Introdução à Física Estelar 9. Estrelas na Sequência Principal e Evolução Pos-Sequência Principal Prof. Pieter Westera [email protected] http://professor.ufabc.edu.br/~pieter.westera/Estelar.html Evolução Estelar Modelos Estelares Lembrete da última aula: Estrelas nascem pela contração de uma nuvem de gás interestelar. - A vida de uma estrela é uma batalha constante entre a gravitação, que tenta contrair a estrela, e a pressão interna (p. e. térmica, de radiação, ...). Evolução Estelar Resultados dos Modelos Estelares - O destino de uma estrela é determinado pela sua massa. - Quanto maior a massa da estrela, tanto maior as densidade, pressão e temperatura no interior => tanto mais rápida decorre a sua evolução (incl. a sua evolução proto-estelar => aula anterior), e tanto mais elementos podem ser formados no seu caroço Evolução Estelar M < 0.072 M⊙: Tcaroço < 107 K => não ocorre fusão nuclear estável => “estrela frustrada”, anã marrom, “Jupiter” (=> aula anterior) M > ~150 M⊙: Fusão já começa antes da relaxação da estrela => Estrela se desfaz antes de se formar (=> aula anterior) 0.072 M⊙ < M < ~150 M⊙: Tcaroço > 107 K => ignição do H => fusão nuclear => Estrela comum, “estrela anã” como o Sol - 0.072 M⊙ < M < ~8 M⊙: estrelas de baixa massa - ~8 M⊙ < M < ~150 M⊙: estrelas de alta massa ! Os limites entre as faixas de massa podem diferir muito de acordo com a fonte consultada. Alguns astrônomos ainda usam uma faixa de estrelas de massa intermediária. Evolução Estelar 1a fase: Queima de Hidrogênio (Sequência Principal) Tcaroço > 107 K: No caroço se forma hélio pelo ciclo p-p (já conhecemos da aula sobre o Sol) MHe ~ 0.993·4·MH => perda de massa => Energia liberada (já que massa é energia, segundo E = m·c2) => Fonte quase inesgotável de energia ε prop. T 4 Evolução Estelar 1a fase: Queima de Hidrogênio (Sequência Principal) Caso M > 1.2 M⊙, a temperatura no núcleo chega a 15·106 K, tão alta, que um segundo processo que transforma H em He pode ocorrer, o Ciclo CNO. O ciclo CNO é muito mais dependente da temperatura que a cadeia p-p: ε prop. T19.9 => A partir de 17·106 K, o ciclo CNO domina. Evolução Estelar 1a fase: Queima de Hidrogênio (Sequência Principal) Transporte de energia de dentro para fora => Luz escapa, a estrela brilha => Estrela “anã”, ou da Sequência Principal do tipo do Sol, brilhando por bilhões de anos, 80 - 90 % da vida inteira da estrela. Equilíbrio (=> aula Sol) Evolução Estelar 1a fase: Queima de Hidrogênio (Sequência Principal) Dependendo da massa da estrela, o transporte de energia do núcleo para fora ocorre só por convecção, primeiro por radiação e depois por convecção (i. e. no Sol), ou primeiro por convecção e depois por radiação. Livro: < 0.3 M⊙ Livro: > 1.2 M⊙ Livro: entre 0.3 M⊙ e 1.2 M⊙ Evolução Estelar 1a fase: Queima de Hidrogênio (Sequência Principal) A luminosidade aumenta com a massa: L prop. M 3.3, e o raio também: R prop. M 0.78. Usando L prop. R2T 4 vemos que a temperatura também aumenta com a massa (exercício pra casa): T prop. M 0.435 Evolução Estelar 1a fase: Queima de Hidrogênio (Sequência Principal) Isto coloca as estrelas desta 1a fase num ramo no diagrama HR, chamado Sequência Principal, com as estrelas de maior massa no canto esquerdo superior. A Sequência Principal corresponde a um certo estágio evolutivo das estrelas (a queima de hidrogênio no núcleo), com a massa variando ao longo da sequencia (não é uma sequencia evolutiva). Evolução Estelar 1a fase: Queima de Hidrogênio (Sequência Principal) Usando L prop. M 3.3, conseguimos estimar, como o Tempo de Vida na SP, τ, depende da massa: τ = Energia disponível/ taxa de energia emitida prop. M/L prop. M -2.3. => O Sol vive ~10 bio. anos na SP. Todas as estrelas com < ~0.85 M⊙ ainda estão na SP. A Sequência Principal corresponde a 80 % a 90 % da vida de uma estrela, e 90% das estrelas observadas estão na SP. Evolução Estelar 1a fase: Queima de Hidrogênio (Sequência Principal) Resumo da Sequência Principal Evolução Estelar Caminhos Evolutivos das Primeiras Estágios de Estrelas Evolução Estelar Fim da Sequência Principal Para estrelas a baixo de ~1.2 M⊙, certa hora o caroço inerte de hélio chega a uma massa máxima para conseguir suportar as camadas exteriores da estrela, chamada Limite de Schönberg-Chandrasekhar (dedução infinita no livro): (Mic/M)SC ≈ 0.37 (μenv/μic)2, onde M é a massa da estrela, Mic é a massa do caroço isotérmico, e μic e μenv são os pesos moleculares médios no caroço isotérmico e no envelope. O caroço começa a colapsar a uma escala de tempo de Kevin-Helmholtz, e a evolução da estrela acelera. Isto define o final da Sequência Principal. Evolução Estelar Fim da Sequência Principal Para estrelas a cima de ~1.2 M⊙, a convecção no caroço evita a existência de um caroço inerte de hélio. A estrela como um todo começa a contrair quando a fração de massa de hidrogênio cai a baixo de 0.05 no caroço (descida no diagram HR), o que marca o fim da Sequência Principal para estas estrelas. Evolução Estelar 2a fase: Gigante Vermelha Quando o Hidrogênio no caroço se esgota: - O caroço se contrai. - A camada acima “cai” em cima do caroço, se esquenta e começa a queimar hidrogênio. - O envelope se esquenta e expande. Em reação, a superfície resfria. => A estrela passa por uma fase de transição chamada Subgigante, ... Para estrelas a cima de 1.25 M⊙, a fase de Subgigante é tão curta, que raramente flagramos uma estrela nesta faixa de massa durante esta fase. Evolução Estelar 2a fase: Gigante Vermelha ..., e, chegando no limite de Hayashi (=> aula anterior) se torna uma Gigante Vermelha. Resfriar mais tornaria a estrela instável (ela passaria pelo limite de Hayashi). => A partir de lá ela cresce a temperatura ~constante. Além do aumento de tamanho, esta fase é caracterizada por ventos fortes. No final desta fase, a convecção alcança o caroço, tal que parte do material processado lá é levado pra superfície, modificando a composição química desta. Enquanto isto, o caroço continua se aquecendo. Evolução Estelar 2a fase: Gigante Vermelha Comparação da estrutura do Sol atual com a Gigante Vermelha que ele será, ... Estrela tipo Solar Gigante vermelha Evolução Estelar 2a fase: Gigante Vermelha ... e do seu tamanho antes e depois. Evolução Estelar 2a fase: Gigante Vermelha Já que a temperatura cai, e no final, o tamanho e com este, a luminosidade, aumenta as estrelas fazem um caminho pra direita (Subgigantes), e depois pra cima (Gigantes Vermelhas) no diagrama HertzsprungRussell. Evolução Estelar 2a fase: Gigante Vermelha As estrelas de massas diferentes, e, por isto, em fases diferentes da evolução Sequência Principal Subgigante - Gigante Vermelha (já que elas sairam da Sequência Principal em momentos diferentes) compõem os Ramos de Subgigantes e de Gigantes Vermelhas. Evolução Estelar 3a fase: Queima de Hélio Quando Tcaroço > 108 K: No caroço se forma carbono, por mais um processo de fusão nuclear, o processo α triplo. Estrelas < 0.5 M⊙ nunca alcançarão a temperatura necessária para o processo α triplo. Elas “morrerão” como Anãs Brancas de hélio (após uma “vida” de mais que a idade atual do Universo). Mais sobre Anãs Brancas na próxima aula. Evolução Estelar 3a fase: Queima de Hélio Para o processo α triplo, ε prop. T41(!) Por isto que, para estrelas a baixo de 1.8 M⊙, a ignição acontece numa reação de cadeia, chamada Helium Flash (“Relámpago de hélio”), processo tão rápido que a simulação numérica não consegue acompanhar: Os códigos computacionais de evolução estelar calculam mais lentamente que o próprio processo. Em estrelas de mais alta massa a fusão de He começa sem explosão, não há o flash do hélio. Um pouco de oxigênio é formado também, e em estrelas de massa imtermediaria e alta, a cima de ~4 M⊙, de neônio e magnésio (mostrarei as reações nucleares em breve). Evolução Estelar 3a fase: Queima de