenções fisioterapêuticas dos grupos A e B. Estes resultados foram confirmados após a análise estatística das variações obtidas no pré e pós-teste das três medidas da perimetria do quadril entre os grupos A e C, sendo que na primeira medida as duas intervenções demonstraram a mesma efetividade. Mas na segunda e terceira medida a intervenção fisioterapêutica do grupo A foi mais efetiva em relação ao grupo C. De acordo com o esperado nesta pesquisa, isto é, um aumento da perimetria do quadril na segunda medida e uma redução na terceira medida, após a aplicação da corrente russa associada ou isolada, os autores Currier e Mann (1983), Romero et al 1982 (apud PORCARI et al 2005) e Porcari et al (2002) relataram que em estudos relacionados a aplicação da EENM na musculatura da coxa (quadríceps) identificaram um aumento da força muscular assim como um aumento da circunferência da coxa. E Birtane et al (2001) em um estudo que comparou a EENM e o exercício isométrico no músculo quadríceps evidenciou um aumento dos valores da circunferência da coxa de 1,87% com a aplicação da EENM e de 1,19% com o exercício isométrico. Concluindo que embora se sabe que a EENM e o exercício isométrico conduzem a hipertrofia 64 e hiperplasia muscular, muitas pesquisas informam valores de circunferência (perimetria) diferentes devido a diferentes tipos de aplicação e duração. Já Evangelista et al (2003a) num estudo comparativo do uso da EENM associada com atividade física na musculatura abdominal, evidenciou uma diminuição da perimetria abdominal, pelo encurtamento do reto abdominal em sua dimensão longitudinal, de forma mais significativa quando associado os dois tratamentos. Quanto aos resultados da perimetria do quadril relacionados à aplicação somente do exercício resistido, Guedes (2005) relata que o treinamento com pesos proporciona adaptações funcionais e morfológicas. A principal adaptação funcional é o aumento da força muscular, e a principal adaptação morfológica é o aumento da massa muscular (hipertrofia) estando esta relacionada com a melhora da estética. E ainda conforme Fleck e Kraemer (1999) os aumentos significativos na força muscular acompanhados por aumento da circunferência dos membros, devido ao treinamento com pesos estão geralmente associados à hipertrofia muscular. Quando analisados os resultados do pré e pós-teste do percentual de gordura, medida através da dobra cutânea do músculo glúteo máximo, nos grupos A, B e C, chega-se a conclusão que houve redução do percentual de gordura após as três intervenções fisioterapêuticas. Já quando analisados os resultados das variações do pré e pós-teste das dobras cutâneas, entre os grupos A e B e os grupos A e C, conclui-se que as intervenções fisioterapêuticas dos grupos B (somente corrente russa) e C (somente exercício resistido) foram mais efetivos, pois apresentaram uma maior redução do percentual de gordura em relação a intervenção do grupo A (corrente russa associada ao exercício resistido). Embora tenha sido observado melhores resultados nos tratamentos isolados do que no tratamento da corrente russa associada ao exercício resistido, os autores Evangelista et al (2003A) e Evangelista et al (2003B) em pesquisas relacionadas à aplicação da EENM 65 associada à atividade física na musculatura abdominal e nos músculos quadríceps e isquiotibiais observaram uma diminuição do percentual de gordura nos grupos eletroestimulados num período menor que aquele realizado somente com exercícios. Contudo, em pesquisas relacionadas com exercícios resistidos os autores Frontera, Dawson e Slovik (2001) relatam que o treinamento de força aumenta a massa tecidual magra e diminui o percentual de gordura. Tais mudanças foram documentadas após o treinamento de resistência em atletas, em pacientes saudáveis normais e em indivíduos mais velhos. E Wilmore (apud POLLOCK; WILMORE, 1993) conduzindo um programa de treinamento com pesos que envolvia 47 mulheres e 26 homens. Concluiu que ambos os grupos revelaram uma redução da gordura corporal total e relativa. Santarém (apud GHORAYEB; BARROS, 1999) reafirma relatando que além do aumento da massa muscular, os exercícios com pesos promovem também a redução do tecido adiposo