2. ÉTICA E POLÍTICA EM PLATÃO Na

Propaganda
Filosofia
2
SUMÁRIO
DO
VOLUME
FILOSOFIA
FILOSOFIA POLÍTICA
1. Introdução
2. Ética e política em Platão
2.1 A ética em Platão
2.2 Filosofia Ética e política em Platão
3. A ética de Aristóteles
3.1 A Ideia do Bem
3.2 As virtudes e o justo meio
3.3 Textos Filosóficos
4. Maquiavel e o príncipe político: atenção à realidade
4.1 Razão do Estado
4.2 Maquiavel e o Maquiavelismo
4.3 Leituras Filosóficas
5. Contratualismo
5.1 “O homem é o lobo do homem”: a visão pessimista de Thomas Hobbes
5.2 O Liberalismo Lockeano
5.3 “Isto é meu” - Rousseau e a crítica à propriedade privada
5.4 O Marxismo
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Filosofia
SUMÁRIO COMPLETO
VOLUME 1
UNIDADE: FILOSOFIA POLÍTICA
1. Introdução
2. Ética e política em Platão
3. A ética em Aristóteles
4. Maquiavel e o príncipe político: atenção à realidade
5. Contratualismo
VOLUME 2
6. Introdução ao estudo da estética: a filosofia e o problema do belo
7. As diversas concepções estéticas
VOLUME 3
8. A filosofia contemporânea e seus principais temas
3
4
Filosofia
Filosofia
Introdução
FILOSOFIA POLÍTICA
1. INTRODUÇÃO
Disponível em: <www.ilnegoziogiuridico.it>. Acesso em: 23 dez. 2013.
Entenderemos por política o conjunto dos esforços que se faz em vista de participar do poder ou influência. A divisão do poder
entre os Estados ou entre os diversos grupos no interior de um mesmo Estado (Max Weber). A Filosofia Política trabalha com
as questões que giram em torno do poder. Para tanto, filósofos elaboraram inúmeras teorias tentando explicar esse tema. No
afresco acima, vemos uma obra de Ambrogio Lorenzetti intitulada Efeitos do Bom Governo na Cidade.
A Filosofia Política trata das questões relacionadas à forma como os homens se organizam socialmente
e buscam soluções para seus conflitos sociais, promovendo ações cujo objetivo é o bem comum. O campo
da política pertence às reflexões sobre as diversas formas de poder, sobre os regimes políticos e as formas
de governo.
Segundo José Auri Cunha (2000, p. 125):
O espaço da pólis era comum e público e incluía os costumes, as leis, os templos,
os deuses e os heróis, as muralhas, o erário público, a administração dos serviços públicos,
a organização da guerra, as atividades comerciais e a àgora, a praça onde se discutia e
deliberava sobre todos os assuntos. Foi na pólis que existiu a primeira e talvez a única
instituição de democracia direta na história.
A ideia de poder é, portanto, inerente à ideia de política. Na verdade, não podemos entender o que
seja política sem investigarmos o conceito de poder.
Façamos uma reflexão acerca do poder na sociedade contemporânea.
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Filosofia
6
Introdução
Leiam a letra da música Toda Forma de Poder, de Humberto Gessinger:
Eu presto atenção
No que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Fidel e Pinochet
Tiram sarro de você
Que não faz nada
E eu começo achar normal
Que algum boçal
Atire bombas na embaixada
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...
Toda forma de poder
É uma forma de morrer
Por nada
Toda forma de conduta
Se transforma
Numa luta armada
A história se repete
Mas a força deixa
A história mal contada
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...
E o fascismo é fascinante
Deixa a gente ignorante
E fascinada
E é tão fácil ir adiante
Se esquecer
Que a coisa toda tá errada.
Pode-se dizer que o conceito de poder está associado ao de força? E o de política, pode estar associado
ao de arbítrio? Outra questão: aquele que detém o poder pode usá-lo para alcançar seus próprios interesses?
