mentira nos poderes - Charles Guimarães Filho

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CENTRO CULTURAL PARADISÍACO
MENTIRA NOS PODERES
Charles Guimarães Filho
Dezembro de 2016
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ÍNDICE
Na política: democracia só com eleição
05
Na economia: moeda só com dívida
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Na ideologia: aquecimento global só com redução da
poluição ambiental e emissão de gases na atmosfera
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NA POLÍTICA: DEMOCRACIA SÓ COM ELEIÇÃO
DEMOCRACIA
Significado
É um regime político em que todos os cidadãos elegíveis
participam igualmente — diretamente ou através de
representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na
criação de leis, exercendo o poder da governação através do
sufrágio universal.
O termo origina-se do grego antigo ("governo do povo"),
que foi criado no século V a.C. para denotar os sistemas políticos
então existentes em cidades-Estados gregas, principalmente
Atenas. O termo é um antônimo para "regime de uma
aristocracia". Embora, teoricamente, estas definições sejam
opostas, na prática, a distinção entre elas foi obscurecida
historicamente. No sistema político da Atenas Clássica, por
exemplo, a cidadania democrática abrangia apenas homens,
filhos de pai e mãe atenienses, livres e maiores de 21 anos,
enquanto estrangeiros, escravos e mulheres eram grupos
excluídos da participação política. Em praticamente todos os
governos democráticos em toda a história antiga e moderna, a
cidadania democrática valia apenas para uma elite de pessoas,
até que a emancipação completa foi conquistada para todos os
cidadãos adultos na maioria das democracias modernas através
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de movimentos por sufrágio universal durante os séculos XIX e
XX.
O sistema democrático contrasta com outras formas de
governo em que o poder é detido por uma pessoa — como em
uma monarquia absoluta — ou em que o poder é mantido por
um pequeno número de indivíduos — como em uma oligarquia.
No entanto, essas oposições, herdadas da filosofia grega são
agora ambíguas porque os governos contemporâneos têm
misturado elementos democráticos, oligárquicos e monárquicos
em seus sistemas políticos. Karl Popper definiu a democracia em
contraste com ditadura ou tirania, privilegiando, assim,
oportunidades para as pessoas de controlar seus líderes e de
tirá-los do cargo sem a necessidade de uma revolução.
Democracia direta e democracia representativa
Diversas variantes de democracias existem no mundo,
mas há duas formas básicas, sendo que ambas dizem respeito a
como o corpo inteiro de todos os cidadãos elegíveis executam a
sua vontade.
Uma das formas de democracia é a democracia direta,
em que todos os cidadãos elegíveis têm participação direta e
ativa na tomada de decisões do governo.
Na maioria das democracias modernas, todo o corpo de
cidadãos elegíveis permanece com o poder soberano, mas o
poder político é exercido indiretamente por meio de
representantes eleitos, o que é chamado de democracia
representativa. O conceito de democracia representativa surgiu
em grande parte a partir de ideias e instituições que se
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desenvolveram durante períodos históricos como a Idade Média
europeia, a Reforma Protestante, o Iluminismo e as revoluções
Americana e Francesa.
Problemas
Pensadores italianos do século XX argumentaram que a
democracia era ilusória, e servia apenas para mascarar a
realidade da regra de elite. Na verdade, eles argumentaram que
a oligarquia da elite é a lei inflexível da natureza humana, em
grande parte devido à apatia e divisão das massas (em oposição
à unidade, a iniciativa e a unidade das elites), e que as
instituições democráticas não fariam mais do que mudar o
exercício do poder de opressão à manipulação.
Hoje todos os partidos políticos no Canadá são cautelosos
sobre as críticas do alto nível de imigração, porque, como
observou The Globe and Mail, "no início de 1990, o antigo
Partido da Reforma foi marcado como 'racista' por sugerir que os
níveis de imigração deveriam ser reduzidos de 250.000 a
150.000." "Em uma democracia liberal como o Canadá, o
seguinte paradoxo persiste. Números de imigrantes continuam a
subir até que um conjunto crítico de custos econômicos
apareçam'".
A ideia de “crise da democracia” vem ganhando
repercussão na Teoria Política Contemporânea. Desde a década
de 1970, autores da vertente participacionista associam a
legitimidade dos regimes democráticos a fatores que vão além
da mera possibilidade de exercício livre do voto. A demanda,
nesse sentido, é por efetiva atuação na concepção das políticas
públicas, o que causa resistência em agentes representativos
receosos de compartilhar o poder que o design institucional
moderno lhes conferiu.
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SÓ COM ELEIÇÃO?
Apresentam-se aqui algumas reflexões da dicotomia
governamental entre eleição e sorteio, ou seja, do renascimento
dos tribunos da plebe.
A partir da análise bibliográfica, foi observado que as
eleições sempre possuíram, historicamente, um caráter
aristocrático, por serem relacionadas, de uma maneira ou de
outra, à escolha dos melhores.
Já o sorteio vem desde Atenas sendo considerado
democrático, pois dá iguais chances a cada um dos cidadãos de
contribuírem com sua comunidade.
Por isso se tenta reconciliar o republicanismo com a
democracia a partir da criação de uma magistratura que
seleciona seus membros por sorteio; as elites já estão
suficientemente representadas na câmara e no Senado,
enquanto o povo continua sem poder político algum, à mercê da
dominação.
Introdução
Já há algumas décadas se fala em “crise de
representação” ou “crise do governo representativo”. Essa linha
de raciocínio costuma argumentar que os representantes estão
cada vez mais distantes dos representados, seja em ideias,
perspectivas, interesses, dentre inúmeras outras questões, e por
isso as decisões políticas não satisfazem o povo; há um hiato
entre a elite e massa. É nesse hiato que surge a busca por
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alternativas, como a democracia direta - ideia por muito tempo
forte na academia -, cotas, reformas políticas e, mais
recentemente, o sorteio – velho conhecido dos atenienses.
É claro que essa não é a única perspectiva possível no
âmbito acadêmico; bem pelo contrário, mesmo com uma maior
insatisfação da população com relação ao governo
representativo, os pesquisadores vêm aceitando cada vez mais o
atual modelo como o melhor possível – admitindo suas falhas, é
claro, mas as soluções seriam mais pontuais do que uma
mudança drástica no sistema. Bernard Manin (1995), por
exemplo, discorre sobre dois tipos de governos representativos:
de partidos e de público. O que o autor aponta é que a crise,
acusada em diversos países do globo, não seria do sistema em si,
mas sim do tipo de governo representativo em vigor – uma
transição da democracia de partido para a de público.
É nesse contexto que John McCormick surge criticando o
atual sistema democrático, que o mesmo afirma ser oligárquico.
Ele entra na discussão com uma perspectiva em que o povo é
que deve ser o detentor da liberdade, não os aristocratas. A
intenção do autor é a de afirmar que acabaram por construir um
republicanismo muito mais oligárquico do que popular. O
próprio Manin, logo nos dois primeiros capítulos de The
Principles of Representative Government (1997), já destacou
que as eleições sempre foram um elemento característico de
sistemas aristocráticos de governo, enquanto o sorteio foi, ao
longo da história, relacionado à democracia.
É baseado nas críticas ao governo representativo, bem
como na milenar dicotomia entre eleição e sorteio (ou
aristocracia e democracia), que o estadunidense John
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McCormick encerra o livro buscando na história do pensamento
político uma possível solução aos nossos problemas
contemporâneos. O autor propõe, considerando um “exercício
mental”, a recriação dos tribunos da plebe. Com o nome
baseado na antiga instituição democrática de Roma, como
aponta Políbio (1996), a nova casa política não surgiria para
substituir as já existentes, mas sim para coexistir de forma a
contrabalancear o sistema atual, trazendo mais força política
para o povo – retirando um pouco o peso das elites, que não
poderiam ser escolhidas como magistrado – e seus membros
seriam selecionados por sorteio.
Voto e loteria
Como foi comentado anteriormente, Manin nos mostra
que em toda história das ideias políticas o voto foi visto como
um elemento aristocrático e o sorteio como democrático. O que
ocasionou essa mudança?
Não vejo um autor mais evidente para encetar os
esforços nessa busca do que Platão. Como vivemos em um
mundo em que a democracia está em alta estima, rapidamente
nos chama atenção o que Platão fala acerca da democracia –
que aparece como a segunda forma de governo mais
degenerada, apenas melhor do que a tirania. O regime
democrático seria o regime da liberdade e da igualdade dos
cidadãos (PLATÃO, 1985, 557a), no entanto, o que há de mal
nisso? Platão considera injusto tratar como iguais os desiguais e,
além disso, como Leo Strauss comenta, “os clássicos rejeitavam
a democracia, porque eles achavam que o objetivo da vida
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humana, e, portanto, da vida social, não era a liberdade, mas sim
a virtude”, e a liberdade não é virtuosa porque sua finalidade é
ambígua, serve “para o mal assim como para o bem” (STRAUSS,
2011, p.23-4). O sorteio seria uma maneira de tratar todos
igualmente, já que não há mecanismos de distinção entre os
cidadãos nesse tipo de seleção.
Avançando um pouco até Aristóteles, autor certamente
mais simpático à democracia do que Platão. No livro III de A
Política, Aristóteles, ao falar da aristocracia, que ele considerava
um bom governo de poucos – em oposição a oligarquia, que
seria ruim -, adianta que as aristocracias são “aquelas em que os
magistrados são eleitos não apenas em razão de sua riqueza,
mas pelo mérito”. Ainda um pouco mais a frente, ele enfatiza: “é
democrático, por exemplo, escolher os magistrados por sorteio;
oligárquico, elege-los”.
O sorteio, como aponta Manin, não era uma instituição
periférica na democracia ateniense, muito pelo contrário.
Diversos magistrados e juízes, que tomavam importantes
decisões políticas, ou que julgavam os crimes, eram
costumeiramente escolhidos por sorteio. Muito mais do que
uma simples formalidade, a loteria permitia não uma
distribuição igualitária do poder, mas chances iguais de se atingir
o poder. Eram poucos realmente os cargos para os quais os
atenienses admitiam a necessidade de indivíduos especializados,
como os de alto escalão do exército.
Já em Roma o sorteio passou a ser mais desestimado.
Não se tem documentos que provem a existência de algum
magistrado escolhido seguindo esses critérios. Uma explicação
plausível seria a de que Roma não era uma cidade democrática,
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mas sim uma república, e, dentro dos moldes republicanos,
Além disso, Roma sempre possuiu um caráter deveras
aristocratizante, preferindo as eleições ao sorteio, sendo este
último rechaçado por Cícero enquanto o mesmo usava a famosa
metáfora de Platão, que compara o governante a um capitão de
um navio. Como escolher quem deve tomar o leme? “se o fizer
por sorteio, afundar-se-á tão depressa como o navio que, tirado
à sorte, um dos passageiros toma o leme”.
Apesar disso, o sorteio continuou a ser associado à
democracia por um longo tempo, sendo utilizado, por exemplo,
nas repúblicas renascentistas, como Veneza. Entre os autores
modernos o mesmo aconteceu. Como aponta Montesquieu:
“O sufrágio pelo sorteio é da natureza da democracia; o
sufrágio pela escolha é da natureza da aristocracia. O sorteio é
uma maneira de eleger que não aflige ninguém; deixa a cada
cidadão uma esperança razoável de servir sua pátria.”
