E.E.E.M. 1º Material de Física 3º anos Profª. Adriana Martins NOME:______________________Nº____TURMA:____ Uma visão humana da história do átomo O homem busca desde seus primórdios saber do que e como as coisas que lhe rodeiam são feitas. Durante muito tempo, filósofos acreditaram que as substâncias eram formadas por só um elemento, este elemento era chamado por eles de arché. A seguir destaco os archés de alguns desses filósofos. Para uma melhor compreensão você pode ler o livro de Ático Chassot que se encontra na bibliografia. Thales de Mileto (640-548a. C.) – O seu arché era a água. Sem evocar poderes sobrenaturais deu uma explicação geral sobre a natureza, dizendo que a água é o princípio formador de tudo. Segundo ele encontrávamos água em tudo, numa folha de árvore, num animal, etc. Fig. 1 -Thales de Mileto Anaxímenes (588-525 a.C.) – O seu arché era o ar. Discípulo de Anaximandro, para este não poderia ser a água de Thales ou o apeíron de Anaximandro, a substância originária para ele, era o ar infinito (pneuma apeiron) que se apresentando ora mais denso, hora menos denso formaria todas as coisas. Fig.2 - Anaxímenes Heráclitos (540-475 a.C.) – O seu arché era o fogo. “não nos banhamos duas vezes no mesmo rio” ( a cada banho estamos diferentes e o rio Também muda) frase de Heráclito para explicar que tudo muda tudo flui. E o fogo provoca essas mudanças, o fogo tem, nesse caso, um sentido de energia. Fig.3 - Heráclitos Xenófanes (570-480 a.C.) – O seu arché era a terra: “...tudo sai da terra e tudo volta à terra...” ou em outra forma: tudo vem da terra e na terra tudo termina...(http://www.filonet.pro.br/psocraticos/textos/xenofanes.rtf ) Fig.4 - Xenófanes Já Anaximandro (610-547 a.C.), discípulo de Thales, acreditava que o arché não se constitui de elementos materiais, como ar, água, terra ou fogo, mas é um elemento indeterminado ou ilimitado apeiron - algo indefinido, infinito, universal, eterno e dotado de movimento. Fig.5 - Anaximandro 1 Outros filósofos acreditavam que a matéria era constituída por quatro elementos: terra, água, ar e fogo. Entre estes se destaca Empédocles (490-435 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) este acreditava que os elementos possuíam lugar definido no universo. Suas idéias eram tão profundas que durante muito tempo foram aceitas. Fig.6 - Empédocles Fig.7 - Aristóteles Para Aristóteles o que era mais pesado ficava embaixo, a terra e a água seriam os elementos que ele considerava mais pesados. Sendo que a água ficava acima da terra. Já o ar e o fogo ficavam em cima, uma vez que eram mais leves. O fogo ficava acima do ar. Desta forma ele explicava que as diferentes substâncias do nosso mundo eram resultadas de diferentes combinações destes quatro elementos, um corpo era mais pesado porque continha mais terra ou mais leve por conter mais fogo. Vale lembrar que a terra da qual falava Aristóteles não é um punhado de terra comum e sim “uma substância mais refinada e sublime, liberta das misturas e impurezas que caracterizam a terra vulgar”. As idéias de Pitágoras (582 - 497 a.C.) também perduraram muito tempo sua unidade material era a mônada. Dela vem o elemento indeterminado que serve de substrato material aos números. Dos números nascem os pontos, as linhas, as formas, as figuras planas e as espaciais, das quais procede tudo o que existe. Para Pitágoras os números eram elementos concretos, e tudo é formado por eles. Fig.8 - Pitágoras Fig.9 -Demócrito O primeiro pensador a usar a palavra átomo (do grego, não divisível: a – não, tomo – divisão, parte) foi Demócrito. Ele concordou com Leucipo de Mileto, considerado o criador do atomismo. Leucipo acreditava que se partíssemos a matéria várias vezes chegaríamos a um pedaço que seria impossível partir novamente. Assim sendo, Demócrito deu nome a menor partícula de Leucipo. Fig.10 -Leucipo E assim a humanidade continuou sua busca sempre tentando responder a perguntas como: - Como surgiu o mundo? - Do que ele é constituído? Na última página há um esquema que nos ajudará a formar uma idéia de como foi a evolução destes pensamentos. Você escolhe se verá primeiramente o esquema ou seguirá na leitura desse texto. 