UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS O DEPÓSITO DO PAPAGAIO, ALTERAÇÃO HIDROTERMAL, REGIME DE FLUIDOS, GEOQUÍMICA E IDADE, PROVÍNCIA AURÍFERA DE ALTA FLORESTA – MT. MARCELO GARCIA GALÉ DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Cuiabá (MT), 2012 i UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT Reitora Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder Vice-Reitor Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto Pró-Reitora de Pós-Graduação Profª. Drª. Leny Caselli Anzai INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - ICET Diretor Prof. Dr. Edinaldo de Castro e Silva DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS - DRM Chefe Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS Coordenador Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz ii CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N° 36 “O DEPÓSITO DO PAPAGAIO, ALTERAÇÃO HIDROTERMAL, REGIME DE FLUIDOS, GEOQUÍMICA E IDADE, PROVÍNCIA AURÍFERA DE ALTA FLORESTA – MT”. Marcelo Garcia Galé Orientador Prof. Dr. Paulo César Correa da Costa Co-Orientador Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do Instituto de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Geociências; Área de Concentração: Metalogênese. Cuiabá (MT), 2012 iii UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS O DEPÓSITO DO PAPAGAIO, ALTERAÇÃO HIDROTERMAL, REGIME DE FLUIDOS, GEOQUÍMICA E IDADE, PROVÍNCIA AURÍFERA DE ALTA FLORESTA – MT. Marcelo Garcia Galé MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Presidente: Prof. Dr. Paulo César Correa da Costa _____________________________________________ Examinador Externo: Dr. Carlos José Fernandes ____________________________________________ Examinador Interno: Prof. Dr. Elzio da Silva Barboza Cuiabá (MT), Setembro 2012. iv Dedico a toda minha família, mas em especial ao Enrique José Galé Pola, Que durante esses anos foi meramente assíduo em demonstrar orgulho ao desenvolvimento desta pesquisa. v “-Não dá para lhe explicar, pois é inexplicável. Mas você verá e compreenderá que a ciência geológica ainda não deu sua última palavra.” Jules Verne (Viagem ao Centro da Terra, 1864). vi Agradecimentos Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Universidade Federal de Mato Grosso, por ter me dado não só a oportunidade de ingressar no Programa de Pós-Graduação em Geociências, mas por ter me concedido meu maior orgulho, o honorário título de Bacharel em Geologia. Agradeço ao meu orientador, Paulo César Corrêa da Costa, que aceitou meu pedido de orientação durante nossa inebries da confraternização de encerramento do estágio obrigatório no Centro de Geologia Eschwege em Diamantina-MG, e que mesmo após uma mudança de projeto que o deslocaria de sua principal particularização, se mostrou prestativo na orientação e sempre prosperou sua calma quando eu necessitava. Não menos importante, gostaria de agradecer ao meu co-orientador Francisco Egídio Cavalcante Pinho, que além de sanar dúvidas referentes à pesquisa me “apadrinhou” durante o tempo de desenvolvimento desse mestrado, onde me deu excelentes oportunidades como o estágio docência, participação no Simexmin 2010, intercâmbio com a Unicamp e uma ótima pescaria de canoa no Rio Teles Pires. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa que permitiu minha permanência no programa, juntamente com o Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad 68/2010 n° 23038.000675/2010-15), que proporcionou o mestrado sandwich e consequentemente o estudo das inclusões fluídas. A GEOMIN Ltda., pelo auxílio financeiro e de transporte em campo, além da equipe de apoio, professor Elzio da Silva Barboza, os geólogos Tiago Hatanaka (Japa) e Gustavo Quaresma (Bobs) e as futuras geólogas Rosamaria Figueredo e Carol Marques. vii A professora Márcia Barros, que além de orientação, foi a grande responsável pela minha inclusão ao Procad. Agradeço o Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IGUnicamp) e em especial aos professores Roberto Perez Xavier e Lena Virgínia Soares Monteiro, por terem me recebido de forma tão acolhedora a ponto de me tornar um aluno nativo, também pelos seus preciosos ensinamentos que fizeram a diferença não só neste trabalho, mas também em meu perfil profissional. Ao Dailto Silva, pela paciência, auxílio em microscópio e dedicação pela busca do nitrogênio líquido! Não posso afirmar que tenha feito muitas amizades dentro da Unicamp, mas com certeza, foram excelentes. Dou destaque ao meu grande amigo Rafael Rodrigues de Assis, a quem deveria agradecer simplesmente pela paciência que teve quando eu o recorria desesperadamente com meus problemas, nunca negando ajuda. Mas não posso, tenho que agradecer também por ter sido meu professor, orientador, treinador de apresentações, crítico, monitor de geologia econômica, colega de eventos, parceiro de bandejão e de viagens geológicas! Também agradeço a força e amizade da turma da pós-graduação, Emílio Miguel, Fernanda Rodrigues, Matheus Ancelmi (Madruga), Zé Henrique, Ethiane Agnolleto, Emanuel (Colômbia), Rosana Mara Rodrigues, Renan Leonel, Thiara Breda e Danilo Barbuena. Também a toda a turma da graduação que me acolheu em geologia econômica, dando destaque para os roqueiros Rafael Vasconcellos (Boneco), Marco Delinardo, Bruno Bronzati (Bil), Maurício Rigoni Baldim e Lucas Faria (Burca). Agradeço também aos professores Jayme Alfredo Dexheimer Leite e Maria Zélia Aguiar de Souza pelas relevantes contribuições feitas no exame de qualificação, em minha segunda etapa na UFMT. Também agradeço a todos que estiveram indiretamente relacionados à confecção deste trabalho. Primeiro aos meus pais Luiz Miguel Pola Galé e Vanderli Garcia Titanegro, viii por sempre privilegiarem meus estudos, independente do que tenha ocorrido ou venha a ocorrer. A todos os professores da Universidade Federal de Mato Grosso que contribuíram para minha formação acadêmica. Aos meus grandes amigos Mariarosa Fernandes de Sousa e Rone Marcos Aparecido dos Santos, por segurarem os pilares do stress perante a inconformidade que sentimos durante esse período. Aos meus colegas do programa, Maria Aparecida Domingues (Cida), Brena Verginassi, Renan Grillaud, Danilo Queiroz (Paquito), Vinicius Beal (Pelotas), Dalila Plens e Ana Flávia Brittes. Ao Éder Medeiros, que sempre me influenciou a fazer um mestrado, estudamos juntos para o processo seletivo e sempre fiscalizamos nossas evoluções. Leonardo Fraga, porque se os geólogos nascessem ao invés de se formarem, seríamos gêmeos. Aos dinossauros, inspiração durante minha evolução geológica, Uendel Barroso (Mineiro mau), José Eduardo Conte (Zé) e Renato Sala. A toda a turma “Quebra-Campo”, por me tornarem o que sou. Aos meus amigos de longa data, Luiz Galé Zaniboni, Bruno Seabra (Anita), Bruno Vomero (Momão), Raoni Ramos (Nikiti), Renato Firmino (Pizza) e Henrique Finoti (Japonês) que passaram a escutar meus clamores visto a oportunidade de estar em Mogi Mirim durante esse período. Meu tio, Ivan Gallardo, que fez uma criteriosa correção linguística no resumo submetido ao 12° Simpósio de Geologia da Amazônia. Por fim agradeço a todos os estudantes de geologia, pois olhando para vocês me enxergo, sinto orgulho e levanto mais forças para nunca parar. Somente quem conversa com as pedras sabe que é privilegiado por realmente entender o que foi o início e como será o fim. Muito Obrigado a Todos. ix Sumário 1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................. 6 1.1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO ................................................................................................ 6 2. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO.................................................................................... 7 3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 9 3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................. 9 3.2 TRABALHO DE CAMPO...................................................................................................... 9 3.3 PETROGRAFIA ................................................................................................................... 9 3.4 INCLUSÕES FLUIDAS ....................................................................................................... 10 3.4.1 PETROGRAFIA .......................................................................................................... 10 3.4.2 MICROTERMOMETRIA ............................................................................................. 10 3.5 GEOQUÍMICA DE ROCHA TOTAL .................................................................................... 12 3.6 GEOCRONOLOGIA ........................................................................................................... 12 4. GEOLOGIA REGIONAL .................................................................................................. 13 4.1 CONTEXTO GEOTECTÔNICO ........................................................................................... 13 4.2 PROVÍNCIA AURÍFERA DE ALTA FLORESTA ..................................................................... 15 5. O DEPÓSITO DO PAPAGAIO ......................................................................................... 20 6. LITOGEOQUÍMICA DO DEPÓSITO DO PAPAGAIO .......................................................... 26 6.1 VARIAÇÃO DOS ELEMENTOS MAIORES E MENORES ...................................................... 29 6.2 VARIAÇÃO DOS ELEMENTOS-TRAÇO .............................................................................. 35 1 6.3 ELEMENTOS TERRAS RARAS ........................................................................................... 37 6.4 CLASSIFICAÇÃO MAGMÁTICA ......................................................................................... 29 6.5 CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE GRANITO ........................................................................... 31 6.6 DIAGRAMAS DE AMBIÊNCIA TECTÔNICA ....................................................................... 39 7. IDADE DO DEPÓSITO DO PAPAGAIO............................................................................. 41 8. ARTIGO........................................................................................................................ 43 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 72 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 76 11. ANEXOS ..................................................................................................................... 80 2 Lista de Figuras Figura 2.1 – Mapa de localização e vias de acesso da área de estudo ...................................... 8 Figura 3.1 – Aparelhos utilizados na descrição petrográfica. .................................................. 10 Figura 3.2 – Microscópio LEICA® DMLP, com platina adaptada para estudos microtermométricos ......................................................................................................... 11 Figura 3.3 – Gráfico gerado de acordo com a calibração do equipamento para correção dos valores medidos. ............................................................................................................... 11 Figura 4.1 - Localização da PAAF na compartimentação geocronológica do Cráton Amazônico ........................................................................................................................................... 13 Figura 4.2 - Mapa de localização e domínios geológicos da PAAF........................................... 16 Figura 5.1 – Estrutura do Garimpo do Papagaio. ..................................................................... 21 Figura 5.2 - Mapas retirados de Silva & Abram (2008). ........................................................... 22 Figura 5.3 – Litologia do Depósito do Papagaio; ...................................................................... 23 Figura 5.4 - Diagrama de frequência de pólos. ........................................................................ 24 Figura 5.5 – Estruturas das litologias do depósito ................................................................... 25 Figura 6.1 – Distribuição dos pontos representativos das rochas encaixantes do Depósito do Papagaio em diagramas químico-classificatórios. ............................................................ 30 Figura 6.2 – Diagramas de discriminação granítica propostos por Whalen et al. (1987). ....... 32 Figura 6.4 – Diagramas de Hacker com a variação dos elementos-traço ................................ 36 Figura 6.6 – Diagramas de discriminação tectônica de Gorton & Schandl (2000). ................. 39 Figura 6.7 – Diagramas de ambiência tectônica propostos por Pearce et al., (1984). ............ 