Hélio Na camada acima do núcleo continua a queima de hidrogênio. Enquanto o caroço expande, o envelope se contrai e esquenta. Evolução Estelar 3a fase: Queima de Hélio No diagrama HR, a estrela se desloca do topo do ramo de Gigantes Vermelhas para um ramo chamado Ramo Horizontal, por um caminho não bem conhecido: Nunca flagramos ao vivo uma estrela fazendo este caminho. Evolução Estelar 3a fase: Queima de Hélio O Ramo Horizontal é uma nova fase de equilíbrio, similar à Sequência Principal, com queima de He no caroço, queima de H na camada em cima do caroço, e uma envelope em cima desta (sem fusão nuclear, onde ocorre o transporte de energia para fora). Ramo Horizontal dum aglomerado Estrutura duma estrela do Ramo Horizontal Evolução Estelar 3a fase: Queima de Hélio Resumo O processo α triplo em mais detalhes. Evolução Estelar 3a fase: Queima de Hélio Resumo A luminosidade do Sol em função do tempo da Formação até o Ramo Horizontal. Evolução Estelar 3a fase: Queima de Hélio Resumo Evolução de uma estrela tipo Sol até o Helium Flash, Evolução Estelar 3a fase: Queima de Hélio Resumo Evolução de uma estrela tipo Sol do Helium Flash até o Ramo Horizontal. Evolução Estelar 4a fase: Gigante do Ramo Assintótico Quando o hélio no caroço também se esgota: - contração do caroço (outra vez) - queima de He em camada acima - queima de H em camada acima desta - envelope expande e resfria, similar ao que acontece numa Gigante Vermelha. Camada de queima de H Camadas exteriores em expan -são ● Camada de queima de Hélio Caroço de carbono Evolução Estelar 4a fase: Gigante do Ramo Assintótico A estrela vira uma Gigante do Ramo Assintótico (AGB, de Asymptotic Giant Branch), chamado assim, por que no diagrama HR, o ramo se aproxima assintoticamente ao ramo das Gigantes Vermelhas. No Ramo Assintótico, o Sol será maior e mais luminoso ainda, do que como Gigante Vermelha. Evolução Estelar a bla 4 fase: Gigante do Ramo Assintótico Nascer do Sol sobre Marte em 5 bio anos Evolução Estelar 4a fase: Gigante do Ramo Assintótico Estrutura na escala certa. Evolução Estelar 4a fase: Gigante do Ramo Assintótico No final da fase de AGB, a estrela sofre uma sequência de pulsos térmicos. => TPAGB (thermally pulsing AGB), devido a uma sequência de “Helium Flashes” na camada acima do caroço. Evolução Estelar 4a fase: Gigante do Ramo Assintótico - De novo, convecção leva o material processado pra superfície. - De novo surgem ventos fortes (até 10-4 M⊙/ano), ejeção do C, N, e O. => Origem (de parte) do carbono, nitrogênio, e oxigênio no Universo. Evolução Estelar 4a fase: Gigante do Ramo Assintótico Resumo Evolução de uma estrela tipo Sol do Ramo Horizontal até o topo do Ramo Assintótico. Evolução Estelar A Morte de uma Estrela de Baixa Massa Se for uma estrela de massa baixa (M < 8 M⊙), a história termina aqui: Certa hora, o caroço para de se contrair, por ser sustentado por um novo tipo de pressão, a pressão de degeneração eletrônica (=> segunda parte). O Envelope que estava caindo em cima rebate e é ejetado. O que sobra do núcleo é uma Anã Branca (de C-O, p. estrelas de < 4 M⊙, ou de O-Ne-Mg, estr. de > 4 M⊙), enquanto o envelope ejetado é chamado Nebulosa Planetária. Anâs Brancas Os caroços mortos de estrelas de baixa massa. - Tamanhos da Terra, M ~ 0.6 M⊙ => Densidade enorme, feito de carbono e oxigênio (ou de hélio). Inicialmente quente e emitindo radiação ultravioleta, mas logo resfria. Pelo tamanho pequeno têm luminosidades baixas e aparecem na parte inferior do diagrama HR, a baixo da SP. Mais sobre Anãs Brancas na segunda parte da disciplina. Nebulosas Planetárias As camadas exteriores espelidas passam a se chamar Nebulosas Planetárias. São entre os objetos mais bonitos observados. Este envelope ejetado consiste de gás ionizado. Os íons são excitados pela radiação UV da Anã Branca central, e quando recaem para o estado fundamental podem emitir luz visível (igual como em regiões