As mesmas tratativas aparecem com o republicano
britânico James Harrington. Ambos confiavam na eleição como
um modelo aristocrático, pois acreditavam que os eleitores
naturalmente escolheriam indivíduos superiores. Na própria
teoria política de Rousseau, há um espaço reservado para o
sorteio, mesmo reconhecendo que pessoas incapacitadas
poderiam ocupar o cargo.
O ponto de vista da superioridade da eleição acaba
transparecendo nos Artigos Federalistas de Madison, Hamilton e
Jay, alguns dos pais fundadores do governo representativo.
Madison, no artigo federalista número 10, deixa claro que, ao
tratar de representação, que ele chama de “governo
republicano”, eles não pretendiam criar uma forma de
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democracia, mas sim um governo superior à democracia.
Inclusive durante o décimo artigo ele vai citando, ponto por
ponto, os motivos da superioridade da representação em
comparação com a democracia.
Mas como, então, o governo representativo passou a ser
considerado democrático? Na geração seguinte à de
Montesquieu, o sorteio nem sequer passou a ser citado como
uma possibilidade política. Nem mesmo os mais radicais
membros da revolução francesa, em algum momento, falaram
em sorteio. Não se sabe ao certo a razão desse sumiço
repentino, mas se atenta que a primeira vez que democracia e
representação apareceram de forma análoga foi com
Robespierre, em um dos seus célebres discursos revolucionários,
de 5 de fevereiro de 1794:
“Só o governo democrático ou republicano; essas duas
palavras são sinônimas. A democracia é um estado em que o
povo é soberano, guiado por leis que são sua obra, faz ele
mesmo tudo o que pode fazer, e através de delegados faz tudo
aquilo que não pode fazer por si só.”.
Como se pode notar, Robespierre articulou, em apenas
um discurso, as ideologias representativas (quando se refere aos
delegados),
republicanas
e
democráticas.
A
visão
contemporânea que interpreta comumente os três termos
quase como sinônimos pode ter nascido nesse momento.
Mas na academia contemporânea o debate sobre o
caráter aristocrático do voto ainda prossegue, inclusive entre
grandes estudiosos do governo representativo. Bernard Manin
(1997) apresenta o que ele chama de democracia aristocrática.
Ele considera inegável que a maneira moderna de fazer política
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tenha composição aristocratizante, no sentido de selecionar, de
alguma maneira, os melhores para a política – fugindo de
características como a nobreza, pois, na teoria, qualquer um
pode se candidatar e ser eleito. O que é “ser melhor” aqui é que
atinge uma caracterização ambígua. Cada cidadão tem o direito
de escolher o que ele considera bom para ser seu governante,
seja partindo de critérios “virtuosos”, como a habilidade com as
finanças públicas, ou até mesmo características físicas – ser
bonito – ou partindo de preconceitos – ser branco ou homem.
“Eles podem decidir votar em quem atende alguns
critérios gerais e abstratos (por exemplo, de orientação política,
competência, honestidade), mas eles também podem decidir
eleger alguém só porque eles gostam mais desse do que do
outro indivíduo. Se a eleição é livre, nada pode impedir eleitores
de discriminar os candidatos com base em características
individuais.”.
Contudo, além desse tratamento desigual dos eleitos
para com os candidatos, Manin assegura que há uma tendência
na política representativa em continuar elegendo indivíduos que
já estão eleitos, formando, dessa maneira, uma elite política
aristocrática. Sabia-se que o governo representativo seria de
poucos, mas aqui são os mesmos poucos sempre. As
características mais fortes, capazes de dar ao atual sistema
político seu elemento democrático, são o sufrágio universal e a
ausência de impedimentos à eleição; “Estas duas alterações
deram origem à crença de que a representação foi progredindo
em direção a um governo popular”.
Nadia Urbinati, uma teórica italiana do liberalismo e
grande defensora do atual sistema político, argumenta que a
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representação não apenas não é aristocrática, como é, de fato,
democrática. Ela aponta que a democracia se recria de tempos
em tempos e, com isso, vai se aperfeiçoando. Para embasar seu
argumento, a autora compara o atual sistema com a democracia
direta ateniense. Sabe-se que mesmo em Atenas, onde todos
tinham o direito de ser ativos politicamente, apenas um
pequeno número de cidadãos costumava se manifestar na
assembleia, enquanto todos os outros iam apenas para votar –
ou seja, até mesmo naquele contexto havia certa “elitização”.
Basicamente, poucos cidadãos se manifestavam e a grande
massa apenas ouvia e votava. O que Urbinati (2010) argumenta
é que isso não se difere do que acontece na política
contemporânea: um grupo de cidadãos delibera – só que
profissionalmente -, enquanto todo o resto, o povo, dentre
outras funções, vota em quem deve deliberar. Nesse sentido, “a
representação política não elimina o centro de gravidade da
sociedade democrática (o povo)”.
Como se pode ver, mesmo com opiniões distintas sobre o
estilo aristocrático da representação, Manin e Urbinati acabam
concordando em um ponto: há democracia no governo
representativo, pois o centro da força política é o povo. E é
exatamente aí que John McCormick discorda. Ele considera o
nosso atual sistema político uma república oligárquica centrada
nas eleições: “o sufrágio universal adulto pode justificar a
designação ‘governo popular’ para tal regime, mas não é
legítimo considerá-lo uma ‘democracia’”. Ele argumenta que não
há controle para o efeito aristocrático da política em nenhum
nível, além de pré-requisitos que um sistema democrático exige:
assembleias e sorteios.
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O renascimento dos tribunos da plebe
A ideia política de John McCormick propõe, como um
“exercício mental”, o renascimento dos tribunos da plebe. A
proposta surge como uma resposta á tal crise de representação
que muitos autores alegam existir na democracia
contemporânea.
Muitos autores já observaram problemas no atual
sistema representativo. A maior parte das casas políticas é
formada por homens brancos, o que faz notar a ausência de
grupos marginalizados, sejam étnicos, como afrodescendentes e
indígenas, sejam de gênero – as mulheres – ou outros
inferiorizados devido à discrepância socioeconômica. Por isso
surgiram teorias tentando minimizar esse abismo. Entre estas, as
propostas da volta dos sorteios são ainda minoritárias, muito
embora já se façam notar.
Em contrapartida, autores da ciência política empírica
constatam que, mesmo com essas discrepâncias representativas
– como a exclusão de minorias -, as ideias apresentadas e
votadas pelas câmaras legislativas não se diferem muito do que
o povo pensa, num âmbito geral. Andeweg (2011) demonstra
um alto grau de congruência entre representantes e
representados nos países baixos, e as mesmas conclusões são
encontradas em outros sistemas democráticos, como
demonstram Powell (2000) e Dalton et al. (2011). Uma série de
estudos segue essa mesma linha, conforme apresenta Carreirão
(2013). Mas se a congruência é tão alta, por que há,
aparentemente, um crescente grau de insatisfação com o
modelo representativo?
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A proposta de McCormick (2011) se dá a partir de sua
análise de que vivemos em uma república oligárquica, como já
foi observado anteriormente. Esse tipo de república se
caracteriza pela escolha de magistrados exclusivamente por
eleições, enquanto em uma democracia haveria de ter sorteio –
unido à assembleia. Uma república democrática, no entanto,
seria uma miscelânea de eleições e sorteios. E é isso que
McCormick propõe no que ele chama de tribunos do povo: as
atuais instituições eletivas e oligárquicas continuariam existindo,
mas os tribunos se formariam como um “contraponto” popular;
não apenas como uma magistratura a mais na política, ela
serviria como um poder usado para refrear as imposições
aristocráticas.
McCormick compartilha o conceito de liberdade que os
neorrepublicanos recuperaram recentemente, a liberdade como
não-dominação, livre é aquele que não sofre interferência
arbitrárias de outrem, ou que nem mesmo tenha a possibilidade
de sofrer tal interferência. Um escravo, por exemplo, mesmo
que seu mestre nunca interfira em sua vida, jamais poderia ser
considerado livre, pois está sempre a mercê de seu dominador.
“Se considerarmos os objetivos dos nobres e dos plebeus,
veremos naqueles grande desejo de dominar e nestes somente o
desejo de não ser dominado e, por conseguinte, maior vontade
de viver livre [...] de tal modo que, sendo os populares
encarregados da guarda de uma liberdade é razoável que
tenham mais zelo e que, não podendo eles mesmo apoderar-se
dela, não permitirão que outros se apoderem.”
Ou seja, o elemento democrático de uma república
popular deve trazer a todo o povo as mesmas chances de
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participar do governo. Por esse motivo é que os tribunos do
povo de McCormick (2011) seriam escolhidos por sorteio,
podendo trazer ao âmbito político qualquer um que se
candidatasse. Além disso, poder-se-ia acabar com os problemas
de representação de minorias se esses grupos marginalizados
fossem incentivados à candidatura, pois num sorteio é possível
retirar um grupo amostral que seria, em teoria, um
correspondente percentual ao de todo povo. Não haveria
campanha política, excluindo do processo a situação monetária
de cada um dos candidatos. Ter mais ou menos dinheiro não
seria importante – também impossibilitando o processo de
reeleição. As atribuições políticas dos tribunos emergem de
maneira negativa, no sentido de que nada propõem, apenas
vetam. Como “guardiões da liberdade”, eles assumem a posição
para impedir que a elite política domine o povo com propostas
que não correspondem aos interesses da população, e para isso
podem realizar referendos e consultar especialistas – que não
sejam os próprios políticos. Por exemplo: uma proposta de
aumento de salários dos deputados, que eles mesmos propõem
e votam, poderia ser barrada pelos tribunos de povo se assim
achassem necessário – com votos, no tribunato, de uma maioria
simples. Como se vê, a teoria de McCormick prevê um constante
conflito entre os tribunos e os políticos profissionais,
presumindo, dessa maneira, que o povo consiga conter as elites
e salvaguardar sua liberdade, impedindo a dominação.
Uma das principais críticas existentes ao sorteio parte de
Luis Felipe Miguel (2000). Com magistrado sorteados, não há
nenhum controle do povo sobre aqueles que exercem o cargo:
os indivíduos podem ser escolhidos sem nenhuma interferência
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da população, fazendo com que não criem compromisso com os
outros cidadãos. Além disso, não há nenhuma prestação de
contas, o sorteio impedia que o indivíduo ocupasse o cargo mais
de uma vez. Em alguns casos pela improbabilidade de ser
sorteado duas vezes para o mesmo cargo, entre milhões, em
outros realmente por ser proibido se candidatar ao sorteio
novamente. Mas especificamente com os tribunos do povo há
uma particularidade: os magistrados que vierem a seguir podem
abrir processos de irregularidades com os que atuaram no ano
anterior, fazendo com que o próprio povo (tribunos) se controle.
O tribunato ainda pode, inclusive, auxiliar na prestação de
contas dos políticos eleitos, abrindo investigações e até mesmo
processos de impeachment. Há uma tentativa de minimizar a
falta de prestação de contas.
