campo termico em uma área de mata e seu entorno na área urbana

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Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759
CAMPO TERMICO EM UMA ÁREA DE MATA E SEU ENTORNO NA
ÁREA URBANA DE PONTA GROSSA – PR
BATISTA, Cassiane Gabriele
CRUZ, Gilson Campos Ferreira
RIBEIRO, Jéssica Camila Garcia
INTRODUÇÃO
A urbanização e o crescimento urbano, provocam uma grande alteração nas
características naturais de uma região, pois provocam a substituição, principalmente, da
vegetação, por construções e por pavimentações, que alteram de forma significativa o balanço
de radiação no local, provocando a formação de um novo clima e de diferentes microclimas.
O comportamento da temperatura nas áreas urbanas está diretamente relacionado com
os elementos que compõem a cidade. A pavimentação asfáltica tende a provocar um aumento
no aquecimento da superfície e por consequência do ar logo acima do solo.
A vegetação pode funcionar como um controlador e amenizador das temperaturas
elevadas em áreas urbanas. Neste sentido é importante que áreas verdes sejam mantidas em
meio as construções e pavimentações existentes nas cidades.
Para que a vegetação urbana desenvolva o seu papel como amenizador do clima, ela
precisa ser cultivada na ruas e praças e neste sentido ela precisa fazer parte das políticas
públicas do município.
Nas propriedades privadas, vamos encontrar as duas situações, terrenos arborizados,
contribuindo com o clima e áreas totalmente impermeabilizadas, aumentando o desequilíbrio
nas temperaturas e no balanço de radiação.
OBJETIVOS
Analisar o campo térmico em uma área de mata e seu entorno, na área urbana de Ponta
Grossa.
METODOLOGIA
Registro da temperatura no interior da mata, utilizando equipamento fixo. Registro da
temperatura no entorno da quadra onde se encontra a área de mata, por meio de medições em
transecto. As medições em transecto foram feitas, primeiro no passeio da rua junto ao
quarteirão e num segundo momento no passeio da parte externa da rua, em relação a área de
mata. As medições foram feitas em dois momentos, primeira no verão nos dias 24, 25 e 26 de
fevereiro de 2015, a segunda no inverno, nos dias 04, 05 e 06 de agosto de 2015, sempre com
tempo bom e em condições de pré-frontal. Foram resgatados dados de temperatura de
superfície, obtidos no início dos trabalhos em 2013. Os registros foram feitos as 9h, 15h e
21h.
ÁREA DE ESTUDO
XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI
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Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares”
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A área de estudo localiza-se na Rua Teixeira Mendes na cidade de Ponta Grossa –
PR, tendo área total de 23.870,74 m², bastante arborizada e com casas ao entorno. A face
lateral da área, porção voltada para a rua Carlos Primor, é paralela à rua João Tomé. Do lado
oposto, as ruas Teixeira Mendes e Andrade Neves que também são paralelas entre si, é onde
está a maior concentração da área verde, em contato direto com as ruas, e com grande maioria
dos terrenos na parte externa das ruas que contornam a quadra onde se encontra a mata, tem
área construída.
CLIMA URBANO, TEMPERATURA E VEGETAÇÃO
A primeira documentação de calor urbano aconteceu em 1818, quando estudo
revolucionário sobre o clima de Londres, realizado por Luke Howard, detectou um “excesso
de calor artificial” na cidade em comparação com a área rural (GARTLAND, 2010). Já no
Brasil o estudo de clima urbano vem aumentando consideravelmente, em função da
necessidade cada vez maior de compreender o clima que ocorre nas cidades, e foi a partir da
década de 1970 que surge a proposta do Sistema Clima Urbano – S.C.U, desenvolvido por
Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro (1976). Tem como operacionalidade a relação
sociedade/natureza que juntos agem em coparticipação e não em antagonismo entre os
mesmos, com isto, levou-se em conta três elementos fundamentais da climatologia, sendo
estas a temperatura, umidade e pressão atmosférica.
A maioria da população brasileira vive em áreas urbanas e no caso de Ponta Grossa
isto não é diferente, a população total é de 311.611 segundo IBGE (2010) e a população na
área urbana é de 272.946 segundo o site da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa.
Todos os elementos que constituem a cidade, assim como a sua dinâmica, influenciam
no clima que ocorre em seus limites. Na estrutura física da paisagem, o clima é de
importância primordial, desta forma, a arborização urbana tem um importante papel no
controle do clima urbano, interferindo, principalmente, no campo térmico. No entanto no
interior das áreas mais arborizadas ou vegetadas públicas, como parques e praças e nas áreas
privadas, nos terrenos das propriedades particulares, os elementos construídos pela ação
humana e que fazem parte da cidade, também, interferem no clima (SAUER, 1998).
A descrição do local não parte de uma cena individual, mas sim de um somatório de
características, onde selecionadas se baseiam no conhecimento da realidade, portanto as
qualidades físicas da área são de total importância para o homem e seu entorno, levando em
consideração também, fatos da cultura humana (SAUER, 1998).
De acordo com Cruz (2009), o clima urbano é então o clima que se observa nas áreas
urbanas, que envolve a condições naturais pré-existentes e também transformadas pela ação
do ser humano e a cidade com todos os seus elementos, os quais criam inúmeros microclimas.