H II, => aula anterior), dando a elas a sua aparência. Nebulosas Planetárias As partes brilhando em vermelho são devidas a hidrogênio e nitrogênio ionizados, e as partes verdes-azuladas, a linhas proibidas de oxigênio, e talvez neônio. em pequenos telescópios estas nebulosas podem ter aparência de planetas, o que deu o nome a estes objetos (mas eles têm nada a ver com planetas). Após uns 50'000 anos se misturam com o meio interestelar. Evolução Estelar 5a fase (Estrela de Massa Alta) Se for uma estrela de alta massa, o caroço atinge temperaturas altas o suficiente para acontecerem mais reações nucleares. Enquanto o caroço se esquenta, são produzidos cada vez mais elementos. A queima dos elementos ocorre em camadas, como de uma cebola: Uma camada de queima de hidrogênio em cima da camada de queima de hélio, em cima de ... etc. Evolução Estelar 5a fase (Estrela de Massa Alta) Tcaroço > 6·108 K: queima de carbono => neônio (e hélio), Tcaroço > 1.5·109 K: queima de oxigênio => silício (e hélio), Tcaroço > 1.2·109 K: queima de neônio => magnésio (e oxigênio), ... Evolução Estelar 5a fase (Estrela de Massa Alta) ... e, finalmente Tcaroço > 2.7·109 K: queima de silício (após uma voltinha pelo níquel e o cobalt) => ferro A história termina aqui, por que ferro é o elemento de menor energia por núcleon. A fusão nuclear de ferro para formar elementos mais pesados custaria energia. => não acontece espontaneamente. Evolução Estelar 5a fase (Estrela de Massa Alta) Como em cada passo é gerado menos energia por núcleon, as fases são cada vez mais curtos. Energia liberada na fusão Evolução Estelar 5a fase (Estrela de Massa Alta) estrutura de camadas Queima de hidrogênio Queima de hélio Queima de oxigênio Queima de carbono Queima de silicone Caroço de ferro fases com ventos fortes: => Origem dos elementos até ferro no Universo. Evolução Estelar 5a fase (Estrela de Massa Alta) Estrutura na escala certa Evolução Estelar 5a fase (Estrela de Massa Alta) Nesta fase, as estrelas fazem caminhos oscilatórios horizontais (mantendo a luminosidade constante) na região superior do diagrama HR, a região das Supergigantes. Evolução Estelar 5a fase (Estrela de Massa Alta) Posição das Supergigantes no diagrama Hertzsprung-Russell. A Morte de uma Estrela de Massa Alta Colapso do Caroço Quando o caroço de ferro de uma estrela de alta massa ultrapassa a massa de Chandrasekhar, o que acontece quando a densidade central é de ~5·1012 kg/m3, e a temperatura central, de ~7·109 K, a pressão de degenereção eletrônica no caroço inerte de ferro não suporta mais a sua própria gravidade. O caroço começa a colapsar e se esquenta de novo. A Morte de uma Estrela de Massa Alta Chegando em ~1010 K, o “trabalho” de milhões de anos é desfeito em pouco tempo (no caroço), e o ferro primeiro é fotodesintegrado em dois passos: Fe + γ → 13He + 4n He + γ → 2p+ +2n o que custa energia, acelerando o colapso. Os prótons restantes capturam os elétrons restantes, que ajudavam com uma componente de pressão: p+ + e- → n + νe Resultando em um colapso mais rápido ainda, do caroço, agora feito praticamente só de nêutrons. Vale a pena lembrar que os processos fotodesintegração e captura de elétrons são endotérmicos, isto é, eles consomem energia e só podem acontecer em ambientes extremos, como um caroço estelar em colapso. A Morte de uma Estrela de Massa Alta Em estrelas a baixo de 8 M⊙, um novo tipo de pressão para o calopso quando a densidade no núcleo atinge 8·1017 kg/m3, a pressão de degenereção neutrônica, similar que a eletrônica. Estrela de O caroço se torna uma Neutrons Estrela de Nêutrons, um “núcleo de átomo gigante” Casca sólida ~ 1.5 km (=> segunda parte da disciplina). Em estrelas a cima de 8 M⊙, Interior líquido pesado primeiramente neutrons nada consegue parar o colapso, provavelmente resultando em um Buraco Negro (=> segunda parte). Supernovas de Colapso As camadas acima do caroço (as de queima de