Como o poder se estabelece? Ele se amolda a outros componentes da vida humana como, por exemplo,
a economia? Para responder a essas questões, vamos conhecer as principais teorias políticas e como os
filósofos que as pensaram sustentaram as suas ideias.
Começaremos por dois filósofos da Idade Antiga: Platão e Aristóteles. O primeiro afirmava que a
cidade deve ser justa e que a justiça é o mais importante bem disponível ao homem. O segundo, que a
nossa vida coletiva é fruto da própria natureza humana e que somos, por conseguinte, animais políticos.
Maquiavel nos apresenta a política por ela mesma. Ao refutar as éticas grega e cristã, o filósofo
de Florença funda a ciência política, pois lhe confere leis próprias. Sua obra O Príncipe, que acaba de
completar 500 anos, é um dos mais conhecidos textos de filosofia.
Depois, veremos como os contratualistas explicam a noção de governabilidade, escancarando, cada
um ao seu modo, suas ideias e reflexões acerca do exercício do poder. Privilegiaremos os ingleses Thomas
Hobbes e John Locke, ambos do século XVII, e o franco-suíço Jean-Jacques Rousseau, teórico do século
XVIII.
No último capítulo, teceremos considerações acerca do pensamento marxista e a sua crítica ao modelo
liberal-burguês de fazer política. Centraremos atenção na plataforma metodológica do Materialismo
Dialético para tentarmos ver como Karl Marx produziu seus principais conceitos.
Filosofia
Ética e política em Platão
2. ÉTICA
E POLÍTICA EM
PLATÃO
Na
filosofia platônica, pode ser
ético apenas aquele que é sábio.
Afinal, é o conhecimento, ao qual se
chega pela razão, que leva o homem
a ser virtuoso, isto é, a controlar seus
desejos e sua ira. É esse controle que o
leva a praticar o bem.
Platão nasceu em uma família abastada e
teria recebido uma educação totalmente
voltada para a formação política. Na
juventude, seu encontro com Sócrates
foi determinante para que ele se tornasse
filósofo.
Pedro Berruguete (ca 1450-1504) – ‘Plato’
óleo sobre madeira -ca 1477, Paris Musée
du Louvre.
Disponível em: <http://viticodevagamundo.blogspot.
com.br>. Acesso em: 13 dez. 2013.
2.1 A ética em Platão
A ética platônica está ligada à ideia de virtude. Para Platão, apenas o homem virtuoso pode praticar o
bem. E o que é o homem virtuoso? É aquele capaz de controlar, por intermédio da razão, as partes da
alma responsáveis pela concupiscência e pela raiva.
Platão justifica essa necessidade de predominância da parte racional da alma de duas maneiras. Uma
delas relaciona-se ao fato de o filósofo entender que o desejo e a cólera, por despertarem os impulsos
violentos do corpo, cegam a razão, que então se torna incapaz de conhecer e de distinguir a virtude do
vício.
A outra diz respeito à noção platônica de justiça, segundo a qual o melhor e o superior devem
comandar o pior e o inferior. Como o elemento racional da alma é superior aos demais, é ele que
prevalece.
A razão, porém, não age diretamente sobre a concupiscência. Ela age sobre a parte irascível da alma,
fazendo com que esta saiba o que é bom ou ruim para o corpo. De posse desse conhecimento, essa
parte conduzirá a concupiscência a selecionar aquilo que for bom para o corpo. A alma colérica, quando
conduzida pela razão, tem, como virtudes, a honra ou coragem e a prudência.
O homem virtuoso é aquele que consegue harmonizar todas as partes de sua alma. Somente depois
que essa harmonia for estabelecida é que a pessoa poderá agir virtuosamente.
