Farmacocinética: eliminação dos fármacos Tatiana Brunini FARMACOCINÉTICA Destino dos fármacos Compreende o estudo quantitativo dos fenômenos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos FARMACODINÂMICA É o estudo das ações e efeitos dos fármacos Farmacocinética Farmacodinâmica Distribuição Absorção Fármaco Livre Fármaco + Proteína Fármaco Livre Local de ação Depósito Metabolismo Excreção Renal Efeito Biotransformação ou Metabolização Conceito: É um termo usado para indicar as alterações químicas que ocorrem com os fármacos no interior do organismo, quando são metabolizados e alterados por diversos mecanismos bioquímicos. Objetivos: Compostos hidrossolúveis (polares); Compostos mais ionizados; Compostos menos capazes de ser armazenados em tecido adiposo; Compostos menos capazes de atravessar a membrana celular. MENOS ATIVOS FARMACOLOGICAMENTE Exemplos de Locais de Metabolização de Fármacos Plasma; Mucosa do TGI; Pulmão; Fígado. Biotransformação hepática Fases da metabolização hepática FASE I Reações Oxidativas (citocromo P450) (ex. codeína, ibuprofeno, etc) Reações de Hidrólise (ex. lidocaína e procainamida) Reações de Redução (ex. cloranfenicol e nitroglicerina) FASE II Reações de Conjugação: Ácido Glicurônico, Glicina, Glutationa ou Sulfato Absorção Metabolismo FASE I Eliminação FASE II Metabólito do fármaco com atividade modificada Conjugado Metabólito do fármaco inativo Conjugado Fármaco Fármaco Lipofílico Hidrofílico Metabolismo hepático: Inativação Fármaco Fase I Derivado inativo Fase II Conjugado OH OH OH R Fase I Oxidação R-OH + HO o UDP O COOH Ácido Glicurônico OH Fase II Glicuronidação R HO o O COOH Reações da Fase I: Citocromo P450 Esteróides Xenobióticos Ácidos Graxos 1B1 7A1 7B1 8B1 11A1 11B1 11B2 17A1 19A1 21A2 27A1 39A1 46A1 51A1 1A1 1A2 2A6 2A13 2B6 2C8 2C9 2C18 2C19 2D6 2E1 2F1 3A4 3A5 3A7 2J2 4A11 4B1 4F12 Eicosanóides Vitaminas 4F2 4F3 4F8 5A1 8A1 2R1 24A1 26A1 26B1 26C1 27B1 Localização do citocromo P450 FARMACO + O2 + NADPH + H+ → FARMACOMODIFICADO + H2O + NADP- Metabolismo hepático: Fase 1 Metabolismo hepático: Ativação Pró-Fármaco Enalapril Codeína Fármaco Ativo Enalaprilato Morfina Metabolismo hepático: Ativação Fármaco Metabólito ativo Espironolactona Canrenona Indução enzimática Inibição enzimática Citocromo P450: substratos, indutores e inibidores Citocromo P450: substratos, indutores e inibidores INDUTORES INIBIDORES BARBITÚRICOS CIMETIDINA FENOBARBITAL ALOPURINOL CARBAMAZEPINA TICLOPIDINA - CLOPIDOGREL RIFAMPICINA DISULFIRAM ETANOL ISONIAZIDA FENITOÍNA ERITROMICINA RITONAVIR CETOCONAZOL 17 Reações da Fase II Reações sintéticas; Moléculas com grupo terminal hidroxila (-OH), tiol (-SH) ou amino (-NH2), gerados pela fase I do metabolismo, são suscetíveis à conjugação (fixação de um grupo substituinte); Na maioria das vezes, as reações de conjugação são processos de inativação. Exceção: Procainamida Acetilprocainamida Reações da Fase II: enzimas envolvidas Metiltransferases de tiopurinas Nacetiltransferase Glutationa-Stransferase Sulfotransferase UDP-glicoruniltransferase Reações da Fase II Tipos de conjugação Reagente endógeno Transferase (localização) Exemplos Glicuronidação UDP-ácido glicurônico UDP-glicuronosiltransferase (microssomos) Paracetamol, diazepam, morfina, digitoxina, digoxina Acetilação Acetil-CoA N-acetiltransferase (citosol) Sulfonamidas, isoniazida,clonazepam Conjugação de glutationa Glutationa (GSH) GSH-sensibilidadetransferase (citosol,microssomos) Paracetamol, ácido