silício, oxigênio, neônio, carbono, etc.), que estavam caindo sobre este, são “rebatidas”, gerando uma onda de choque para fora. parte deste material é fotodesintegrado no choque, o que para o choque dentro de ~10 ms após uns 200-300 km de propagação. Simulação de uma Supernova (MPA Garching) Supernovas de Colapso Mas de trás vem um vento de neutrinos gerados na captura de elétrons no caroço, equivalendo a 1046 J! Mesmo com 99 % deles atravessando o envelope sem interagir, o restante arrasta o envelope numa explosão gigantesca chamada Supernova tipo Ib, Ic ou II. Simulação de uma Supernova (MPA Garching) Supernovas de Colapso Os 99 % dos neutrinos que “passam reto” são tantos, que alguns puderam ser detectados numa SN recente (SN 1987A, em breve nesta aula), apesar da natureza “quase indetectável” destas partículas. Apesar de estarem no caminho certo, até agora nenhuma simulação conseguiu explodir uma supernova! => Trabalho pra frente. Simulação de uma Supernova (MPA Garching) Supernovas de Colapso Estas Supernovas enriquecem o meio interestelar com o C, O, Ne, Mg e Si das camadas do envelope. Nestas SNs também, as temperaturas e densidades chegam a ser tão altas, que os elementos mais pesados do que Fe podem ser produzidos, o que explica a existência dos elementos além de ferro no Universo. Supernovas de Colapso A Energia liberada em uma Supernova é de ~1046 J, daquela: - ~1 % vai pra energia cinética do ejecta - menos que 0.01 % é liberada em fótons, mesmo assim, uma Supernova pode ter a luminosidade de uma galáxia inteira por um tempinho (~109 L⊙, até MV ~ -18). - O restante é neutrinos (aqueles 99 %). Supernovas de Colapso Resumo: um esquema simplificado dos acontecimentos na morte de uma estrela de alta massa. Supernovas Classificação Espectral de Supernovas Supernovas podem ser classificados pelas linhas de absorção nos seus espectros: - Tipo I: sem linhas de hidrogênio - Ia: contendo uma linha forte de 615 nm de silício ionizado, Si II, e outras linhas de Si, O, Mg, S, Ca e Fe ionizados... - Ib: com linhas fortes de hélio - Ic: sem linhas fortes de hélio - Tipo II: com linhas fortes de hidrogênio Supernovas Classificação Espectral de Supernovas As SN tipo Ib, Ic e II são causadas pelo colapso do caroço de estrelas de alta massa, as dos tipos Ib e Ic perderam o envelope de hidrogênio antes de virarem Supernovas por ventos estelares. SN Ia são de outra origem: A explosão de uma Anã Branca ultrapassando a massa limite para Anãs Brancas (=> segunda parte da disciplina). Supernovas Classificação Espectral de Supernovas Exemplos de espectros de cada tipo Supernovas Classificação Espectral de Supernovas Os tipos de supernovas também diferem nas suas curvas de luz (luminosidade em função do tempo). plateau As tipo II ainda podem ser sub-divididas nos tipos II-P (plateau) ou II-L (linear), dependendo da curva de luz. As Ia são especialmente luminosas e sempre têm a mesma magnitude absoluta, o que é útil para determinar as distâncias até elas (e até as galáxias onde elas ocorrem). Supernovas Algumas Supernovas Históricas SN 1006: evento registrado na Europa, China, Japão, Egito e Iraque, mV ~ -9, deu pra ler de noite! O remanescente ainda é visível com telescópios e continua a expandir, hoje medindo ~20 pc. SN 1006 foi uma SN tipo Ia. Remanescente da SN 1006 em raio X Supernovas Algumas Supernovas Históricas SN 1054: evento reportado na China, Japão, Coréia, Arábia e Europa (?). Visível de dia. O seu remanescente, a Nebulosa do Caranguejo, tem 3 pc de extensão. No seu centro vive um pulsar (=> segunda parte) Nebulosa de Caranguejo Supernovas Algumas Supernovas Históricas A Supernova descoberta por Tycho Brahe em 1572 era em conflito com a crença da época, de que o céu era invariável. (tipo Ia) Remanescente da SN de Tycho em raios X Supernovas Algumas Supernovas Históricas O aluno de Tycho Brahe, Johannes Kepler, também descobriu a dele, em 1604. É a