IV Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG II Salão de Extensão http://ojs.fsg.br/index.php/pesquisaextensao ISSN 2318-8014 PERFIL NUTRICIONAL E SINTOMAS PROVOCADOS PELO TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE CAXIAS DO SUL-RS Waleska Bitencourta, Ana Paula Bosi b, Luane Souzac, Paula Perondid, Viviana Susine, Joana Zanottif a Graduanda de Nutrição, Faculdade da Serra Gaúcha, FSG. Graduanda de Nutrição, Faculdade da Serra Gaúcha, FSG. c Graduanda de Nutrição, Faculdade da Serra Gaúcha, FSG. d Graduanda de Nutrição, Faculdade da Serra Gaúcha, FSG. e Graduanda de Nutrição, Faculdade da Serra Gaúcha, FSG. f Mestra em Ciências Médicas, UFRGS. Docente da Faculdade da Serra Gaúcha, FSG*. b Informações de Submissão *[email protected] Rua Os Dezoito do Forte, 2366 - Caxias do Sul - RS - CEP: 95020-472 Palavras-chave: Câncer. Estado Nutricional. Desnutrição. Resumo Câncer é um conjunto de doenças, que possuem como característica principal o crescimento desordenado de células. As causas para a ocorrência desta doença são múltiplas, e podem estar relacionadas à fatores genéticos, estilo de vida, alimentação, entre outros. O tratamento quimioterápico apresenta como efeitos colaterais náuseas, vômitos, diarreia, alteração do paladar, xerostomia que costumam acometer esses pacientes. Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar o perfil nutricional e sintomas provocados pelo tratamento quimioterápico, dos pacientes oncológicos atendidos em um ambulatório de Caxias do Sul –RS. Trata-se de um estudo clínico, tipo transversal observacional, no qual foram avaliados pacientes através da Avaliação Nutricional Subjetiva Global produzida pelo próprio paciente. Foram avaliados 76 pacientes, em relação ao sexo, 46,05% são do sexo masculino e 53,94% do sexo feminino. A média de idade foi 60 anos, a média de peso foi de 68,7kg, a média de Índice de Massa Corporal (IMC) foi 25,18 kg/m² e percentual de perda de peso (%PP) de 5,31%. A maior prevalência encontrada foi de câncer gástrico e de mama 16%, seguido e neoplasia de cabeça e pescoço, próstata e câncer hematológico com 13%, já câncer de pulmão e ginecológicos representaram 7,8%. Neoplasia colorretal representou 6,5%. Concluiu-se que os pacientes avaliados apresentaram estado nutricional adequado, sem sintomas graves, provavelmente associado ao fato de que o atendimento ambulatorial é prestado aos pacientes estáveis e com menor grau de complexidade. Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 245 1 INTRODUÇÃO Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que tem em comum o crescimento desordenado de células que invadem outros tecidos e órgãos vizinhos. Estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, ocasionando a formação de tumores ou neoplasias malignas. Já em casos na qual o tumor é benigno, ocorre o surgimento de uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida. (CUPPARI, 2014; INCA, 2016). Nesse sentido o câncer pode ser definido como uma doença na qual seus fatores são multicausais. Em 2015 o INCA divulgou que o câncer é a segunda maior causa de morte no Brasil, com 190 mil óbitos por ano. Conforme o aumento da expectativa de vida, urbanização e globalização, estes serão alguns fatores que poderão explicar em parte os 596 mil novos casos de câncer para o ano de 2016. (INCA, 2015) Os fatores de risco para o câncer podem ser classificados como modificáveis e não modificáveis. Dentre os modificáveis esta o uso do tabaco, alimentação inadequada, inatividade física, obesidade, consumo de bebidas alcoólicas, exposição solar. Para aqueles não modificáveis, encontra-se: idade, etnia ou raça, hereditariedade, gênero. (CUPPARI, 2014). Segundo o INCA (2013), o desenvolvimento de neoplasias malignas esta relacionado a fatores ambientais, como fatores genéticos. O câncer provoca alterações no estado nutricional do indivíduo, pois acarreta em alterações no estado metabólico do mesmo, na qual o tumor pode competir por nutrientes e levar a anormalidades no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas (MACHRY, 2011). O tratamento quimioterápico, o tratamento cirúrgico e a radioterapia, apresentam como efeitos colaterais náuseas, vômitos, obstrução do trato gastrointestinal, diarreia, alteração do paladar, xerostomia que costumam acometer esses pacientes durante o tratamento. (ARGILÉS, 2010; DIAS, 2006). Neste contexto, o profissional nutricionista tem um papel essencial na qual seu proposito é minimizar os efeitos colaterais ocasionados pelo tratamento e atuar sempre com a equipe multidisciplinar sendo responsável não só por assegurar um consumo alimentar adequados conforme suas necessidades nutricionais, mas também assegurar condições físicas, psicológicas favoráveis que irão interferir na melhora da qualidade de vida desta paciente (SILVA et al., 2009). Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 246 Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar o perfil nutricional e aspectos associados dos pacientes oncológicos atendidos no ambulatório de um hospital, em Caxias do Sul –RS. 2 REFERENCIAL TEÓRICO O câncer é considerado uma enfermidade multicausal crônica que se caracteriza pelo crescimento descontrolado, rápido e invasivo de células com alteração em seu material genético. Também é uma doença associada a vários transtornos gastrointestinais que leva o paciente à desnutrição. O tratamento é toxico aos pacientes, acarretando ineficiências nutricionais, sendo necessário o acompanhamento nutricional, auxiliando na prevenção e no tratamento de deficiências nutricionais, na tentativa de melhorar a tolerância ao tratamento. Além disso, a recuperação do estado nutricional reduz o risco de complicações, melhorando a resposta ao tratamento. O consumo de alimentos funcionais ajuda na prevenção de diversas doenças, inclusive câncer (INCA, 2009; ALVES, 2010). Durante o diagnóstico do câncer, o paciente passa por um período de ansiedade e angústia, que muitas vezes desencadeia um processo de depressão, que vem associada a sintomas como perda de apetite e fadiga (SILVA, 2006; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010). As modalidades convencionais de tratamento anti neoplásico são quimioterapia, radioterapia, iodoterapia, cirurgia e transplante de medula óssea. O tratamento, assim como o diagnóstico, devido a sua toxicidade causa efeitos adversos aos pacientes como náuseas, vômito, mucosite, constipação, diarreia, alteração no paladar, xerostomia e alteração na absorção dos nutrientes, levando a um quadro de desnutrição (ALVES; ESCOTT-STUMP, 2010). Além disso, a desnutrição grave associada à anorexia leva a um quadro de caquexia (SILVA, 2006; INCA, 2009). Esses sintomas são refletidos em desnutrição, hipo vitaminoses e anemias, portanto o acompanhamento nutricional auxilia na prevenção e no tratamento de deficiências nutricionais, na tentativa de melhorar a tolerância ao tratamento. Além disso, a recuperação do estado nutricional pode reduzir o risco de complicações e a necessidade de hospitalizações, melhorando a resposta ao tratamento, oferecendo melhor qualidade de vida e maior taxa de sobrevida aos portadores. O nutricionista reverte esses transtornos combatendo a desnutrição, anorexia e a saciedade precoce (FONSECA; GARCIA; STRACIERI, 2009; COLLING; DUVAL; SILVEIRA, 2012). Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 247 Estudos epidemiológicos indicam que, além de uma dieta variada com elevado consumo de frutas, hortaliças e fibras, consumo baixo de alguns tipos de gordura e ingestão calórica moderada, a prática de atividade física está intimamente relacionada ao risco reduzido de diversos tipos de câncer. A relação entre dieta e câncer está bem estabelecida, e estima-se que fatores de nutrição e estilo de vida sejam determinantes em um terço de todos os casos de câncer. A otimização da nutrição por meio do uso de alimentos específicos e seus componentes bioativos é uma estratégia admissível não invasiva de redução de risco (ATTOLINI; GALLON, 2010). O World Cancer Research Fund e American Institute for Cancer Research fizeram algumas recomendações para prevenção do câncer, dentre as quais se cita obter e manter um peso corporal saudável, incluir atividades físicas na rotina diária, limitar o consumo de alimentos altamente calóricos, de sal, de bebidas alcoólicas e de carnes vermelhas e processados, evitar bebidas açucaradas, grãos e cereais mofados; também, alerta-se para a necessidade da amamentação tanto para o bebê quanto para a lactante e indica-se o consumo de frutas e hortaliças. Em virtude disso, faz-se necessário, desde o diagnóstico e durante todo o tratamento, a presença de uma equipe multidisciplinar, em especial o nutricionista para estimular uma alimentação adequada. Propõe-se que a assistência nutricional ao paciente oncológico seja individualizada e compreenda desde a avaliação nutricional, o cálculo das necessidades nutricionais até a aplicação da terapia nutricional, com o objetivo de prevenir ou corrigir deficiências nutricionais e minimizar a perda de peso, mediante a alimentação oral, enteral e parenteral (INCA, 2009; ESCOTT-STUMP, 