7
8
Filosofia
Ética e política em Platão
Vejamos o próprio Platão:
Depois de ter posto a sua casa em ordem, no verdadeiro sentido, de ter autodomínio,
de se organizar, de se tornar amigo de si mesmo, de ter reunido harmoniosamente três
elementos diferentes e de ligá-los a todos, tornando-os, de muitos que eram, numa perfeita
unidade, temperante e harmoniosa, só então [o homem] se ocupe ou da aquisição de riquezas,
ou dos cuidados com o corpo, ou da política ou de contratos particulares chamando justa e
bela a ação que mantenha e aperfeiçoe estes hábitos, e denominando de sabedoria a ciência
que preside esta ação.
PLATÃO, A República. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 254.
Nesse trecho, Platão declara que só depois de pôr a “casa em ordem” o homem é plenamente capaz
de participar da vida coletiva. Não se deve pensar, no entanto, que o homem chegue a isso sozinho, em
isolamento, para depois atuar comunitariamente.
Para Platão, o mais sábio deveria governar a cidade. Este argumento está defendido no livro VII de A República, mais conhecido
como o Mito da Caverna.
Pieter Janszoon Saenreda (1597-1625), de acordo com Cornelis van Haarlem (1562-1630) — Alegoria da caverna (República)
-desenho-1604 Wien-Graphische Sammlung Albertina ‘Plato’.
Disponível em: <http://viticodevagamundo.blogspot.com.br>. Acesso em: 13 dez. 2013.
A moderação dos apetites só se realiza na vida coletiva, isto é, na cidade, na pólis. Isso significa que a
vida ética, no sentido verdadeiro do termo, somente tem a possibilidade de existir dentro da comunidade,
nas relações estabelecidas entre os cidadãos.
Filosofia
Ética e política em Platão
Anselm Feuerbach Friedrich (1829-1880) — Simpósio de Platão des ‘Plato’ óleo Gastmahl sobre tela-1869 Berlin-Alte
Nationalgalerie.
Disponível em: <http://viticodevagamundo.blogspot.com>. Acesso em: 13 dez. 2103.
Essa noção conduz à conclusão de que a ética pública é superior à ética particular. Entender essa ideia
é fundamental para compreender o modo como Platão define a política e o Estado.
2.2 Filosofia Ética e política em Platão
Platão propõe a construção de um modelo em que a cidade, assim como o homem, deve ser justa. A
política tem como finalidade a justiça, porque só assim se chegará ao bem comum. As duas obras mais
extensas do filósofo, A República e Leis, levantam essas questões. O empenho em melhorar os cidadãos
que moram em uma cidade justa concretiza-se em uma série de teses, a primeira das quais poderia ser a
base de todas elas.
Vejamos novamente Platão:
Estamos modelando a cidade feliz, não para que um pequeno número chegue a esse estado, mas para
que a cidade inteira o alcance.
PLATÃO, A República. São Paulo: Abril Cultural, p. 129.
Para isso, são necessários alguns requisitos.
• Ter uma ideia clara da justiça, tal como é explicitada, por exemplo, na Apologia de Sócrates e,
principalmente, nos dois primeiros livros de A República.
• Superar a concepção tirânica da política, na qual alguns cidadãos impõem, pela força ou pelo engano,
seu egoísmo.
• Educar os homens, desde meninos, para a cidadania.
Uma educação desse tipo levará os mais inteligentes e generosos ao poder.
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Filosofia
10
Ética e política em Platão
Exercícios de sala
1
Leia este texto, que se refere à ideia de cidade justa de Platão.
“Como a temperança, também a justiça é uma virtude comum a toda a cidade. Quando cada uma das
classes exerce a sua função própria, ‘aquela para a qual a sua natureza é a mais adequada’, a cidade
é justa. Esta distribuição de tarefas e competências resulta do fato de que cada um de nós não nasceu
igual ao outro e, assim, cada um contribui com a sua parte para a satisfação das necessidades da vida
individual e coletiva. (...) Justiça é, portanto, no indivíduo, a harmonia das partes da alma sob o domínio
superior da razão; no estado, é a harmonia e a concórdia das classes da cidade.”