É perceptível que existe sim um caráter democrático no
sorteio. Os indivíduos são escolhidos independentemente do
grupo étnico, monetário, ou de qualquer outra particularidade
que poderia barrar sua entrada na política. O que não dá para
esperar de um mecanismo de sorteio como o tribunato é a
representatividade – no sentido de governo representativo.
Aquelas pessoas escolhidas não estariam, de fato,
representando ninguém além deles mesmos; em contrapartida
há representatividade amostral, fazendo com que, mesmo que
um tribuno não represente de fato ninguém, o pensamento
conjunto do tribunato esteja possivelmente semelhante ao do
conjunto da população. Mas McCormick nem propõe que seja
algo representativo, mas sim democrático e com grande força
popular. Por isso Nadia Urbinati observa que “McCormick quer
reconciliar democracia e republicanismo” com “um tipo
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democrático de republicanismo, em que a liberdade é baseada
na atribuição de poder político aos socialmente desiguais”.
Considerações finais
Nos primórdios do pensamento político já havia uma
distinção bem clara entre sorteio e eleição, sendo o primeiro
costumeiramente atribuído aos governos democráticos, e o
segundo, às aristocracias. Isso se torna mais claro quando lemos
os próprios clássicos. Aristóteles, Maquiavel, Rousseau,
Harrington, e Montesquieu claramente atribuem o sorteio às
democracias, motivo pelo qual tal prática era muito comum para
ocupação de cargos em Atenas e Veneza (república que possuía
um elemento democrático), enquanto em cidades mais
aristocratas, como Roma, era uma ideia constantemente
rechaçada.
Com Robespierre a democracia se uniu, de alguma
maneira, à representação e ao republicanismo, tornando os três
termos quase sinônimos por algum tempo. Ainda hoje em dia há
uma forte discussão sobre o governo representativo ser
democrático ou aristocrático, embora não haja fortes conclusões
a respeito. Manin, por um lado, coloca-o como uma democracia
aristocratizada, enquanto Nadia Urbinati reafirma as
características democráticas da representação. McCormick se
distancia um pouco, assegurando que vivemos em uma
república oligárquica, que pode até ter algo de popular, mas não
de democrática. É importante voltarmos ao passado para ver o
que era democracia em seus primórdios, como fizemos aqui;
entretanto, pelo que retiramos de escritos antigos, afirmar que
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não vivemos em uma democracia é uma conclusão muito forte.
É inegável que os conceitos evoluem com o tempo, tomando
significações distintas das que possuíam antigamente. O mesmo
aconteceu com a democracia.
Foi nesse contexto que McCormick propôs os tribunos do
povo, como a da plebe ser guardiã da liberdade, ele criou uma
magistratura em que seus membros seriam selecionados por
sorteio, tentando fugir dos malefícios que uma eleição traria
(financiamentos, etc.). Os tribunos do povo surgiriam para a
guarda da liberdade, tentando conter a intimidação da elite,
barrando suas propostas que nada interessam ao povo e
deixando passar apenas o que a população realmente almeja.
Para McCormick essa é a solução que temos para que os grupos
mais poderosos percam seu caráter dominante e, sendo a
liberdade dos neorrepublicanos conceituada como nãodominação, o povo se libertaria das elites. É claro que há
diversos problemas na teoria mccormickiana, como o caso da
prestação de contas, que ele inclusive tenta contornar, ou a
ausência de representação política, mas ela cumpre sua principal
meta: tentar trazer um pouco de democracia a uma república,
nos termos do autor, oligárquica.
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NA ECONOMIA: MOEDA SÓ COM DÍVIDA
SISTEMA
ESCRAVIZAÇÃO
FINANCEIRO:
SISTEMA
MODERNO
DE
Introdução
Em um mundo onde 1% da população possui 40% da
riqueza do planeta. Em um mundo onde 34 mil crianças morrem
diariamente de pobreza e doenças evitáveis, 50% da população
vivem com menos de dois dólares por dia (cerca de cinco reais),
uma coisa está clara: "Algo está muito errado". Estejamos
cientes disso ou não, o sangue nas veias de todas as nossas
instituições estabelecidas, e, portanto da sociedade em si, é o
dinheiro. Logo, entender essa instituição de política monetária é
essencial para entender porque nossas vidas são como são.
A complexidade associada ao sistema financeiro é
somente uma máscara criada para ocultar uma das estruturas
mais socialmente estagnante que a humanidade já tolerou.
Vamos colaborar para desmascarar tal ocultamento.
Nesta palestra abordaremos quinze tópicos: Dinheiro;
Juro; Escravização; Escravizador; Assassino econômico; Seus
começos; A corporatocracia; Globalização; Banco Mundial e o
FMI; EUA e democracia não existem; Terrorismo; Os verdadeiros
terroristas; Egoísmo, apego, lucro e materialismo; Indústria;
Política.
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Dinheiro
O governo dos EUA decide que precisa de dinheiro. Então
ele fala com a Reserva Federal (RF) e pede, digamos 10 bilhões
de dólares. O RF responde: “Claro, vamos comprar 10 bilhões em
títulos públicos de vocês”. Aí o governo pega alguns papéis,
coloca símbolos neles que os fazem parecer oficiais, e os chama
de títulos do Tesouro. Ele atribui a esses papéis o valor de 10
bilhões de dólares e os envia para a RF. Em troca, o pessoal da
RF imprime uma quantia de papéis deles próprios. Só que desta
vez, com o nome de notas da Reserva Federal. Também
atribuindo o valor de 10 bilhões a esses papéis, a RF pega essas
notas e as troca pelos títulos. Assim que a transação é concluída,
o governo pega os 10 bilhões em notas da Reserva Federal, e
deposita em uma conta bancária. E com esse depósito, as notas
de papel passam oficialmente a ter valor de moeda, adicionando
10 bilhões ao suprimento monetário dos EUA. E aí está! Foram
criados 10 bilhões novinhos em dinheiro.
Claro, este exemplo é uma generalização, pois na
realidade essa transação ocorreria eletronicamente sem
nenhum uso de papel. Na verdade, só 3% do suprimento
monetário dos EUA existem em moeda física. Os outros 97%
existem somente nos computadores. Então, títulos públicos são,
por definição, instrumentos de endividamento e quando a RF
compra esses títulos com dinheiro criado basicamente do nada,
o governo está na verdade prometendo devolver esse dinheiro a
RF. Em outras palavras, o dinheiro foi criado a partir de uma
dívida. Esse paradoxo estarrecedor, de como o dinheiro ou o
valor pode ser criado, ficará mais claro à medida que
continuamos esse exercício. Bem, a troca foi realizada e agora 10
bilhões de dólares estão em uma conta bancária comercial.
Pelas normas vigentes, a reserva exigida para a maioria
das contas correntes é de 10%. Assim dos 10 Bilhões
depositados 10%, ou um bilhão, é guardado como a reserva
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exigida enquanto os outros nove bilhões são considerados
excedentes de reserva e podem ser usados como base para
novos empréstimos.
Agora vamos imaginar que alguém entra nesse banco e
toma emprestados os nove bilhões recém-disponibilizados. Eles
provavelmente vão pegar esse dinheiro e depositá-lo em sua
própria conta bancária. O processo então se repete já que esse
depósito se torna parte das reservas do banco. 10% são isolados
e em seguida 90% dos 9 bilhões, ou 8,1 bilhões, tornam-se
dinheiro recém-criado, disponível para mais empréstimos. E
claro, esses 8,1 podem ser emprestados e redepositados criando
mais 7,2 bilhões mais 6,5 bilhões … mais 5,9 bilhões… etc. Este
ciclo de criação de dinheiro pode se tornar tecnicamente
infinito.
O cálculo médio é de que cerca de 90 bilhões de dólares
podem ser criados a partir dos 10 bilhões originais. Em outras
palavras: para cada depósito que é feito no sistema bancário,
pode-se criar nove vezes esse valor a partir do nada.
Mas o que está dando valor a esse dinheiro recémcriado? A resposta: o dinheiro que já existe. O dinheiro novo
basicamente tira valor do suprimento monetário já existente já
que o montante total de dinheiro está aumentando
independente da produção por bens e serviços. E como a oferta
e a demanda definem o equilíbrio, os preços sobem, reduzindo o
poder de compra de cada dólar. Isso é normalmente chamado
de inflação e a inflação é basicamente um imposto oculto
cobrado das pessoas. Eles dizem: “inflacione a moeda”. Eles não
falam: “depreciem a moeda”. Eles não falam: “desvalorizem a
moeda”. Eles não falam “enganem quem já está garantido”; eles
dizem “reduza as taxas de juros”.
A verdadeira fraude ocorre quando distorcemos o valor
do dinheiro. Quando criamos dinheiro do nada, não temos
economias. Minha pergunta se resume a: como é que podemos
esperar resolver os problemas da inflação, ou seja, o aumento
25
da oferta de dinheiro com mais inflação? Claro que não
podemos. O sistema de reservas fracionadas para expansão
monetária é inflacionário por si só uma vez que o ato de
aumentar a oferta de dinheiro sem que haja uma expansão
proporcional de bens e serviços na economia sempre vai
depreciar uma moeda.
Para se dar uma ideia: 1$ em 1913 valia o equivalente a
21,60$ em 2007. Isso é uma desvalorização de 96% desde que a
Reserva Federal passou a existir.
Logo, se todos no país pudessem pagar todas as suas
dívidas, incluindo o governo, não haveria um único dólar em
circulação. “Se não houvesse dívidas em nosso sistema
financeiro, não haveria dinheiro”.
Juro
Ainda falta um elemento que omitimos desta equação, e
é esse elemento da estrutura que revela a natureza fraudulenta
inerente ao sistema: a cobrança de juros. Quando o governo
toma dinheiro emprestado da RF, ou quando uma pessoa toma
um empréstimo de um banco, ele quase sempre deve ser
devolvido com juros pesados. Em outras palavras, quase todos
os dólares que existem um dia terão que ser devolvidos a um
banco com pagamento de juros embutidos. Porém, se todo o
dinheiro é emprestado do Banco Central, e expandido pelos
bancos comerciais através de empréstimos, então, onde está o
dinheiro para cobrir os juros que são cobrados? Em lugar
nenhum. Ele não existe. As ramificações disso são inacreditáveis,
pois a quantia de dinheiro devida aos bancos sempre será maior
que a quantia de dinheiro em circulação. É por isso que a
inflação é uma constante na economia, pois o dinheiro novo é
sempre necessário para ajudar a cobrir o déficit embutido no
sistema, causado pela necessidade de se pagar juros.
26
Isso também significa que, matematicamente, a
inadimplência e as falências são literalmente partes do sistema.
E será sempre a parte mais pobre da sociedade que sofrerá com
isso. Uma analogia seria a dança das cadeiras: quando a música
para, sempre sobra alguém de fora. E a ideia é essa. As riquezas
verdadeiras são invariavelmente transferidas das pessoas para
os bancos, pois se você não puder pagar sua hipoteca, eles
tomarão sua propriedade.
Karl Marx, há 142 anos, disse: “Os donos do capital vão
estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros como
casas e, fazendo-a dever cada vez mais, até que se torne
insuportável.”
