1 DOENÇAS VENOSAS CRÔNICAS E O CUIDADO DE ENFERMAGEM ALMEIDA, Pâmela Batista1 BUDÓ, Maria de Lourdes Denardin2 SILVEIRA, Celso Leonel3 ROSA, Adonias Santos4 SILVA, Silvana Oliveira5 SILVA, Silvana Cruz6 Resumo: As Doenças Venosas Crônicas afetam grande parte da população mundial, gerando altos custos ao setor da Saúde Público e Privado. Fatores como maus hábitos alimentares associados ao sedentarismo são predisponentes aos problemas vasculares que interferem na qualidade de vida da população, principalmente a população idosa. A Enfermagem é de extrema importância na realização de cuidados com o tratamento das doenças vasculares e nas orientações, na perspectiva de diminuir os custos do Sistema Público de Saúde e incentivar a autonomia do sujeito, diminuindo as internações hospitalares e o risco de infecções. Descritores: Doenças Vasculares Periféricas; Terapêutica; Enfermagem. Introdução: A população idosa mundial vem crescendo constantemente, o Brasil em 2025 ocupará o sexto lugar em relação aos países com maior número de população idosa. A Doença Venosa Crônica (DVC) constitui um grave problema de saúde pública, devido à sua alta prevalência e grande impacto sócio-econômico1. Segundo dados obtidos no DATASUS no ano de 2004, o Sistema Único de Saúde teve um custo de 43 milhões de reais em cirurgia de varizes, sem mencionarmos aqui os custos do Sistema de Saúde Suplementar e Privado. As inovações tecnológicas e o sedentarismo contribuem significativamente para o crescimento no número de indivíduos idosos acometidos por doenças crônicas2. As doenças vasculares caracterizam-se como um problema de circulação que provoca estreitamento ou obstrução dos vasos que conduzem o sangue ou linfa para braços e pernas, prejudicando o fluxo normal3. A dor isquêmica de origem vascular ocorre pela hipóxia em distúrbios vasculares degenerativos. A ocorrência da dor é devida ao acúmulo de produtos de respiração anaeróbica e desaparece quando o trabalho dos músculos diminui e/ou quando se obtém uma oxigenação adequada dos tecidos, permitindo que o metabolismo retorne ao normal4. A Doença Venosa Crônica (DVC) abrange desde as telangiectasias até as úlceras abertas, em conseqüência da hipertensão venosa crônica em todos os seus graus, causada por refluxo e/ou obstrução1. As úlceras localizadas em membros inferiores são consideradas o estágio final da insuficiência venosa crônica e comprometem as condições sócio-econômicas dos indivíduos que nem sempre conseguem assumir os custos do tratamento, pois acomete na maior parte pessoas em idade produtiva, afastando-as do trabalho5. A insuficiência venosa crônica consiste na incapacidade de equilíbrio entre o fluxo de sangue arterial que chega aos membros inferiores e o fluxo de sangue venoso que retorna ao átrio direito, pela insuficiência do sistema venoso superficial e/ou profundo. Esta incapacidade das válvulas venosas superficiais e /ou profundas gera uma hipertensão venosa que leva a alterações na pele e tecido subcutâneo podendo desenvolver varicosidades6. As úlceras 1 Autora-relatora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. Email: [email protected] 2 Autora. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa: “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. 3 Autor. Enfermeiro. Mestrando do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 4 Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 5 Autora.Enfermeira. Mestranda do Curso de Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e da Missões - Campus de Santiago/RS. . Membro do Grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 6 Autora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”-UFSM. 2 localizadas em membros inferiores são consideradas o estágio final da insuficiência venosa crônica e comprometem as condições sócio-econômicas dos indivíduos que nem sempre conseguem assumir os custos do tratamento, pois acomete na maior parte pessoas em idade produtiva, afastando-as do trabalho7. Objetivo: apresentar o cuidado de enfermagem realizado no tratamento de pacientes acometidos por doença venosa crônica, na perspectiva de melhorar a qualidade de vida do paciente, estimular a educação permanente dos profissionais no sentido de aprimorar o conhecimento a cerca da temática e ajudar na diminuição dos custos do Sistema de Saúde brasileiro. Metodologia: o trabalho foi realizado subsidiado por uma revisão bibliográfica acerca da temática das doenças venosas crônicas com o enfoque na realização do cuidado a cerca do tratamento das Doenças Venosas Crônicas. Resultados e Discussão: É importante distinguir a fonte, no caso de varizes primárias é necessário analisar a existência de dormência, cãibras, sensação de peso, edema vespertino, número de gestações, entre outros. No caso de síndrome pós-trombótica é importante analisar a ocorrência de edema pós-parto, fraturas em membros inferiores, anticoncepcional, tabagismo, longo