o envolvimento renal na infecção pelo vírus da hepatite c

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Abstract Nº PO-SE-07
O ENVOLVIMENTO RENAL NA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C
Isabel Mesquita ( 1 ); Helena Viana ( 1 ); Ana Azevedo ( 1 ); Ana Santos ( 1 ); Fernanda Carvalho ( 1 ); Fernando Nolasco ( 1 );
( 1 ) - Hospital de Curry Cabral-CHLC, Serviço de Nefrologia/Laboratório de Morfologia Renal, Lisboa, Portugal;
Introdução: Há uma evidência crescente da associação entre a infecção pelo vírus da hepatite C (VHC) e um vasto
espectro de lesões histológicas renais. Este estudo analisa a doença renal em doentes (dts) com VHC submetidos a
biópsia renal.
Métodos: Revisão retrospectiva das biopsias de rim nativo (BR) de dts com serologia positiva para o VHC avaliadas
entre 1988 e 2015. O objectivo foi analisar os achados histológicos e dados clínicos.
Resultados: Nos últimos 27 anos, 162 BR foram efectuadas em dts com VHC. Foram excluídos 9 dts por amostra
inadequada. Predominou o género masculino (79,5%) e os leucodérmicos (94%); a idade média foi de 41.6±11.5 anos. A
creatinina sérica (Pcr) média foi de 2.6±2.2 mg/dl e a proteinúria média de 6.1±5.8 g/24h. A co-infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana (VIH) identificou-se em 48 dts e pelo vírus da hepatite B (VHB) em 17. Oitenta e dois dts
tinham história de toxicofilia e 16 dts eram diabéticos.
A BR foi efectuada por síndrome nefrótico (SN) em 33.8%, proteinúria nefrótica em 13.9%, lesão renal aguda em 13.9%,
síndrome nefrítico em 11.2%, hematoproteinúria em 8,6%, doença renal crónica em 6.6%, insuficiência renal
rapidamente progressiva em 6% e proteinuria não nefrótica em 6%
Os diagnósticos principais foram a glomerulonefrite (GN) membranoproliferativa (MP) (n=50), GN proliferativa
endocapilar (n=17), glomeruloesclerose segmentar e focal (n=12), amiloidose (n=11) e nefropatia diabética (n=11). Outros
achados foram: nefrite intersticial crónica (n=9), GN proliferativa mesangial (n=7), nefrite intersticial aguda (n=7),
nefropatia IgA (n=6), nefroangioesclerose (n=4), GN crónica (n=3), GN crescêntica (n=2), GN a imunocomplexos
associadas ao VIH (n=2), lesão mínima (n=2), glomerulopatia membranosa (n=2), poliarterite microscópica (n=2) e outros
(n=4).
Para melhor caracterização clinica, dividiu-se a população em 3 grupos: infecção VHC, co-infecção VHC VIH e VHC
diabetes [tabela 1].
Tabela 1 - Caracterização dos grupos clínicos
VHC (n=87)
Co-infecção VHC e VIH
(n=48)
VHC e diabetes (n=16)
N.ºdts
87/151
48/151
16/151
Idade média (anos)
41±12,7
39±8,5
49±10,3
Género masculino
81,6%
79,2%
68,8%
Leucodérmicos
96,6%
91,7%
87,5%
Co-infecção VHB
10/87
5/48
2/16
Hepatopatia
7/87
2/48
2/16
Toxicofilia
52/87
27/48
3/16
Púrpura
4/87
0/48
0/16
Principal motivo BR
SN 38%
SN 25%
SN 37,5%
Lesões renais
GNMP 46%
GNMP 18,8%
Nefropatia diabética 68,8%
GN prolif endocapilar 11,5% GESF 16,7%
GNMP/ prolif endocapilar
12,5%
GN prolif mesangial 8%
GN prolif endocapilar 12,5% Nefropatia IgA 6,3%
Amiloidose 5,7%
Amiloidose 12,5%
Nefroangioesclerose 6,3%
Pcr média
2,3±1,58 mg/dl
2,8±2,3 mg/dl
3,5±3,8 mg/dl
Proteinúria 24h média
6,2±5,8 g
5,7±6,2 g
7,3±4,7 g
Crioglobulinas
11/18
2/10
3/8
Hipocomplementémia
5/13
5/14
2/8
Follow-up 1ano pós-BR
n=14
n=23
n=8
Rim funcionante
10 (Pcr média 1,52)
16 (Pcr média 1,4)
4 (Pcr média 2,17)
Diálise
3
3
3
Morte
1
4
1
Conclusão: A lesão renal mais associada ao VHC foi a GNMP. No subgrupo VHC e diabetes a nefropatia diabética foi o
diagnóstico mais comum. O motivo mais frequente para BR foi o SN. A infecção VHC associou-se a uma variedade de
alterações renais. A difícil correlação clínico-patológica impõe a BR como "gold standard" no estabelecimento do
diagnóstico e terapêutica em dts com VHC.
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