Isso é particularmente revoltante quando você percebe
não só que a inadimplência é inevitável devido à prática de
reservas fracionadas, mas também porque o dinheiro que o
banco lhe emprestou nem mesmo chegou a existir legalmente.
Durante a Guerra Civil americana, o presidente Lincoln rejeitou
os empréstimos com altos juros oferecidos pelos bancos
europeus e decidiu fazer o que os patriarcas fundadores
defendiam que era criar uma moeda independente e livre de
dívidas.
Escravização
A política de reservas fracionadas praticada pela Reserva
Federal que se espalhou como prática da maioria dos bancos do
mundo é na verdade um sistema moderno de escravidão. Pense
nisso: o dinheiro é criado a partir de dívidas. O que as pessoas
fazem quando possuem dívidas? Eles buscam empregos para
poder pagá-las. Mas se o dinheiro só pode ser criado a partir de
empréstimos, como a sociedade vai ficar livre de dívidas algum
27
dia? Ela não pode, e essa é a questão. E é o medo da perda de
bens, junto com a luta para se manter com dívidas perpétuas e
inflação como parte do sistema, composto pela escassez
inevitável característica da oferta de dinheiro, criados pelos
juros que nunca poderão ser pagos que mantém o escravo do
salário na linha correndo sem sair do lugar, com milhões de
outros. Efetivamente, fortalecendo um império que só beneficia
a elite no topo da pirâmide. No fim das contas, para quem você
realmente trabalha?
Escravizador
Você trabalha, em última instância, para os bancos. O
dinheiro é criado no banco e acaba invariavelmente de volta ao
banco. Eles são os verdadeiros senhores, junto com as
corporações e governos que apoiam. A escravidão física exige
moradia e comida para os trabalhadores. A escravidão
econômica exige que as pessoas consigam sua própria moradia e
comida. Esse é um dos engodos mais engenhosos para
manipulação social já criado. E em sua essência está em uma
guerra invisível contra a população. A dívida é a arma usada para
conquistar e escravizar sociedades, e os juros são sua munição
principal. Enquanto a maioria de nós circula sem saber dessa
realidade, os bancos, associados aos governos e corporações
continuaram a aperfeiçoar e expandir suas táticas de guerra
econômica, implantando novas bases como o Banco Mundial e o
Fundo Monetário Internacional [FMI], enquanto também
inventava um novo tipo de soldado: o nascimento do assassino
econômico.
Assassino econômico
"Há dois modos de subjugar e escravizar uma nação. Um
é pela força, o outro é pelas dívidas". Os assassinos econômicos
28
são os responsáveis pela criação desse novo império realmente
global. Eles trabalham de muitas maneiras diferentes. Talvez a
mais comum seja identificar um país que tem recursos, como
petróleo. E em seguida, conseguir um empréstimo enorme para
esse país através do Banco Mundial ou uma de suas
organizações irmãs. Só que o dinheiro nunca vai realmente para
o país. Ele acaba indo para as grandes corporações para criar
projetos de infraestrutura nesse país. Usinas de energia, parques
industriais, portos, coisas que beneficiam uns poucos ricos desse
país e também as corporações, mas não a maioria das pessoas.
Entretanto, essas pessoas, o país inteiro acaba ficando
com uma enorme dívida. A dívida é tão grande que eles não
conseguem pagá-la, e isso é parte do plano. Eles não podem
pagá-la! Então, num certo ponto, os assassinos econômicos vão
lá e dizem “ouça, você perdeu muito dinheiro, não vai conseguir
pagar sua dívida, então venda seu petróleo bem barato para
nossas petroleiras, deixe-nos construir uma base militar no seu
país, envie tropas para apoiar uma das nossas, em algum lugar
do mundo como o Iraque ou vote na gente na próxima cúpula da
ONU". Pedem para privatizar sua companhia elétrica e vender
seu sistema de água e esgoto para corporações americanas ou
outras corporações multinacionais. Então é uma coisa que só
cresce, e é tão típico, esse modo como o FMI e o Banco Mundial
operam. Eles colocam um país em uma dívida, Aí eles se
oferecem para refinanciar a dívida e cobram mais juros. E eles
exigem esse “escambo” que é chamado de boa governança que
basicamente significa que eles têm que vender seus recursos
incluindo muitos serviços sociais, suas empresas de serviços
básicos, às vezes seus sistemas educacionais, seus sistemas
penitenciários, seus sistemas previdenciários para corporações
estrangeiras. Isso é um ganho duplo, triplo, quádruplo!
29
Seus começos
A introdução do Assassino Econômico começou mesmo
no início dos anos 50 quando Mossadegh, escolhido
democraticamente, foi eleito no Irã. Ele era considerado “A
Esperança da Democracia” no Oriente Médio ou do mundo. Ele
foi o Homem do Ano da revista Time. Porém, uma das questões
que ele trazia e queria implementar era a ideia de que as
petroleiras internacionais deveriam pagar muito mais ao povo
iraniano pelo petróleo que estavam retirando do Irã e de que o
povo iraniano deveria se beneficiar de seu próprio petróleo.
"Política estranha?" Claro que os novos senhores não gostaram
disso, mas tiveram medo de fazer o que estavam fazendo, que
era enviar os militares, em vez disso enviaram um agente da CIA,
Kermit Roosevelt, parente de Teddy Roosevelt e com alguns
milhões de dólares, ele mostrou-se muito eficiente e em pouco
tempo Mossadegh foi deposto e foi substituído pelo xá do Irã,
que sempre foi favorável ao petróleo barato, e isso funcionou
muito bem.
Derrubaram e no processo se criaram contratos de
construção civil muito lucrativo para reconstruir o país que
tinham destruído, o que é um ótimo negócio se você é uma
empresa do ramo de construção. Então o Iraque ilustra as três
etapas, os assassinos econômicos que falharam, os chacais que
falharam e, por fim, o exército foi enviado. E assim criaram um
império mundial, mas isso foi feito muito sutilmente,
clandestinamente.
A corporatocracia
Então nos perguntamos: se isso é um império, quem é o
imperador? Obviamente, não são os presidentes dos EUA. Um
imperador não é eleito, não tem tempo de mandato e não dá
satisfações a ninguém. Não podemos classificar os presidentes
30
assim, mas temos o que consideramos um equivalente, que é o
chamado de “Corporatocracia”.
A corporatocracia é liderada por um grupo de indivíduos
que gerenciam as grandes empresas, e eles realmente agem
como os imperadores, desse império. Eles controlam a mídia,
direta ou indiretamente através da publicidade, controlam a
maioria dos políticos, pois financiam suas campanhas tanto
através das corporações quanto por doações pessoais. As
corporações não são eleitas, não cumprem um tempo de
mandato ou dão satisfações, e no topo da corporatocracia, você
não consegue saber se os líderes trabalham para as corporações
ou para o governo, pois eles sempre estão trocando de posição.
Você tem alguém que uma hora é o presidente de uma grande
construtora, como a Halliburton, e em seguida ele é o vicepresidente dos EUA, ou um presidente que vem do ramo
petroleiro. Isso vale para republicanos e democratas, pois ambos
têm líderes indo e vindo entre as áreas.
Globalização
De certa forma, nosso governo é invisível a maior parte
do tempo, mas suas políticas são aplicadas pelas corporações,
em um nível ou outro, e novamente as políticas do governo
basicamente são criadas pela corporatocracia e apresentadas
pelos líderes políticos, criando uma relação muito profunda. Isso
não é uma teoria de conspiração, essas pessoas não se reúnem e
ficam tramando. Todos eles trabalham a partir de uma premissa
básica, que é a maximização de lucros sem considerar os custos
sociais e ambientais. "Maximizar lucros, independente do
impacto social e ambiental". Esse processo de manipulação
corporativa através de dívidas, corrupção e golpes também é
chamado de GLOBALIZAÇÃO. Assim como a RF mantém o povo
americano em uma posição de servidão incondicional através de
31
dívidas infinitas, inflação e juros, o Banco Mundial e o FMI
cumprem esse papel em nível global.
Banco Mundial e o FMI
A farsa é simples Coloque um país em dívida, seja por sua
própria imprudência ou pela corrupção do líder desse país e
então imponha “condicionalidades” ou “políticas de ajuste
estrutural” que frequentemente consistem em: Desvalorização
da moeda; Quando o valor de uma moeda cai, o mesmo vale
para tudo avaliado através dela. Isso torna os recursos nativos
disponíveis para países predadores por uma parcela de seu valor
real. Cortes no financiamento de programas sociais, que
normalmente incluem educação e saúde, comprometendo o
bem-estar e a integridade da sociedade e deixando as pessoas
vulneráveis à exploração. Privatização de empresas públicas; Isso
significa que sistemas com importância social podem ser
comprados e controlados por corporações estrangeiras que
visam lucro. Por exemplo, em 1999 o Banco Mundial insistiu que
o governo boliviano vendesse o sistema de água e esgoto da
terceira maior cidade a uma subsidiária da americana Bechtel.
Assim que isso aconteceu, as contas de água dos moradores
locais já empobrecidos dispararam.
Em 1960, a desigualdade de renda entre o quinto mais
rico e o mais pobre do mundo era de 30 para 1. Em 1998, era de
74 para 1. Enquanto o PIB global cresceu 40% entre 1970 e 1985,
a margem de pessoas na faixa de pobreza cresceu 17%. Entre
1985 e 2000, o número de pessoas vivendo com menos de um
dólar por dia cresceu 18%.
No fim dos anos 60, o Banco Mundial interveio no
Equador, com grandes empréstimos. Nos 30 anos seguintes, a
pobreza cresceu de 50 para 70%. O sub ou o desemprego foi de
15 para 70%. A dívida pública saltou de 240 milhões para 16
bilhões, enquanto a parcela de recursos destinados aos pobres
32
caiu de 20 para 6%. Em 2000, 50% do orçamento nacional do
Equador estava sendo alocado para pagamento de dívidas. É
importante entendermos que o Banco Mundial é na verdade um
banco americano, atendendo a interesses americanos, pois os
EUA têm poder de veto sobre as decisões, já que é o maior
fornecedor de capital. E de onde eles tiraram esse dinheiro?
Acertou: ele foi criado do nada pelo sistema bancário de
reservas fracionadas. Das 100 maiores economias do mundo,
com base no PIB, 51 são corporações, das quais 47 ficam nos
EUA. A Wal-Mart, a General Motors e a Exxon têm mais poder
econômico que a Arábia Saudita, a Polônia, a Noruega, África do
Sul, Finlândia, Indonésia e muitos outros.
EUA e democracia não existem
O Messias Meishu-Sama diz: “Não sou o único,
entretanto, a pensar que a democracia ainda não criou raízes
firmes.” “A bela capa da democracia oculta à exploração dos
impostos e o sofrimento do povo sob a opressão do poder
burocrático.” “Não se trata de comunismo, nem tampouco de
socialismo, capitalismo ou democracia.”
Você fica diante de sua telinha de televisão e reclama
sobre os EUA e a democracia. Os EUA não existem, nem a
democracia. Existem apenas a IBM, a ITT e AT&T, DuPont, Dow,
Union Carbide e a Exxon. Estas são as nações do mundo de hoje.