40 Figura 7.1 - Diagrama com dados de U/Pb em zircões da amostra PG-029 obtidos com LAMMC-ICP-MS......................................................................................................................... 41 Figura 7.2 - Diagrama com dados de U/Pb em zircões da amostra PG-029 obtidos com LAMMC-ICP-MS......................................................................................................................... 42 Figura 1 – Localização e domínios geológicos da PAAF ........................................................... 46 Figura 2 – Fotomicrografias da rocha encaixante do Depósito do Papagaio........................... 49 3 Figura 3 – Mapa dos principais halos de alteração hidrotermal que afetam os riolitos que hospedam o minério. ........................................................................................................ 50 Figura 4 – Evolução das alterações hidrotermais que afetam as rochas hospedeiras do depósito do Papagaio. ....................................................................................................... 52 Figura 5 – Paragênese do minério venular do Depósito do Papagaio. .................................... 54 Figura 6 – Pirita associada ao minério disseminado. ............................................................... 55 Figura 7 – Fotomicrografias mostrando a distribuição e detalhe dos tipos de inclusões fluidas em veio de quartzo estéril................................................................................................. 58 Figura 8 – Fotomicrografias mostrando a distribuição e detalhe dos tipos de inclusões fluidas em quartzo dos veios mineralizados. ................................................................................ 59 Figura 9 – Frequência do grau de preenchimento da fase CO2 nas inclusões do tipo III nos veios mineralizados. .......................................................................................................... 60 Figura 10 – Histogramas de dados microtermométricos das inclusões do tipo I nos veios estéreis: ............................................................................................................................. 62 Figura 11 – Histrograma de frequência da temperatura do ponto eutético (Te) das inclusões do tipo II em quartzo proveniente dos veios estéreis....................................................... 63 Figura 12 – Histogramas de frequência dos dados microtermométricos relacionados às inclusões do tipo I descritas nos veios mineralizados ....................................................... 64 Figura 13 - Histogramas de frequência dos dados microtermométricos relacionados às inclusões do tipo III dos veios mineralizados .................................................................... 66 Figura 14 – Correlação entre temperatura de homogeneização total das inclusões (TH) e salinidade (% em peso equivalente de NaCl), para as inclusões descritas nos veios estéril e mineralizado do Depósito do Papagaio.......................................................................... 68 Figura 9.1 - Diagrama de fase para o sistema K2O-Al2O3-SiO2-H2O-KCl-HCl (para PH2O = 1 kbar), do log (mKCl+K+)/(mHCl+H+) em função da temperatura ..................................... 72 Figura 9.2 – Modelo de padrões de alteração hidrotermal de um depósito do tipo Pórfiro (modificado de Sillitoe, 2010). .......................................................................................... 73 4 Lista de Tabelas Tabela 6.1 – Dados Geoquímicos para amostras com perda ao fogo menor que 2% ............. 27 Tabela 6.2 – Dados Geoquímicos para amostras com perda ao fogo maior que 2% .............. 28 Tabela 1 – Valores dos teores de metais preciosos ................................................................. 56 Tabela 2 – Dados microtermométricos sumarizados para os tipos de inclusões dos veios estéreis e mineralizados. .............................................................................................. 60 Tabela 9.1 - Quadro evolutivo e síntese das principais características litogeoquímicas, geocronológicas e isotópicas das unidades litoestratigráficas descritas na região de Alta Floresta.. ................................................................................................................ 75 5 1. APRESENTAÇÃO Este trabalho é referente a uma dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências (PPGec) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que contém o estudo de caso de um depósito aurífero atualmente conhecido como Garimpo do Papagaio, que se situa no extremo norte do Estado de Mato Grosso, dentro da Província Aurífera de Alta Floresta. Esta dissertação é dividida em duas partes segundo as normas de apresentação do Programa (PPGec-UFMT), sendo a primeira um encarte que contém dados detalhados sobre os métodos utilizados neste trabalho, como também a localização e a geologia regional da área de estudo. Esta primeira parte também faz uma breve apresentação do Depósito do Papagaio e detalha dados litogeoquímicos e geocronológicos que virão a compor um segundo artigo há ser confeccionado. A segunda parte da dissertação é relacionada ao artigo submetido à revista de geociências da Universidade de São Paulo (Série Científica - USP), que descreve a petrografia das rochas hospedeiras da mineralização, das alterações hidrotermais que afetam estas, dos minerais de minério e petrografia e microtermometria das inclusões fluidas relacionadas aos veios de quartzo do depósito. 1.1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO Um dos principais problemas a serem esclarecidos na Província Aurífera de Alta Floresta está relacionado à gênese das mineralizações e sua relação com as rochas encaixantes. O objetivo principal desta dissertação de mestrado foi o de gerar, integrar e interpretar dados geológicos, promovendo o estudo de caso de um depósito aurífero ao norte do Estado de Mato Grosso, avançando no entendimento de rochas vulcânicas e plutônicas ácidas que têm relação espacial com as mineralizações. O Garimpo do Papagaio é um depósito aurífero que situa-se no município de Paranaíta, extremo norte do Estado de Mato Grosso. Sua caracterização foi evidenciada com base nas relações de campo além de estudos dos fluidos mineralizantes, petrográficos, geoquímicos e geocronológicos, de forma a constituir um referencial para a exploração mineral no setor noroeste da Província Aurífera Alta Floresta, considerando-se o nível atual de conhecimento geológico da região. 6 2. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO O Depósito do Papagaio situa-se no extremo norte do Estado de Mato Grosso, dentro dos limites municipais de Paranaíta, a margem direita do Rio Apiacás. O acesso à área é facultado por estradas com boas condições de manutenção. A partir da capital do estado, Cuiabá-MT, segue-se aproximadamente 600 km pela rodovia federal pavimentada, BR 163, sentido norte, até o Município de Nova Santa Helena. Então se percorre por aproximadamente mais 160 km, sentido oeste, pela rodovia estadual pavimentada MT 320 até o município de Alta Floresta, que é provido de aeroporto de porte internacional. Para chegar à área de estudo é necessário percorrer aproximadamente mais 120 km, sentido oeste, pela rodovia estadual não pavimentada MT 206, entre os municípios de Apiacás e Paranaíta. Ainda é necessário percorrer mais 30 km por vias vicinais sentido norte até a área estudada, conhecida como Garimpo do Papagaio (52°02’50’’E e 09°20’17’’S). A Figura 2.1 ilustra a localização da área. 7 Figura 2.1 – Mapa de localização e vias de acesso da área de estudo 8 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A primeira etapa deste trabalho consistiu em estudos bibliográficos tanto dos métodos aplicados quanto do contexto geológico regional, dando ênfase na Província Aurífera de Alta Floresta. 3.2 TRABALHO DE CAMPO Foi realizada uma campanha de campo de 10 (dez) dias, no período de 05 a 15 de julho de 2010, onde foram coletadas algumas das amostras necessárias ao desenvolvimento do projeto. Esta etapa também consistiu na classificação das diferentes fácies litológicas e dos padrões de alteração hidrotermal, levantamento de dados estruturais e do reconhecimento dos veios mineralizados. A tabela com as amostras coletadas e as respectivas coordenadas encontra-se em anexo neste trabalho. As amostras nomeadas inicialmente por BJN foram coletadas e são referentes ao trabalho realizado por Quaresma & Hatanaka (2011), que foram doadas para retratamento dos dados geoquímicos. 3.3 PETROGRAFIA Para o estudo da petrografia foram confeccionadas 11 lâminas delgadas-polídas no Laboratório de Laminação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os estudos petrográficos foram realizados inicialmente no laboratório de microtermometria da Unicamp em lupa eletrônica da ZEISS Stemi SV 6 e microscópio petrográfico convencional da ZEISS Axiophot (Figs 3.1). Nestes modelos foi acoplado um dispositivo de obtenção de imagens (câmera Sony Cybershot) com resolução de 12.0 megapixels. Posteriormente os estudos petrográficos foram concretizados no laboratório de microscopia da Universidade Federal de Mato Grosso em microscópio petrográfico modelo Olimpus Bx 41. Para captura das fotomicrografias foi utilizada uma câmera com conexão USB acoplada ao microscópio (Infinity 1). Seguiu-se as recomendações da USGS (Siivola & Schmid, 2007) para a abreviação dos minerais reconhecidos neste trabalho. 9 Figura 3.1 – Aparelhos utilizados na descrição petrográfica. (A) lupa eletrônica ZEISS Stemi SV 6; (B) Microscópio petrográfico ZEISS Axiophot. 3.4 INCLUSÕES FLUIDAS Os estudos de inclusões fluidas foram perpetrados em cristais de quartzo provenientes da zona mineralizada e estéril, com foco na caracterização das populações, distribuição e tipos dos fluidos presentes em cada caso. Foram produzidas quatro (4) lâminas bi-polidas no laboratório de laminação da Universidade Estadual de Campinas, sendo uma de veio ausente de mineralização e o restante de veios mineralizados. 3.4.1 PETROGRAFIA Os estudos petrográficos das inclusões fluidas foram realizados no laboratório de microtermometria da Unicamp em microscópio petrográfico convencional da ZEISS Axiophot (Fig 3.1 b). 3.4.2 MICROTERMOMETRIA As análises de microtermometria foram realizadas no Laboratório de Inclusões Fluidas do Instituto de Geociências (IG), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em uma platina de aquecimento/resfriamento LINKAM THMSG600 adaptada a um microscópio convencional LEICA® DMLP (Fig. 3.2), com calibração em inclusões sintéticas aquo-salinas e aquo-carbônicas manufaturadas pela SYN FLINC. Após a calibração 10 foi gerado um gráfico cartesiano que expõe os valores de correção de acordo com a temperatura medida (Fig. 3.3). Os dados microtermométricos objetivam fornecer informações úteis ao entendimento da evolução de fluidos hidrotermais responsáveis pela formação do minério. A definição dos tipos de fluidos envolvidos na sua gênese é importante, pois permite uma melhor quantificação das condições físico-químicas e podem auxiliar na classificação dos modelos de depósitos minerais. Figura 3.2 – Microscópio LEICA® DMLP, com platina adaptada para estudos microtermométricos. Figura 3.3 – Gráfico gerado de acordo com a calibração do equipamento para correção dos valores medidos. 11 3.5 GEOQUÍMICA DE ROCHA TOTAL Para as análises geoquímicas foram selecionadas 19 amostras de rochas como mais representativas das encaixantes da mineralização para análise de rocha total e mais três (3) amostras para obtenção apenas dos metais preciosos, totalizando 22 amostras. Inicialmente as amostras foram serradas e britadas nos laboratórios de Laminação e Preparação de Amostras do DRM-UFMT, em seguida, ocorreu a separação individual de amostra, sendo todas enviadas ao Acme Analytical Laboratories (Acmelab)- Vancouver/ Canadá para determinações através dos métodos ICP (Inductively Couple Plasma) para elementos maiores e menores na forma de óxidos (SiO2, TiO2, Al2O3, FeOtotal, MnO, MgO, CaO, Na2O, K2O e P2O5). ICP-MS (Inductively Couple Plasma Mass Espectrometry) para os elementos traço e terras raras (Rb, Sr, Cr, Ni, Zr, Y, Ce, Ba, Be, Nb, Cu, Lu, Dy, Gd, Er, Yb, Y, La, Eu, Nd, Ce e Sm). Adicionalmente, cada amostra (rocha total) foi digerida em água-régia e também analisada por ICP-MS para obtenção dos metais preciosos (Au, Ag), metais de base (Cu, Zn, Pb) e alguns elementos-traço (As, Bi, Cd, Hg, Mo, Ni, Sb, Se, Tl). 3.6 GEOCRONOLOGIA Uma amostra foi selecionada e enviada ao Laboratório de Geocronologia da Universidade de Brasília e foram separados 32 zircões para datação geocronológica absoluta baseada na desintegração radioativa de dois isótopos de U (235U e 238U), dando origem a dois isótopos de Pb (207Pb e 206Pb). Foi utilizado um LAM-HR-ICPMS (Neptune) equipado com nove (9) detectores tipo copo Faraday, uma multiplicadora de elétrons central e cinco (5) contadoras de íons do tipo MIC (multi ion channel). Encontra-se acoplado a um sistema de ablação a laser Nd-YAG 213nm NewWave. 