produzindo eficientes e rápidos efeitos modeladores do corpo, tão desejados pela maioria das mulheres. Em relação à satisfação das pacientes após a realização dos tratamentos, pode-se concluir que 72% da amostra mostraram-se satisfeitas, 22% plenamente satisfeitas e 6% parcialmente satisfeitas com os resultados dos tratamentos aplicados. As autoras Meyer; Medeiros e Oliveira (2003) em um estudo com o objetivo de demonstrar o papel psicossocial da Fisioterapia Dermatofuncional na melhoria da saúde da população de baixa renda, concluíram que após o tratamento, a satisfação com os resultados estéticos trouxe benefícios psicossociais, sendo o mais importante e que sintetiza todas as manifestações psíquicas e comportamentais analisados, o aumento da auto-estima. E ainda relatam que os resultados obtidos, além de suavizarem o desconforto físico causado pelas patologias estéticas, recuperam a harmonia do corpo e o convívio social. 66 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Várias pesquisas têm sido realizadas com a EENM aplicada isoladamente ou associada aos exercícios físicos no fortalecimento dos músculos esqueléticos, como um recurso coadjuvante no treinamento físico e nos tratamentos estéticos. Entretanto seus resultados são atualmente questionados e há ainda muita controvérsia na literatura sobre seu papel. Após a análise estatística dos resultados da força muscular em cada grupo, os grupos A (corrente russa associada ao exercício resistido) e B (somente corrente russa), mostraram maiores resultados em relação ao grupo C (somente exercício resistido). Já quando comparados os grupos B e C com o grupo A, todos os tratamentos se equivaleram, demonstrando ter a mesma efetividade. A análise dos dados das três medidas da perimetria do quadril em cada grupo, indicaram que na primeira medida em todos os grupos os tratamentos não apresentaram resultados significativos. Nas segunda e terceira medidas, nos grupos A e B, os tratamentos foram eficientes, apresentando um aumento e uma redução das medidas, respectivamente. No entanto, no grupo C sua intervenção fisioterapêutica foi menos eficaz para estas medidas. Em uma segunda análise desses dados, onde foi realizada a comparação entre os grupos, nas três medidas da perimetria do quadril, os resultados entre os grupos A e B indicaram que os tratamentos aplicados se equivaleram, porém nos resultados entre os grupos 67 A e C, o tratamento do grupo A mostrou melhores resultados que do grupo C, sendo então a associação da corrente russa e do exercício resistido mais eficiente. Na análise do percentual de gordura em cada grupo, todos os grupos apresentaram uma redução deste percentual, ou seja, os tratamentos demonstram a mesma efetividade. Quando realizada esta análise entre os grupos, os tratamentos dos grupos B e C se sobrepuseram ao tratamento do grupo A. Na análise da escala de opinião em relação aos tratamentos realizados, das dezoito participantes, quatro mostraram-se plenamente satisfeitas e o restante satisfeitas. Este estudo proporcionou buscar novas experiências, gerando hipóteses a serem investigadas em pesquisa futuras, induzindo a novos estudos e a novos métodos auxiliando na formulação de parâmetros para as práticas clínicas. 68 REFERÊNCIAS ABADIE, B. R.; WENTWORTH, M. C. Prediction of a repetição força of maximal of a 5-10 repetição submaximal forces test in university-old females. Diary of Exercise Physiologic On line, v. 5, n. 3, ago. 2002. Disponível em: <http://www.jeponline.com>. Acesso em: 23 nov. 2004. ANDREWS, R; HARRELSON, G. L.; WILK, K. E. Reabilitação física das lesões. 2. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2000. BIRTANE, M. et al. Comparative evaluation of Effects of neuromuscular electrical stimulation and isometric exercise on quadriceps muscle by 99m Tc sestamibi scintigraphu. Trakya University School of Medicine Edirne, vol. 21, p. 13-87, 2001. BRAGA, A .F.; DARINI, F. G.; MENDES, R. O. 