Do que você acha que os russos falam em seus conselhos de
estado, falam de Karl Marx? Eles pegam seus gráficos de
planejamento linear, teorias de decisão estatísticas, soluções
mínimas e máximas, e calculam as probabilidades de custobenefício de suas transações e investimentos, como nós. Não
vivemos mais em um mundo de nações e ideologias. O mundo é
um grupo de corporações, inevitavelmente determinadas pelas
regras imutáveis dos negócios. O mundo é um negócio. Tomadas
de modo crescente, as integrações do mundo como um todo,
33
especialmente no quesito qualidades de capitalismo de
“mercado livre”, representa um verdadeiro “império” no seu
direito.
Terrorismo
Meishu-Sama: “Há tempo, estou alertando para a
chegada de um período de terror. Agora sinto que está próximo.
O povo, contudo, ainda não percebeu as mudanças que
começam a ocorrer.”
O resultado final do capitalismo de “mercado livre” será
um monopólio mundial, baseado não na vida humana, mas em
poder corporativo e financeiro. Conforme a desigualdade cresce,
claro, mais e mais pessoas se desesperam. Então o sistema foi
forçado a criar um novo modo de lidar com quem desafia este
sistema. Assim nasceu o "Terrorista". O termo terrorista é uma
descrição vazia, dada a qualquer pessoa ou grupo que escolhe
desafiar o "establishment". Isso não deve ser confundido com a
fictícia Al Qaeda, que é na verdade o nome de um banco de
dados criado pelo Mujahadeen com apoio americano nos anos
80. “Na verdade não existe nenhum exército terrorista islâmico
chamado Al Qaeda e qualquer oficial da inteligência bem
informado sabe disso. Mas existe uma campanha de propaganda
para que o povo acredite na presença de uma entidade
identificada, o país por trás dessa propaganda é os EUA”.
Em 2007, o Departamento de defesa recebeu 161,8
bilhões de dólares para a chamada guerra global contra o
terrorismo. De acordo com o centro nacional antiterrorismos,
em 2004 cerca de 2000 pessoas tinham sido mortos
intencionalmente em razão de supostos atos terroristas. Desse
número, 70 eram americanos. Usando esse número como uma
média, o que já é muito generoso, é interessante notar que o
dobro de pessoas morre de alergia a amendoim por ano,
comparado com o terrorismo. Ao mesmo tempo, a causa
34
principal de mortes nos EUA são doenças coronárias, que matam
cerca de 450 mil por ano. Em 2007, os fundos destinados pelo
governo para pesquisa nessa área foram de cerca de três bilhões
de dólares. Isso quer dizer que em 2007, o governo dos EUA
gastou 54 vezes mais dinheiro prevenindo o terrorismo do que
gastou prevenindo a doença que mata 6600 vezes mais pessoas
por ano do que o terrorismo. Ainda assim os nomes terrorismo e
Al Qaeda estão obrigatoriamente estampados em todos os
jornais ligados a qualquer ato realizado contra interesses dos
EUA o mito se expande! No meio de 2008, o Procurador Geral
dos EUA chegou a propor que o congresso americano declarasse
oficialmente guerra à fantasia, para não falar que até julho de
2008 existia mais de um milhão de pessoas na lista de terroristas
monitorados dos EUA.
Os verdadeiros terroristas
Eles usam ternos de cinco mil dólares e trabalham nos
mais altos cargos das finanças, do governo e das empresas. E
então, o que fazer? Como paramos um sistema de ganância e
corrupção que tem tanto poder e impetuosidade? Como
paramos esse comportamento grupal aberrante, que não tem
compaixão por, digamos, os milhões massacrados no Iraque e no
Afeganistão para que a corporatocracia controle recursos
energéticos e a produção de ópio e gere lucro em Wall Street?
Antes de 1980, o Afeganistão produzia 0% do ópio mundial
Depois que o Mujahadeen ganhou a guerra com a URSS com
apoio da CIA e dos EUA, eles passaram a produzir 40% da
heroína mundial em 1986. Em 1999, eles estavam produzindo
80% do total no mercado. Mas então, algo inesperado
aconteceu. Os talibãs subiram ao poder e em 2000, já haviam
destruído a maioria dos campos de ópio. A produção caiu de três
mil toneladas para apenas 185, uma redução de 94%. Em 9 de
setembro de 2001, os planos de invasão do Afeganistão estavam
35
na mesa do presidente Bush. Dois dias depois, eles tinham uma
desculpa. Hoje, a produção de ópio no Afeganistão controlado
pelos EUA fornece mais de 90% da heroína do mundo, quebra
recorde de produção todo ano.
Egoísmo, apego, lucro e materialismo
Para encontrar a resposta, primeiro devemos encontrar a
causa principal, pois o fato é que os grupos egoístas, corruptos e
famintos de lucro não são a fonte do problema. Eles são
sintomas. A ganância e a competição não são o resultado de um
temperamento humano imutável. Ganância e medo da escassez
na verdade são criados e ampliados. A consequência direta disso
é que temos que lutar uns com os outros para sobreviver.
A característica mais fundamental de nossas instituições
sociais é a necessidade de autopreservação. Isso vale para as
corporações, as religiões, ou um governo o interesse principal é
a preservação da própria instituição. Por exemplo, a última coisa
que uma petroleira quer é o uso de energia não controlada por
ela, já que isso a torna menos importante para a sociedade.
Assim, fica naturalmente difícil que instituições baseadas
em lucro mudem, pois isso ameaça não só a sobrevivência de
grupos de pessoas, mas também o estilo de vida materialista
associado aos poderosos. A necessidade paralisante de
preservar as instituições - independente de seu impacto social –
está fortemente baseada na necessidade de dinheiro, ou lucro.
Indústria
“O que ganho com isso?” é o que as pessoas pensam,
então se alguém ganha dinheiro vendendo certo produto,
naturalmente ele vai combater quem trabalha com outro
produto que possa ameaçar sua instituição. Por isso, as pessoas
não podem ser justas, e as pessoas não confiam umas nas
36
outras. Alguém te diz: “eu tenho a casa que você procura!”, mas
ele é um vendedor! Um médico te diz: “Temos que retirar seu
rim”, não sei se ele precisa pagar por seu iate ou se meu rim
realmente está doente. É difícil, no sistema monetário, confiar
nas pessoas. Se você viesse à minha loja e eu dissesse: “esse
abajur é muito bom, mas o da loja seguinte é muito melhor” eu
não duraria muito no mercado, não daria certo.
Então, quando dizem que “a indústria se importa com as
pessoas”, isso não é verdade! Elas não podem ser éticas. O
sistema não foi projetado para servir ao bem-estar das pessoas.
Se você não entendeu isso, não haveria terceirização de
empregos, se eles se importassem com as pessoas. A indústria
não se importa com as pessoas, ela só continua contratando
porque ainda não automatizaram tudo.
É importante destacar que independente do sistema
financeiro, seja ele fascista, socialista, capitalista ou comunista, o
mecanismo por trás disso ainda é dinheiro, trabalho e
competição. A China comunista não é menos capitalista que os
EUA. A única diferença é o grau de interferência do governo nas
empresas. A realidade é que o monetarismo, por assim dizer, é o
verdadeiro mecanismo que guia os interesses de todos os países
no planeta.
A mais agressiva, e, portanto, dominante variação desse
monetarismo é o sistema de livre comércio. A perspectiva
fundamental apresentada pelos economistas anteriores ao livre
comércio, como Adam Smith, é de que auto-interesse e
competição levam a prosperidade social, já que o ato de
competir gera incentivo e motiva as pessoas a ir adiante. Porém,
o que não é falado é como uma economia baseada em
competição acaba levando a corrupção estratégica, consolidação
de poder e riquezas, camadas sociais, paralisia tecnológica,
abuso de mão de obra e finalmente, a uma forma encoberta de
ditadura governamental pela elite rica.
37
A palavra “corrupção” costuma ser definida como
perversão moral. Se uma empresa joga lixo tóxico no mar para
economizar dinheiro as pessoas reconhecem isso como um
“comportamento corrupto”. De um modo mais sutil, quando a
Wal-Mart se muda para uma cidade pequena e força as lojas
pequenas a fecharam por não poderem competir, caímos em
uma zona de dúvida: Afinal, o que exatamente a Wal-Mart está
fazendo de errado? Por que eles se importariam com as
organizações que destroem? Porém, mais discretamente ainda,
quando alguém perde o emprego porque uma nova máquina foi
criada, que pode fazer seu trabalho por um custo menor, as
pessoas tendem a aceitar isso como “o jeito que as coisas são”
sem ver a desumanidade corrupta que existe nesse gesto. O fato
é: Seja despejando lixo tóxico, possuindo um monopólio ou
reduzindo a força de trabalho, o motivo é sempre o mesmo!
Lucro. Todos são estágios diferentes do mesmo mecanismo de
auto-preservação, que sempre coloca o bem-estar do povo atrás
da necessidade de ganho monetário. Portanto, a corrupção não
é um subproduto do Monetarismo. Ela é a sua base! Enquanto
algumas pessoas reconhecem essa tendência em algum nível, a
maioria continua sem saber das amplas consequências de
termos em um mecanismo tão egoísta como mentalidade
principal.
“Documentos internos mostram que depois que essa
empresa soube que tinham uma medicação que estava infectada
com o vírus da AIDS, eles tiraram o produto do mercado
americano e o mandaram para os mercados da Europa, Ásia e
América Latina. O governo dos EUA permitiu que acontecesse, o
FDA permitiu que isso acontecesse e agora o governo está
fingindo ignorar o caso. Milhares de hemofílicos inocentes
morreram de AIDS e essa empresa sabia que os medicamentos
estavam infectados com o vírus. Eles mandaram para outros
lugares porque queriam transformar esse desastre em lucro”.
Veja só, você tem a corrupção como parte do sistema. Estamos
38
tirando proveito uns dos outros, e não se pode esperar muita
decência a essa altura.
Política
Sinto que as pessoas não sabem quem eleger. Elas
pensam em termos de democracia, o que não é possível em uma
economia baseada em moeda. Se elas dão dinheiro para a
campanha do candidato que querem eleger, isso não é
democracia. Eles servem pessoas em posições de vantagem.
Então, sempre temos a ditadura das elites, dos ricos.
É interessante observar como personalidades
aparentemente desconhecidas aparecem, como mágica, como
candidatos a presidente. Antes que você perceba, de algum
modo você precisa escolher entre um pequeno grupo de pessoas
muito ricas que suspeitamente têm as mesmas visões sociais
amplas. Obviamente, isso é uma piada. As pessoas que
concorrem à eleição estão ali porque foram definidas como
aceitáveis pelo poder financeiro estabelecido que toma as
decisões. Ainda assim, muitos que entendem a ilusão da
democracia pensam: “que bom seria se pudéssemos ter nosso
candidato honesto no poder, aí tudo ficaria bem”. Bem, essa
ideia parece ter sentido dentro da nossa visão de mundo guiada
pelo establishment, mas infelizmente ela é outra mentira, pois
quando o assunto é aquilo que realmente importa, a instituição
da política, assim como os políticos, não tem nenhuma
relevância no que diz respeito às coisas que fazem nosso mundo
e nossa sociedade funcionarem.