12 4. GEOLOGIA REGIONAL 4.1 CONTEXTO GEOTECTÔNICO A área em estudo situa-se na Província Mineral de Alta Floresta (Souza et al. 2005), ou como adotado neste trabalho, Província Aurífera de Alta Floresta (PAAF), apenas especificando o fato desta corresponder a uma província eminentemente aurífera. A PAAF insere-se no centro-sul do Cráton Amazônico, mais precisamente entre as Províncias Ventuari-Tapajós e Rio Negro-Juruena de acordo com o modelo de Tassinari & Macambira (1999) (Fig. 4.1). Figura 4.1 - Localização da PAAF na compartimentação geocronológica do Cráton Amazônico (modificado de Tassinari & Macambira, 1999). 13 Em seu capítulo do livro Geologia do Continente Sul-Americano, Tassinari & Macambira (2004) dividem os conhecimentos sobre a evolução tectônica do Cráton Amazônico em duas grandes linhas. A primeira, oriunda de autores fixistas, propõe que a tectônica pré-cambriana do cráton foi caracterizada por processos de reativação de plataforma e formação de blocos continentais ou paleoplacas por meio de retrabalhamento de crosta continental no Arqueano e Paleoproterozóico. Durante o Mesoproterozóico, segundo essa concepção, teriam ocorrido apenas processos de reativação e/ou retrabalhamento de rochas preexistentes. A segunda linha é baseada nos conceitos das orogenias modernas, nas quais, durante o Arqueano, Paleo e Mesoproterozóico teriam ocorrido uma sucessão de arcos magmáticos envolvendo a formação de material juvenil, derivado do manto, como também processos subordinados de retrabalhamento crustal. Com o avanço dos conhecimentos geológicos, a segunda linha é melhor suportada, e dentro desta situam-se os principais modelos do Cráton Amazônico (Tassinari & Macambira, 1999; Tassinari et al., 2000; Santos et al., 2000 e Ruiz, 2005). Em virtude desta variedade de modelos evolutivos, a PAAF pode inserir-se em distintos segmentos. Segundo a compartimentação proposta por Santos et al. (2000), por exemplo, a PAAF estaria enquadrada entre as províncias geocronológicas-geotectônicas do Tapajós-Parima (2,03 – 1,88 Ga) e Rondônia Juruena (1,82 –1,54 Ga), enquanto que no modelo proposto por Tassinari & Macambira (1999) e Ruiz (2005), a PAAF estaria situada entre os limites das Províncias Geocronológicas Ventuari-Tapajós (1,95-1,8 Ga) e Rio NegroJuruena (1,8-1,55 Ga) (Fig. 4.1). A província geocronológica Ventuari-Tapajós ocorre no setor norte da PAAF e compreende uma associação granito-gnáissica cálcioalcalina de composição quartzo-diorítica a granodiorítica, com intercalação de rochas sedimentares e vulcânicas que apresentam predominantemente trends estruturais NW-SE e N-S, caracterizada por Tassinari & Macambira (1999) como um arco magmático juvenil. Tassinari et al. (1996) obtiveram, através do método U-Pb (SHRIMP) em monocristais de zircão destes granitóides, a idade de 1835 ± 17 Ma. Associadas a essas rochas, que constituem o embasamento deste domínio, ocorrem dioritos a granodioritos de caráter sin a pós-tectônico com tendências cálcio-alcalinas e toleíticas, isentos de recristalização metamórfica, considerados na PAAF como pertencentes à Suíte Intrusiva Iriri e ao vulcano-plutonismo Teles Pires. A Província Rio Negro-Juruena ocorre na porção ocidental do Cráton Amazônico e no setor sul da Província Aurífera, sendo seu embasamento composto por gnaisses, granodioritos, tonalitos, migmatitos, granitos e anfibolitos (Tassinari & Macambira, 2004). 14 Em geral, estas rochas apresentam direções estruturais predominantes para NW-SE, cortadas em algumas áreas por estruturas NE-SW. Tassinari et al. (1996) obtiveram na região do rio Aripuanã idades Rb-Sr e Pb-Pb de, respectivamente, 1700 ± 21 Ma (87Sr/86Sr inicial de 0,7048 ± 0,0006), 1674 ± 85 Ma e 1717 ± 120 Ma. Embora estejam distribuídos preferencialmente na Província Ventuari-Tapajós, os granitos sub-vulcânicos, considerados como granitos Teles Pires também ocorrem na região da PAAF inseridos na Província Rio Negro-Juruena como corpos circulares, de natureza cálcio-alcalina, alcalina e peralcalina. Ainda neste domínio ocorrem várias gerações de granitos anorogênicos, incluindo corpos com textura rapakivi, de natureza sub-alcalina, exibindo características de granitos do tipo A, intra-placa. Esse magmatismo granítico compreende termos que variam de granitos alcalinos a biotita, sienogranitos leucocráticos a hololeucocráticos (Dall’Agnol et al., 1987 in Tassinari & Macambira, 2004). 4.2 PROVÍNCIA AURÍFERA DE ALTA FLORESTA Geograficamente a PAAF insere-se em uma faixa W-NW com mais de 500 km no norte de Mato Grosso, delimitada entre as nascentes do rio Peixoto de Azevedo, a leste e o rio Aripuanã, a oeste, ao norte pelo Gráben do Cachimbo e ao sul pelo Gráben dos Caiabís. (Fig. 4.2). O embasamento da província, atualmente denominado de Complexo Cuiú-Cuiú por Pessoa et al. (1977, in: Lacerda Filho et al., 2004), abrange rochas metamórficas de médio a alto grau (gnaisses ortoderivados) e plutônicas associadas (granitos pouco deformados, leucogranitos e granitos hololeucocráticos). Outros litotipos mais raros correspondem a migmatitos, dioritos, anfibolitos e xenólitos de metapiroxenitos (Klein et al., 2001). As rochas desta unidade são caracterizadas por deformação rúptil e dúctil e afloram, segundo Souza et al. (2005) na região do município de Matupa, leste da PAAF (Fig. 4.2), onde estes autores obtiveram em zircão de ortognaisse granítico (U-Pb SHRIMP) a idade de 1992±7 Ma. Entretanto, Paes de Barros (2007) caracteriza esta unidade como composta por granitóides cálcio-alcalinos, metaluminosos a fracamente peraluminosos, de composição quartzo diorítica, tonalítica a granodiorítica, de idade Pb-Pb em zircão (evaporação) entre 2.816 e 1.984 Ma, que sinalizam a presença de um embasamento heterogêneo. 15 Figura 4.2 - Mapa de localização e domínios geológicos da PAAF (modificado de Lacerda Filho et al., 2004 e Paes de Barros, 2007) Inseridas neste arcabouço encontram-se unidades plutono-vulcânicas representadas em escala regional pelo granito Nhandu (1.889-1.879 Ma), Suíte Intrusiva Matupá (1.872 Ma), Suíte Intrusiva Flor da Serra (idade indeterminada), Suíte Colíder (1,786-1.781 Ma) e Suíte Intrusiva Teles Pires (1.782 a 1.757 Ma) (Santos, 2000; Souza et al., 2005; Moreton & Martins, 2005; Silva & Abram, 2008). O Granito Nhandu foi descrito inicialmente por Souza et al. (1979, in: Paes de Barros, 2007) e corresponde a rochas metaluminosas a peraluminosas, álcali-cálcicas a cálcio16 alcalinas, subalcalinas, de médio K e enriquecidas em FeO (Souza et al., 2005). De acordo com Paes de Barros (2007), esta unidade ainda tem uma tendência geoquímica de granitóides de arcos magmáticos a granitos intra-placa, por hospedar mineralizações auríferas primárias (e.g. garimpos Natal e Trairão). Essa suíte comumente mostra evidências de alteração potássica com microclina, acompanhada de precipitação de sulfetos e magnetita. Silva & Abram (2008) estabeleceram a idade do granito Nhandu entre 1.889 ±17 Ma e 1.879 ±5,5 Ma (U-Pb em zircão), com idades modelo entre 2,14 e 2,17 Ga, e εNd(t) de -0,91. A Suíte Intrusiva Matupá, assim definida por Moura (1998), é constituída por quatro litofácies que foram definidas por Souza et al. (2005) em: (i) Fácies 1, constituída de biotita granitos e biotita monzogranitos, com a presença constante de mineralizações auríferas; (ii) Fácies 2, de hornblenda monzogranitos, hornblenda monzodioritos, biotita-hornblenda monzonitos, onde a presença de mineralizações auríferas também é constante; (iii) Fácies 3, com clinopiroxênio-hornblenda monzogranitos e clinopiroxênio-hornblenda monzodioritos magnéticos, os quais dão origem a solos vermelhos ricos em magnetita e (iv) Fácies 4, de maior distribuição geográfica, composta por granitos, biotita granitos e monzogranitos, com microgranitos e granófiros subordinados. As rochas desta fácies possuem textura porfirítica, rapakivi e anti-rapakivi. Os dados litogeoquímicos indicam que essa suíte representa uma manifestação plutônica de composição cálcio-alcalina, metaluminosa a peraluminosa, semelhante aos granitos tipo I, além de ETR que exibem um padrão fortemente fracionado e forte anomalia negativa de Eu (Moura, 1998; Souza et al., 2005). Uma idade Pb-Pb em zircão de 1.872 ±12 Ma foi obtida em rochas da fácies 1, além de idades modelo (TDM) entre 2,342,47 Ga e εNd(t) que variam de -2,7 a -4,3 (Moura 1998). Idades TDM similares, entre 2,15 e 2,34 Ga, também foram obtidas por Souza et al., (2005), contudo com εNd(t) entre -0,98 e +3,04 (Souza et al., 2005; Silva & Abram, 2008). Na parte sul e sudoeste da PAAF ocorre uma faixa onde Paes de Barros (2007) agrega um grupo de rochas supracrustais, plutônicas e sequências vulcano-sedimentares, que foram afetadas por um metamorfismo que varia desde baixo à alto grau, correspondentes as unidades Grupo São Marcelo-Cabeça, Suíte Vitória, Complexo Nova Monte Verde e Complexo Bacaeri-Mogno (Silva & Abram, 2008). A Suíte Colíder é composta por uma variedade de rochas vulcânicas, subvulcânicas, piroclásticas e epiclásticas de composição ácida a intermediária, (Silva & Abram, 2008). As rochas de composição ácida são constituídas por riolitos, riodacitos e ignimbritos, enquanto que, as rochas intermediárias compreendem corpos andesíticos de cor cinza-escuro a preta e estrutura maciça os quais originam solos avermelhados e ricos em magnetita. De modo geral, 17 correspondem a rochas cálcio-alcalinas de alto potássio, peraluminosas a metaluminosas, que exibem afinidade geoquímica com as séries graníticas orogênicas (Moreton & Martins, 2005; Souza et al., 2005). Souza et al., 2005 classificam o ambiente tectônico da Suíte Colíder como sendo predominantemente de arco vulcânico e Lacerda-Filho et al. (2004) relacionam essas rochas ao Arco Magmático Juruena que foi gerado entre 1.85-1.75 Ga (método U-Pb em zircão). Suítes granitóides cálcio-alcalinas, formadas no intervalo de 1,84 a 1,77 Ga, preenchem boa parte do embasamento da PAAF, antigamente denominadas pelo Projeto RadamBrasil (Silva et al., 1980) como Complexo do Xingu, agora são diferenciadas em unidades que fazem parte da porção menos deformada do arco Juruena como: Suíte São Pedro e São Romão; Granitóides Juruena, Apiacás e Paranaíta (Silva & Abram, 2008). Associados cogeneticamente a Suíte Intrusiva Paranaíta ocorrem corpos básicos representados por gabros, microgabros, diabásios e dioritos porfiríticos sob a forma de stock intrusivo e também sob a forma de enclaves e megaenclaves (Souza et al., 2005). A Suíte Vulcano-Plutônica Teles Pires engloba um conjunto de rochas vulcânicas representadas por ignimbritos félsicos com intercalações de riolitos porfiríticos, basaltos e rochas sedimentares de derivação vulcânica, associados a corpos graníticos, pós-orogênicos, não deformados, calcioalcalinos de alto potássio, plutônicos e subvulcânicos e compostos predominantemente por biotita granitos avermelhados e com rochas subvulcânicas subordinadas (Pinho, 2002 e Lacerda Filho et al, 2004). De acordo com Lacerda Filho et al. (2004), os corpos graníticos distribuem-se em stocks e batólitos subcirculares a elipsoidais, ao longo da estruturação regional (WNW – ESE). Estes corpos encontram-se intrusivos preferencialmente nas rochas vulcânicas da Suíte Colíder e nos granitos Matupá e a delimitação de sua área de ocorrência é facilitada por seu relevo alçado em imagens de satélites e por suas expressivas anomalias cintilométricas, em contraste com baixos valores nos mapas magnetométricos. Os dados geoquímicos apontam para granitos do tipo A, de natureza cálcio-alcalina de médio a alto potássio, metaluminosos a peraluminosos, que correspondem a intrusões pós-colisionais com idades U-Pb em zircão de 1.757 ±16 Ma e 1.782 ±17 Ma, além de TDM de 1,94 a 2,28 Ga e εNd(t) de -3,4 a +3,0, que indicam magmas de origem mantélica com forte envolvimento de material crustal (Santos, 2000; Pinho et al., 2003; Silva & Abram, 2008). A Formação Dardanelos, pertencente ao Grupo Caiabís, recobre parcialmente as unidades plutono-vulcânicas citadas anteriormente e é representada por sequências de arenito e arenito arcoseano, ambos de granulação média, com frequentes níveis conglomeráticos. Essas coberturas apresentam estratificações plano-paralelas e cruzadas acanaladas 18 interpretadas como um sistema de leques aluviais de rios entrelaçados (Moreton e Martins, 2005). Saes & Leite (2003) obtiveram idades U-Pb em cristais de zircão detrítico compreendidas entre 1.987 ±4 Ma a 1.377 ±13 Ma, o que implica a idade máxima de 1,44 Ga como representativa para o início da sedimentação (Souza et al., 2005). O Grupo Caiabis é ainda interpretado como uma bacia do tipo pull-apart, ou possivelmente do tipo strike-slip onde as principais zonas de transcorrência sinistrais NW/SE foram as responsáveis pela sua geração (Souza et al., 2005). 