Os fenômenos climáticos e a interferência humana Desde sua origem a Terra sempre sofreu mudanças climáticas. Basta lembrar que o planeta era uma esfera incandescente que foi se resfriando lentamente, e há cerca de 250 milhões de anos os continentes formavam um único bloco, com condições climáticas muito diferentes das atuais. Vários - fenômenos naturais provocam alterações climáticas em diversas escalas de tempo: os períodos glaciais; O fenômeno do El Niño as massas de ar são alteradas; erupções vulcânicas lançam partículas sólidas na atmosfera e chegam a interferir no clima em escala planetária. Entretanto, recentemente foram detectados alguns fenômenos provocados pela ação humana que têm alterado o clima do planeta bem mais rapidamente do que os acontecimentos citados anteriormente. Atualmente existem vários impactos causados pela ação humana: - a poluição atmosférica provoca o aquecimento global, redução da camada de ozônio e ocorrência das chuvas ácidas; - a expansão urbana cria “ilhas de calor”, que causam desconforto térmico e agravam a concentração de poluentes; - o desmatamento altera o sistema climático ao provocar aumento da temperatura média e redução da umidade do ar, entre outros impactos. Efeito Estufa O efeito estufa tem esse nome porque se assemelha àquilo que ocorre nas estufas de plantas. É um fenômeno natural e fundamental para vida na Terra. Ele consiste na retenção do calor irradiado pela superfície terrestre nas partículas de gases e de água em suspensão na atmosfera, evitando que a maior parte desse calor se perca no espaço exterior. A consequência é a manutenção do equilíbrio térmico do planeta e a sobrevivência das várias espécies vegetais e animais que compõem a biosfera. Sem esse fenômeno, seria impossível a vida na Terra como a conhecemos hoje. O problema, portanto, não está no efeito estufa, mas em sua intensificação, causada pelo desequilíbrio da composição atmosférica. A crescente emissão de certos gases que têm capacidade de absorver calor, como o metano, os CFCs e, principalmente, o dióxido de carbono, faz com que a atmosfera retenha mais calor do que deveria em seu estado natural. Existe uma elevação da presença de dióxido de carbono na atmosfera por causa da permanente e intensa queima de combustíveis fósseis e de florestas, desde a Primeira Revolução Industrial, com efeitos cumulativos Segundo o relatório de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC, ocorrerá um aumento entre 1,4 e 5,8º C na temperatura do planeta entre 1990 a 2100. Nesse mesmo período o nível do mar deve subir de 10 a 90 centímetros por causa da fusão do gelo do topo das montanhas. Outra consequência importante do aquecimento global é a alteração que pode provocar nos climas e na distribuição das plantas e vegetais pela superfície do planeta. O aumento da temperatura modifica o metabolismo das plantas e a transpiração, alterando a disponibilidade de água necessária ao seu desenvolvimento. Disso deve decorrer o aumento da produtividade agrícola em algumas regiões e a diminuição em outras. O gás metano tem uma capacidade de retenção de calor cerca de 20 vezes superior à do CO2. Suas principais fontes de emissão são a flatulência de animais, a decomposição de lixo e o cultivo de arroz em terras inundadas. A pecuária de bovinos, ovinos e outros animais e a agricultura de várzea são responsáveis por cerca de 15% da poluição atmosférica mundial. Os principais fatores de emissão de dióxido de carbono na atmosfera são provenientes da queima de combustíveis fósseis para obtenção da energia utilizada nos transportes, indústria, serviços e residências, os desmatamentos e as queimadas. O dióxido de carbono e outros gasesestufa emitidos pelas atividades humanas armazenam o calor irradiado e a energia solar refletida pela Terra, provocando o aquecimento global. O aumento na concentração de gasesestufa aumenta a retenção desse calor nas camadas inferiores da atmosfera e provoca aumento na temperatura média. A redução do nível de emissões de gases se ampara em algumas estratégias: a reforma dos setores de energia e transportes; o aumento na utilização de fontes de energia renováveis; a limitação das emissões de metano no tratamento e destino final do lixo; e A proteção das florestas e outros sumidouros de carbono. Redução