SN mais recente observada na Via Láctea. Dela sobra o remanescente de Cassiopeia, a 13 kpc daqui. (provável tipo Ia) Nebulosa de Caranguejo Supernovas Algumas Supernovas Históricas SN 1987A: última supernova visível a olho nu, na Grande Nuvem de Magalhães (vizinha da Via Láctea, a 45 kpc). A Progenitora era uma supergigante azul com M = ~20 M⊙. Supernovas Algumas Supernovas Históricas SN 1987A: É a SN melhor observada até hoje. Entre outros foram detectados os primeiros neutrinos de fonte outra que o Sol. Os neutrinos chegaram ~3 horas antes da luz, confirmando a teoria. SN 1987A era uma tipo II-P. Até hoje não foi encontrado seu remanescente. Supernovas Alguns exemplos de Remanescentes de Supernovas Supernovas Em geral, são menos simétricos que Nebulosas Planetárias Evolução Estelar AGB Resumo M < 4 M⊙ ● M > 8 M⊙ ● Evolução Estelar Outro Resumo Estrelas Variáveis Classe de estrelas com variabilidade intrínseca: são pulsantes e suas propriedades como luminosidade, raio e temperatura variam periodicamente. São estrelas normais, que em um dado período de sua vida passam por uma fase de instabilidade. Exemplo: Mira é uma estrela variável de longo período Estrelas Variáveis Existem vários tipos de estrelas variáveis, que diferem nos seus períodos, nos seus modos de pulsação (radial / não-radial), e outras propriedades. No diagrama HR, muitas variáveis se encontram numa região chamada Faixa de Instabilidade, mas algumas são encontradas em outras regiões do diagrama. Faixa d e instab ilidade Estrelas Variáveis Estrelas δ Scutis são estrelas da Sequência Principal ou Subgigantes na Faixa de Instabilidade, estrelas RR Lyra são estrelas do Ramo Horizontal atravessando a Faixa de Instabilidade, e Cefeidas, estrelas de massa mais alta massa na fase de queima de hélio atravessando a faixa, etc. Faixa d e instab ilidade Estrelas Variáveis Estrelas Variáveis Quando uma variável Cefeida ou RR Lyra pulsa, a superfície da estrela oscila - gás dentro das estrelas esquenta e esfria alternadamente - Oscilação da curva de luz - Mudanças no tamanho e Curva de luz de uma estrela RR Lyra temperatura superficial da estrela - O mecanismo de oscilação foi explicado em 1941 por A. Eddington: - Ionização e recombinação periódica do gás nas camadas mais externas da estrela Estrelas Variáveis Modelo: a estrela é mais opaca quando comprimida ou no seu mínimo de expansão (menor raio). - Quando a estrela é comprimida, fótons empurram a superfície da estrela para fora até o ponto onde esta não é mais suportada pela pressão de radiação. - Neste momento a superfície volta a cair, pela força da gravidade, para dentro da estrela e se completa um ciclo de pulsação para se iniciar o próximo. Estrelas Variáveis As Propriedades de Cefeidas em Função do Tempo Estrelas Variáveis Cefeidas: Relação período-luminosidade O período de pulsação das Cefeidas é proporcional à sua luminosidade intrínseca (1912, Henrietta Leavitt). Existem dois tipos de Cefeidas: - Cefeidas Clássicas” ou tipo I: ricas em metais - “W Virginis” ou tipo II: pobres em metais Os dois tipos têm diferentes relações períodoluminosidade. 1.5 mag Estrelas Variáveis Cefeidas: Relação período-luminosidade Estas relações podem ser utilizadas para determinar a distância. 1.5 mag => Medir a abundância de metais (usando linhas espectrais), e o período, obtemos a luminosidade intrinseca. Combinando esta com a magnitude aparente (também medida), obtemos o módulo de distância: m - M = 5·log10(d/10 pc) As distâncias até Cefeidas tiveram um papel importante na descoberta, que o Universo consiste de mais que a Via Láctea (Edwin Hubble, 1923: Nascimento da astronomia extragaláctica). Aglomerados Estelares São conjuntos de estrelas formadas juntas no colapso de uma nuvem de gás, que se fragmentou (=> aula anterior). Por isto, todas as estrelas têm a mesma idade e a mesma composição química. Na Via Láctea, distinguimos entre dois tipos, os