2 O esquema conceitual da última página busca dar uma visão geral dos modelos atômicos através da seqüência cronológica e breve descrição de cada um deles. (Pense: O que é um modelo? Para que serve?). A história dos modelos atômicos mostra que os cientistas não se preocupam apenas em responder as antigas questões da origem, "funcionamento" e futuro do Universo, mas também que esses modelos devem levar em conta as leis e princípios bem estabelecidos na Física Clássica. Por isso, a cada novo modelo estabelecido, antecede uma (ou algumas!) questão que colocou em dúvida algum aspecto do modelo anterior. Assim, os modelos atômicos foram se tornando construções humanas cada vez mais complexas. Acredita-se que a Física é uma ciência em permanente construção. O modelo atual de átomo diz que toda matéria existente no Universo é formada por combinações diferentes de seis quarks e seis léptons (Não se assuste!). Mas nada garante que os cientistas nucleares tenham deixando de questionar algum ponto chave na construção desse modelo. As teorias e modelos surgem de perguntas. Tentando responder essas perguntas, o homem-cientista construiu a Física, e continua construindo. Observando o esquema da última página, não devemos pensar que os modelos ali apontados foram os únicos a surgir em cada época. As teorias ali seqüenciadas sempre competiram com outras teorias contemporâneas a si. Especialmente a teoria atômica do químico John Dalton (1808), que como Demócrito acreditava que o átomo era indivisível, encontrou oposições extremamente tenazes. Fig.11 –John Dalton Fig.12 – Willian Thomson Havia outras teorias, só para citar: a teoria dos "turbilhões" de William Thomson (Lorde Kelvin – da unidade de medida de temperatura kelvin - K) e a da química "matemática" de Brodie (pesquise sobre essas teorias). Muitos outros cientistas foram contra as idéias de Dalton e se recusavam a aceitar a idéia de moléculas. Mesmo depois de Mendeleev organizar a tabela periódica dos elementos químicos e o elétron estar prestes a entrar em cena, os antiatomistas recusavam a idéia de Dalton. Dentre os químicos de renome da época, estava Saint-Claire Deville, que mesmo após 1860, disse: "Não admito nem a lei de Avogadro, nem os átomos, nem as moléculas; recuso-me a crer naquilo que não posso ver nem imaginar”. Fig.13 – Sant-Claire Deville Ainda hoje, apesar de várias teorias atômicas já terem sido construídas, é no mínimo surpreendente, para a maioria das pessoas, a idéia da construção desses modelos sem que possamos observar sequer o átomo (que mede em torno de 10-10m, ou seja; 0,0000000001m!!), muito menos poderíamos observar o núcleo (10-14m) e os elétrons (<10-15m). Aliás, muitos se perguntam: Como é possível medir aquilo que não podemos ver? 3 Toda a Física Moderna - que inclui a Física de Partículas, a Relatividade Especial e Geral e a Física Quântica - são previsões baseadas em leis e princípios. O primeiro modelo propriamente dito a considerar o átomo formado por partes, foi Thomson, em aproximadamente 1897. O modelo de Thomson ficou conhecido como modelo do “pudim de ameixas”, tendo a massa do pudim carga positiva (não se falava em prótons nessa época) e os elétrons (muito pequenos) eram as ameixas do pudim, ficando aleatoriamente espalhados na massa possuindo carga negativa. Fig.14 – Joseph John Thomson Para verificar se a forma do átomo era mesmo como a de um pudim de ameixas, a equipe de Rutherford em 1911 (o elemento 104 da tabela periódica recebeu o nome de rutherfórdio em sua homenagem), bombardeou átomos de ouro com partículas alfa (). Fig.16 – Ernest Rutherford Fig.15 – Modelo de Thomson O polônio era a fonte dessas partículas , que na época não se sabia exatamente o que eram. (Hoje sabemos que núcleos instáveis espontaneamente decaem emitindo partículas , isso chamamos de Radiação). Existem três tipos de partículas: (alfa), (beta) e (gama). Elas diferenciam-se principalmente pelo poder de penetração na matéria, sendo a a menos penetrante e a a mais penetrante.) Segundo as previsões de Rutherford, as partículas deveriam atravessar o átomo, sendo apenas um pouco desviadas caso colidissem com algum elétron. Na verdade, o que Rutherford verificou