Aloé Vera Escrito por Miguel Boieiro Quarta, 20 Agosto 2008 23:08 - atualizado em Terça, 26 Agosto 2008 16:37 Aloé Vera Vários amigos, acompanhando as minhas descontraídas croniquetas semanais, vêm-me incitando a escrever sobre o aloé vera, planta que está hoje na berra, como a tília estava nos anos trinta (ver "Jornal de Alcochete" de 25/06/08). De facto, devido a excelentes operações de "marketing", sustentadas pela industrialização e venda de numerosos produtos com componentes de aloé, este passou a ser designado como "planta miraculosa" e há imensa gente com fé nesses milagres. No bairro da Fonte da Senhora, do lado do chaparral, havia um frondoso aloé (creio que ainda lá está), mas o coitado encontrava-se sempre "depenado" porque os "crentes", com inusitada frequência, cortavam-lhe as folhas para preparar as mezinhas. O nome botânico "aloé" engloba para cima de 200 espécies com a aparência de cactos, embora pertençam à família das liliáceas, como os alhos e as cebolas. A espécie com maior valor medicinal é a "Aloe barbadensis Miller", também conhecida como aloés-de-barbados ou babosa (Brasil). Julga-se que é nativa da África, mas encontra-se já naturalizada em todas as partes do mundo desde que o clima seja quente e seco e o solo rico em minerais. A reputação do aloé vera vem de remotas épocas e há testemunhos disso. As alusões mais antigas encontram-se em escrita cuneiforme, gravadas em placas de barro pelos sumérios e no livro dos medicamentos do antigo Egipto, datado de 3500 AC. Os investigadores descobriram referências a esta planta, quer na medicina chinesa e indiana, quer na grega e romana, com destaque para os escritos de Dioscórides e de Plínio. Consta-se que Mahatma Ghandi atribuía a sua grande energia ao uso rotineiro do aloé. Recentemente, o frade brasileiro Romano Zago, no seu livro "O câncer tem cura", popularizou extraordinariamente a utilização do xarope de aloé, embora a eficácia do tratamento não seja ainda reconhecida cientificamente. Das folhas grossas e compactas do aloé, que podem atingir 50 cm de comprimento por 10 cm de largura, retiram-se dois extractos fundamentais. Um, é o látex amarelado, colhido principalmente nos extremos da folha, o qual deve ser usado com muitíssima moderação. De facto, ele contém uma substância com propriedades laxativas mas que irrita os intestinos mais sensíveis. O outro é o gel, extraído na parte central da folha e é esse, a base da esmagadora maioria 1/2 Aloé Vera Escrito por Miguel Boieiro Quarta, 20 Agosto 2008 23:08 - atualizado em Terça, 26 Agosto 2008 16:37 dos produtos comercializados. Este gel, se bem que tenha também algumas contra-indicações para uso interno, encontra-se amplamente divulgado. Para uso externo, nomeadamente como bactericida, cicatrizante e hidratante do tecido capilar ou dérmico, danificado por queimaduras e feridas, resulta de forma espectacular. Basta aplicá-lo directamente em cima da pele e sentimos logo os seus efeitos benéficos. Na composição química do aloé vera podemos encontrar enzimas, sais minerais, aminoácidos, vitaminas do complexo B, bem como um ingrediente que estimula as defesas imunológicas. Ao todo, diz-se que integra 75 compostos naturais. Os especialistas indicam que esta "planta milagrosa" é boa para: artrites, anemias, reumatismos, tuberculose, varizes, osteoporose, regeneração celular, úlceras estomacais, hipertensão, insónias, problemas digestivos, feridas, queimaduras e eczemas. No entanto, como já aludimos, o uso continuado e em grande quantidade pode acarretar alguns problemas, pelo que deve o doente consultar previamente o médico, se quer fazer curativos demorados. Refere-se que a planta não deve ser usada conjuntamente com medicamentos para o coração, diuréticos e corticosteróides. Aproveitamos para divulgar a receita do famoso xarope de aloé, de que tanta gente fala: Colhe-se as folhas do meio, rejeitando as mais velhas e as mais novas. Depois de muito bem lavadas, retira-se o gel verde que se encontra na parte central de cada folha, ou seja, não se aproveitam as extremidades. O gel é liquefeito e estabilizado com uma misturadora, juntamente com mel e aguardente, tudo em partes iguais. Este xarope deve ser guardado no frigorífico e consumido no prazo máximo de dois meses. Toma-se uma colher de sopa antes das refeições. Para finalizar, devemos acrescentar que o aloé, por ser hidratante e emoliente, entra na composição de numerosos cosméticos (loções, cremes, protectores solares, etc.). Miguel Boieiro 2/2