PIRES, Celestino. Convivência política e noção tradicional de justiça.
In: BRITO, Adriano N. de; HECK, José N. (Orgs.). Ética e política. Goiânia: Editora da UFG, 1997. p. 23.
Sobre a cidade justa, na concepção de Platão, é correto afirmar:
a) Nela todos satisfazem suas necessidades mínimas, e inexistem funções como as de governantes,
legisladores e juízes.
b) É governada pelos filósofos, protegida pelos guerreiros e mantida pelos produtores econômicos, todos
cumprindo sua função própria.
c) Seus habitantes desejam a posse ilimitada de riquezas, como terras e metais preciosos.
d) Ela tem como principal objetivo fazer a guerra com seus vizinhos para ampliar suas posses através
da conquista.
e) Ela ambiciona o luxo desmedido e está cheia de objetos supérfluos, tais como perfumes, incensos,
iguarias, guloseimas, ouro, marfim etc.
2
Leia atentamente este texto:
Mas a cidade pareceu-nos justa, quando existiam dentro dela três espécies de naturezas, que
executavam cada uma a tarefa que lhe era própria; e, por sua vez, temperante, corajosa e sábia, devido
a outras disposições e qualidades dessas mesmas espécies.
— É verdade.
— Logo, meu amigo, entenderemos que o indivíduo que tiver na sua alma estas mesmas espécies
merece bem, devido a essas mesmas qualidades, ser tratado pelos mesmos nomes que a cidade.
PLATÃO. A república. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p. 190.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a justiça em Platão, é correto afirmar:
a) As pessoas justas agem movidas por interesses ou por benefícios pessoais, havendo a possibilidade
de ficarem invisíveis aos olhos dos outros.
b) A justiça consiste em dar a cada indivíduo aquilo que lhe é de direito, conforme o princípio universal
de igualdade entre todos os seres humanos, homens e mulheres.
c) A verdadeira justiça corresponde ao poder do mais forte, o qual, quando ocupa cargos políticos, faz as
leis de acordo com os seus interesses e pune a quem lhe desobedece.
d) A justiça deve ser vista como uma virtude que tem sua origem na alma, isto é, deve habitar o interior
do homem, sendo independente das circunstâncias externas.
e) Ser justo equivale a pagar dívidas contraídas e restituir aos demais aquilo que se tomou emprestado,
atitudes que garantem uma velhice feliz.
Filosofia
11
A ética de Aristóteles
ÉTICA DE
ARISTÓTELES
Disponível em: <www.amaculahumana.blogger.com.br>. Acesso em: 13 nov. 2013.
3. A
O
tema principal da ética de
Aristóteles é delimitar o que é o bem
e o significado que ele tem para o
homem. Somente quem conhece o
bem é capaz de encontrar a felicidade,
que, na filosofia aristotélica, não é um
sentimento passageiro, e sim “obra de
uma vida inteira”.
Segundo Aristóteles, as ações
políticas devem, sempre, privilegiar
a busca da felicidade e do bem.
Na imagem, vemos Aristóteles
contemplando o busto de Homero.
3.1 A Ideia do Bem
Aristóteles começa o mais importante de seus textos sobre o bem e sobre o comportamento dos homens,
Toda arte estuda saber, assim como
tudo que fazemos e escolhemos
parece visar algum bem. Por isso,
foi dito, com razão, que o bem
é aquilo a que todas as coisas
tendem. Mas há uma diferença
entre os fins: alguns são atividades,
ao passo que outros são produtos
à parte das atividades que os
produzem.
Aristóteles, Ética a Nicômano, p. 128.
Um dos pressupostos básicos da filosofia
de Aristóteles defende que a vida atinge sua
plenitude quando vivemos em comunidade.
O homem é, segundo o aristotelismo, um ser
naturalmente sociável. Na figura ao lado, vemos
a capa do livro de Aristóteles A Política.