etacrínico, bromobenzeno Conjugação de glicina Glicina Acil-CoA glicina transferase (mitocôndria) AAS, ácido nicotínico, ácido benzóico, ácido cólico Sulfatação Fotossulfato de fosfo-adenosil Sulfotransferase (citosol) Estrona, cumarina, paracetamol, metildopa Metilação S-adenosilmetionina Transmetilases (citosol) Catecolaminas, histamina, captopril Fatores que alteram o Metabolismo Hepático Diferenças marcantes entre as espécies; Variações interindividuais (polimorfismos genéticos); Fatores ambientais; Dieta; Substâncias químicas (pesticidas, álcool, nicotina etc.); Condições patológicas (hepatite, cardiopatia etc.); Idade e sexo; Outros fármacos. Fatores que alteram o Metabolismo Hépático: Polimorfismos Genéticos Exemplos: CYP2D6 - nortripitilina (Arábia Saudita e Etiópia) CYP2C19 - mefenitoína (Japão) Metabolismo Hepático FASE I CYP3A4 é responsável pela metabolização de 50 % dos fármacos clinicamente prescritos FASE II UDP-glicuronosil-transferase é a principal enzima Eliminação de Fármacos Principais Secundárias RENAL Pulmonar Hepato-biliar Leite materno - amamentação Fezes Glândulas: suor, saliva e lágrima Mecanismos Básicos da Excreção Renal Filtração glomerular: 180L/dia Cápsula de Bowman Reabsorção tubular 178.5L/dia Ao longo do segmento tubular Secreção tubular ativa Túbulo proximal Excreção 1.5L/dia Filtração e Reabsorção Túbulo proximal Túbulo distal Túbulo coletor Ligação à proteínas Tamanho Glomérulo Alça de Henle Hidrossolubilidade Ionização Ducto coletor Secreção Tubular Ativa Ânions orgânicos Cátions orgânicos salicilatos noradrenalina furosemida adrenalina tiazídicos atropina uréia dopamina probenecida amilorida indometacina serotonina penicilina morfina Saturação Competição energia Fatores que interferem na eliminação renal Secreção tubular ativa: competição Gentamicina Importância do pH da urina Fármacos Ácidos (urina alcalina aumenta a excreção) Anfetaminas Amilorida Dopamina Efedrina Histamina Morfina Petidina Quinidina Serotonina Talazolina Tocainida Meio ácido Grau ionização Grau ionização Ácido úrico Ácido salicílico Conjugados de glicina Conjugados de sulfato Conjugados de ác. Glicurônico Diuréticos tiazídicos Fenobarbital Probenicida Penicilina Meio básico Sulfimpirazona Sulfonamidas Fármacos Básicos (urina ácida aumenta a excreção) Importância do pH da urina na eliminação renal : exemplo Importância do pH da urina na intoxicação: exemplo Ácido Acetilsalicílico Cp g/ml 1000 INTOXICAÇÃO Insuficiência renal Insuficiência respiratória GRAVE Colapso cardiovascular Coma, alucinações e convulsão MODERADA Alcalose respiratória → acidose metabólica Desidratação, hipocalemia e febre LEVE Hiperventilação 750 450 350 300 150 75 0 ANTIINFLAMATÓRIO ANALGÉSICO ANTIPIRÉTICO ANTIPLAQUETÁRIO Tratamento Alcalinização da urina Fármacos eliminados praticamente inalterados na urina Porcentagem Fármacos 75-100% Furosemida, lisinopril, gentamicina, atenolol, digoxina e metformina 50-75% Penicilina, cimetidina, neostigmina, procaianamida e tetraciclina ~ 50% Clopidogrel, atropina, trimetoprim, salbutamol e cefalotina Fatores que interferem na eliminação renal Insuficiência Renal; Fluxo sangüíneo renal: Hemorragias; Insuficiência cardíaca; Choques. Competição de dois fármacos pelo mesmo mecanismo de secreção; pH da urina; Idade. Fatores que interferem na eliminação renal Insuficiência renal Gentamicina Excreção Biliar O ciclo entero-hepático Droga Fígado Ducto biliar Vesícula Hidrólise pela Beta- glicuronidase biliar Formação de bile