2010). As diretrizes da American Cancer Society (ACS) compõem quatro recomendações para a prevenção do câncer que são: consumir uma variedade de alimentos saudáveis, adotar um estilo de vida fisicamente ativo, alcançar e manter um peso corporal saudável por toda a vida, limitar o consumo de bebidas alcoólicas. Além disso, a ACS apresenta uma recomendação chave, a ação da comunidade no apoio a comportamentos benéficos, possibilitando o acesso a escolhas alimentares saudáveis e oportunidades para ser fisicamente ativo (MAHAN-ESCOTT-STUMP, 2010). O acompanhamento nutricional é imprescindível para minimizar a perda de peso e o déficit nutricional, mediante a aplicação da terapia nutricional individualizada, levando em consideração a que tratamento foi submetido e a história médica do paciente. A intervenção nutricional adequada melhora a resposta clínica e pode ser feita por via oral, enteral e Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 248 parenteral (INCA/MS; SILVA ET AL.; FONSECA; GARCIA; STRACIERI, 2009; AZEVEDO; BOSCO, 2011). Cabe salientar que o risco de desenvolver câncer pode ser reduzido mediante a prevenção, que é de responsabilidade individual e, sobretudo governamental. Além disso, a recuperação do estado nutricional pode reduzir o risco de complicações e a necessidade de hospitalizações, melhorando a resposta ao tratamento, oferecendo melhor qualidade de vida e maior taxa de sobrevida aos portadores. O nutricionista reverte esses transtornos combatendo a desnutrição, anorexia e a saciedade precoce (FONSECA; GARCIA; STRACIERI, 2009; COLLING; DUVAL; SILVEIRA, 2012). O objetivo do cuidado nutricional é assegurar a ingestão alimentar, conforme as necessidades e recomendações nutricionais, por meio da orientação da dieta, da avaliação e monitoramento do estado nutricional. Quando se trata de cuidados paliativos, no entanto, o foco principal é melhorar a qualidade de vida, através do controle de sintomas associados ao consumo de alimentos, adiando a perda de autonomia e qualidade de vida. Nesse caso, dentre as leis de uma alimentação balanceada e completa, a lei da adequação é priorizada por considerar as necessidades do indivíduo, suas preferências e seus hábitos alimentares fundamentais, tanto para o controle dos sintomas quanto para garantir satisfação. Este fato pode fazer com que o estado nutricional do paciente acabe ficando comprometido e assim interferindo na qualidade de vida, aumentando os índices de mortalidade. Outro fator que também está associado à desnutrição é o local que o câncer esta presente. Pacientes com tumores na região da cabeça e pescoço, pulmão, esôfago, estomago, fígado, pâncreas, cólon e reto apresentam uma maio prevalência quando comparados com aqueles que apresentam câncer de mama, leucemia, sarcoma e linfomas. (FEARON, 2011). A piora do quadro da desnutrição pode ainda levar ao estado de caquexia oncológica na qual é uma síndrome multifatorial que se caracteriza por uma continua perda de massa muscular que pode ou não ser acompanhada da perda do tecido adiposo o que resulta em dano funcional ao paciente. (FEARON, 2011). No sexo feminino, o câncer mais prevalente é o de mama atingindo cerca de 1.400.000 mulheres ao ano. Com a evolução de novas técnicas de diagnóstico desta doença e dos tratamentos efetivos, a detecção esta ocorrendo de maneira mais precoce resultando em índices maiores de cura e reduzindo a taxa de mortalidade deste tipo de câncer. (PADILHA, 2012). Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 249 Para o sexo masculino, o câncer mais prevalente é o de próstata. Para o ano de 2016 estima-se 61.200 novos casos. Esses valores correspondem a um risco estimado de 61,82 casos novos a cada 100 mil homens. (INCA, 2016). Este câncer é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente nos homens representado cerca de 10% do total desta doença. É considerado também o câncer da terceira idade, uma vez acomete homens a partir dos 65 anos de idade. Nos países desenvolvidos, essa sobrevida passa para 76% e nos países em desenvolvimento 45%. (MEDEIROS et al., 2011). A preocupação em poder alimentar o paciente com estádio avançado de câncer, bem como a forma e as estratégias de procedimento ainda são causas de discussão entre os profissionais de saúde. Além do controle dos sinais e sintomas, existe a necessidade de se conhecerem os hábitos alimentares dessa população. Embora pouco divulgada na literatura científica, essa abordagem é relevante para um aconselhamento nutricional mais efetivo que possa, de alguma maneira, refletir na melhora da qualidade de vida. O estado de saúde é influenciado pelos aspectos nutricionais. Em virtude de sua relevante contribuição para a qualidade de vida, o cuidado nutricional deve estar integrado aos cuidados oncológicos globais. Trata-se de uma intervenção que demanda esforço e dedicação, devendo ser realizada por profissionais muito conscientes. 