Disponível em: <http://isuba.s8.com.br>. Acesso em: 13 nov. 2013.
Ética a Nicômaco – provavelmente dedicado a seu filho –, com estas palavras:
Filosofia
A ética de Aristóteles
Essa afirmação contém duas teses fundamentais da ética aristotélica:
• Todas as coisas tendem ao bem, o que significa, na doutrina do filósofo, que o bem é a finalidade de
todas as coisas. A segunda: chega-se ao bem por dois caminhos: a) pelas atividades práticas, isto é, aquelas
que contêm seus próprios fins (ética e política); b) pelas atividades produtivas (artes ou técnicas).
• Em relação à ética, o bem leva cada indivíduo a ser capaz de viver com os outros, na pólis. Em outras
palavras, a ética, no campo individual, prepara terreno para a política, no campo coletivo. Para Aristóteles,
a finalidade da política é a busca do bem de todos os homens.
• E qual é o bem de todos os homens? “A felicidade”, responde Aristóteles. A felicidade, porém, não é um
sentimento que aparece, instala-se e vai embora; ao contrário, é obra de uma vida inteira. Vejamos o que
afirma sobre isso Marilena Chauí, uma das mais importantes comentadoras da obra de Aristóteles:
O bem ético pertence ao gênero da vida excelente, e a felicidade é a vida plenamente realizada
em sua excelência máxima. Por isso, não é alcançável imediata nem definitivamente, mas
é um exercício cotidiano que a alma realiza durante toda a vida, de acordo com a sua
excelência mais completa, a racionalidade.
Marilena Chauí, Introdução à história da Filosofia, p. 442.
3.2 As virtudes e o justo meio
Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com>. Acesso em: 16 dez. 2013.
12
A Ágora Grega era, na Grécia Antiga, o espaço destinado à vida pública e onde eram debatidos os
assuntos relativos à política. Na foto acima, vemos as ruínas de uma praça pública em Atenas.
A virtude (Areté) é a expressão maior da excelência de uma pessoa, de sua integridade, de sua identidade.
A paixão, por outro lado, torna-a confusa, dividida entre desejos contrários, conflitantes, opostos. Alguém
sob o domínio da paixão pode inclinar-se ao vício, que é o excesso ou a falta da paixão. A virtude é
encontrar, pelo uso da razão, o meio-termo entre esses extremos, que Aristóteles chamou de justo meio.
Suponha-se alguém dominado pelo prazer (que, para Aristóteles, é uma paixão). Esse alguém pode
ser libertino (um dos extremos do prazer) ou insensível (o extremo oposto: falta de prazer). O justo meio,
aqui, é a temperança, à qual se chega pelo uso da razão.
A virtude, assim, está ligada à razão. E, como todo homem é dotado de razão, todo homem pode
alcançar a virtude. Basta identificar a paixão que o domina, reconhecer seus extremos e procurar,
racionalmente, seu justo meio.
Filosofia
13
A ética de Aristóteles
Disponível em: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com>. Acesso em: 16 dez. 2013.
Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com>. Acesso em: 16 dez. 2013.
A maior de todas as virtudes, diz Aristóteles, é a justiça. Sua força sobre as demais consiste em sua
perfeição, porque quem é justo se projeta mais para o outro do que para si mesmo. Em outras palavras,
tudo que protege o conjunto dos indivíduos (a sociedade) é mais importante do que aquilo que protege
somente um dos membros dessa sociedade. Por isso, dos males, a injustiça é o maior, pois destrói o tecido
social.
Para Aristóteles era impossível separar a ideia de justiça, como a mais importante virtude, da prática da
política, pois essa era o aprimoramento daquela.