Biotransformação; Glicuronídeo gerado Circulação porta Intestino Farmacocinética Clínica: Conceitos Dose: Ataque; Manutenção; Frequência posológica; Meia Meia--vida; Clearance Clearance;; Volume de distribuição; Índice terapêutico: Amplo; Estreito. Compartimentos de Distribuição Cinética de dois compartimentos: central e periférico “Compartimento Central” “Compartimento Periférico” Distribuição Administração Dose Volume Periférico Volume Central Eliminação Cp Fase (distribuição) Co Fase (eliminação) iv Tempo após a administração 37 Farmacocinética Clínica Cee ou Css 4-5 meia-vidas 92-95% da curva máxima Índice terapêutico Amplo: Ibuprofeno dose normais podem variar de 400 a 3.200 mg/dia mg/dia sem que haja diferença substancial no efeito ou na toxicidade Paracetamol concentrações efetivas – 15 mg mg/L /L concentrações > 300 mg/L mg/L – efeitos tóxicos Índice terapêutico Estreito: Digoxina concentrações efetivas – 0.50.5-2 ng/ml ng/ml concentrações > 2 ng ng/ml /ml - efeitos tóxicos Teofilina concentrações efetivas - 1010-20 20 g/ml concentrações > 20 g/ml efeitos tóxicos Clearance ou Depuração Definição: é o volume de sangue totalmente depurado de um fármaco por unidade de tempo (mL/min). Cl = taxa de eliminação do fármaco (mg/min) [ ] plasmática do fármaco (mg/ml) Clearance ou Depuração Meia-vida de Eliminação Definição: É o tempo que leva para que metade da droga seja eliminada do corpo. Importância: É usada para avaliar o tempo durante o qual se espera que a droga permaneça no corpo após a última dose dose;; O tempo necessário para que uma droga atinja seu estado de equilíbrio dinâmico dinâmico;; Número de doses diárias diárias.. Meia-vida de Eliminação Concentração Plasmática T1/2 0.693 x Vd/CL 50 % de decréscimo (Conc. = 50) 50 % de decréscimo (Conc. = 25) 50 % de decréscimo (Conc. = 12.5) 3 4 5 1 2 Tempo (múltiplos de meia vida) Quantidade de uma dose de fármaco que permanece e é eliminada no organismo Número de meias--vidas meias decorridas 1 2 3 4 5 Quantidade da dose que permanece no organismo,% 50,00 25,00 12,50 6,25 3,125 Quantidade da dose eliminada,% 50,00 75,00 87,50 93,75 96,875 Fatores que afetam a meia-vida Efeitos na distribuição do fármaco Meia-vida Envelhecimento (massa muscular diminuída → distribuição diminuída) Diminuída Obesidade (massa adiposa aumentada → distribuição aumentada) Aumentada Fluido patológico (distribuição aumentada) Aumentada Efeitos na eliminação do fármaco Indução do citocromo P450 (metabolismo aumentado) Diminuída Inibição do citocromo P450 (metabolismo diminuído) Aumentada Insuficiência hepática (clearance diminuído) Aumentada Insuficiência cardíaca (clearance diminuído) Aumentada Insuficiência renal (clearance diminuído) Aumentada Dose de Ataque Definição: é a dose usada no intuito de atingir imediatamente níveis terapêuticos do fármaco, isto é, concentração do estado de equilíbrio desejada Dose de ataque = Concentração plasmática alvo (mg/L) x Vd (L) Dose de Manutenção Definição: é administração periódica de uma quantidade suficiente do fármaco para repor o fármaco eliminado desde a dose anterior de modo a manter um estado de equilíbrio dinâmico do fármaco no organismo. Dose de manutenção = taxa de dosagem (mg/h) x intervalo (h) biodisponibilidade oral (%) Taxa de dosagem= [ ] plasmática alvo do fármaco (mg/ml) x clearance l/h Farmacologia Clínica Quanto mais freqüente um fármaco é administrado, maior será a quantidade do fármaco numa concentração estável e menores serão as flutuações. FIM