19 5.ODEPÓSITODOPAPAGAIO O Garimpo do Papagaio é um depósito aurífero que localiza-se nas coordenadas 52°02’50’’E e 09°20’17’’S, a margem direita do Rio Apiacás e esta relacionado a um morro de aproximadamente 200 metros que se destaca no relevo local. Acredita-se que existam aproximadamente 150 garimpeiros trabalhando no atual garimpo, onde aproximadamente 50 cavas e shafts foram abertos. A estrutura de exploração é precária e varia de acordo com o local de trabalho de cada garimpeiro. Alguns grupos contam até com pequenos moinhos elétricos e fazem uso de dinamite enquanto que outros simplesmente exploram o minério filonar manualmente em rocha alterada (Fig 5.1). De acordo com Lacerda Filho et al. (2004) e Souza et al. (2005) o Depósito do Papagaio desenvolve-se dentro da Suíte Intrusiva Teles Pires, entretanto Silva & Abram (2008) contextualizam como inserido na Suíte Colider (Fig 5.2 A). Estes últimos autores processaram dados de aerogamaespectrometria para definição de temas com parâmetros hidrotermais e demonstraram que a região do Garimpo do Papagaio têm valores anômalos para o parâmetro Kd, valor elevado do parâmetro F e baixa razão eTh/K. Silva & Abram (2008) também identificaram através de interpretação de imagens Landsat, em fusão com SRTM juntamente com a interpretação de dados magnetométricos, uma importante zona de falha, com direção geral a N77°E, passando nas proximidades do garimpo (Fig 5.2 B). 20 Figura 5.1 – Estrutura do Garimpo do Papagaio. (A) e (B) Shaft construído pelos garimpeiros; (C) e (D) Estilo de cavas abertas pela exploração artesanal; (E) Beneficiamento do minério artesanalmente; (F) Moinho elétrico utilizado no beneficiamento do minério. 21 Figura 5.2 - Mapas retirados de Silva & Abram (2008). (A) localização do garimpo de Papagaio no mapa geológico (B) Mapa da Fase da Magnitude do Gradiente Horizontal Total do Campo Magnético e estrutura magnética inferida com direção NE-SW. A rocha encaixante do depósito corresponde a pelo menos um plúton sub-vulcânico de composição ácida. Devido a uma capa saprolítica que recobre toda a região do depósito, afloramentos de rochas preservadas do intemperismo são raros, porém quando encontradas, são riolitos brancos, não magnéticos e de textura porfirítica bem desenvolvida. Os fenocristais são basicamente compostos por cristais feldspatos euédricos a sub-édricos, quartzo subarredondados a bi-terminados e biotita sub-édrica, todos entre 0,5 a 3,0 mm, dispersos em uma matriz afanítica (Fig 5.3 A). Um padrão de alteração hidrotermal afeta estas rochas, onde a alteração potássica é provavelmente a mais antiga, ocorre de forma pervasiva, por vezes seletiva, afetando principalmente a matriz e subordinadamente os cristais de feldspatos, conferindo uma tonalidade avermelhada a rocha (Fig 5.3 B). Em seguida uma alteração sericítica afeta a rocha, é a principal hospedeira do minério com alta concentração de sulfetos (piritização), ocorre de forma pervasiva e altera tanto a matriz quanto os fenocristais de feldspatos de modo a modificar toda a tonalidade da rocha para cinza, que varia de tons claros a escuros (Fig 5.3 C). Uma alteração sílica fissural é evidenciada através de veios que ocorrem tanto em sistemas preferencialmente orientados a NE, como em stockworks (Fig 5.3 D). Por fim ocorre uma alteração propilítica, que afeta regionalmente as rochas de forma pervasiva, alterando principalmente o núcleo dos fenocristais de feldspato (Fig 5.3 E). 22 Figura 5.3 – Litologia do Depósito do Papagaio; (A) Riolito porfirítico hospedeiro do depósito do papagaio; (B) Alteração potássica definindo uma tonalidade avermelhada aos riolítos; (C) Alteração sericítica conferindo tonalidades de cinza claro à escuro para os riolitos; (D) Alteração sílica fissural, sistemas de veios em stockwork; (E) Alteração propilítica afetando principalmente o núcleo dos fenocristais de feldspato. 23 Os veios que cortam os riolitos ocorrem tanto em sistemas de stockwork como também orientados paralelamente para NE (~N40°E) com larguras que variam normalmente de 1 a 50 centímetros. Um segundo sistema de veios ocorre perpendicularmente e com menor frequência, estes também não apresentaram atividade garimpeira, o que sugere ausência da mineralização para os veios de direção NW. Os dois sistemas apresentam ângulos de mergulho subverticalizados (Fig 5.4 A). Grandes indícios de uma deformação regional não ocorrem nas rochas que hospedam a mineralização, entretanto foliações locais e em alguns casos estruturas sigmoidais podem ser encontradas. As foliações podem ser agrupadas em quatro sistemas predominantes, sendo; i) Sistema EW/NE (~N80°E) com alto ângulo de mergulho (SE/NW); ii) Sistema NS/NE (~N20°E) de alto ângulo de mergulho (SE/NW); iii) Sistema NW (~N50°W) com mergulhos intermediários (NE) e; iv) Sistema de baixo ângulo (Fig 5.4 B). Estas foliações sugerem que as rochas do depósito do papagaio sofreram de forma incipiente uma deformação rúptil e progressiva. Figura 5.4 - Diagrama de frequência de pólos. (A) Planos dos veios; (B) Planos de foliações e principais grupos identificados. 24 Figura 5.5 – Estruturas das litologias do depósito; (A) Foliação do sistema I (EW/NE), com bandamento incipiente cortando um veio de direção NE; (B) Estruturas sigmoidais possivelmente originadas por um sistema compressivo. 25 6.LITOGEOQUÍMICADODEPÓSITODOPAPAGAIO A litogeoquímica das rochas hospedeiras do Depósito do Papagaio totalizou 19 amostras. Deste total, 14 amostras apresentam valores de perda ao fogo abaixo de 2% (Tabela 6.1) e o restante são as amostras que passaram por processos hidrotermais relativamente maiores e apresentam valores de perda ao fogo acima de 2% (Tabela 6.2). Em virtude dos diversos estágios de alteração hidrotermal que afetam as rochas hospedeiras do Depósito do Papagaio, foram individualizadas nos diagramas geoquímicos as amostras com valores de perda ao fogo (P.F.; LOI) superiores a 2%. Este procedimento minimiza a discussão de processos secundários e mostra-se essencial na caracterização das amostras menos afetadas por processos hidrotermais. 26 Tabela 6.1 – Dados Geoquímicos para amostras com perda ao fogo menor que 2% (P.F. < 2%) 27 Tabela 6.2 – Dados Geoquímicos para amostras com perda ao fogo maior que 2% (P.F. > 2%) 28 6.1CLASSIFICAÇÃOMAGMÁTICA De acordo com o diagrama proposto por De la Roche (1980), as rochas encaixantes do Depósito do Papagaio são classificadas como riolitos, com um pequeno trend em direção ao campo dos álcali-riolitos (fig 6.1 A), provavelmente devido a alteração potássica que afeta essas rochas, formando feldspatos alcalinos. As amostras também são classificadas como riolitos de acordo com o diagrama sugerido por Cox et al. (1979), com uma concentração no limite com o campo que classifica os dacitos, devido ao teor de SiO2 (fig. 6.1 B). De acordo com o diagrama que individualiza as séries alcalinas das sub-alcalinas sugerido por Irvine & Baragar (1971) o magmatismo que originou os riolitos em questão mostra afinidade com as séries sub-alcalinas (fig 6.1 C). No diagrama proposto por Peccerillo & Taylor, (1976) relacionado ao índice de subalcalinidade, observa-se uma relativa dispersão dos resultados (fig 6.1 D). A alteração potássica que afeta mesmo que de forma incipiente algumas dessas amostras, pode ter sido responsável por essa dispersão, deslocando o resultado do campo das séries cálcio alcalinas de alto potássio para dentro dos limites das séries shoshoníticas. Em relação ao índice de saturação em alumina proposto por Maniar & Piccoli (1989), as amostras se concentram na divisão entre os campos metaluminoso e peraluminoso (fig 6.1 E), tal comportamento é evidenciado pela presença de hornblenda e biotita. A dispersão de uma amostra é dada devido a elevados valores de Al2O3, associado a assembleias hidrotermais responsáveis pela formação de muscovita e clorita. 29 Figura 6.1 – Distribuição dos pontos representativos das rochas encaixantes do Depósito do Papagaio em diagramas químico-classificatórios. (A) Diagrama classificatório, R1 versus R2 (De la Roche, 1980); (B) Diagrama classificatório para rochas do Depósito do Papagaio (Cox et al. 1979); (C) Limite entre rochas alcalinas e sub-alcalinas (Irvine & Baragar 1971) (D) Diagrama de sub-alcalinidade dividindo os campos das séries magmáticas (Peccerillo & Taylor, 1976); (E) Diagrama de índice ASI (Aluminum Saturation Index) (Maniar & Piccoli, 1989). 30 6.2CLASSIFICAÇÃODOTIPODEGRANITO De acordo com a divisão proposta por Champion & Heinemann (1994) que definem para o limite entre rochas félsicas e máficas o valor de 68% de sílica, observa-se que as rochas encaixantes do Depósito do Papagaio são predominantemente ácidas (65,51% < SiO2 < 77,47%). São rochas que apresentam hornblenda, biotita e apatita como fases acessórias comuns, porcentuais intermediários de CaO (0,29% < CaO < 2,67%) e baixos valores de ASI (índice de saturação em alumina; fig 6.2 E). Também apresentam boas correlações dos elementos maiores, menores e traços com a variação de sílica (índice de fracionamento ígneo). Segundo Chappell & White (2001), essas características são frequentemente utilizadas na distinção de granitos do tipo I. Granitos desta classe são relacionados a arcabouços de margem continental ativa em ambiente de arco plutono-vulcânico (Cobbing, 2000). De acordo com os diagramas de Whalen et al., (1987), que distingue os granitos do tipo I-S daqueles do tipo A, a partir de valores de razões (Ga/Al)*104, permitem classificar essas rochas como típicos granitos do tipo I (fig. 6.2). 31 Figura 6.2 – Diagramas de discriminação granítica propostos por Whalen et al. (1987). 32 6.3VARIAÇÃODOSELEMENTOSMAIORESEMENORES Os elementos maiores e menores das rochas que hospedam o Depósito do Papagaio apresentam concentrações relativamente similares, com pouca variação entre as amostras investigadas. As cinco amostras que exibem perda ao fogo com valores superiores a 2% (P.F > 2%) foram individualizadas nos diagramas geoquímicos, porém excluídas das descrições sobre as variações elementares e discussões, por não serem representativas quanto a característica original da rocha. Os valores de SiO2 estão compreendidos entre 65,51-77,47% tipificando um magmatismo supersaturado em sílica, enquanto que o Al2O3 abrange de 12,07-14,77%. Os valores de CaO variam entre 0,29-2,67% de modo que esta heterogeneidade se deva possivelmente a variação na ocorrência de hornblenda, observada na petrografia. O Na2O ocorre entre 1,62-4,26% enquanto que o Fe2O3 ocorre entre 1,08-5,59%. A partir dos diagramas de Harker (Figura 6.3), observa-se uma tendência geral de diminuição dos elementos maiores e menores com o incremento de sílica. Essa relação inversa é observada principalmente para o Al2O3, Fe2O3, Na2O, MgO, CaO, TiO2, P2O5 e MnO, com exceção do K2O. Dentre os elementos analisados o K2O apresenta uma correlação positiva com o incremento de sílica, este fato é o indicativo da ocorrência de microclínio gerado pela potassificação que afeta as rochas do depósito. 33 Figura 6.3 – Diagramas de Hacker com a variação dos elementos maiores e menores das amostras provenientes do Depósito do Papagaio. 34 6.4VARIAÇÃODOSELEMENTOS-TRAÇO Da mesma forma dos elementos maiores e menores, as amostras com valores de P.F. superiores a 2% foram individualizadas nos diagramas geoquímicos (figura 6.4) e excluídas das comparações quanto aos teores de elemento-traço. As rochas encaixantes do Depósito do Papagaio exibem decréscimo com o aumento de SiO2 para o Ni (0,6-3,7 ppm), Ba (115-1534 ppm), Sr (27,6-319,4 ppm) e Zr (118,7-363,0 ppm), no entanto, acréscimo para Y (24,1-127,9 ppm), Hf (4,4-9,0 ppm), Rb (96,1-242,2 ppm), Ta (0,8-1,4 ppm), U (2,8-5,6 ppm), Nb (0,6-3,7 ppm), La (28,8-100,7 ppm) e de forma mais incipiente para o Lu (0,44-1,24 ppm). Os valores encontrados para Ba e Sr podem ser atribuídos a um reflexo da alteração potássica incipiente que afeta estas rochas com geração de ortoclásio e microclínio, que tendem a incorporar estes elementos (Cox et al. 1996; Moore & Sisson 2008) As concentrações de Hf, Zr e Y podem ser atribuídas a ocorrência de zircão, comumente observado durante a petrografia destas amostras. 35 Figura 6.4 – Diagramas de Hacker com a variação dos elementos-traço das amostras provenientes do Depósito do Papagaio. 36 6.5ELEMENTOSTERRASRARAS O Padrão de distribuição dos elementos terras raras (ETR), normalizados pelo manto primitivo de Sun & McDonough (1995), exibem típico enriquecimento em elementos terras raras leves (ETRL) e empobrecimento em elementos terras raras pesadas (ETRP) (Fig. 6.5 B). As anomalias negativas de Eu nas rochas encaixantes do Depósito do Papagaio sugerem que o plagioclásio teria se fracionado de forma eficiente durante a cristalização destas rochas. O diagrama de Pearce et al. (1984) normalizado por granitos de cordilheiras oceânicas (Fig 6.5 C) apresenta enriquecimento em elementos litófilos de raio iônico grande (K, Rb e Ba) em relação aos elementos de carga alta (HFSE- Hf, Zr, Y e Yb). 37 Figura 6.5 – Diagramas multielementares (spidergrams). (A) Padrão de distribuição normalizados em relação ao manto primordial (Sun & McDonough, 1989); (B) Padrão de distribuição de elementos terras raras normalizados pelos valores do condrito de Nakamura (1977); (C) Padrão de distribuição de traços, normalizados por valores dos granitos de cordilheiras meso-oceânicas (Pearce et al. 1984). 