DISCURSO PRONUNCIADO PELO DEPUTADO DARCÍSIO PERONDI (PMDB/RS) NA SESSÃO ORDINÁRIA DE 08/05/2013. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Hoje, oito de maio, uma ação importante aconteceu em vários países que integram a Ulaccam - União Latino-americana Contra o Câncer da Mulher. Os governos desses países foram cobrados para que deem mais atenção e tenham mais atitude em prol dos Direitos Humanos da Saúde da Mulher. Essa ação é justa, se levarmos em conta que a cada ano 118 mil mulheres morrem na América Latina, vítimas do câncer de mama e de colo de útero. Aqui no Brasil o movimento é liderado pela Femama - Federação Brasileira das Instituições Filantrópicas da Saúde da Mama, e pela Amucc – Associação Brasileira de Portadores de Câncer, que protocolaram uma Carta Declaratória no Senado, Câmara dos Deputados, Casa Civil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer – INCA, e Frente Parlamentar de Saúde, da qual sou o presidente. A Declaração deve ser um guia para a redução e eliminação destas doenças como ameaças à vida das mulheres latino-americanas. O objetivo é ampliar a prevenção, a detecção precoce, o diagnóstico, o tratamento e os cuidados paliativos, com qualidade e no tempo certo em todas as fases do processo. O documento aborda principalmente a importância da qualidade de vida da paciente durante e após o tratamento, o acesso a serviços de qualidade de prevenção e detecção dos diversos tipos de câncer da mulher, a precisão do diagnóstico e tratamento imediato e de forma integral, entre outros importantes direitos. Anexei a meu discurso a Declaração que foi entregue. Nós, da Frente Parlamentar da Saúde, apoiamos essa luta. Muito obrigado. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER PARA O CÂNCER DE MAMA E DE COLO DE ÚTERO NA AMÉRICA LATINA A seguinte “Declaração dos Direitos da Mulher para o Câncer de Mama e de Colo de Útero na América Latina” é fruto do compromisso de ativistas da América Latina e do mundo dedicados a chamar a atenção de líderes governamentais, gestores de políticas públicas e sociedade em geral para a crescente crise que o câncer de mama e de colo de útero representa na região. Ela serve como um guia de trabalho para os defensores da causa, governos e sociedade, e chama atenção para a ameaça que o câncer de mama e colo de útero representa na vida das mulheres. Deve também ser um guia para a redução e eliminação do câncer de mama e de colo de útero como potenciais ameaças à vida das mulheres latino-americanas. A cada ano, na América Latina, o câncer de mama e de colo de útero mata mais de 118.000 mulheres. Esta Declaração é uma chamada à ação. Trata-se de um conjunto de propostas que têm como princípio incentivar a luta das mulheres com câncer e de seus familiares na região, em todas as etapas da doença. Estas etapas incluem a garantia de acesso equitativo aos cuidados de saúde, prevenção, rastreamento e detecção precoce, tratamento e cuidados paliativos e fortalecimento dos sistemas de proteção à saúde e bem-estar das mulheres com câncer. Visa também assegurar que as sobreviventes com câncer sejam tratadas com equidade, dignidade e justiça. Como guardiões da declaração, a União Latino-Americana contra o Câncer da Mulher (ULACCAM), fomenta ações para alcançar estas metas em âmbito local, nacional e em toda América Latina. Juntos, lutaremos para alcançar uma América Latina sem câncer; uma América Latina onde a saúde não é uma meta, mas sim um direito humano universal. Todas as mulheres latino-americanas têm direito a: Viver em um ambiente que facilite e apoie um estilo de vida saudável. Deve-se estimular a adoção de hábitos saudáveis (exercício regular, alimentação equilibrada, moderação do consumo de álcool, não fumar). Tais hábitos reduzem significativamente o risco de desenvolver câncer e outras enfermidades não transmissíveis. Acesso a serviços de qualidade de prevenção e detecção precoce dos cânceres da mulher. Deve-se estimular a realização de exame clínico da mama (ECM) e realização da mamografia na idade apropriada, para que o câncer de mama seja detectado a tempo. Para prevenção do câncer de colo de útero, deve-se garantir acesso à vacinação de HPV para as mulheres, na idade apropriada. Para a prevenção de câncer de colo de útero, devem-se promover programas de rastreamento, com bons sistemas de segmento e tratamento. Os programas de rastreamento de câncer de mama e de colo de útero devem ter qualidade comprovada. As mulheres devem receber os resultados dos exames em tempo oportuno. Todas as mulheres com câncer na América Latina têm direito a: Receber atenção médica oportuna e de qualidade, não importando sua condição socioeconômica. As mulheres devem ser tratadas com dignidade e respeito à sua integridade física e moral. O atendimento deve ser realizado por pessoal capacitado e que lute para preservar a vida da paciente, minimizando a dor e os efeitos secundários derivados dos tratamentos. Participar ativamente de seus cuidados de saúde. As mulheres devem contar com informações de fontes fidedignas sobre sua doença, em linguagem acessível. As mulheres devem ser informadas sobre os cuidados mais adequados às suas condições de saúde. Ter acesso igualitário aos melhores tratamentos de qualidade disponíveis, independentemente da geografia ou situação socioeconômica. Inclui medicação, quimioterapia, radioterapia, tratamento hormonal e/ou terapia biológica, dependendo de cada caso. Inclui cirurgia e acesso à reconstrução mamária. Em caso de doença em etapas avançadas, incluir acesso a tratamentos para prolongar e melhorar a qualidade de vida da paciente. Ser diagnosticada com precisão e iniciar o tratamento o mais rapidamente possível. Poder participar, quando possível e apropriado, de estudos clínicos relacionados ao câncer feminino. As investigações devem obedecer às normas éticas que garantam os direitos das pacientes. Reintegrar-se ao trabalho uma vez que esteja recuperada. A mulher não deve sofrer discriminação no trabalho em função de sua doença. A mulher deve ter as mesmas oportunidades de qualquer outra pessoa para obter um emprego. Ser monitorada regularmente devido à possível recorrência do câncer. Ter acesso a cuidados paliativos. Inclui medicação para controlar a dor e demais sintomas, promovendo qualidade de vida à paciente. A mulher deve ter acesso a apoio emocional e psicossocial. Ser tratada de forma integral, de modo interdisciplinar, para poder regressar às suas atividades físicas, sociais e profissionais, incluindo: Acesso a médicos, enfermeiros, psicólogos, grupos de apoio, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e nutricionistas. Acesso aos cuidados necessários para evitar complicações decorrentes dos tratamentos em todas as etapas da enfermidade: diagnóstico, recidiva e cuidados paliativos. Acesso a informações relacionadas aos direitos legais dos pacientes.