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Deverão ser seguidos os seguintes critérios: ter vida sedentária, não fazer dieta alimentar e ter altura entre 1,60 – 1,70m. Nome Idade Peso Altura Horário disponível Fase / telefone 76 APÊNDICE B Ficha de avaliação fisioterapêutica para flacidez muscular 77 FICHA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA PARA FLACIDEZ MUSCULAR Data da avaliação: ___/___/___ 1 Identificação Nome: _____________________________________________________________________ Data de nascimento: ___/___/____. Procedência: _________________________________ Telefone: __________________ Profissão: ___________________________________ Estado civil: ________________ 2 Ficha Clínica Gesta______________ Para: _____________ Abortos: _____________ Diástase dos retos abdominais: gestação ( Diabetes: ( ) sim Tratamentos anteriores para flacidez: __________________________________________ ( ) puerpério ( ) ) não Resultados obtidos: _______________________________________________________ Atividade física: ( ) sim ( ) não Quantas vezes por semana? _______________ Qual? ___________________________________________________________________ Cirurgias recentes: ( ) sim Dieta alimentar: ( ) sim Usa anticoncepcionais? ( ) sim 3 Caracterização do quadro Período de aparecimento da flacidez: ( ) não. Com auxílio de medicamentos? ( ) sim ( ) não ( ) não. Há quanto tempo? ____________________ ( ) na adolescência ( ) durante a gravidez ( ) ao ganhar peso ( ) após perder peso ( ) após a gravidez ( ) outros____________________ Localização: ( ) abdômen ( ) não. Qual? _________________________________ ( ) glúteos ( ) adutores ( ) tríceps ( ) outros Peso corporal: ____________ Estatura: ______________ IMC: ___________________ 78 4 Exame físico Força muscular (em kg): avaliada através do Teste de carga máxima – TCM, de forma decrescente. Conforme Marins e Giannichi (2003) no emprego do TCM pela forma decrescente, inicia-se com uma carga máxima, que não permite ao testando executar o movimento; a seguir diminui-se, gradativamente, a carga até um determinado ponto, quando será possível a execução do exercício. O movimento testado é de extensão do quadril, executada na máquina para glúteos. D (kg) Carga máxima alcançada Avaliação E (kg) Reavaliação Avaliação Reavaliação Data da reavaliação: ____/____/____ – Perimetria (cm) Local Anatômico Região do quadril P.R. Aval. Reaval. EIAS Linha do trocânter maior do fêmur Prega glútea Data da reavaliação: ____/____/____ – Dobra cutânea (mm) Plicômetro: na região glútea, ponto médio entre EIPS e prega glútea. D (ml) E (ml) Avaliação Reavaliação Data da reavaliação: ____/____/____ Acadêmica Vanessa Orlandi 79 ANEXOS 80 ANEXO A Escala de opinião 81 Escala de opinião Como se sente em relação aos resultados do tratamento? ( ) plenamente satisfeita ( ) satisfeita ( ) parcialmente satisfeita ( ) insatisfeita. 82 ANEXO B Termo de consentimento 83 UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP UNISUL CONSENTIMENTO PARA FOTOGRAFIAS, VÍDEOS E GRAVAÇÕES. Eu ________________________________________________________ permito que o grupo de pesquisadores relacionados abaixo obtenha fotografia, filmagem ou gravação de minha pessoa para fins de pesquisa científica, médica e/ou educacional. Eu concordo que o material e informações obtidas relacionadas à minha pessoa possam ser publicados em aulas, congressos, eventos científicos, palestras ou periódicos científicos. Porém, a minha pessoa não deve ser identificada, tanto quanto possível, por nome ou qualquer outra forma. As fotografias, vídeos e gravações ficarão sob a propriedade do grupo de pesquisadores pertinentes ao estudo e sob sua guarda. Nome do sujeito da pesquisa e/ou paciente: ________________________________________ RG: ________________________________________ Endereço: ________________________________________ Assinatura: ________________________________________ Se o indivíduo é menor de 18 anos de idade, ou é legalmente incapaz, o consentimento deve ser obtido e assinado por seu representante legal. Nome dos pais ou responsáveis: ________________________________________ RG: ________________________________________ Endereço: ________________________________________ Assinatura: ________________________________________ Equipe de pesquisadores: Prof. Ralph Fernando Rosas. Acadêmica: Vanessa Orlandi Data e Local onde será realizado o projeto: ________________________________________