3.3 Textos Filosóficos
3.3.1 A busca do bem
O que é isso que dizemos ser o objetivo da Ciência Política, e o que é o bem supremo, alcançado pela
atividade humana? Sobre seu nome, quase todo o mundo está de acordo, porque todos dizem — que é a
felicidade e identificam o bem viver e o agir bem com o ser feliz. Porém diferem sobre o que é a felicidade,
e o vulgo e os sábios não a explicam da mesma maneira. Porque o vulgo pensa que se trata de algo tangível
e visível, como o prazer, a riqueza ou as honras; diferem, entretanto, uns dos outros — e frequentemente
um mesmo homem a identifica com coisas diversas, com a saúde se está doente; com a riqueza se é pobre;
Filosofia
14
A ética de Aristóteles
De acordo com o texto de Aristóteles, é
correto afirmar que a pólis:
a) é instituída por uma convenção entre os
homens.
b) existe por natureza e é da natureza humana
buscar a vida em sociedade.
c) passa a existir por um ato de vontade dos
deuses, alheia à vontade humana.
d) é estabelecida pela vontade arbitrária de um
déspota.
e) é fundada na razão, que estabelece as leis
que a ordenam.
mas, conscientes de sua ignorância, admiram os
que proclamam algum grande ideal que está acima
de sua compreensão. Entretanto alguns pensam
que, à parte desses muitos bens, existe outro que
subsiste por si mesmo e que é causa de todos.
3.3.2 A Filosofia como
conhecimento superior
Aquilo que é o mais científico que existe é
constituído por princípios e causas. Por meio
deles, conhecemos as demais coisas. Porque a
ciência soberana, a ciência superior a todas as
demais é aquela que conhece para que cada coisa
deve ser feita. E para saber que é o bem, o supremo
bem em toda a natureza. De tudo o que acabamos
de dizer sobre a própria ciência, vem a definição
de filosofia que buscamos: é imprescindível que
seja a ciência teórica dos primeiros princípios e
das primeiras causas, porque uma das causas é o
bem, a razão final. Que [a filosofia] não é uma
ciência prática prova-o o exemplo dos primeiros
que filosofaram.
O que, no princípio, moveu os homens a fazer
as primeiras perguntas filosóficas foi, como hoje,
o espanto. Entre os objetos que lhes causavam
espanto, voltaram-se primeiro aos que estavam
a seu alcance; depois, avançando passo a passo,
quiseram explicar fenômenos maiores, como as
diversas fases da Lua, a trajetória do Sol e dos
astros e, por último, a formação do Universo.
Ir em busca de uma explicação é admirar-se, é
reconhecer o que se ignora.
Exercícios de sala
1
Leia este texto:
Toda cidade [pólis], portanto, existe
naturalmente, da mesma forma que as primeiras
comunidades; aquela é o estágio final destas,
pois a natureza de uma coisa é seu estágio
final. (...) Estas considerações deixam claro que
a cidade é uma criação natural, e que o homem
é por natureza um animal social, e um homem
que por natureza, e não por mero acidente,
não fizesse parte de cidade alguma, seria
desprezível ou estaria acima da humanidade.
ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Trad. De Mário da Gama Kuri.
Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1997. p. 15.
2
Observe esta imagem
acompanha:
e leia o texto que a
Disponível em: <www.laerte.com.br>. Acesso em: 23 dez. 2013.
“É evidente, pois, que a cidade faz parte
das coisas da natureza, que o homem é
naturalmente um animal político, destinado
a viver em sociedade, e que aquele que, por
instinto, e não porque qualquer circunstância o
inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, é um
ser vil ou superior ao homem [...].”
ARISTÓTELES. A política. Trad. de Nestor Silveira Chaves.
Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 13.