As atividades humanas e a dinâmica existente no cotidiano das cidades, também, contribuem
para as variações constantes do tempo nas áreas urbanas, que culminam em condições
diferenciadas com relação ao clima da cidade.
O microclima de um determinado espaço, o mesmo sofre influência da vegetação
presente, além de outros componentes que modificam a temperatura em determinadas épocas,
como a dinâmica antrópica.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
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No início da pesquisa, em 2013, foi realizado um trabalho de campo para
reconhecimento da área, coletando medições com termohigrômetro fixo, registrando dados no
interior da mata, assim como foram feitas medições em deslocamento da borda até o interior
da mata. Esta medição indicou na época que ocorriam variações entre a temperatura na parte
externa da mata e o seu interior.
Em 2015, novos trabalhos de campo foram realizados, porém neste momento com
metodologia definida e com equipamentos fixos no inteiro da mata e fora dela nas quadras
adjacentes. Também foram registrados dados em transecto, na borda da mata, no passeio em
seu entorno e na parte externa, no passeio do outro lado da rua.
Analisando os dados da temperatura do entorno da quadra inteira, em transecto pela
borda e a área externa da borda, sintetizando os dados que mostram a variação de temperatura
da borda para o exterior, houve uma diminuição considerável da temperatura no ponto 9 (ver
figura 2), localizado na esquina da Teixeira Mendes com João Thomé, sofrendo grande
influência do final da mata, a temperatura volta a subir nas áreas de construções.
Já em transecto na parte externa da quadra, na maior parte a temperatura se comporta
inferior à borda, podendo ser explicada pelo termo ilha fria que se forma no entorno. Soleckia
et al. (2005) afirmam que uma das melhores formas de mitigar as ilhas de calor é fazer o
aumento da cobertura vegetal em áreas de construção, gerando um resfriamento localizado na
área intraurbana, originando então o termo “Ilhas de Frescor Urbano”. Mas com base nas
diferentes bibliografias e propostas, se optou por utilizar o termo “ilha fria” (Gráfico 1).
Matutino/verão - 24/02/2015
transecto quadra inteira (borda e externa)
29
28,2
28,3
27,5
Temperatura
27,4
27
27,7
27,7
26,5
25
23
23,3
21
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425262728293031
Pontos
Temperatura ºC (borda)
Temperatura ºC (externa)
Gráfico 1 – Representação da temperatura em transecto quadra inteira.
Autor: RIBEIRO, J. C. G. (2015)
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Figura 02 – Localização do ponto 9.
Autor: RIBEIRO, J. C. G. (2015)
Utilizando uma imagem Landsat 5 (2013), retirada do INPE, se obteve a temperatura
de superfície da área de estudo, incluindo a área arborizada e o seu entorno. Apesar da escala
reduzida é possível perceber que a vegetação exerce influência sobre o microclima de uma
área urbana, tanto no interior da mata como nas áreas adjacentes.
Figura 03 - Temperatura de superfície da área de estudo
Autores: RIBEIRO, J. C. G. e CRUZ, G. C. F. 2013
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos dados preliminares, já é possível perceber que a vegetação da mata
existente na área de estudo exerce papel considerável no controle da temperatura local.
Foi observado que a vegetação gera temperaturas mais baixas, principalmente nas ruas
em seu entorno. Os dados servirão para comprovar estas influências e estabelecer os seus
limites.
A temperatura de superfície obtida a partir do tratamento da banda termal de uma
imagem Landsat 5 possibilitou uma primeira confirmação de que a arborização urbana
interfere no microclima e por conta deste resultado serão extraídas temperaturas de superfície
com imagens Landsat 8, que possui uma resolução melhor.
Na sequência a elaboração dos gráficos de todos os pontos coletados, nos três dias de
campo, em três períodos (matutino, vespertino e noturno), nas duas estações do ano, verão
(2015) e inverno (2015), mostrando a variação da temperatura e umidade relativa do ar, nas
áreas de maior contato com a vegetação tem a diminuição da temperatura e aumento da
umidade, e dias muito quentes a vegetação gera um frescor urbano para população que reside
e transeunte.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ , G. C. F. da. Clima Urbano de Ponta Grossa-PR: uma abordagem da dinâmica
climática em cidade média subtropical brasileira. 2009. 366 f. Tese (Doutorado).
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo, 2009.
GARTLAND, L. Ilhas de calor: como mitigar zonas de calor em áreas urbanas. São Paulo:
Oficina de Textos, p. 223, 2010.
IBGE
Cidades:
Ponta
Grossa.
Disponível
em
<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=411990> Acesso em 10 nov
2015.
MONTEIRO, C.A.F. Teoria e Clima Urbano. São Paulo: IGEO/USP, 1976.
SAUER, C. O. A morfologia da paisagem. In: CORRÊA, R. L; ROSENDAHL, Z. (orgs).
Paisagem, Tempo e Cultura. Rio de Janeiro: EdUERJ, p. 12-74, 1998.
SOLECKIA, W. C.; ROSENZWEIGB, C.; PARSHALLB, L.; POPEC, G.; CLARKC, M.;
COXA, J.; WIENCKED, M. Mitigation of the heat island effect in urban New Jersey.
Environmental Hazards, Oxford, v. 6, p. 39-49, 2005.
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