3 METODOLOGIA Trata-se de um estudo clínico, tipo observacional transversal, na qual foram avaliados pacientes com diagnóstico de c6ancer, em tratamento quimioterápico, atendidos em um ambulatório de oncologia, na cidade de Caxias do Sul – RS. O objetivo do estudo foi avaliar o perfil nutricional e os aspectos nutricionais associados ao tratamento quimioterápico, dos pacientes oncológicos atendidos durante o estágio curricular em nutrição clínica, da Faculdade da Serra Gaúcha. As avaliações dos pacientes foram feitas por meio de um questionário com perguntas objetivas. O questionário utilizado foi o de Avaliação Subjetiva Global Produzida Pelo Próprio Paciente (ASG-PPP) na qual é um instrumento validado para pacientes oncológicos. Esta avaliação contempla questões relacionas ao aumento, perda ou não alteração do peso no último mês, há seis meses e há um ano. Avalia se há alterações na ingesta alimentar e na consistência da alimentação além de presença de sintomas comuns do tratamento Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 250 quimioterápico como, o surgimento de náuseas, vômitos, xerostomia, diarreia ou constipação. Também se verifica neste modelo de avaliação se o paciente continua exercendo as atividades do dia a dia com facilidade ou dificuldade, se passava muito tempo acamado, sentado ou normalmente em pé. As necessidades metabólicas, presença de patologias com influências nutricionais, e contempla por fim, o exame físico onde devem ser observadas perdas de tecido gorduroso e muscular. Após essa avaliação, para cada opção assinalada, chegava-se a um score total, a partir da soma da pontuação. O score encontrado indicava o estado nutricional do paciente, sendo este bem nutrido, desnutrido leve, moderado ou grave e a respectiva necessidade de acompanhamento nutricional especial. A coleta de dados foi realizada durante o período de março até junho de 2016, contando com 76 pacientes atendidos no ambulatório. As variáveis analisadas foram sexo, a idade do paciente, tipo de câncer e sintoma mais comum. Após, os dados foram armazenados e tabulados através do programa Microsoft Excel. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Foram avaliados pelas estagiárias de nutrição da Faculdade Da Serra Gaúcha, um total de 76 pacientes que realizavam tratamento quimioterápico no ambulatório no período de março a junho de 2016. Em relação à prevalência dos tipos de câncer, o adenocarcionama gástrico e de mama representou a maior prevalência, sendo 16% (n=12) dos pacientes, para cada tipo de câncer, seguido neoplasia de cabeça e pescoço, câncer hematológico e câncer de próstata, sendo 13% (n=10) cada. Câncer de pulmão e câncer ginecológico representaram 7,8% (n=6) também para cada tipo de câncer. Neoplasia de colorretal representou 6,5% (n=5) dos tipos de câncer mais prevalentes encontrados nesta amostra conforme mostra a figura 1. Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 251 PREVALÊNCIA DOS TIPOS DE CÂNCER 14 12 10 8 6 4 2 0 12 12 10 6 10 6 10 5 5 Figura 1 – Prevalência dos tipos de câncer nos pacientes atendidos em número absoluto. Fonte: desenvolvido pelas acadêmicas. Em relação ao sexo, dos 76 pacientes oncológicos avaliados, 46,05% são do sexo masculino e 53,94% do sexo feminino conforme mostra na figura 2. A média de idade foi 60 anos, a média de peso foi de 68,7kg, a média de Índice de Massa Corporal (IMC) foi 25,18 kg/m² e percentual de perda de peso (%PP) de 5,31% que são mostrados na figura 3. Figura 2 – Percentual dos pacientes atendidos conforme o sexo. Fonte: desenvolvido pelas acadêmicas. Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 252 CARACTERÍSTICAS DOS PACIENTES ATENDIDOS (MÉDIAS) 68,7 60 70 60 50 40 25,18 30 20 5,31 10 0 Média de Peso (Kg) . Média de IMC (Kg/m²) Média de Perda Média de Idade de Peso (%) (Anos) Figura 3 – Características dos pacientes avaliados quanto à média de peso, média de IMC, média de perda de peso e média de idade Fonte: desenvolvido pelas acadêmicas. Na figura 4, pode-se observar que os sintomas mais relatados entre os pacientes foram xerostomia com 30,26%, vômitos e cheiros que enjoam com 15,79%. Já náuseas e alimentos com sabor estranho ou sem sabor representaram 10,53%. Os menos frequentes foram intestino preso com 2,63%, diarreia 5,26%, feridas na boca 7,89% e dificuldades para engolir 5,26%. PERCENTUAL DE PACIENTES QUE APRESENTARAM CADA SINTOMA 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 30,26% 15,79% 15,79% 10,53% 2,63% 5,26% 7,89% 10,53% Figura 4 – Prevalência de sintomas relacionados à doença ou ao tratamento. Fonte: desenvolvido pelas acadêmicas. Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 5,26% 0% IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 253 Devido ao tratamento para o combate do câncer, estes pacientes apresentaram como efeitos colaterais náuseas, vômitos, obstrução do trato gastrointestinal, diarreia, alteração do paladar, xerostomia. Segundo Argilés (2010), estes efeitos podem favorecer a perda de peso nestes pacientes e ao desenvolvimento de desnutrição. Sabe-se que a desnutrição é frequente nestes pacientes e este fator aparece em 15-20% dos casos, sendo que a incidência aumenta conforme o transcorrer da doença podendo chegar em até 40-80% dos pacientes. Quando a doença se encontra nos estágios mais avançados, a desnutrição pode acometer 80-90% dos pacientes oncológicos. (DEANS, 2005). Segundo o INCA (2016), no sexo masculino, o câncer mais prevalente é o de próstata podendo acometer, para o ano de 2016, 61.200 novos casos. É considerado o câncer da terceira idade, uma vez acomete homens a partir dos 65 anos de idade. Nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte, ficando atrás apenas dos tumores de pele não melanoma, esse câncer é o mais frequente nestas regiões. A sobrevida média mundial estimada em cinco anos é de 58%. (MEDEIROS et al., 2011). No sexo feminino, o câncer mais prevalente é o de mama atingindo cerca de 1.400.000 mulheres ao ano. (INCA, 2016). No presente estudo, quanto ao sexo feminino e masculino, chegou a uma porcentagem de 53,94% no sexo feminino, comparados aos 46,05% do sexo masculino. Já o tipo de câncer, a incidência de câncer de mama representou 10% no sexo feminino e o câncer de próstata 6% no sexo masculino. Segundo um estudo realizado por Guerra et al (2005), a prevalência de câncer entre homens e mulheres é muito semelhante nos países desenvolvidos, pois nos países em desenvolvimento a prevalência nas mulheres é de 25% superior, já nos homens se destaca no fígado, esôfago e estômago com duração inferior de vida. No ano de 2012, cerca de 52.000 casos de câncer de mama foram diagnosticados no Brasil sendo este o que mais leva a óbitos no país com cerca de 13.000 ao ano. (GBECAM, 2013). De acordo com o INCA, em cada 25 brasileiros das capitais, apenas 1 consome a quantidade recomendada de frutas, legumes e verduras. Acrescenta-se que uma alimentação não adequada, sedentarismo e a ingestão de álcool, são fatores ambientais da incidência de câncer, sobretudo influenciando para o aumento do risco da doença, sendo que no Brasil, 20% dos acontecidos de câncer, estão associados a esses fatores ocorridos (INCA, 2006). Caxias do Sul – RS, de 04 a 06 de outubro de 2016 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 254 Vale ressaltar que o consumo de frutas, legumes e verduras certifica grande proteção contra o câncer, sobretudo o recomendado pela OMS é de pelo menos cinco porções diárias de frutas e vegetais, aproximando de 400 mg ao dia (INCA, 2006). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista o quadro de desnutrição muito comum em pacientes oncológicos, fazse necessário no atendimento nutricional para todos pacientes. Deve-se respeitar o paciente e considerar os recursos terapêuticos para o controle de sintomas, valorizando os alimentos preferenciais, a adequação da dieta e o desejo do próprio paciente por alimentos, primando sempre pela qualidade de vida e bem estar. 6 REFERÊNCIAS ALVES, Fernanda Rodrigues. Manual de condutas para pacientes oncológicos. São Paulo: Sociedade Hospital Samaritano, 2010. ARGILÉS, J. M. et al. Consensus on cachexia definitions. J Am Med Assoc.; 11(4): 229-30, May 2010. ATTOLINI RC; GALLON CW. Qualidade de Vida e Perfil Nutricional de Pacientes com Câncer Colorretal Colostomizados. Revista Brasileira de Coloproctologia, v.30, n.3, Caxias do Sul, 2010. P.289-298. AZEVEDO, Dalmoro Catana; BOSCO, Simone Morelo Dal. Perfil nutricional, dietético e qualidade de vida de pacientes em tratamento quimioterápico. ConScientiae Saúde, v.10, n.1, Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2011. p.23 -30. BECAM). Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama. 1ª edição. 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