38 6.6DIAGRAMASDEAMBIÊNCIATECTÔNICA Diagramas de discriminação de ambientes tectônicos para rochas de composição granítica foram sugeridos por Gorton & Schandl (2000), utilizando-se de concentrações de Th, Ta e Hf. De acordo com esses diagramas, representados na Figura 6.6, as rochas que hospedam o Depósito do Papagaio se agrupam no campo das margens continentais ativas. Figura 6.6 – Diagramas de discriminação tectônica de Gorton & Schandl (2000). 39 Quanto aos diagramas de discriminação tectônica propostos por Pearce et al., (1984), expostos na Figura 6.7, observa-se que essas amostras apresentam afinidade geoquímica com granitoides de arcos vulcânicos, com sutil tendência para granitos intra-placa. Desta forma, o pequeno trend geoquímico observado poderia representar uma evolução geodinâmica, desde um ambiente de arco-vulcânico mais primitivo até o encerramento do evento orogenético, caracterizando uma afinidade geoquímica de granitoides pós-colisionais. Figura 6.7 – Diagramas de ambiência tectônica propostos por Pearce et al., (1984). 40 7.IDADEDODEPÓSITODOPAPAGAIO A amostra datada corresponde ao riolito porfirítico que hospeda a mineralização do depósito do papagaio (PG-029; -9,342669 N e -57,045965 E) e foram selecionados 32 grãos de zircões para análise. Os Diagramas de Concórdia gerados a partir das razões obtidas mostram que os zircões analisados forneceram um bom alinhamento dos pontos analíticos (MSWD = 1.3) apresentando idades concordantes de 1782,8 ± 8.2 Ma. (Fig. 7.1) e 1781,4 ± 7.5 Ma (Fig. 7.2). 0,38 0,36 1940 1900 0,34 1860 / 238U 0,32 206Pb 1820 0,30 1780 1740 1700 1660 0,28 Intercepto superior 1782.8 ± 8.2 Ma Intercepto inferior ± 50 Ma MSWD = 1.3 0,26 4,0 4,4 4,8 207Pb 5,2 5,6 / 235U Figura 7.1 - Diagrama com dados de U/Pb em zircões da amostra PG-029 obtidos com LAM-MCICP-MS forneceram uma idade de concórdia no intercepto superior de 1782,8 ± 8,2 Ma. 41 0,36 206Pb / 238U 1900 0,34 1860 1820 0,32 1780 1740 Intercepto superior 1781.4 ± 7.5 Ma Intercepto inferior ±50 Ma MSWD = 1.3 0,30 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 207Pb / 235U 5,4 5,6 Figura 7.2 - Diagrama com dados de U/Pb em zircões da amostra PG-029 obtidos com LAM-MCICP-MS forneceram uma idade de concórdia no intercepto superior de 1781,4 ± 7.5 Ma. 42 8.ARTIGO “ALTERAÇÃOHIDROTERMALEREGIMEDEFLUIDOSNODEPÓSITO DOPAPAGAIO,PROVÍNCIAAURÍFERADEALTAFLORESTA(MT), CRÁTONAMAZÔNICO.” 43 ALTERAÇÃO HIDROTERMAL E REGIME DE FLUIDOS NO DEPÓSITO DO PAPAGAIO, PROVÍNCIA AURÍFERA DE ALTA FLORESTA (MT), CRÁTON AMAZÔNICO. 1 Marcelo Garcia Galé Paulo César Corrêa da Costa2 Francisco Egídio Cavalcante Pinho3 Rafael Rodrigues de Assis4 1- Programa de Pós-Graduação, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT, Brasil. E-mail: [email protected] 2- Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT, Brasil. E-mail: [email protected] 3- Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT, Brasil. Email: [email protected] 4- Programa de Pós-Graduação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas – SP, Brasil. Email: [email protected] Resumo O Depósito aurífero do Papagaio está situado no município de Paranaíta, extremo norte do estado de Mato Grosso, dentro do contexto geológico do setor noroeste da Província Aurífera de Alta Floresta. Ocorre hospedado em rochas sub-vulcânicas félsicas que foram afetadas por forte alteração sericítica pervasiva, balizadas por uma intensa alteração potássica. O minério, de paragênese denotada por pirita + esfalerita + calcopirita ± covelita, ocorre associado à stockworks e sistemas de veios de quartzo de direção NE com mergulhos subverticais que truncam os setores de alteração hidrotermal. Estudos de inclusões fluidas mostram que fluidos de elevada temperatura e salinidade (> 325 °C e 24% eq. NaCl) tiveram um papel essencial na formação das zonas mineralizadas do depósito. Nesse contexto, a colocação de corpos sub-vulcânicos teria sido essencial na gênese da mineralização aurífera do Papagaio, pois teria servido como fonte de calor, fluido e metais para a instalação de um sistema magmático-hidrotermal local, possivelmente semelhante aos sistemas do tipo ouro pórfiro. Palavras-chave: Alteração Hidrotermal, Inclusões Fluidas, Província Aurífera de Alta Floresta, Depósitos do tipo Ouro Pórfiro. Abstract The Papagaio auriferous deposit is situated in Paranaita City, far north on state of Mato Grosso, within the geological context of the sector northwest of Alta Floresta gold province. Hosted rocks occur in subvolcanic felsic that was affected by strong pervasive sericitic alteration, buoyed by intense potassic alteration. The ore paragenesis denoted by pyrite + sphalerite + chalcopyrite ± covellite, is associated with stockworks and quartz vein systems in the NE with dips sub-vertical overprinting sectors hydrothermal alteration. Studies of fluid inclusions show salinity fluids and elevated temperature (> 325 ° C and 24% eq. NaCl) had an essential role in the mineralization zones of the deposit. In this context, the placement of sub-volcanic bodies have been essential in the genesis of Papagaio’s gold mineralization, it would have served as a source of heat, fluid and metals for the system of a site magmatic-hydrothermal, possibly similar like the gold porphyry systems type. Keywords: Hydrothermal Alteration, Fluid Inclusions, Alta Floresta Gold Province, Gold Porphyry Deposits. INTRODUÇÃO A Província Aurífera de Alta Floresta (PAAF), definida por Souza et al (2005), insere-se em uma faixa W-NW com mais de 500 km no norte de Mato Grosso, delimitada entre as nascentes do rio Peixoto de Azevedo a leste e o rio Aripuanã a oeste, a norte e sul pelo Gráben do Cachimbo e Gráben dos Caiabís, respectivamente. Enquadrada na porção sul do Cráton Amazônico, a PAAF se estende entre as províncias geocronológicas Ventuari – Tapajós (1,95 a 1,8 Ga.) e Rio Negro – Juruena (1,8 – 1,55 Ga; Tassinari & Macambira, 1999; Ruiz, 2005). Essa região é constituída basicamente por sequências plutonovulcânicas (Figura 01) geradas em ambiente de arcos magmáticos que se desenvolveram e se agregaram no decorrer do Paleoproterozóico (Tassinari & Macambira 1999; Santos et al. 2006). 44 Os trabalhos de âmbito acadêmico realizados na PAAF concentram-se em seu setor leste, principalmente nos arredores dos municípios de Peixoto de Azevedo, Matupá, Novo Mundo e Guarantã do Norte, onde observa-se que um número significativo de mineralizações auríferas estão preferencialmente hospedadas em suítes graníticas paleoproterozóicas do tipo I, cálcio-alcalinas, metaluminosas a peraluminosas, de médio a alto potássio que variam em composição de tonalito-granodiorito a sieno-granito (Paes de Barros 2007; Assis 2011; Miguel-Jr. 2011). As mineralizações auríferas dessa porção podem ser subdivididas em dois grupos principais, tendo por base a paragênese do minério: (i) Au ± Cu, representada dominantemente por pirita e concentrações variáveis de calcopirita; e (ii) Au + Zn + Pb ± (Cu), com pirita e concentrações significativas de esfalerita, galena e menores ocorrências de digenita e calcopirita (Assis 2011). O contexto geológico do setor oeste da PAAF é pouco conhecido, sendo que os trabalhos existentes são de cunho regional (Lacerda Filho et al. 2004; Souza et al. 2005). Segundo estes autores, o depósito do Papagaio está inserido na suíte anorogênica Teles Pires (Figura 01), de idade 1.782 ±17 a 1.757 ±16 Ma (Santos 2000; Silva & Abram 2008). Os termos plutônicos desta suíte são compostos por biotita granitos avermelhados além de rochas sub-vulcânicas subordinadas. Entretanto as rochas vulcânicas representantes desse magmatismo são ignimbritos félsicos com intercalações de riolitos porfiríticos, basaltos, além de sequências vulcano-sedimentares, todos pós-orogênicos, não deformados, cálcio-alcalinos de alto potássio (Pinho 2002; Lacerda Filho et al. 2004). Contudo, em um trabalho mais recente, Silva & Abram (2008) inserem o Depósito do Papagaio na Suíte Intrusiva Colíder e classificam a rocha hospedeira da mineralização como vulcânica porfirítica, intermediária a ácida, de composição andesítica/dacítica de coloração cinza, com fenocristais de plagioclásio e matriz com plagioclásio, quartzo, biotita e agregados de magnetita. O único trabalho que expõe o contexto geológico da área em questão, em maior detalhe, é o de Quaresma & Hatanaka (2011), que denominam a litologia encaixante do Depósito do Papagaio como Granito Papagaio, subdividindo em duas fácies, A e B, para se referir as rochas preservadas e as que foram afetadas por alteração hidrotermal, respectivamente. Segundo estes autores essas rochas passaram por um evento de deformação progressiva durante o Proterozóico e as classificam geoquimicamente como riodacito a riolito de magmatismo subalcalino do tipo cálcio-alcalino com afinidade metaluminosa a peraluminosa, correspondentes a granitos intraplaca do tipo-A oxidados. O presente trabalho objetiva a identificação do padrão de alteração hidrotermal e do regime de fluidos do Depósito aurífero do Papagaio, tendo como foco principal os processos 45 responsáveis pela gênese do depósito (mecanismos de precipitação do minério), assim como a sua relação com as encaixantes. Figura 1 – Localização e domínios geológicos da PAAF (Modificado e integrado de Lacerda Filho et al., 2004 e Paes de Barros, 2007) 46 MATERIAIS E MÉTODOS Os seguintes procedimentos foram utilizados na confecção deste trabalho: (i) etapa de campo para classificação das diferentes fácies litológicas e dos padrões de alteração hidrotermal, levantamento de dados estruturais e do reconhecimento dos veios mineralizados; (ii) petrografia da rocha hospedeira, das rochas que foram afetadas por alteração hidrotermal e do minério; (iii) petrografia e microtermometria de inclusões fluidas confinadas em quartzo oriundo de veios estéreis e mineralizados. Para o estudo da petrografia e de inclusões fluidas foram confeccionadas lâminas bipolidas e delgadas-polídas no Laboratório de Laminação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os estudos petrográficos (alteração hidrotermal e inclusões fluidas) foram realizados em um microscópio petrográfico convencional da ZEISS Axiophot e Leica DM-EP. Ao modelo ZEISS Axiophot foi acoplado um dispositivo de obtenção de imagens (câmera Sony Cybershot) com resolução de 12.0 megapixels. Os estudos de inclusões fluidas foram feitos em cristais de quartzo provenientes da zona mineralizada e estéril, com foco na caracterização das populações, distribuição e tipos dos fluidos presentes em cada caso. As análises de microtermometria foram realizadas no Laboratório de Inclusões Fluidas do Instituto de Geociências (IG), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em uma platina de aquecimento/resfriamento LINKAM THMSG600 adaptada a um microscópio convencional LEICA® DMLP, com calibração em inclusões sintéticas aquo-salinas e aquo-carbônicas manufaturadas pela SYN FLINC. A precisão obtida após a calibração foi de ± 0,2°C para o congelamento e aquecimento. Para obtenção de teores dos metais preciosos e base foram analisadas 23 amostras no Acme Analytical Laboratories (Acmelab)- Vancouver/ Canadá através do método ICPMS (Inductively Couple Plasma Mass Espectrometry). DEPÓSITO DO PAPAGAIO O depósito do Papagaio situa-se a margem direita do Rio Apiacás e corresponde a um garimpo de aproximadamente 50 cavas ou shafts relacionados a um morro que se destaca no relevo local. A rocha encaixante do depósito corresponde a um riolito porfirítico originado por pelo menos um plúton sub-vulcânico, que não apresenta indícios de deformação regional, entretanto foliações locais podem ser encontradas. Devido a uma capa saprolítica que recobre toda a região do depósito, afloramentos de rochas preservadas do intemperismo são raros, porém quando encontradas, são rochas de coloração branca, não magnéticas e 47 de textura porfirítica bem desenvolvida (Fig. 2A). Os fenocristais não ultrapassam 35% do total da rocha e têm em média tamanhos de 0,5 a 3,0 mm, são predominantemente de feldspato alcalino, quartzo, máficos e plagioclásio, dispersos em uma matriz afanítica. Estudos petrográficos mostram que as rochas hospedeiras da mineralização do Depósito do Papagaio apresentam textura porfirítica, matriz xenomórfica e contatos entre os cristais predominantemente irregulares (Fig 2A e B). Os fenocristais de feldspato alcalino são subédricos a euédricos representados por microclina com geminação tartan e subordinadamente, por ortoclásio com geminação Carlsbad, e textura de ex-solução (pertita). Os cristais máficos são representados principalmente por biotita. Os fenocristais de plagioclásio podem ocorrer tanto de forma euédrica como até mesmo anédrica, em formas arredondadas, mostram geminação albita e por vezes apresentam-se zonados (Fig 2C). Os fenocristais de quartzo variam de euédricos a sub-édricos, bi-terminados romboédricos. Alguns feno-cristais de quartzo exibem extinção ondulante e/ou golfos de corrosão (Fig 2D). Magnetita, ilmenita, zircão, apatita e anfibólio correspondem a fases acessórias. 