Com base no texto de Aristóteles e na
charge, é correto afirmar:
a) O texto de Aristóteles confirma a ideia
exposta pela charge de que a condição humana
de ser político é artificial e um obstáculo à
liberdade individual.
b) A charge apresenta uma interpretação
correta do texto de Aristóteles segundo a qual
a política é uma atividade nociva à coletividade
devendo seus representantes ser afastados do
convívio social.
c) A charge aborda o ponto de vista aristotélico
de que a dimensão política do homem independe
da convivência com seus semelhantes, uma
vez que o homem bastasse a si próprio.
d) A charge, fazendo alusão à afirmação
aristotélica de que o homem é um animal político
por natureza, sugere uma crítica a um tipo de
político que ignora a coletividade privilegiando
interesses particulares e que, por isso, deve ser
evitado.
e) Tanto a charge quanto o texto de Aristóteles
apresentam a ideia de que a vida em sociedade
degenera o homem, tornando-o um animal.
Filosofia
Maquiavel e o príncipe político: atenção à realidade
4. MAQUIAVEL
E O PRÍNCIPE POLÍTICO: ATENÇÃO À REALIDADE
O
saber político de Nicolau Maquiavel
baseia-se na atenção à realidade, sem ilusões ou
autoenganos. Ele se baseia nas coisas como são
e no homem como este é, não nas coisas como
deveriam ser e no homem como este deveria
ser e atuar. Assim, Maquiavel abandona uma
concepção normativa da política, habitual nos
tratados anteriores e baseada na norma moral da
razão ou no preceito da religião, para construir
uma política positiva, empírica.
A Vecchia Firenzi, óleo sobre tela de Daniel Ricci.
Florença proporcionou a Maquiavel uma intensa
vida política. Ocupando o cargo de Chanceler da
cidade, o filósofo pôde vivenciar várias facetas da
vida pública, que iria, posteriormente, incorporar nas
suas análises de O Príncipe.
Disponível em: <www.danielericci.com>. Acesso em: 16 dez. 2013.
Trento
D. DE
SAVOYA
TURÍN
SALUZZO
ASTI
M. DE
SALUZZO
Bérgamo
MILÁN
D. DE
MILÁN
REP. DE
GÉNOVA
Trieste
Verona
Brescia
VENECIA
Padua
MANTUA
MÓDENA
GÉNOVA
Belluno
REP. DE
VENECIA
IMPÉRIO OTOMANO
FERRARA
Parma
M. DE
MONFERRATO
Niza
Carintia
Tirol
Bolzano
SUIZA
Bolonia
Rávena
D. DE
Forlì
MÓDENA REP. DE
FLORENCIA
Lucca
Livorno
FLORENCIA
SIENA
REP. DE
SIENA
Ancona
Perugia
Foligno
Terni
L'Aquila
Mar
Adriático
Pescara
ESTADOS
PONTIFICIOS
Córcega
Tremiti
ROMA
Foggia
Latina
Andria
Asinara
Sassari
Isquia
Salerno
Potenza
REINO DE
NÁPOLES
Mar Tirreno
Cagliari
Cerdeña
Lipari
(Territorio español)
Mesina
PALERMO
Mar Mediterrâneo
Sicilia
REINO DE
SICILIA
Ragusa
Reggio
Catania
Siracusa
Pantelaria
0
0
50
100
Bari
NÁPOLES
150 km
20 40 60 mi
Lampedusa
MALTA
Monopoli
Assim como o homem tem
uma natureza fixa e permanente,
a legalidade política também é
constante, e o saber político pode
ter valor universal. É por esse
motivo que a história antiga e a
realidade contemporânea podem
extrair, da experiência, normas de
comportamento político. Segundo
Maquiavel, o homem é mau; suas
paixões, em especial a ambição,
levam-no, inevitavelmente, ao
enfrentamento sempre disposto a
se manifestar na ocasião oportuna;
é o princípio do cálculo político.
Brindisi
Lecce
Mar
Jônico
A Península Itálica no tempo de Maquiavel,
século XVI. Observe a grande quantidade
de reinos; cada um deles tinha um
governante, que comandava seu próprio
exército, seguia suas próprias leis e tinha
seu sistema econômico. Essa intensa
fragmentação impedia a península de se
transformar em um território unificado.
15
Prezado leitor,
Agradecemos o interesse em nosso
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