A pergunta que interessa aos políticos é: Quanto um
projeto vai custar? A questão não é quanto ele vai custar, mas
sim se temos os recursos. E hoje nós temos os recursos para dar
moradia a todos, para construir hospitais no mundo todo,
construir escolas no mundo todo, financiar laboratórios e
equipamentos para o ensino e pesquisa em medicina. Vejamos,
39
nós temos tudo isso, mas estamos no sistema monetário, e
nesse sistema, o que interessa é o lucro.
E qual é o mecanismo principal que orienta o sistema
baseado em lucro, além de interesse próprio? O que exatamente
mantém essa competição como sua essência? Eficiência e
sustentabilidade? Não. Isso não é parte de seu projeto. Nada
produzido na nossa sociedade voltada ao lucro é de alguma
forma sustentável ou eficiente. Se houvesse, não haveria uma
indústria milionária de serviços automotivos, ou a vida média
dos equipamentos eletrônicos seria maior que três meses, antes
de ficarem obsoletos. Abundância? De modo algum. A
abundância se baseia nas leis de oferta e procura, e na verdade é
algo negativo. Se uma mineradora de diamantes encontrarem
uma quantidade dez vezes maior que o normal, isso quer dizer
que a oferta de diamantes aumenta, e logo o preço e o lucro por
diamante caem. O fato é que sustentabilidade, eficiência e
abundância são inimigas do lucro.
Resumindo, é o mecanismo de escassez que aumenta os
lucros. A escassez mantém os produtos como valiosos; reduzir a
produção de petróleo eleva o preço. A escassez de diamantes
mantém o preço deles alto. Eles queimam diamantes na mina e
o transformam em carbono para manter o preço alto. Então o
que significa para a sociedade que a escassez, produzida
naturalmente ou por manipulação, seja uma condição positiva
para a indústria? Isso quer dizer que sustentabilidade e
abundância jamais irão acontecer num sistema de lucro, pois
simplesmente vão contra a natureza dessa estrutura. Portanto, é
impossível termos um mundo sem guerras ou pobreza. É
impossível continuar avançando tecnologicamente até seus
níveis mais eficientes e produtivos. E, mais dramaticamente, é
impossível esperar que o ser humano comporte-se de modo
realmente ético e decente.
40
Finalização
Só há uma escolha: medo ou coragem, Eles ou Nós. Mas,
uns Eles ou Nós verdadeiros. Eles, são aqueles que querem o
Inferno causado pelo egocentrismo que leva muitas pessoas a
praticarem atos incorretos visando a lucros exagerados, como
fazem, por exemplo, os presidentes de grandes companhias, os
gerentes de bancos, os políticos, dando origem a falências,
ocasionando danos incalculáveis, e sofrimentos a muita gente.
Nós, somos aqueles que queremos o Céu na Terra causado pelo
altruísmo, gratidão, cooperação e espiritualismo dando origem a
alegria e a felicidade. A Revolução é agora, insiste-se que só há
uma escolha: Eles ou Nós.
MOEDAS SOCIAIS
Elas são moedas complementares, utilizadas por certo
grupo, como um clube, ou por participantes de eventos,
geralmente para troca de serviços ou produtos. Surgem na
economia solidária como alternativa ao escambo, e possuem
características próprias.
Uma moeda social é considerada um instrumento de
desenvolvimento local, destinada a beneficiar o mercado de
trabalho dos grupos que participam da economia da localidade.
Seu uso é restrito, e a sua circulação beneficia a redistribuição
dos recursos na esfera da própria comunidade. O aumento da
quantidade de moeda social corresponde ao aumento das
transações realizadas pelos participantes da economia local.
Sempre observando o lastro (para cada moeda social uma
moeda oficial do mesmo valor).
41
Sua criação se inspira nos conceitos da economia
solidária de articulação e trocas da economia, na produção e
comercialização de produtos que vai além da lógica capitalista,
por beneficiar a comunidade local e trazer desenvolvimento. A
moeda social, por sua circulação restrita, auxilia a diminuir o
poder centralizador da economia capitalista globalizada, e
promove a inclusão social.
Banco Palmas
É um banco comunitário brasileiro, conhecido
formalmente
como
um
"banco
comunitário
de
desenvolvimento" ou BCD, fundado em 1998 no Conjunto
Palmeira, um bairro de 32.000 habitantes localizado na periferia
de Fortaleza - Ceará, Brasil. Opera sob o princípio da economia
solidária.
Ele é o primeiro dos 52 (em março de 2011) bancos
comunitários com estruturas semelhantes em todo o Brasil. É
gerido localmente pela Associação dos Moradores do Conjunto
Palmeira, conhecido por sua sigla ASMOCONP, de que a maioria
da equipe é voluntária. A missão do Banco é implementar
projetos de trabalho e geração de renda através de sistemas de
economia solidária, primariamente focada na superação da
pobreza urbana e rural. O objetivo é garantir microcréditos para
produção e consumo local, com taxas de juros mínimos e sem
requisitos para inscrição, comprovante de renda, ou fiador (a
confiabilidade do tomador é garantida por vizinhos). A missão é
também para fornecer acesso a serviços bancários para os
moradores das comunidades mais pobres, que normalmente
42
não teriam acesso a eles nos bancos tradicionais, com base na
falta de histórico de crédito ou de garantia financeira e/ou
distância física.
Aqui se compreende: 1. História; 2. Teoria; 3. Moeda
social; Serviços microfinanceiros (microcrédito; microseguro;
correspondente bancário); Instituto Palmas; Marco legal; Rede
Brasileira de Bancos Comunitários; Projetos sociais (Bairro Escola
de Trabalho; Incubadora Feminina; Companhia Bate Palmas;
Curso de consultores comunitários; Academia de Moda Periferia;
Palma Tech; Escola Popular Cooperativa Palmas; 1.000 Jovens,
10 Ideias); 9. Empreendimentos solidários produtivos da rede
(Palma Tur; Palma Fashion; Palma Limpe; Loja Solidária;
PalmaNatus); 10. Fecol. Apenas alguns serão tratados.
Sobre história.
A origem do Conjunto Palmeira remonta à década de
1970. Devido às iniciativas de remodelação da beira mar de
Fortaleza decretadas pelo governo municipal, as comunidades
de pescadores e outros habitantes foram forçadas a se mudar
para o interior. O distrito do interior, hoje conhecido como
Conjunto Palmeira, era desprovida de infraestrutura básica
como água, estradas, e eletricidade, deixando o bairro
vulnerável a inundações e outros problemas de estabilidade
natural e econômico. Além disso, a mudar para o interior deixou
a comunidade principalmente de pescadores sem uma fonte
estável de renda. Em 1981, os moradores se uniram para
melhorar a comunidade, criando assim ASMOCONP.
Em janeiro de 1998, ASMOCONP criou o Banco Palmas
como uma estratégia para enfrentar o desemprego, criando
trabalho e oportunidades de renda para os moradores. Como
tal, o Banco Palmas foi criado como uma ferramenta popular de
financiamento sob os princípios e valores da economia solidária.
Em 2000, o Banco Palmas criou a moeda social “palmas”
que circula no comércio local.
43
Em março de 2003, ASMOCONP também estabeleceu o
Instituto Palmas de Desenvolvimento e Socioeconômica Solidária
(também conhecido como Instituto Palmas), uma organização da
sociedade civil sem fins lucrativos criada da experiência de
ASMOCONP.
Em 2003, a metodologia de finanças solidárias dos BCDs
estava sendo discutida em vários municípios como um
instrumento eficaz na geração de renda para os pobres. Um ano
depois, em setembro de 2004, o segundo BCD abriu sob o nome
Banco Par, no município de Paracuru, no Ceará, a 70 quilômetros
de Fortaleza.
Em 2005, mais dois bancos foram criados no estado do
Espírito Santo: Banco Bem (município de Vitória) e Banco da
Terra (município de Vila Velha). Até 2008, havia 34 bancos
comunitários em operação. Em fevereiro de 2011, existiam 52
bancos comunitários em 12 estados do Brasil.
Em janeiro de 2006, o Banco Popular do Brasil se tornou
um dos parceiros da Rede Brasileira de Bancos Comunitários de
Desenvolvimento como avalista de linhas de crédito para os
BCDs, através um convênio da Secretaria Nacional de Economia
Solidária do MTE. O acordo permitiu não só o Banco Palmas, mas
toda a rede de bancos comunitários para ter acesso ao crédito e
para atuar como correspondentes bancários do Banco Popular
do Brasil. Durante esse mesmo ano, a Petrobras decidiu apoiar a
criação de novos BCDs em dois outros municípios, somando a
um total de doze BCDs funcionando no Brasil até o final de 2006.
Recentemente, os bancos Caixa Econômica Federal (também
conhecido simplesmente como “Caixa”) e BNDES tornaram-se as
principais parcerias do Banco Palmas - a Caixa oferece serviços
de correspondente bancário e de crédito limitado, e BNDES
oferece crédito e apoio desenvolvimento institucional a partir de
2011. Zurich Brasil também tem tomado um papel importante
no desenvolvimento da nova linha de produtos de seguros do
Banco, começando com seguro de vida (lançado em setembro
44
de 2010) e se expandindo para outros programas nos próximos
anos. A partir de 2008, o Programa Nacional de Bancos
Comunitários - lançado pela Secretaria Nacional de Economia
Solidária - tornou-se responsável pelo crescimento da Rede
Brasileira de Bancos Comunitários.
Sobre teoria.
A teoria principal do Banco Palmas, suas ações, suas
realizações e sua história, é que não existe nenhum território
inerentemente pobre (seja uma região, bairro, nem município).
Territórios ficam pobres depois de perder, várias vezes, a própria
poupança. Apesar do nível de pobreza de um território, será
sempre capaz de alcançar o desenvolvimento econômico. Esse
desenvolvimento deve ser autônomo, do dentro; se não, nunca
será sustentável.
Sobre moeda social.
Moeda social local em circulação, também chamada de
"moeda local" ou "moeda social", é uma moeda complementar
ao real do Brasil e criada por cada banco comunitário. Os bancos
oferecem empréstimos em quantidades pequenas em reais e
também na moeda local, que circula somente dentro do bairro.
(A moeda social do Banco Palmas é a "palma", por exemplo.
Cada comunidade tem as próprias moedas com os próprios
nomes.) Uma unidade de moeda local é igual a um real, e ambas
as moedas podem ser trocadas livremente a qualquer hora.
Incentivos locais para comerciantes e consumidores existem
para usar a moeda local (por exemplo, a oferta dos descontos
aos usuários.)
A moeda social dirige a fazer o "dinheiro" circular na
comunidade, ampliando o poder do comércio local, aumentando
a riqueza da comunidade, e gerando emprego e renda no total.
A moeda social, portanto, torna-se um componente essencial
nas estratégias dos bancos comunitários. Os créditos podem
ajudar no crescimento econômico do distrito ou região através
da criação da nova riqueza. As moedas locais garantem
45
desenvolvimento, promovendo que a riqueza circule na própria
comunidade.