48 Figura 2 – Fotomicrografias da rocha encaixante do Depósito do Papagaio. A) Foto em lupa riolito. B) Textura porfirítica observada em seção delgada, fenocristais de feldspato alcalino, quartzo e plagioclásio. C) Fenocristal de pertita ao canto superior esquerdo, plagioclásio com vestígio de geminação polissintética e zonado, feldspato potássico. D) Fenocristais de plagioclásio com geminação albita e quartzo com borda de corrosão e extinção ondulante. FOTOMICROGRAFIAS: B, C e D, Polarizadores cruzados. A alteração hidrotermal afetou invariavelmente as rochas do Depósito do Papagaio em distintos graus de intensidade, particularmente em setores proximais às zonas mineralizadas, de modo a formar halos a partir desta (Fig. 03). 49 Figura 3 – Mapa dos principais halos de alteração hidrotermal que afetam os riolitos que hospedam o minério. A alteração potássica é representada pela paragênese ortoclásio + microclina ± biotita em estilo pervasivo e representa à fase inicial da alteração hidrotermal. É frequentemente reconhecida em torno do morro que hospeda a maior concentração de cavas do Garimpo do Papagaio, pois confere uma tonalidade avermelhada característica as rochas, além de substituir o feldspato potássico e o plagioclásio ígneos por feldspato alcalino hidrotermal (Figs. 4A e B). Na matriz o feldspato decorrente do hidrotermalismo ocorre como uma massa amorfa com difícil visualização dos limites dos cristais e ausência de geminação. A substituição dos feno-cristais de feldspatos ígneos acaba gerando principalmente microclina, evidenciada pela típica geminação tartan, que pode afetar todo o cristal, ou por vezes, as bordas, mantendo o núcleo ígneo preservado. A 50 biotita hidrotermal ocorre com cores que oscilam de castanho escuro a amarelo claro, decorrente do forte pleocroismo, preenchendo fraturas entre os minerais. De estilo pervasivo, a alteração sericítica é representada pela paragênese sericita + muscovita que sobrepõe a alteração potássica anterior, atribuindo tonalidades acinzentadas para a rocha. Corresponde à alteração dominante presente no morro onde se concentra o minério. Pirita corresponde ao sulfeto predominante deste halo sericítico e ocorre tanto ao longo fraturas em forma de veios maciços, como disseminada na rocha. O avanço da alteração hidrotermal se dá a princípio com a alteração da matriz e em estágios mais avançados os fenocristais, de modo que pode vir a totalizar a rocha. (Fig. 4D, E, e F). A essa zona associa-se um minério disseminado de baixo teor. A silicificação é eminentemente de estilo fissural, caracteriza-se pela geração de quartzo hidrotermal com pirita + esfalerita + calcopirita ± covelita. Essa alteração frequentemente trunca todos os demais estilos anteriormente descritos. Nos setores próximais ao minério observa-se algumas ocorrências de veios de quartzo com textura em pente (comb-texture), cavidades drusiformes, texturas coloformes e box-works de pirita em veios de quartzo (Figs. 4G, H e I). Essas estruturas e texturas são sugestivas da percolação de fluidos em nível crustal raso (Candela, 1997). A silicificação torna-se também mais evidente em direção às zonas mineralizadas, onde acompanha a precipitação de sulfetos de metais base e ouro, apresentando teores em geral elevados. De estilo pervasivo a alteração propilítica é representada pela associação actinolita + epidoto + clorita ± apatita. Essa alteração é a mais nova e ocorre em escala regional, sobrepõe as alterações mais antigas e afeta as rochas da região de forma incipiente substituindo principalmente o núcleo dos plagioclásios e feldspatos potássicos, tanto ígneos como hidrotermais (Figs. 4J, K e L). Quando ocorre com maior intensidade confere uma tonalidade esverdeada aos riolitos e uma pigmentação escura ao núcleo dos fenocristais de feldspatos. 51 Figura 4 – Evolução das alterações hidrotermais que afetam as rochas hospedeiras do depósito do Papagaio. A) Intensa tonalidade avermelhada atribuída a geração de microclina hidrotermal nos riolitos. B) Substituição da borda de um fenocristal de plagioclásio por microclina. C) Formação de biotita hidrotermal devido a potassificação. D) Tonalidade acinzentada devido a sericitização intensa da rocha. E) Substituição parcial do fenocristal de plagioclásio por sericíta. F) substituição total de um fenocristal por sericíta + muscovita. G) Silicificação fissural gerando sistemas de veios em stockwork. H) Silicificação fissural cortando a matriz. I) Silicificação fissural cortando a rocha sericitizada. J) Substituição dos fenocristais por epidoto+actinolita±clorita em processos de alteração propilítica. K) Actinolita hidrotermal englobando cristal de hornblenda ígneo e clorita substituindo possivelmente a biotita ígnea e hidrotermal. L) Formação de microcistais de actinolita + epidoto no núcleo de um cristal de microclina hidrotermal. FOTOMICROGRAFIAS: C e K, luz natural; B, E, F, H I e L, Polarizadores cruzados. A petrografia do minério mostra que os corpos mineralizados hospedados na Unidade Sub-vulcânica do Depósito do Papagaio, se relacionam em dois setores distintos: (i) minério venular em domínios de intensa silicificação e; (ii) minério disseminado associado a um extenso halo de alteração sericítica. 52 O minério venular apresenta-se em estruturas do tipo stockwork (Fig. 5 A) e em veios relativamente paralelos com direção média para N40°E e mergulhos sub-verticais que alternam de NW para SE. Por vezes os veios apresentam texturas do tipo pente e cavidades drusiformes, o que caracteriza um ambiente raso. A associação do minério é representada por pirita (5-70%), esfalerita (3-50%), calcopirita (5-30%), além de covelita (~1%) subordinada. Um segundo sistema de veios, menos frequentes, ocorre em direção perpendicular (NW), porém não foi constatado mineralização nestes. A pirita ocorre dentro dos veios de quartzo como cristais euédricos a subédricos de granulação média (Fig. 5 B), são facilmente encontradas, porém associam-se predominantemente aos veios de menor espessura (< 5cm). Quando se trata de veios mais espessos a esfalerita torna-se dominante e ocorre preenchendo fraturas entre os cristais de quartzo. Pode ser maciça, formar cristais anédricos, amigdaloidais ou mesmo veios, em alguns casos ocorre associada a pirita (Fig. 5 C, D e E). A calcopirita também ocorre como minerais anédricos de preenchimento de fraturas (Fig. 5 D) e como pequenas inclusões dentro da esfalerita, na qual confere a textura “doença da calcopirita” (chalcopyrite disease), (Barton & Bethke 1987; Nagase & Kojima 1997). Covelita representa estágios mais tardios, relacionados a substituição de calcopirita (Fig. 5 F). 53 Figura 5 – Paragênese do minério venular do Depósito do Papagaio. (A) Minério venular em zona de intensa silicificação apresentando textura stock-work. (B) Fotomicrografia de pirita presente nos veios mineralizados. (C) Veios e cristal amigdaloidal de esfalerita. (D) Esfalerita, calcopirita e pirita presentes em veios mais espessos. (E) Associação entre pirita e esfalerita preenchendo fratura no veio. (F) Covelita como mineral de alteração da calcopirita. FOTOMICROGRAFIAS: B, D, E e F, luz refletida natural; C, Luz transmitida com condensador e polarizadores cruzados. O minério disseminado é restrito ao envelope sericítico que afeta os riolitos do Depósito do Papagaio. Esse setor é representado eminentemente por pirita, que ocorre como cristais euédricos a subédricos de granulação fina a média, disseminados na rocha ou preenchendo planos de fraturas, de modo que por vezes chegam a formar veios maciços e agregados do sulfeto (Fig 6). 54 Figura 6 – Pirita associada ao minério disseminado. (A) Pirita disseminada na rocha afetada por alteração sericítica; (B) Veios e Agregados de pirita preenchendo fraturas na rocha hospedeira. Nas rochas mineralizadas do Depósito do Papagaio o ouro não foi observado em microscópio petrográfico, embora teores entre 0,5 a 2703,90 ppb tenham sidos reportados em resultados de geoquímica (Tab. 1). Isso sugere que o ouro esteja associado preferencialmente como micro inclusões na pirita e na calcopirita. Além do ouro foram encontrados valores interessantes, mesmo como ocorrência, de outros metais preciosos associados ao Depósito do Papagaio, como baixos valores de prata (0,50 a 13,10 ppm) e molibdênio (2,00 a 2,40 ppm), valores intermediários de cobre (1,50 a 395,50 ppm) e valores significativos de chumbo (4,80 a 1.153,00 ppm) e zinco (8,00 a 801,00 ppm). 55 Tabela 1 – Valores dos teores de metais preciosos Au (ppb) PG-008 PG-014 PG-012B PG-042 PG-019 PG-038 0,50 BJN-122 1,30 PG-029 1,30 BJN-101 1,40 PG-031R 2,10 BJN-81 2,60 BJN-66 2,90 PG-012 3,20 BJN-99 3,30 BJN-11-B 3,40 BJN 07 B 5,10 PG-031H 39,40 PG-018R 50,20 BJN 11 A 1641,70 PG-018V 2058,10 PG-012 2483,30 BJN 07 A 2703,90 Amostra Ag (ppm) 0,05 0,10 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,10 0,05 0,05 0,30 0,05 0,05 0,10 0,70 0,20 1,80 13,10 7,90 7,50 Cu (ppm) 10,70 6,00 10,20 3,00 7,90 7,20 4,10 4,10 3,00 7,80 1,50 2,80 66,70 3,40 12,60 15,90 50,90 4,50 117,40 395,50 89,40 62,90 Mo (ppm) 0,90 0,80 0,80 1,00 0,90 0,90 1,00 1,00 1,00 1,70 0,20 0,30 0,50 0,20 1,10 0,60 2,40 0,70 2,00 0,50 1,00 2,00 Pb (ppm) 23,90 10,20 9,10 10,40 9,40 20,50 19,50 19,50 12,00 20,60 4,80 17,10 19,40 15,30 231,50 16,30 1153,00 10,40 749,40 347,40 633,60 522,40 Zn (ppm) 189,00 56,00 107,00 75,00 58,00 85,00 47,00 50,00 13,00 84,00 8,00 88,00 153,00 54,00 125,00 111,00 73,00 21,00 34,00 67,00 801,00 199,00 INCLUSÕES FLUIDAS Com o objetivo de distinguir a natureza dos fluidos responsáveis pela precipitação do minério aurífero do Depósito do Papagaio, o estudo de inclusões fluidas (IFs) foi realizado tanto em amostras do sistema de veios estéreis quanto do sistema de veios mineralizados. Os veios da área do Depósito do Papagaio apresentam espessura geralmente inferior a 10 cm e situam-se especialmente orientados para NE com mergulho subvertical e/ou sistemas de stockworks, similar a diversos outros sistemas venulares descritos no setor leste da província (Paes de Barros 2007; Assis 2011). De acordo com os critérios de Bodnar (2003), foram identificados, com base no número de fases observadas à temperatura ambiente (25°C), três grupos principais de inclusões fluidas. Em termos composicionais, as IFs foram agrupadas do seguinte modo: (i) Tipo I: inclusões aquosas bifásicas (L + V); (ii) Tipo II: inclusões aquosas tri- à multifásicas (L + V + S), que em virtude da similaridade entre os índices de refração desta com o cristal de quartzo hospedeiro, possivelmente correspondam a cristais de 56 saturação de halita; (iii) Tipo III: inclusões aquo-carbônicas, com ocorrências restritas de sais. Embora em menor proporção, também são observadas inclusões fluidas monofásicas, possivelmente preenchidas por H2O líquida, que ocorrem concomitantemente com os grupos do tipo I e II. Inclusões fluidas carbônicas também ocorrem de forma subordinada dentro do grupo III. Os veios estéreis são eminentemente formados por quartzo de dimensões regulares e granulação muito grossa. Os fluidos são representados principalmente por inclusões do tipo I e em menores proporções pelo tipo II. O primeiro tipo ocorre com heterogeneidade quanto à forma (hexagonais a sub-arredondadas) e homogeneidade nas dimensões (~25,0 µm), com raros casos de inclusões com extensões superiores a 50,0 µm. O preenchimento da fase vapor é constante e de baixo grau (~15%) (Fig. 7C). As inclusões ocorrem principalmente como um arranjo planar denso (Fig. 7A) e subordinadamente como trilhas pseudo-secundárias, secundárias tardias ou individualmente isoladas (Fig. 7B). As inclusões do tipo II são primárias e ocorrem como nuvens isoladas (Fig. 7B), eminentemente tri-fásicas, que a exemplo do caso anterior, também exibem variações quanto a forma (hexagonais a sub-arredondadas), porém com homogeneidade quanto ao tamanho (~25,0 µm), grau de preenchimento da fase de vapor (~25%) e do cristal de saturação (~5%), que em decorrência do hábito cúbico e da similaridade entre o seu índice de refração com o do cristal hospedeiro da inclusão (quartzo), possivelmente corresponda a halita (Fig. 7D). De modo geral os dois grupos de inclusões ocorrem em conjunto no cristal, não havendo, portanto, uma individualização entre os mesmos. Nos veios mineralizados o quartzo encontra-se associado à pirita + esfalerita + calcopirita ± covelita, exibe dimensões variadas e granulação média a fina. Os fluidos são representados por inclusões do tipo I, II e III. Todos os grupos apresentaram formas variáveis entre arredondadas a irregulares, com dimensões relativamente menores quando comparadas às inclusões dos veios estéreis, não excedendo, portanto, os 12 µm de comprimento. O segundo tipo é mais frequente e ocorre concomitantemente com as inclusões do tipo I, configurando nuvens isoladas ou trilhas secundárias (Fig. 8A). Ambos os grupos exibem homogeneidade quanto ao grau de preenchimento da fase volátil (10 a 30%). As inclusões do tipo II podem conter mais de um cristal de saturação, o qual exibe forma heterogênea por preencher de 2 a 70% do volume total da inclusão, além de formatos também diversificados, desde cúbico a acicular (Fig. 8B, C, D e E). As 57 inclusões do tipo III são primárias, ocorrem preferencialmente em nuvens isoladas e raramente coexistem com as do tipo I e II. Porém, quando coexistem, exibem feições de estrangulamento (necking down) (Fig.8F e G). O grau de preenchimento é bastante heterogêneo, desde 20 à 90% do volume total da inclusão, com uma moda entre 50 à 70% (Fig. 9). Figura 7 – Fotomicrografias mostrando a distribuição e detalhe dos tipos de inclusões fluidas em veio de quartzo estéril. A) População do tipo I distribuída em arranjo planar. B) Uma trilha subvertical composta por inclusões do pseudo-secundárias do tipo I corta o centro da foto e uma trilha de inclusões tardias secundárias do mesmo tipo desloca-se de forma inclinada; Inclusões primárias isoladas do tipo I (setas); Nuvem de população do Tipo II (Linha tracejada). C) Detalhe das inclusões do tipo I, apresentando a fase líquida (L) e a fase volátil (V) preenchendo aproximadamente 15% do volume total. D) Detalhe das inclusões do tipo II apresentando a fase líquida, a fase volátil e o cristal de saturação (Halita?). 