após analisar o anteparo o qual as partículas eram capturadas, após atravessar o átomo, é que algumas dessas partículas voltavam ao invés de serem apenas desviadas. Este resultado era por demais surpreendente! Simule o experimento de Rutherford no seguinte endereço: http://ciencias.huascaran.edu.pe/modulos_brasil/qui Fig.17 – Experimento de mica/estrutura_atom/umolhar.htm Rutherford Como é possível um elétron refletir uma partícula ? Era exatamente como se uma bola de canhão colidisse com uma folha de papel e voltasse! Rutherford imaginou então que uma colisão no interior do núcleo, com alguma “coisa” muito massiva, fazia algumas partículas retornarem. Rutherford previu a existência de um núcleo, onde estava concentrada quase toda a massa do átomo. Os elétrons circundavam o núcleo, ocupando a maior parte do átomo. Fig.18 – Partículas atravessando placa de ouro segundo o modelo de átomo de J. J. Thomson Fig.19 – Partículas atravessando placa de ouro segundo o modelo de átomo de Rutherford 4 Se a maior parte do átomo é ocupada por elétrons, e se esses são muitas vezes mais leves que o núcleo, concluiu-se que a maior parte do átomo é espaço vazio!!! Com o objetivo de conhecer mais profundamente o núcleo atômico Rutherford os bombardeou também com partículas . Ele constatou que essas partículas quando colidiam com núcleos de nitrogênio, faziam ejetar desse núcleo, além das partículas , partículas de hidrogênio. Isso levou à constatação de que o núcleo de nitrogênio era formado por núcleos de hidrogênio. Esses núcleos de hidrogênio foram chamados de prótons. Fig.20 – Parece que esse átomo não gostou de ter sido atravessado pela partícula !!!!! Mas, o modelo de Rutherford tinha problemas. Devido à força Coulombiana, o modelo não se apresentava estável, pois elétrons colapsariam para o núcleo! A força Coulombiana recebe este nome por ter sido ‘descoberta’ e estudada por Charles Coulomb, no século XVIII. Ela nos diz que cargas de mesmo sinal se repelem e que cargas de sinais opostos se atraem (você lembra daquele ditado popular: os opostos se atraem? E se não forem opostos, o que acontece?). Além disso era também conhecimento da época, da teoria eletromagnética de Maxwell, que cargas em movimento circular irradiam energia, ou seja , perdem energia, dessa forma o elétron descreveria órbitas cada vez menores até atingir o núcleo o que acarretaria um colapso da matéria. Fig.21 - Colapso do elétron devido à perda de energia por radiação. Fig.22 – Max Karl Plank e Albert Einstein. Através da idéias de Planck e Einstein sobre a Mecânica Quântica, Bohr em 1913, propôs órbitas quantizadas para os elétrons. Dessa forma eles só podem ter valores bem definidos de energia e mudar de órbitas através de saltos quânticos, emitindo ou absorvendo energia para conservar sua energia total. Fig.23 – Niels Bohr. A Conservação da Energia nos diz que a energia não vem do nada, ou seja, não surge sem que outra energia tenha sido necessária para originá-la. E também que a energia não desaparece, acaba, e sim que se transforma em outros tipos de energia. Fig.24 – Modelo de Bohr para o ouro, cada camada tem uma quantidade específica de energia. É a quantização do átomo. 5 Porém, o modelo de Bohr não dava conta de explicar por que o núcleo dos átomos não explodia devido à repulsão entre os prótons coexistentes no núcleo, afinal prótons tem cargas de mesmo sinal, positiva, e se repelem. A partir de 1932, com a evidência experimental do nêutron por Chadwick (que foi colaborador de Rutherford), foi também prevista a existência de uma nova força de atração, que existia no núcleo dos átomos e era responsável pela interação entre prótons do mesmo núcleo, permitindo que coexistissem confinados. Essa força foi chamada de Força Forte, uma vez que tinha de ser maior que a repulsão coulombiana, mas precisava ter curto alcance, só atuava dentro do núcleo. O modelo atual atômico começou a ser construído a partir daí. Fig.25 - Um átomo moderninho. Hoje se aceita que o núcleo dos átomos é formado por prótons e nêutrons, chamados nucleons e que os prótons e nêutrons também não são elementares. Ou seja, são formados por outras partículas, chamadas partículas