Sobre Rede Brasileira de Bancos Comunitários.
O Banco Palmas integra a Rede Brasileira de Bancos
Comunitários, a Rede Cearense de Socioeconômica Solidária
(RCSES), do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES).
Rede Brasileira de Bancos Comunitários inclui atualmente
52 bancos (em março de 2011) em todo o Brasil. Cada um foi
criado com a experiência e o apoio do Banco Palmas. Um banco
comunitário não é uma divisão de um banco central; é parte de
uma rede, segundo a referência e os métodos de trabalho
comuns definidos pela Rede Brasileira de Bancos Comunitários.
Veja as informações básicas seguintes sobre os bancos
comunitários de desenvolvimento:
O que é um banco comunitário de desenvolvimento?
Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCDs)
fornecem serviços de finanças solidárias em uma rede
associativa e comunitária, voltada para a geração de emprego e
renda, tendo em base os princípios da economia solidária.
Quais são as características principais de um BCD?
1) A comunidade mesmo decide criar o banco, agindo
como o seu próprio gerente e proprietário;
2) Sempre atua com duas linhas de crédito: uma em reais
(R$) e outra em moeda social circulante;
3) Suas linhas de crédito estimulam a criação de redes de
consumo
e
produção
locais,
promovendo
o
autodesenvolvimento do bairro;
4) Suporta as empresas como uma estratégia de
comercialização (lojas solidárias, feiras solidárias, escritório
central de comercialização, etc.);
46
5) Atua em áreas caracterizadas por exclusão e
desigualdade social;
6) É destinado para um público caracterizado por
vulnerabilidade social, em particular os beneficiários dos
programas governamentais;
7) Tem ter a intenção de tornar-se sustentável
financeiramente em curto prazo, obtendo subsídios justificados
pela sua utilidade social.
Qual é o objetivo de um BCD?
Para promover o desenvolvimento de áreas de baixa
renda através da criação de redes locais de produção e
consumo. Ele opera com o apoio das iniciativas econômicas da
economia solidária, tais como empresas sócio-produtivas,
provedores de serviços, apoio para iniciativas sócio-comerciais
(mercados, feiras de solidariedade), e organizações de
consumidores.
Qual é a estrutura de gestão de um BCD?
CDBs são gerenciados dentro das estruturas das
organizações comunitárias (associações, conselhos, fóruns, etc.)
e outros tipos de iniciativas da sociedade civil que são
reconhecidos dentro da comunidade, tais como sindicatos,
ONGs, e igrejas. Sua gestão envolve uma dimensão
compartilhada com componentes fortes de controle social local,
com base nos mecanismos da democracia direta.
Como é que o financiamento de um BCD?
O financiamento dos BCDs é feito através do acesso a
recursos públicos, bem como um fundo de solidariedade para
investimentos comunitários. Este fundo é formado a partir de
várias fontes: privado, doações pessoais ou de fontes legais;
taxas de adesão (de entidades privadas ou legais), serviços
comerciais (desde que eles não enfrentam nenhuma
concorrência); e outros tipos de serviços fornecidos.
47
Quem são os clientes potenciais principais dos BCDs?
Devido à sua condição como uma iniciativa de cidadãos
voltada para o desenvolvimento do bairro, BCDs são destinados
a um público caracterizado por vulnerabilidade social, em
particular incluindo (mas não limitado a): mulheres, jovens,
comerciantes, empreendedores, etc.
Qual é a capacidade dos BCDs?
Para permitir que a metodologia funcionasse
corretamente, BCDs operam principalmente nas comunidades
de até 50.000 habitantes. É possível ter mais de um BCD
funcionando na mesma comunidade ou bairro.
Economia solidária
É definida como o "conjunto de atividades econômicas –
de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito –
organizadas sob a forma de autogestão." Compreende uma
variedade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a
forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas
autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que
realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços,
finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário.
Trata-se de uma forma de organização da produção, consumo e
distribuição de riqueza centrada na valorização do ser humano e
não do capital, caracterizada pela igualdade.
"A economia solidária é uma alternativa inovadora na
geração de trabalho e na inclusão social, na forma de uma
corrente do bem que integra quem produz, quem vende, quem
troca e quem compra. Seus princípios são autogestão,
democracia, solidariedade, cooperação, respeito à natureza,
comércio justo e consumo solidário."
48
A economia solidária preconiza o entendimento do
trabalho como um meio de emancipação humana dentro de um
processo de democratização econômica, criando uma alternativa
à dimensão alienante e assalariada das relações de trabalho
capitalistas.
Além disso, a economia solidária possui uma finalidade
multidimensional, isto é, envolve a dimensão social, econômica,
política, ecológica e cultural. Isto porque, além da visão
econômica de geração de trabalho e renda, as experiências de
economia solidária se projetam no espaço público, tendo como
perspectiva a construção de um ambiente socialmente justo e
sustentável. Vale ressaltar que a economia solidária não se
confunde com o chamado "terceiro setor", que substitui o
Estado nas suas obrigações legais e inibe a emancipação de
trabalhadoras e trabalhadores, enquanto sujeitos protagonistas
de direitos. A economia solidária reafirma, assim, a emergência
de atores sociais, ou seja, a emancipação de trabalhadoras e
trabalhadores como sujeitos históricos.
49
50
NA IDEOLOGIA: AQUECIMENTO GLOBAL SÓ COM
REDUÇÃO DA POLUIÇÃO AMBIENTAL E
EMISSÃO DE GASES NA ATMOSFERA
DEZ MITOS
O clima mudou antes
O mito: Mesmo antes do efeito estufa e dos gases
liberados por ações humanas, o clima da Terra já estava
mudando, e por isso nós não somos responsáveis pelo
aquecimento global atual.
A ciência: As mudanças climáticas passadas sugerem que
o clima reage de acordo com a energia colocada e retirada, de
maneira que se o planeta acumular mais calor do que libera, as
temperaturas globais vão subir.
No momento, o CO2 está gerando um desequilíbrio
energético que aumenta o efeito estufa. Mudanças climáticas
antigas mostram evidências de que nosso clima é sensível ao gás
carbônico.
51
Mas está frio lá fora!
O mito: O planeta não pode estar esquentando, pois o
último inverno foi um dos mais frios, como é possível o
aquecimento global?
A ciência: Temperaturas locais, medidas de forma
individual, não têm nada a ver com o aquecimento global de
longo termo. As mudanças de estação locais podem esconder o
movimento climático planetário.
Para encontrar tendências climáticas, é preciso analisar
as mudanças de temperatura por um longo período de tempo.
O clima está esfriando
O mito: O aquecimento global parou e a Terra está
começando a esfriar.
A ciência: A última década, entre 2000 e 2009, foi a mais
quente já registrada. Mas o aquecimento global é compatível
com climas mais frios. Novamente, o que vale são os registros de
longo termo. E nesse caso, infelizmente, a Terra está aquecendo.
A culpa é do sol
O mito: Na última centena de anos, a atividade solar tem
aumentando, gerando o aquecimento global.
52
A ciência: Nos últimos 35 anos de aquecimento global, o
sol mostrou uma tendência de se resfriar, enquanto o clima tem
esquentado. Para o último século, o sol pode sim explicar um
pouco do aumento das temperaturas, mas apenas uma pequena
parcela.
Um estudo publicado no ano passado mostrou que
mesmo durante um período de baixa atividade solar, a Terra
continuou a esquentar.
Nem todos concordam
O mito: Não há consenso de que o planeta esteja
realmente aquecendo.
A ciência: A maior parte dos cientistas climáticos
concorda
que
o
aquecimento
global
“humano”
está
acontecendo. Você pode ver essa tendência na diminuição das
notícias sobre discussões a respeito disso. Não há mais
argumentação.
O dióxido de carbono (CO2) não é um poluente
O mito: “Os perigos do dióxido de carbono? Diga isso
para uma planta, o quão perigoso é”.
A ciência: Apesar do gás ser realmente fundamental para
a fotossíntese das plantas, ele é um poluente (por exemplo, na
53
acidificação dos oceanos) e seriamente ligado ao efeito estufa.
Quando o calor é liberado da superfície terrestre, parte da
radiação fica presa por gases estufa, como o CO2. Esse efeito é
que está aumentando as temperaturas globais.
Cientistas estão conspirando
O mito: Milhares de e-mails entre cientistas climáticos
vazaram em novembro de 2009, e revelaram dados encobertos
que
conflitavam
com
as
pesquisas
que
afirmavam
o
aquecimento global.
A ciência: Sim, um hacker teve acesso e divulgou os emails e documentos. Mas não existe conspiração, já que diversas
outras pesquisas foram feitas, não necessariamente envolvendo
esses cientistas.
Não se preocupe, não é tão ruim
O mito: Alguns apontam que há evidência histórica de
que períodos mais quentes são bons para a humanidade,
enquanto o frio é catastrófico.
A ciência: Os cientistas climáticos afirmam que os pontos
positivos do aquecimento são esmagados pelos negativos, na
agricultura, na saúde humana, na economia e no meio ambiente.
Por exemplo, um estudo de 2007 mostra que um planeta mais
54
quente aumentaria a propagação da vegetação na Groenlândia;
mas isso também significaria mais escassez de água, mais e
maiores queimadas e maior desertificação. Não parece muito
bom.
A Antártida está com mais gelo
O mito: O gelo que cobre a Antártida está expandindo, ao
contrário da crença de que está derretendo devido ao
aquecimento global.
A ciência: O argumento de que o gelo está expandindo na
Antártida omite a diferença entre o gelo terrestre e o marítimo.
“Se você estiver falando do lençol de gelo, nós esperamos ganho
no interior do território, mas perda do gelo periférico”, afirma o
cientista Michael Mann. Medições atuais mostram que a camada
de gelo da Antártida está diminuindo, em saldo negativo, e
contribuindo para o aumento do nível dos oceanos. No caso do
gelo marítimo, as tendências variam muito, por isso é
complicado chegar a um dado exato.
Os modelos climáticos não são de confiança
O mito: Os modelos são repletos de pressupostos para
que se encaixem nos dados coletados. Não há forma de saber se
eles são de confiança.
55
A ciência: Modelos já conseguiram reproduzir com
sucesso as temperaturas globais de 1900, na terra, no ar e nos
oceanos. “Modelos são simplesmente uma formalização para
que possamos entender melhor os processos que governam a
atmosfera, os oceanos, etc.”, afirma Mann. Ele adiciona que
certos processos, como a maneira com a qual as nuvens
respondem às mudanças atmosféricas, são incertos, e diferentes
modelos já foram apresentados.
Mesmo assim, afirma Mann, certas previsões são
baseadas na física e química fundamentais (como as feitas para
o efeito estufa), o que resulta em previsões robustas,
independentes dos pressupostos.
ENTREVISTA COM O PROFESSOR DE CLIMATOLOGIA DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), RICARDO AUGUSTO
FELICIO.
Ele é um dos poucos céticos quanto ao aquecimento
global no Brasil. Para o docente, o fenômeno não passa de uma
mentira, já que não existem provas científicas de que a Terra
está aquecendo.