58 Figura 8 – Fotomicrografias mostrando a distribuição e detalhe dos tipos de inclusões fluidas em quartzo dos veios mineralizados. A) Inclusões do tipo I e II distribuídas em formas de nuvens e trilhas secundárias (setas). B) Detalhe das inclusões dos tipos I e II, apresentando a fase líquida (L), a fase volátil (V) e cristais de saturação (CS). C, D e E) Variação no tamanho e na quantidade dos cristais de saturação nas inclusões do tipo II. F) Inclusão do tipo III com aproximadamente 20% de preenchimento em CO2. G) Inclusão do tipo III com aproximadamente 90% de preenchimento da fase CO2 e feições de necking down. 59 Figura 9 – Frequência do grau de preenchimento da fase CO2 nas inclusões do tipo III nos veios mineralizados. MICROTERMOMETRIA das análises microtermométricas dos diversos grupos de inclusões fluidas estão sumarizados na Tabela 2. Tabela 2 – Dados microtermométricos sumarizados para os tipos de inclusões dos veios estéreis e mineralizados. Temperatura do eutético (Te); Temperatura de fusão do gelo (Tfg); Temperatura de homogeneização total (TH); Temperatura de dissolução da hidroalita (Tdhh); Temperatura de fusão do CO2 (TfCO2); Temperatura de dissolução do clatrato (Tdcl); Temperatura de homogeneização do CO2 (THCO2). Estéril Salinidade Min. Tipo I -77,4 -70,6 -32,3 -25,7 135,9 190,3 26,0 (% em peso eq. NaCl) Max. 30,2 Te (°C) Min. Max. Tfg (°C) Min. Max. TH (°C) Min. Max. Tdhh (°C) Min. Max. TfCO2 (°C) Min. Max. Tdcl (°C) Min. Max. THCO2 (°C) Min. Max. Mineralizado Tipo II -63,8 -41,4 323,2 402,9 40,0 Tipo I -68,2 -20,4 -22,5 0,0 115,1 216,2 -28,1 -18,2 0,5 Tipo II -64,9 -28,3 -26,7 -24,4 - Tipo III -59,3 -56,2 6,1 8,8 18,9 30,9 2,4 47,8 24,0 - 7,2 60 Nos veios estéreis as inclusões fluidas do tipo I mostram temperatura do ponto eutético (Te) entre -77,4 a -70,7 °C com uma maior concentração entre -74,0 a -73,0 °C (Fig. 10A). A temperatura de fusão do gelo (Tfg) varia de -32,3 a -25,7°C, correspondendo, portanto, a salinidades entre 26,0 e 30,2 em peso equivalente em NaCl (Fig. 10B). A temperatura de homogeneização total (TH) está compreendida entre 135,9 e 190,3 °C, com moda em 150,0 °C (Fig. 10C). As inclusões fluidas do tipo II apresentaram temperaturas do eutético (Te) entre -63,8 e -41,4 °C (Fig. 11). Devido a alta temperatura de dissolução do cristal de saturação (halita?), foi possível obter apenas três medidas referentes ao parâmetro, os quais estão compreendidos entre 323,2 e 402,9 °C, conferindo uma elevada salinidade ao grupo: de 40,0 a 47,7% peso equivalente em NaCl. 61 Figura 10 – Histogramas de dados microtermométricos das inclusões do tipo I nos veios estéreis: (A) Temperatura do eutético (Te); (B) Salinidade (% em peso equivalente de NaCl); (C) Temperatura de homogeneização total (TH). 62 Figura 11 – Histrograma de frequência da temperatura do ponto eutético (Te) das inclusões do tipo II em quartzo proveniente dos veios estéreis. Nos veios mineralizados as inclusões do tipo I exibem dois padrões de temperaturas para o ponto eutético: (i) um entre -68,2 e -58,9 °C e (ii) um segundo, mais representativo (89,5 % dos casos ), entre -43,5 a -20,4 °C, com uma moda em 35,0 °C (Fig. 12 A). Houve em alguns cristais a formação de hidrohalita, da qual obteve-se temperaturas de dissolução de entre -28,1 a -18,2°C. A Tfg oscilou desde -22,5 até 0°C, o que consequentemente demonstra baixos a moderados valores de salinidade, entre 0,5 a 24,0 % em peso equivalente em NaCl (Fig. 12 B). A Tht total varia de 115,1 a 216,2°C (Fig. 12 C). A variação nas dimensões aliadas a elevada quantidade de cristais de saturação (aprisionamento acidental) nas inclusões do tipo II dos veios mineralizados não permitem confiabilidade quanto aos dados microtermométricos obtidos e, portanto, impossibilita estimativas confiáveis dos reais parâmetros físico-químicos deste fluido. 63 Figura 12 – Histogramas de frequência dos dados microtermométricos relacionados às inclusões do tipo I descritas nos veios mineralizados: (A) Temperatura do ponto eutético (Te); (B) Salinidade (% equivalente em peso de NaCl); (C) Temperatura da homogeneização total da inclusão (TH). 64 A temperatura de fusão da fase carbônica (TfCO2) das inclusões do tipo III variou de -59,2 a -56,2 °C, porém, com maior concentração dos valores entre -56,6 a -56,4 °C (Fig. 13 A). Essas temperaturas indicam que a fase volátil dessas inclusões é constituída apenas por CO2, sem apresentarem adição de outros voláteis, a exemplo do N2 e/ou CH4, os quais provocariam um abaixamento do ponto triplo do CO2 (-56,6°C). Houve a nucleação de clatrato durante o resfriamento das inclusões, o qual exibe temperaturas de dissolução entre 6,1 a 8,8°C, representativas, portanto, de baixas salinidades: 2,4% a 7,2% em peso equivalente de NaCl (Fig. 13 B). A homogeneização do CO2 predominantemente para a fase líquida (86,5% dos casos) ocorreu no intervalo de 18,9 a 30,9 °C, com visível moda em torno dos 29,0 °C (Fig. 13 C). Não foi possível obter as temperaturas de homogeneização total para esse grupo de inclusões, visto que as mesmas apresentaram crepitação a partir dos 325 °C. 65 Figura 13 - Histogramas de frequência dos dados microtermométricos relacionados às inclusões do tipo III dos veios mineralizados: (A) Fusão do CO2; (B) Salinidade em % em peso de NaCl; (C) Temperatura de homogeneização do CO2. 66 DISCUSSÕES E CONCLUSÕES O Depósito do Papagaio esta hospedado em riolitos porfiríticos compostos principalmente por feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e biotita que são afetados por um padrão de alterações hidrotermais semelhante a ulteriores depósitos estudados no setor leste da Província Aurífera de Alta Floresta, a exemplo do Depósito do Francisco (Assis, 2011), Depósito do Luizão (Paes de Barros, 2007), Depósito do Pombo (Biondi et al. 2006 e 2007; Biondi, 2009) entre vários outros em que a alteração sericítica corresponde ao halo hidrotermal de maior teor disseminado dos depósitos, associada a uma alteração potássica, mais velha, e propilítica, mais nova, com abrangência regional. Não foi constatada alteração sódica afetando as rochas da região do garimpo, como pode ser observada no depósito do Pé Quente (Assis, 2011) e no Garimpo do Edu (Silva & Abram, 2008). Os teores de metais preciosos mostram que o ouro do depósito está associado principalmente ao chumbo + zinco ± cobre, com baixas relações com prata e molibdênio. No estudo dos fluidos dos veios estéreis foi encontrado, eminentemente, um regime de fluidos salinos, o qual é representado por dois tipos principais de inclusões fluidas: (i) inclusões aquosas bifásicas e (ii) aquosas trifásicas. O gráfico de salinidade versus temperatura de homogeneização total (Fig. 14) evidencia que fluidos trifásicos hipersalinos de alta temperatura (Tipo II), provavelmente de origem magmática, teriam interagido com fluidos salinos (origem indefinida), porém com temperatura e salinidade relativamente inferiores (Tipo I) ao primeiro. Em adicional, esse regime de fluidos salinos não mostra qualquer relação de interação com os fluidos espacial e geneticamente relacionados com as zonas mineralizadas. 67 Figura 14 – Correlação entre temperatura de homogeneização total das inclusões (TH) e salinidade (% em peso equivalente de NaCl), para as inclusões descritas nos veios estéril e mineralizado do Depósito do Papagaio. Nos veios mineralizados, três tipos principais de inclusões foram encontradas: (i) aquosas bifásicas; (ii) aquosas trifásicas e (iii) aquo-carbônicas. O primeiro grupo apresenta ampla variação na quantidade (tri- a polifásicas) e no tamanho dos cristais de saturação, possivelmente devido ao aprisionamento acidental, o que descarta a possibilidade de tratamento de dados microtermométricos. As inclusões do tipo I e III comprovam a existência de ao menos dois tipos de fluidos, o primeiro, aquo-carbônico (Tipo III), de alta temperatura e baixa salinidade, com grande variação no grau de preenchimento do CO2 (imiscibilidade?), possivelmente proveniente de zonas de transição entre profundidades mesotermais/plutônicas e de ambiente do tipo pórfiro (>5km) (Baker, 2002). O segundo, um fluido aquoso de menor temperatura e salinidade (Tipo I), de origem ainda desconhecida (Fig. 14). Estes dois tipos de fluidos podem ter se interagido e por consequência ter mudado fatores físico-químicos. Este processo de mistura dos fluidos pode ter sido responsável pela precipitação do minério. Nesse contexto, a colocação de corpos sub-vulcânicos teria sido essencial na gênese da mineralização aurífera do Papagaio, pois teria servido como fonte de calor, fluido e metais para a instalação de um sistema magmático-hidrotermal local. 68 Texturas do tipo doença da calcopirita mostram que os minerais de minério se cristalizaram em temperaturas entre 200° a 400° e descartam a possibilidade de um depósito do tipo Mississippi Valley e a formação de esfalerita através de fluídos metamórficos (Barton & Bethke 1987). Estruturas como foliação, sigmoides de cavalgamento, falhas e fraturas observadas por Quaresma & Hatanaka (2011) mostram que as rochas encaixantes do Depósito do Papagaio foram afetadas por uma deformação rúptil progressiva. Silva & Abram (2008) também inferem uma grande zona de falha para NE que passa ao sul do Depósito do Papagaio, interpretada através de dados aeromagnéticos. Entretanto o estudo das inclusões fluidas mostram elevadas salinidades e presença de CO2 com poucas impurezas, o que caracteriza estes fluídos como uma mistura magmática / meteórica, assim como a doença da calcopirita indica que possivelmente a esfalerita é originária de fluidos magmáticos. Texturas como stockworks, drusiformes e do tipo pente, encontradas nos veios do depósito, caracterizam um ambiente raso sem compressão significativa. Deste modo pode-se concluir que o metamorfismo progressivo encontrado na região não colaborou com fluídos para a mineralização, onde a concordância do sentido dos veios com as estruturas regionais seria decorrente do plano de fraqueza que canalizou os fluídos mineralizantes em uma direção preferencial. Considerando que o Depósito do Papagaio é predominantemente aurífero e encontra-se em ambiente de arco (Larcerda Filho et al., 2004; Souza et al., 2005; Silva & Abram, 2008), o posicionamento dos veios ocorreu em profundidades moderadas a rasas da crosta (2-5 km) e esta hospedado em rochas sub-vulcâncias ácidas com grandes halos de alteração hidrotermal provindos por colaboração de fluidos magmáticos, pode-se concluir que o trata-se de um depósito do tipo Ouro Pórfiro (Sinclair, 2007; Sillitoe, 2010; Pirajno, 1992; Seedorff et al., 2005, 2007). A formação de magnetita como fase acessória é um indicativo de que os fluidos mineralizantes são oriundos de um magma relativamente oxidado, o que de acordo com Pirajno (2009) justifica os baixos teores de molibdênio que foram encontrados para um depósito do tipo pórfiro. Considerando o Depósito do Papagaio como do tipo pórfiro, implica-se em um ambiente de arco-magmático ativo. Barros et al. (2009) classificam o Granito Teles Pires como pós-colisional, gerado após a cessação do período de subducção Ventuari-Tapajós. Isto contesta o fato de que o depósito estudado esteja inserido na Suíte Intrusiva Teles Pires, como proposto por Lacerda Filho et al. (2004) e Souza et al. (2005). 69 AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Professor Roberto Xavier e o IGUnicamp pelo auxílio na aquisição e interpretação de dados de Inclusões Fluidas. Também agradecem a Capes pelo Procad 68/2010 n° 23038.000675/2010-15. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Assis R.R. 2011. Depósitos auríferos associados ao magmatismo granítico do setor leste da Província de Alta Floresta (MT), Craton Amazônico: tipologia das mineralizações, modelos genéticos e implicações prospectivas. Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, 428p. Bakker R.J. & Jansen B.H. 2002. Experimental post-entrapment water loss from synthetic CO2-H2O inclusions in natural quartz. Geochim Cosmochim. 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Episodes, 22(3):174-182. 71 9.CONSIDERAÇÕESFINAIS De acordo com as conclusões feitas no capítulo anterior, o Depósito do Papagaio se assemelha aos depósitos do tipo pórfiro existentes na PAAF, hospedados em rochas sub-vulcânicas ácidas de composição riolítica, com um padrão de alterações hidrotermais formados consecutivamente por potássica, sericítica, sílica e propilítica que pode ser representada pelo rebaixamento do log [(mKCl+K+)/(mHCl+H+)], seguido do decréscimo da temperatura do sistema (Fig. 9.1). Se for tomado como base o modelo de padrões de alteração hidrotermal proposto por Sillitoe (2010) para os depósitos do tipo pórfiro, pode-se considerar uma boa preservação do corpo mineralizado do Depósito do Papagaio (Fig. 9.2). Figura 9.1 - Diagrama de fase para o sistema K2O-Al2O3-SiO2-H2O-KCl-HCl (para PH2O = 1 kbar), do log (mKCl+K+)/(mHCl+H+) em função da temperatura, em que se observa a trajetória evolutiva e simplificada do sistema hidrotermal do Depósito do Papagaio (seta em azul). Diagrama extraído de Seedorff et al., (2005). 72 Figura 9.2 – Modelo de padrões de alteração hidrotermal de um depósito do tipo Pórfiro (modificado de Sillitoe, 2010). Círculo em amarelo representa a possível localização do depósito do papagaio. O minério de alto teor se associa com a alteração sílica confinado dentro dos veios de quartzo, enquanto que a alteração sericítica se relaciona ao minério de baixo teor disseminado nas rochas. Assis (2011) questiona um potencial da Suíte Intrusiva Teles Pires em hospedar mineralizações auríferas com metais base associados, porém restritas aos seus corpos epizonais. Contudo, até o devido momento não se tem conhecimento de mineralizações associadas ao magmatismo Teles Pires em depósitos classificados como do tipo pórfiro. Levando isto em consideração e também o fato de que os riolitos que hospedam o depósito correspondem a rochas sub-alcalinas, de alto potássio, metaluminosas a peraluminosas, associadas a granitos do tipo I de arcos vulcânicos em margens continentais ativas, pode-se afirmar que o Depósito do Papagaio esta inserido na Suíte Intrusiva Colíder, como sugerido por Silva & Abram (2008). Isto descarta a possibilidade de a unidade hospedeira da mineralização corresponder a Suíte Intrusiva Teles Pires, 73 como sugerido por Lacerda Filho et al. (2004), Souza et al. (2005) e Quaresma & Hatanaka (2011), pois o minério não esta associado a granitos do tipo-A. As idades U-Pb encontradas em zircão nas rochas hospedeiras do Depósito do Papagaio de 1782,8 ± 8,2 e 1781,4 ± 7,5 são similares às idades propostas por Souza et al. (2005) para a Suíte Colíder, o que corrobora esta unidade como hospedeira do depósito. Deste modo, os estudos levantados nesse trabalho condizem com o quadro evolutivo das unidades litoestratigráficas da PAAF proposto por Silva & Abram (2008) (Tab. 9.1), podendo assim afirmar gênese do depósito esta associada a subducção do Arco Magmático Juruena. Os fluidos mineralizantes são eminentemente originados de uma mistura magmática e meteórica. Porém, pode-se afirmar que os fluidos dos veios estéreis também tiveram contribuição magmática, devido à alta salinidade (> 40% em peso eq. NaCl) e temperatura (> 323,2 °C) das inclusões do tipo II. Contudo, a ausência de mineralização questiona sua relação com o Depósito do Papagaio. Desta forma é plausível associar estes fluidos a outro evento magmático, provavelmente mais jovem do que o que gerou o minério. Neste caso é possível relacionar estes fluidos a alguma intrusão proximal do Granito Teles Pires, mesmo que não tenha sido evidenciada em campo. A falta de estruturas de estrangulamento nas inclusões fluidas dos veios estéreis, como evidenciado nos veios mineralizados, é outro fator que leva a interpretação de dois eventos distintos de colocação de fluidos. 74 Tabela 9.1 - Quadro evolutivo e síntese das principais características litogeoquímicas, geocronológicas e isotópicas das unidades litoestratigráficas descritas na região de Alta Floresta. Modificado de Silva & Abram (2008). 75 10.REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS Almeida F.F.M. 2004, Geologia do Continente Sul Americano: Evolução da Obra de Fernando Marques de Almeida. Organizadores: Virginia Mantesso-Neto, Andre Bartoreli, Celso Dal Ré Carneiro, Benjamin Bley de Brito-Neves. 647p. São Paulo. Assis R.R. 2011. 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Ponto PG001 PG002 PG003 PG004 PG005 PG006 PG007 PG008 PG009 PG010 PG011 PG012 PG013 PG014 PG015 PG016 PG017 PG018 PG019 PG020 PG021 PG022 PG023 PG024 PG025 PG026 PG027 PG028 PG029 PG030 PG031 PG032 PG033 PG034 PG035 PG036 PG037 PG038 PG039 PG040 PG041 PG042 Norte -9,33796500000 -9,33829600000 -9,33745700000 -9,33689500000 -9,33664400000 -9,33657100000 -9,33622600000 -9,33659100000 -9,33727700000 -9,33621600000 -9,33521200000 -9,33515400000 -9,33581800000 -9,33603600000 -9,33611300000 -9,33442100000 -9,33200000000 -9,33075200000 -9,34003100000 -9,34023600000 -9,33964100000 -9,33936300000 -9,33921800000 -9,34028700000 -9,34065800000 -9,34110100000 -9,34135500000 -9,34172400000 -9,34266900000 -9,34113800000 -9,34463200000 -9,34618000000 -9,38334000000 -9,37911600000 -9,36472100000 -9,35237600000 -9,34552200000 -9,33929900000 -9,32832400000 -9,32267600000 -9,33519900000 -9,33267500000 Leste -57,04873800000 -57,04899100000 -57,04860500000 -57,04844800000 -57,04849000000 -57,04845500000 -57,04938000000 -57,04953400000 -57,04971800000 -57,05028600000 -57,05018500000 -57,05098200000 -57,05235800000 -57,05277000000 -57,05306500000 -57,04964300000 -57,04900000000 -57,05065000000 -57,04717900000 -57,04662500000 -57,04586200000 -57,04561000000 -57,04541100000 -57,04456600000 -57,04506200000 -57,04531900000 -57,04553600000 -57,04583200000 -57,04596500000 -57,04580900000 -57,04685500000 -57,04781500000 -57,06349500000 -57,04715300000 -57,05756100000 -57,05805700000 -57,05864400000 -57,06205400000 -57,07373700000 -57,07534500000 -57,04494700000 -57,04609100000 Altitude 241,17470000000 236,84880000000 250,06680000000 251,74900000000 262,32350000000 268,81240000000 284,91430000000 278,42540000000 276,98350000000 280,58840000000 279,62710000000 282,03030000000 278,18510000000 272,65760000000 266,40890000000 252,22970000000 252,22970000000 216,42080000000 247,42310000000 252,95070000000 240,93430000000 235,88730000000 233,00340000000 237,56970000000 246,22160000000 262,08310000000 266,64930000000 263,28480000000 264,00570000000 261,84280000000 194,31080000000 195,75270000000 186,62020000000 202,96240000000 206,32710000000 194,55100000000 189,26390000000 188,06230000000 191,66710000000 178,20870000000 197,19460000000 212,81590000000 81 Dados microtermométricos inclusões tipo I - estéril Número 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 Amostra T. Eutético (°C) -74,7 -73,8 -73,4 -73,2 PG032E -74,6 -73,7 -75 -73,3 -73,1 -73,6 -75 -76,6 -73,3 -74 -72,7 -72,9 -75,6 -76 -70,7 -72,7 -73,1 -74,1 -76,1 -75,9 -70,6 -76 -73,9 -75,3 -72,2 -75,9 -74,6 -72,2 -73 -74,7 -73,9 -71,6 -76,4 -76,6 -73,5 -73,9 -76,5 T. Fusão hh T. Fusão Gelo -28,4 -26,7 -28,4 -28,8 -29,1 -29,7 -28,6 -29 -29,2 -30,3 -28 -28,9 -28 -29,3 -29,3 -29 -28,6 -25,7 -29,4 -29,3 -28,8 -29,6 -26 -29,3 -31,1 -29,2 -28,4 -29,7 -29,6 -29,6 -30,6 -29,5 -29,9 -28,4 -29,5 -28,9 -29,4 -29,5 -30,6 -30,1 -29,6 TH (LV-L) 149,2 137,5 138,9 149,1 138,9 149,1 148,4 150,2 135,9 147 149,8 152,5 149,4 168 151,2 152,1 150,8 151,5 151,4 147,5 150,5 150,5 150,4 151,6 150,6 152,5 151,4 149,1 147,1 150,2 145,1 146,5 190,3 183,6 151,4 151,5 150,2 149,8 148,3 150,8 151,4 Salinidade (%pNaCleq) 27,66085933 26,61829079 27,66085933 27,9082967 28,09468725 28,46994866 27,78443439 28,032473 28,15699002 28,84911874 27,414464 27,97034393 27,414464 28,21938465 28,21938465 28,032473 27,78443439 26,0071903 28,28187449 28,21938465 27,9082967 28,40715315 26,190632 28,21938465 29,36200667 28,15699002 27,66085933 28,46994866 28,40715315 28,40715315 29,04039511 28,34446288 28,59586874 27,66085933 28,34446288 27,97034393 28,28187449 28,34446288 29,04039511 28,72224986 28,40715315 82 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 -74,2 -73,2 -74,7 -72,8 -75,3 -75,9 -73,9 -75,5 -74,4 -74 -75,5 -72,1 -73,1 -73,1 -75,5 -73,7 -74 -74,3 -75,8 -76,2 -73,1 -75,4 -76,3 -74,7 -75,4 -76,3 -76,9 -75,2 -72,5 -77,4 -76,2 -74,9 -76,3 -77,2 -73,3 -76 -76,3 -29,5 -29,5 -29,7 -29,4 -29,2 -29,9 -29,8 -31,2 -28,2 -30,8 -30 -28,9 -29,7 -28,8 -29,5 -30,6 -29,3 -30 -29,3 -32,3 -29,5 -29,6 -29,3 -29,5 -30,9 -29,8 -28,6 -29 -28,9 -29,8 -29,4 -29,6 -29,6 -29,9 -31 -28,6 -28,8 -76,1 -29,4 150,7 149,7 150,6 152,4 151,1 150,1 150 138,6 152,2 151,1 152,2 28,34446288 28,34446288 28,46994866 28,28187449 28,15699002 28,59586874 28,53285274 29,4267817 27,53754478 29,16860038 28,659 27,97034393 28,46994866 27,9082967 28,34446288 29,04039511 28,21938465 28,659 28,21938465 30,15051672 28,34446288 28,40715315 28,21938465 28,34446288 29,23291935 28,53285274 27,78443439 28,032473 27,97034393 28,53285274 28,28187449 28,40715315 28,40715315 28,59586874 29,297387 27,78443439 27,9082967 28,28187449 83 Dados microtermométricos inclusões tipo I - minério Número 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 Amostra PG012 T. Eutético (°C) T. Fusão hh T. Fusão Gelo -38,6 -42,4 -24 -24,3 -19,9 -22,4 -38,2 -43,5 -20,5 -23,6 -10,9 -19 -34,4 -41,5 -34,6 -41,3 -37,2 -33,5 -43,2 -36,9 -33,9 -34,1 -37,7 -38,1 -40,7 -40,2 -35,2 -35 -22,7 -22,7 -22,8 -19,4 -26,6 -23,3 -28,1 -22,1 -25,5 -20,8 -20,6 -23 -18,2 -15,3 -15,9 -15 -13,7 -15,7 -11,6 -22,5 -10,8 -10,4 -10,4 -14,5 -11,7 -8,7 -24,3 -24 -13 -21,2 -4,3 -2,9 -5 -4,8 -5,3 -32,9 -21,4 -34,4 -28,9 TH (LV-L) 189,4 186,3 189,8 189,4 191,7 201,7 185,4 195,2 190,2 191,5 188,5 183,3 191,9 195,8 186,6 188,7 186,4 191 186,1 140,2 Salinidade (%pNaCleq) 22,30785164 23,95456717 14,87192915 21,684263 18,88216039 19,3667592 18,634875 17,52234562 19,2066724 15,56986707 24,01832813 14,77017158 14,35787725 14,35787725 18,21503413 15,66756044 12,50728817 16,893929 23,1779193 6,881027399 4,803862673 7,864625 7,587231744 8,275346489 175 PG021 -29,8 -27,5 -27 -23,4 -20,4 -4 -4,2 -5,9 -7,4 -4,9 -37,1 -32,8 -34,7 -33,2 -34 -33 -62,6 -64 -5,5 -7,8 -3,4 -2,4 -1,2 -3 -0,3 0 143,9 153,6 155,8 156,2 191,9 190,7 194,1 216,2 119,9 124,4 6,448448 6,737579016 9,077794103 10,97731777 7,726288493 8,545620875 11,45919746 5,562940328 4,025107968 2,073314496 4,957239 0,530037039 84 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 PG032M 54 55 56 57 -58,9 -68,2 -63,2 -3,3 -1 -3,5 -33,2 -37 -38 -31,6 -36,9 -33,9 -1,5 -1,4 -1,8 -3,5 -35,9 -2 125,6 202,8 196,2 210 151,4 187,1 185,9 189,3 211,4 115,1 119,6 5,412678909 1,736357 5,712431375 2,572429875 2,406896408 3,064040424 5,712431375 3,387656 Dados microtermométricos inclusões tipo II - estéril Numero Amostra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 PG032E 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Te -62,8 -42,9 -41,4 -45,1 -56,2 -56 -46,5 -63,8 -46,4 -54,8 -50,5 -52 -43,7 -41,7 -58,2 -57,4 -52 -50 -57,6 -52,8 -58,1 -44,5 -41,4 Tdh Salinidade (%pNaCleq) 323,2 400,5 40,03184731 47,49570452 402,9 47,75804427 85 Dados microtermométricos inclusões tipo II - minério Numero Amostra 1 2 3 4 5 6 7 PG012 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 PG021 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 PG032M 31 32 33 34 35 Te -38,9 -36,8 -34,8 -36,9 -35 -40,8 -35 -39,2 -34,7 -29,5 -41,8 -37,8 -38,6 -28,3 -30,8 -34,1 -35 -33,7 -35,5 -33,3 -37,3 -64,9 -30,3 -36 -33,4 -38,1 -42,6 -37,5 -39,2 -40 -37 -42,3 -38 -38,5 Tfhh -24 1,1 -21,7 -25,4 26,7 -26,4 -24,2 -19,9 -23 -22 1,1 -23,6 -20,3 86 Dados microtermométricos inclusões tipo III - Minério IF Preenchimento (%) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 60 20 50 60 60 40 80 50 60 60 60 50 50 40 50 40 30 30 50 90 80 80 40 40 40 60 20 90 70 50 90 50 30 60 70 80 70 Fusão CO2 (°C) -57,5 -57,8 -59,3 -57,1 -56,9 -56,2 -56,8 -57 -56,6 -56,6 -58,4 -56,3 -56,6 -57,3 -57 -56,4 -56,4 -56,4 -56,2 -56,4 -56,4 -56,4 -56,2 -56,3 -56,4 -56,5 -56,3 -56,5 -56,2 -56,5 -56,7 -56,6 -56,4 -56,4 -56,3 -56,4 -56,5 Clatrato (°C) 8,6 8,8 6,8 7 6,5 7,3 7,7 6,1 7,2 6,2 7,9 7,8 8,5 7,9 7,7 8,6 7,2 7,1 7,2 7,8 7,9 7,6 8,2 7,9 7,6 Homogeinização L/G CO2 (°C) 28,3 26,6 27,1 28,8 28 18,9 27,9 29,4 29,3 30,1 30,9 30,6 29,3 29,4 29,2 28,8 28 23,7 30,4 30,2 29,9 30,1 30 29,8 29,7 30,2 29,7 29 28 30,2 29,5 29,6 27,1 30 30,1 29,9 29,8 L L L L L L L L L L L G G G L L L L G L L L L L L L L L L G L L L L L L L Tipo Aquo-carbônica Carbonica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Carbonica Carbonica Carbonica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica Aquo-carbônica % em peso NaCl 2,7762008 2,3944896 6,0246176 5,6799 6,5343125 5,1553581 4,4418569 7,2003033 5,3312064 7,0352504 4,0789827 4,2609336 2,9654625 4,0789827 4,4418569 2,7762008 5,3312064 5,5060523 5,3312064 4,2609336 4,0789827 4,6217568 3,5269224 4,0789827 4,6217568 87