período acamado, qualquer situação que possa ter desencadeado trombose venosa profunda. Independente da etiologia a dor tende a melhorar com a elevação dos membros inferiores e aumentar na posição ortostática5. As principais causas pela insuficiência venosa crônica que culmina com o aparecimento de úlceras de estase são as varizes primárias e a síndrome5 pós-trombótica6. As úlceras de estase geralmente apresentam-se localizadas no terço distal da face medial da perna, adjacente ao maléolo medial. A lesão apresenta bordas regulares, bem definidas, tecido raso, grande quantidade de tecido de granulação mesmo existindo tecidos desvitalizados e até mesmo necróticos. Em torno da lesão a pele apresenta eczema e dermatofibrose. Exames tais como hemograma completo e glicemia devem ser solicitados no intuito de diagnosticar possíveis doenças associadas5. As úlceras de estase podem permanecer anos sem cicatrizar, tornando seu custo social alto. O tratamento quando bem conduzido e seguido pelo paciente, pode cicatrizar a úlcera. Entretanto há necessidade de medidas de suporte, como a utilização de meias elásticas em muitos casos, para evitar a recidiva precoce da úlcera 5. O tratamento mais simples das úlceras de estase consiste na higienização da úlcera e repouso prolongado, com a elevação dos membros inferiores para diminuir a hipertensão venosa. Indica-se que a elevação dos membros inferiores seja de 15 a 20 cm dos pés da cama, facilitando o retorno venoso. A cada duas horas de repouso com elevação das pernas indica-se 20 minutos de deambulação. No caso de utilização de contenção elástica é imprescindível fazer a medição do membro sem edema no tornozelo, panturrilha e coxa, para que a indicação do tamanho e nível da compressão seja correta 5. O sentido de compressão das faixas elásticas é o do pé-joelho, sendo que a pressão deve ser maior no pé e tornozelo e diminuir progressivamente em direção ao joelho. O exame Dopller avalia o fluxo arterial do membro acometido, já que a presença de doença arterial ou mesmo infecção contraindicam o método da elastocompressão7. Os sintomas das Doenças Vasculares Periféricas (DVP) venosas, mais comuns nos membros inferiores, incluem o surgimento de varizes ou veias dilatadas, dores, edemas, lesões tróficas e tromboses venosas 12 dermatite, hiperpigmentação, dermatofibrose, linfedema secundário5. O exame clínico das doenças vasculares periféricas baseia-se na procura e interpretação de sinais e sintomas 1 Autora-relatora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. Email: [email protected] 2 Autora. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa: “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. 3 Autor. Enfermeiro. Mestrando do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 4 Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 5 Autora.Enfermeira. Mestranda do Curso de Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e da Missões - Campus de Santiago/RS. . Membro do Grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 6 Autora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”-UFSM. 3 que podem ser encontrados no local de uma alteração. Ao final do exame pode-se chegar a um diagnóstico e ao grau de acometimento dos órgãos e tecidos. A realização de um exame clínico sistemático pode diagnosticar mais de 90% das doenças vasculares periféricas8. As atividades físicas quando bem orientadas melhoram o retorno venoso nos membros inferiores, aliviando os sintomas provocados pelas varizes. Alguns fatores como a obesidade, gestações múltiplas, sedentarismo, permanecer longos períodos de pé, agravam as doenças venosas em pessoas que já possuem predisposição em desenvolvêlas9. Em geral, na população idosa tende a diminuir a força, resistência e massa muscular, capacidade de hipertrofia, taxa metabólica do músculo em repouso, densidade mineral óssea, funções física, pelo próprio fator de envelhecimento. Entretanto essa população quando exposta a exercícios resistidos melhoram consideravelmente estes fatores e ainda diminuem a composição corpórea de gordura. A maioria dos benefícios na capacidade de deambulação dos pacientes foi obtida através de atividades físicas do tipo caminhada, e com o apontamento de muitas dúvidas quanto aos resultados acerca do benefício dos exercícios resistidos10. Conclusão: As Doenças Vasculares Periféricas (DVP) constituem um grave problema se saúde pública que acarreta em um grande impacto sócio-econômico ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os fatores de risco modificáveis tais como o consumo de alimentos ricos em gorduras e de baixo teor nutricional associados ao tabagismo e ao sedentarismo além do estilo de vida imposto pela sociedade globalizada que não prioriza hábitos saudáveis, são designados na atualidade como os grandes contribuintes para o surgimento das vasculopatias. A divergência nos diagnósticos, tratamentos, e