Nesta entrevista exclusiva ao Diário Regional, o professor
defende sua tese, além de atacar o RIO+20, o Protocolo de Kyoto
e afirmar que o documentário “Uma verdade inconveniente”, do
ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, é um filme de
ficção científica.
56
Por que o senhor afirma que o aquecimento global não
existe?
Quando o Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC, sigla em inglês) quer dizer que a Terra
esquentou 0,74ºC em 150 anos é o mesmo que contar uma
piada aos climatologistas sérios. As temperaturas já variaram
muito mais do que 3ºC ou 5ºC há cerca de 5 mil anos atrás. Em
outros períodos, a Geologia nos retrata valores de mais de 8ºC.
Ao mesmo tempo, dependendo da escala verificada, as variações
podem ser grandes ou pequenas e não ocorrem ao mesmo
tempo, nos mesmos lugares. Em certas partes, pode-se observar
que as temperaturas subiram, em outras, que baixaram. Falar
em média é uma verdadeira abstração, que esconde uma gama
rica de fenômenos e variações. Não se pode entender clima
assim. Só no último século, as temperaturas subiram e desceram
duas vezes. Isso faz parte da variabilidade climática e não há
nada de errado.
Existem provas que o aquecimento global existe?
Mostrar coisas derretendo não é prova de aquecimento
global, pois, do contrário, mostrar coisas congelando seria prova
de resfriamento global. Confunde-se as observações localizadas
dos fenômenos e extrapola-se isso para o globo. Não é assim. É
importante ressaltar que mostrar os fenômenos, observá-los,
relatá-los, são etapas do conhecimento científico. Agora, atribuir
causa a eles assim do nada é que se torna estranho demais. Note
que não é porque observamos melhor o planeta e seus
fenômenos, através do nosso aparato tecnológico, que
provamos que mudaram, pois as séries são muito pequenas, e
muito menos que é o homem a sua causa. Nesses termos,
podem apenas achar, supor, imaginar que aconteceu
“aquecimento global” pela observação dos dados. Porém, pior
57
ainda, só poder acreditar, crer, ter fé, que foi causado pela
atividade dos humanos no planeta. Não há prova que o homem
fez alguma alteração climática global. Qualquer afirmação desse
tipo não passa de uma distorção do método científico
consagrado.
Se o aquecimento global não existe, quais são as
consequências do efeito estufa?
O “efeito estufa” é uma física planetária impossível. Em
uma estufa, o ar está sob controle, ficando aquecido e não se
misturando com o ar externo. É aprisionado e não consegue
criar os vórtices, turbilhões e movimentos. Ao mesmo tempo, se
tiver vapor d’água, este fica aprisionado. Na atmosfera real, o ar
quente sobe, provoca convecção, fenômenos, a dinâmica de
fluidos está liberada. É o mesmo exemplo de se estar dentro do
carro com tudo fechado e exposto ao Sol. O calor é infernal, mas
ao abrir as janelas, imediatamente libera-se a dinâmica de
fluidos e as temperaturas caem. Gás em sistemas abertos não
fica aprisionando calor. Ainda por cima, a física da re-emissão de
infravermelho pregada como religião é absurda, porque se essas
moléculas emitissem a energia absorvida, isto ocorreria de
maneira isotrópica, sendo a superfície da Terra um dos menores
alvos.
O CO², gases como o clorofluorcarbono (CFC) e o
desmatamento destroem a camada de Ozônio?
Não. Não existe esta coisa de “camada de ozônio”, que já
parece uma entidade religiosa. Ozônio é um gás de formação
transitória, proveniente do segundo maior constituinte
atmosférico, o gás oxigênio (chamado molecular) que só se
forma com energia. Assim, necessita-se da energia do Sol, em
seus raios ultravioleta da banda C, para que as nuvens ozônicas
58
se formem na baixa e média estratosfera (terceira camada
atmosférica de baixo para cima). As nuvens ozônicas surgem e
desaparecem, mas em quantidades espetacularmente grandes.
Essas variações foram descritas por Gordon Dobson (cientista
britânico) e outros cientistas já de longa data, e nada tinham a
ver com a hipótese fraudulenta da presença de cloro derivado
de CFCs na estratosfera. Aliás, de fato, nunca se provou essa
hipótese, nem mesmo em laboratório. Também omitiram
durante o período de assinatura do outro protocolo, o de
Montreal, que as fontes de cloro naturais, que lançam cloro na
estratosfera são 80 mil vezes maiores que as humanas, mas é
claro, venderam bem a ideia de que é a sua geladeira que
destrói uma coisa que não existe: a tal “camada de ozônio”.
Na questão do desmatamento, alguns estudos sugeriram
que os incêndios florestais seriam uma fonte de cloro para a
atmosfera, mas apenas isto. Deve-se ressaltar que a quantidade
de incêndios florestais é imensamente superior ao número de
queimadas, que são fogos de origem antrópica. Os incêndios
florestais fazem parte do ciclo natural das florestas, como
processo de renovação da biomassa. Esta cresce nos períodos
chuvosos e se desfaz em períodos de estiagens. Assim, de novo,
essa outra fonte de cloro seria pelo menos 10 mil vezes maior
que os gases refrigerantes.
O desmatamento pode alterar o clima local e global?
O desmatamento altera o clima local, por um período de
tempo curto, onde a superfície fica desprotegida. Se
abandonada, em menos de 20 dias já aparece uma cobertura
vegetal rasteira, reiniciando o processo de retomada pela
natureza. Nota-se que esta “alteração climática” não enquadra
regime de chuvas e outros fenômenos, porque estes pertencem
a outra escala. Assim, as alterações vão refletir na absorção,
reflexão e emissão de energia, saldo de evaporação (se nenhum
59
outro fenômeno estiver atuando) e temperatura, embora esta
última seja o pior parâmetro para referenciar qualquer coisa.
Quanto ao global, nada interfere.
Se o aquecimento global não existe, qual foi a
importância do RIO+20, ECO 92 e de outros eventos
semelhantes? O que foi realmente discutido no RIO+20? Algo de
importante?
São todos eventos de carnaval fora de época, em que se
discutem negócios, ou seja, quanto vai se levar nesse mercado
fraudulento do carbono. Todos os países querem participar
disto. Agora tem o lado obscuro de tudo isso, pois os direitos
civis das pessoas começaram a entrar no jogo, bem como a
criação de mais impostos e a formação de algo que ainda não
conseguimos definir muito bem, entre um “eco-imperialismo”
ou um “eco-totalitarismo”. Veja bem, teve brasileiro querendo
que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
tivesse “dentes”, a fim de manipular as nações que se não
adequassem ao status quo colocado. Já daria para saber quem
tomaria a mordida destes dentes, não? Dessa forma, estamos
abrindo precedentes perigosos para a vida da humanidade e
ninguém está percebendo isto?
Dizem que o nível do mar está subindo devido o
derretimento das calotas polares, é verdade?
Não. O nível do mar apresenta flutuações normais devido
à dilatação térmica dos oceanos, movimentos de ciclos lunares
entre outros. De fato, os oceanos variam 15 a 25 centímetros
por causa desses fenômenos e ainda podem variar até meio
metro em fenômenos como La Niña ou El Niño. Em eventos
extremos, que não devem ser confundidos aqui, o mar pode
60
subir um ou dois metros, mas isto devido aos ventos, ciclones
tropicais e extratropicais. Quando terminam, o mar volta.
Quanto aos polos, o Ártico é um oceano congelado que
pode variar de dois a cinco metros de espessura, que derrete e
congela normalmente durante as estações de verão e inverno,
em que por um longo período congela mais do que derrete
(saldo positivo) e depois inverte (saldo negativo). Em 2012
voltou a sua média normal, que leva em conta os dados dos anos
de 1970 até 2000. Assim, gelo dentro da água, quando derrete
vira água, não alterando em nada. Quanto à costa da
Groenlândia, esta também apresenta alta variação de degelo e
congelamento muito conhecida, fazendo parte do ciclo natural.
O interior da Groenlândia dificilmente é afetado e não derrete
há mais de 10 mil anos. O polo Sul é bem diferente do Norte,
pois possui um continente de 14 milhões de quilômetros
quadrados, cuja quantidade de gelo passa os 27 milhões de
quilômetros cúbicos. Lá não tem como derreter sem que a Terra
eleve suas temperaturas acima de 20ºC.
Não há uma marca que o Capitão Cook fez no século XIX
como medição do nível do mar? Como que essa marca está?
Levando em conta a fase lunar certa, para não dar
distorção entre as marés, o nível do mar está na mesma marca
feita em 1841, ou seja, os oceanos, pelo menos em nível médio,
continuam do mesmo jeito que estavam há mais de 170 anos.
Qual a sua opinião do famoso documentário “Uma
verdade inconveniente”, do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore?
É um grande filme… de ficção científica, apenas isto.
Deveria ser dito isto para todos de modo que não achassem que
o documentário seja verdade. Veja bem, se tem gente que com
filmes como o tal 2012 e acham que o mundo vai acabar mesmo
61
em dezembro deste ano, o que imaginariam daquilo
(documentário)? Enfim, o filme tem diversos erros científicos ou
chamadas inverdades, como a morte dos ursos polares
afogados, a subida do mar, o furacão Katrina, entre outros.
Qual a sua opinião sobre o Protocolo de Kyoto?
É o mercado da fumaça. Não serve para nada a não ser
manter os países em desenvolvimento presos nos seus grilhões
de pobreza. Criaram-se mecanismos burocráticos sem fim para
solucionar um problema que não existe. Muita gente ganhou
rios de dinheiro com a permanência da pobreza de outros.
Porém, não parou por aí, porque esse dinheiro de créditos de
carbono voltou aos seus emissores, por meio da compra de
produtos por eles vendidos. Enfim, é um esquema fiducitário da
pior espécie, em que se vende débitos e grilhões ao mesmo
tempo. O protocolo precisa acabar e nunca mais voltar.
Por ser uma minoria nessa questão ambiental, já pensou
que pode estar errado?
Exatamente por sofrer todas as sanções e perseguições
possíveis e imagináveis, dentro e fora do trabalho, tenho
absoluta certeza de estar correto. Ainda mais quando toda essa
turma evoca o princípio da precaução, a minha certeza é plena.
Quer dizer que sem certeza científica de nada, precisamos pagar
uma conta sobre clima e ambiente? E se tivéssemos a certeza,
pagaríamos também. Para que a ciência se todas as decisões já
foram tomadas?
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O senhor é um dos poucos brasileiros que defendem que
o aquecimento global não existe, por quê?
Porque é muito mais fácil para vida, em todos os
sentidos, dizer que ele existe. Poderia pegar um trecho da minha
pesquisa antártica e dizer que o número de ciclones aumentou,
portanto, é prova de que o aquecimento global existe e que o
homem fez isto. Agora dizer a verdade dá trabalho. Assim,
termino com o pensamento do Dr. Ivar Giaever, Prêmio Nobel
em Física. Ele diz ser um cético ao “aquecimento”, porque está
se tornando uma religião onde não se admite questionamentos.
Ainda completa que não interessa o número de cientistas que
seguem esta falácia. O que interessa é se os cientistas estão
corretos.
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