elementares. O elétron, nosso principal personagem, dos nossos estudos futuros, é uma dessas partículas elementares. Se você quiser saber mais especificamente sobre a história do elétron, veja este site: http://www.ufpel.tche.br/ifm/histfis/cron-el.htm Os elétrons formam uma nuvem ao redor do núcleo. Assim nós não sabemos onde exatamente o elétron está em determinado instante e sim qual é a região de maior probabilidade de encontrá-lo. Fig.26 - Um átomo atual. Fig.27 – A evolução do modelo do átomo. Na última temos representada por pontos, as regiões de maior probabilidade de se encontrar o elétron e no seu centro a equação da onda do elétron – a equação de Schrödinger. Linda não é? Hoje, é muito mais fácil aceitarmos as novas previsões do que no início das investigações sobre o átomo. Prova disso é que foi necessário mais de 2000 anos para a comunidade científica aceitar o átomo como formado por partes, e não unidade fundamental. A maior dificuldade agora está em construir equipamentos para corroborar (para enriquecer seu vocabulário procure no dicionário o significado desta palavra) experimentalmente as previsões feitas pelo Modelo Atual. 6 Bibliografia CHASSOT, Ático. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994. 192 p. PEDUZZI, L.O.Q. As Concepções Espontâneas, a Resolução de Problemas e a História e a Filosofia da Ciência em um Curso de Mecânica. Florianópolis: UFSC. Programa de Pós Graduação em Educação. 1998 (Tese de Doutorado). OSTERMANN, Fernanda. Partículas Elementares e interações fundamentais. Porto Alegre: Instituto de Física - UFRGS, 2001. THUILLIER, Pierre. De Arquimedes a Enstein a face oculta da invenção científica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. 257p. RAMALHO JUNIOR, Francisco; FERRARO, Gilberto Nicolau; SOARES, Paulo Antônio de Toledo. Os fundamentos da física 3. São Paulo: Moderna,2003. 460p. HEWITT, Paul G. Física Conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2002. 685 p. Fig.1 – Thales de Mileto, fig.2 – Anaxímenes, fig.7 – Aristóteles, fig.8 – Pitágoras, http://www.stenudd.com/myth/greek/anaximenes.htm Fig.3 – Heraclitus: http://faculty.frostburg.edu/phil/forum/Emerson.htm Fig.4 – Xenófanes: http://www.terramedia.co.uk/quotations/Quotes_X.htm Fig.5 – Anaximandro: http://schillermedien.de/forum/index.php?action=showthread&threadid=923&board=Schreibwerkstatt-Forum Fig.6 – Empédocles: http://cires.htmlplanet.com/BioE.htm Fig.9 – Demócrito: http://library.thinkquest.org/13394/angielsk/ancient.html Fig.10 – Leucipo: http://www.biografiasyvidas.com/biografia/l/leucipo.htm Fig.11 – John Dalton: http://chimie.scola.ac-paris.fr/sitedechimie/hist_chi/biographies/biog_dalton.htm Fig.12 – Willian Thomson: http://store.aip.org/OA_HTML/ibeCCtpItmDspRte.jsp?site=AIP&respid=50212&item=82125 Fig.13 – Saint-Claire Deville: http://www.wsip.com.pl/serwisy/czaschem/c001stcl.html Fig.14 – Joseph John Thomson: http://www.physique.usherbrooke.ca/~dsenech/HS/figs/Thomson.jpg 7 Fig.15 – Modelo de Thomson: http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2001/modeloatomico/modelo_de_thomson.html Fig.16 – Ernest Rutherford: http://www.newgenevacenter.org/reference/20th-1st2.htm Fig.17 – Experimento de Rutherford: http://www.mundodoquimico.hpg.ig.com.br/modelo%20de%20rutherford.htm Fig.18 – Partículas alfa no átomo de Thomson, Fig.19 – Partículas alfa no átomo de Rutherford: http://www.cecs.cl/web/cecs_index.php?area=educacion&dep=main&idioma=es& pagina=mon_exp&id=27 Fig.20 – Átomo sendo bombardeado: http://spiff.rit.edu/classes/phys314/images/rutherford.jpg Fig.21 – Elétron ‘caindo’ em direção ao núcleo: http://library.thinkquest.org/19662/low/eng/exp-rutherford.html Fig.22 – Plank e Einstein: http://www.th.physik.uni-frankfurt.de/~jr/gif/phys/einst_planck.jpg Fig.23 – Niels Bohr: http://nobelprize.org/physics/laureates/1922/bohr.gif Fig.24 – Modelo Quantizado de Bohr: http://www.archlsa.de/funde-der-monate/12.04/bilder/bohr-gold.jpg Fig.25 - Um átomo moderninho. http://www.kirlian.com.br/imagens/esquema_atomo.gif Fig.26 – Um átomo atual, fig.27 – A evolução do modelo atômico: HEWITT, Paul G. Física Conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2002. 685 p. 8