o universo empírico que envolve as doenças venosas crônicas estimularam a realização deste estudo, pois a educação permanente do profissional enfermeiro é fundamental para que ele, enquanto líder de uma equipe e responsável também pela educação em serviço dos profissionais da enfermagem, que compõem sua equipe, esteja em constante atualização para melhorar suas competências e desenvolver novas habilidades para a realização do cuidado. O tratamento conservador das doenças do sistema circulatório depende em grande parte de mudanças nos hábitos de vida, na alimentação, na realização de atividades físicas adequadas, no controle dos fatores de risco (tabagismo, obesidade, etc.) e de condições desencadeantes, além do tratamento farmacológico de doenças associadas (hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, entre outros). As atividades físicas quando bem orientadas melhoram o retorno venoso nos membros inferiores, aliviando os sintomas provocados pelas varizes. Verifica-se dessa forma, a importância do estudo em relação aos cuidados com o tratamento das Doenças Venosas Crônicas, na perspectiva de estimular a realização de grupos de estudo e educação permanente, no sentido de orientar a população, tendo em vista que o tratamento conservador das doenças do sistema circulatório depende em grande parte de hábitos de vida modificáveis e cuidados simples, bem orientados por profissionais da área da saúde, e que podem ser realizados fora do ambiente hospitalar, diminuindo dessa forma a exposição do paciente a riscos de infecções e altos custos para o Sistema Único de Saúde. 1 Autora-relatora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. Email: [email protected] 2 Autora. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa: “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. 3 Autor. Enfermeiro. Mestrando do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 4 Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 5 Autora.Enfermeira. Mestranda do Curso de Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e da Missões - Campus de Santiago/RS. . Membro do Grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 6 Autora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”-UFSM. 4 Referências Bibliográficas: 1 CASTRO E SILVA M, et. al. Diagnóstico e tratamento da Doença Venosa Crônica- J Vasc Br 2005;4(Supl.2):S185-94.Copyright © 2005 by Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. 2 JACOB-FILHO W. Promoção da saúde do idoso: um desafio interdisciplinar. In: Jacob-Filho W, Carvalho ET, editores. Promoção da saúde do idoso. São Paulo: Lemos; 1998. p.11-18. 3 SILVA, D.K, NAHAS, M.V. Prescrição de exercícios físicos para pessoas com doença vascular periférica. Ver. Bras. Ciên. e Mov. 10 (1) :55-61, 2002. 4 RAMER MS, MURPHY PM. Neurophathy Pain. Pain 1998;78(2);79-156. 5 FIGUEIREDO, M. Úlceras Varicosas. In: Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editors. Angiologia e Cirurgia Vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. 6 BARROS JR. N. Insuficiência venosa crônica. In. Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e Cirurgia Vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em URL: http://www.lava.med.br/livro 7 FALANGA F, EAGLSTEIN WH, editores. Úlceras dos membros inferiores: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter; 1996. 8 BAPTISTA-SILVA, JCC. O exame vascular. In: Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 9 PITTA GBB, CASTRO AA, BURIHAN E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. 10 SIMÃO R. Fisiologia e prescrição de exercícios para grupos especiais. São Paulo: Phorte; 2004. p.121-5. 1 Autora-relatora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. Email: [email protected] 2 Autora. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa: “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. 3 Autor. Enfermeiro. Mestrando do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 4 Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 5 Autora.Enfermeira. Mestranda do Curso de Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e da Missões - Campus de Santiago/RS. . Membro do Grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 6 Autora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”-UFSM. 5 1 Autora-relatora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. Email: [email protected] 2 Autora. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa: “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. 3 Autor. Enfermeiro. Mestrando do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 4 Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 5 Autora.Enfermeira. Mestranda do Curso de Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e da Missões - Campus de Santiago/RS. . Membro do Grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 6 Autora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”-UFSM.