Aglomerados Abertos (≤ algumas milhares de estrelas, forma irregular) e Aglomerados Globulares (~algumas 100'000 estrelas, forma esférica). Pleiades, aglomerado aberto 47 Tuc, aglomerado globular Aglomerados Estelares O diagrama Hertzsprung-Russell, resp. o diagrama cor-magnitude de um aglomerado pode nos dar informação sobre a idade e, a segunda vista, sobre a composição química. do aglomerado, e proporcionar testes à teoria de evolução estelar, já que: - Estrelas de massas diferentes entram na Sequência Principal em locais e tempos diferentes (mas todas têm ~a mesma idade e composição). - Estrelas de massas diferentes evoluem em escalas de tempo diferentes. CMD dos Pleiades CMD de 47 Tuc Aglomerados Estelares A Evolução do diagrama HR de um Aglomerado Após o colapso inicial da nuvem molecular, estrelas de alta massa chegam primeiro à Sequência Principal, evoluindo rapidamente Aglomerados Estelares A Evolução do diagrama HR de um Aglomerado A Sequência Principal vai se enchendo “de cima pra baixo”, e logo as estrelas de massa mais alta já saem da Sequência Principal para se tornarem Gigantes Vermelhas. turnoff turn-off Aglomerados Estelares A Evolução do diagrama HR de um Aglomerado Enquanto estrelas de massas cada vez mais baixas esgotam seu hidrogênio no nucleo, a Sequência Principal vai se esvaziando “de cima pra baixo”, e o ramo de Gigantes Vermelhas se enchendo. O ponto, naquele as estrelas começam a deixar a SP é chamado “turn-off” e se desloca pra baixo com o tempo. turn-off turn-off Os ramos horizontal e assintótico com o tempo também se enchem (não mostrado aqui) Aglomerados Estelares Animação da evolução do diagrama HR de um aglomerado estelar pelo aluno da UFABC Arthur Julião num projeto dirigido. Aglomerados Estelares A Evolução do diagrama HR de um Aglomerado Agora conseguimos interpretar o diagrama HR/cor-magnitude de um aglomerado em formação, ... Aglomerados Estelares A Evolução do diagrama HR de um Aglomerado ..., de um aglomerado recém- formado, como os Pleiades, ... Aglomerados Estelares A Evolução do diagrama HR de um Aglomerado ... e de um aglomerado mais velho, como 47 Tuc. Aglomerados Estelares Determinação das Propriedades de um Aglomerado Na prática começa- se determinando o módulo de distância: Já que as dimensões do aglomerado são pequenas em relação à distância até nós, podemos supor que todas as estrelas se encontram na mesma distância. => o módulo de distância m – M é o mesmo para todas as estrelas. => O diagrama cor-magnitude aparente é igual ao diagrama cor-magnitude absoluta, deslocado verticalmente pela distância m – M. => Construir o CMD com m e não M. Aglomerados Estelares Determinação das Propriedades de um Aglomerado Comparar a Sequência Principal do CMD do aglomerado com aquela calibrada em magnitude absoluta. ! Estas estrelas não se encontram mais na SP e não são levados em conta no ajuste O módulo de distância do aglomerado é o deslocamento vertical entre os dois diagramas. => Distância até o aglomerado. Este método é chamado paralaxe espectroscópica ou ajuste da Sequência Principal. Ao mesmo tempo conseguimos determinar a composição química ajustando a forma exata da Sequência Principal, já que esta varia com a fração de elementos pesados. Aglomerados Estelares Determinação das Propriedades de um Aglomerado Uma vez determinada a distância e construido o CMD absoluto deslocando o CMD aparente pelo módulo de distância, podemos estimar a idade do aglomerado pela localização do ponto de “turn-off”. => Determinamos as distâncias, idades e composições químicas de aglomerados estelares. Aglomerados Estelares Determinação das Propriedades de um Aglomerado Aglomerados Estelares nos forneceram: - Idades de estrelas - A idade da Via Láctea - Idades de outras galáxias com aglomerados observáveis - Um limite mínimo para a idade do Universo. Mesma coisa no diagrama HR teórico Introdução à Física Estelar FIM PRA HOJE