da Camada de Ozônio De toda a radiação solar que atinge a superfície da Terra, 45% são radiação infravermelha e 10% são raios ultravioleta, cujo aumento de intensidade poderia comprometer as condições de vida no planeta. Acima dos 15 Km de altitude há uma grande concentração de ozônio, o que forma uma espécie de escudo ou filtro natural, com cerca de 30 Km de espessura, contra a ação dos raios ultravioleta. Desde a década de 1980 os satélites vêm fornecendo imagens que mostram as destruição da camada de ozônio, principalmente sobre a Antártica. O principal responsável por essa destruição é o gás CFC. Inversão Térmica Trata-se de um fenômeno natural mais frequente nos meses de inverno, em períodos de penetração de massas de ar frio. As inversões acontecem particularmente nos meses de inverno e são mais comuns no final da madrugada e no início da manhã. Durante esse período, ocorre o pico da perda de calor do solo por irradiação; portanto as temperaturas são mais baixas, tanto a do solo quanto a do ar. Quando a temperatura próxima ao solo cai abaixo de 4º C, o ar, frio e pesado, fica retido em baixas altitudes. Camadas mais elevadas da atmosfera são ocupadas com ar relativamente mais quente, que não consegue descer. Como resultado a circulação atmosférica fica bloqueada por certo tempo, ocorrendo uma inversão na posição habitual das camadas Esse fenômeno pode ocorrer em qualquer lugar do planeta, porém é mais comum em áreas onde o solo ganha bastante calor durante o dia e o irradia com intensidade à noite. No meio urbano isso vem acompanhado por um problema extra: com a concentração do ar frio nas camadas mais baixas da atmosfera, ocorre também a retenção de toneladas de poluentes. É importante destacar que, em regiões onde o ar não é poluído, a ocorrência de inversão térmica não provoca nenhum problema ambiental. Ilhas de Calor Outro fenômeno climático típico de grandes aglomerações urbanas, que também influencia no aumento dos índices de poluição nas zonas centrais da mancha urbana é a ilha de calor. Enquanto a inversão térmica é um fenômeno natural que é agravado pela ação humana, este é claramente antrópico. A ilha de calor é uma das mais evidentes demonstrações da ação humana como fator climático. O fenômeno resulta da elevação das temperaturas médias nas áreas urbanizadas das grandes cidades, em comparação com áreas vizinhas. A diferença de temperatura entre o centro da cidade e as áreas periféricas pode chegar até 7º C. A substituição da vegetação por grande quantidade de casas e prédios, viadutos, ruas, calçadas pavimentadas faz aumentar significativamente a irradiação de calor para a atmosfera, em comparação com as zonas rurais, onde, em geral, é maior a cobertura vegetal. Chuva Ácida É importante esclarecer que as chuvas, mesmo em ambiente não poluído, são sempre ligeiramente ácidas. A combinação de gás carbônico e água presentes na atmosfera produz ácido carbônico, que dá às chuvas uma pequena acidez. O fenômeno causa graves problemas por resultar da elevação anormal dos níveis de acidez da atmosfera, em consequência do lançamento de poluentes produzidos sobretudo por atividades urbano-industriais. Trata-se de um fenômeno causado em escala local e regional, pela emissão de poluentes das indústrias, dos meios de transporte e de outras fontes de combustão. Os principais causadores desse fenômeno são o dióxido de nitrogênio e o trióxido de enxofre. Os países que mais colaboram para a emissão desses gases são os industrializados do Hem. Norte. Por isso as chuvas ácidas ocorrem com mais intensidade nessas nações. O trióxido de enxofre e o dióxido de nitrogênio lançados na atmosfera, ao se combinarem com água em suspensão, transformam-se em ácido sulfúrico, ácido nítrico e nitrosos, respectivamente que tem elevada capacidade de corrosão. Além de causar corrosão de metais e monumentos históricos , as chuvas ácidas provocam impactos, muitas vezes a centenas de quilômetros das fontes poluidoras. Outro impacto causado é a destruição da vegetação (ex: Floresta Negra–Alemanha). No Brasil, esse fenômeno ocorre de forma significativa na região metropolitana de São Paulo, nas cidades mineiras onde se produz aço e no Rio Grande do Sul, próximo às termelétricas movidas a carvão, cuja poluição atinge até o Uruguai.