edifício longo

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Instituto Brasileiro do Concreto
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Márcio Murilo Ferreira de Ferreira, M.Sc. (1) [email protected]
Antônio Oscar Cavalcanti da Fonte, D.Sc. (2) [email protected]
Archimino Cardoso de Athayde Neto, M.Sc. (3)
(1) Mestre em Ciências em Engenharia Civil – Universidade Federal de Pernambuco.
(2) Professor Doutor – Departamento de Eng. Civil – Universidade Federal de Pernambuco.
(3) Professor Doutor – Departamento de Eng. Civil – Universidade Federal do Pará.
Acadêmico Hélio Ramos s/n, Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50740-540
R
RE
ES
SU
UM
MO
O
O objetivo geral deste trabalho é a avaliação do Concreto de Alto Desempenho (CAD)
empregado em edifícios altos.
São apresentadas comparações de custos totais e de comportamento estrutural, a partir
dos resultados de cálculos de dimensionamento realizados para três modelos adotados para
um mesmo edifício alto real de 30 pavimentos: o primeiro com concreto de resistência
convencional de 30 MPa em todos os pavimentos; o segundo com CAD aplicado apenas nos
pilares, com variação de resistência ao longo da altura de 65, 45 e 30 MPa e o terceiro com
CAD aplicado nos pilares e nas vigas, sofrendo variação de classe de resistência idêntica à
do modelo anterior, ao longo da altura do edifício.
A variação da resistência ao longo da altura nos edifícios foi especificada de modo a
promover economia no consumo de formas, aço e concreto, com as seções transversais dos
pilares constantes do primeiro ao último pavimento. Para os cálculos foi adotado o referencial
teórico preconizado por normas indicadas para o cálculo com Concretos de Alta Resistência
e de Alto Desempenho, como a norueguesa NS 3473-92.
Os resultados mostraram que o CAD pode proporcionar economia de custos e
suavização das cargas atuantes nas fundações. Contudo, problemas relativos à estabilidade
global podem tomar lugar se forem reduzidas as seções dos elementos estruturais.
43o Congresso Brasileiro do Concreto
1
Instituto Brasileiro do Concreto
11.. IIN
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Sendo a durabilidade o fator que se consolida cada vez mais como imprescindível para
as obras de engenharia civil, é essencial o estudo da aplicação em estruturas tipo edifícios
altos, de concretos que aliem alta resistência à compressão a elevados níveis de
durabilidade, como acontece com os CAD.
É muito importante que ao final de um trabalho como este, que trata da pesquisa sobre
um material que, apesar de não ser novidade, ainda não se encontra em estado pleno de
utilização, como é o caso do Concreto de Alto Desempenho, se chegue em conclusões que
traduzam os resultados em números práticos, do ponto de vista, por exemplo, da diferença
relativa aos custos finais, às cargas nas fundações e à estabilidade global em estruturas em
que se faça uso deste material, comparativamente aos resultados obtidos de estruturas
calculadas com concretos convencionais de resistências normais.
22.. D
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A estrutura utilizada para estudo foi a de um edifício real de 33 pavimentos, composto
de: cintamento, térreo, dois pavimentos garagem, 25 pavimentos-tipo, dois pavimentos
referentes a apartamentos duplex, além dos pavimentos referentes a casa de máquinas e
caixa d’água. Foi especificado, no projeto original deste edifício, um concreto de fck 30 MPa
para pilares, vigas e lajes, em todos os pavimentos. A planta baixa do pavimento-tipo, de
área igual a 310.3 m2 (incluindo as áreas dos elevadores e da escada), é mostrada na figura
01.
O edifício, ainda em fase de construção até a data do término deste trabalho, está
localizado na cidade de Belém–PA e teve como autor do projeto estrutural original o
engenheiro civil Archimino Cardoso de Athayde Neto. A figura 02 mostra o edifício na 24a
laje.
43o Congresso Brasileiro do Concreto
2
V29
419
20x80
6
V3 20x80
V33 12x60
452
P8
V27 20x70
2173
V18 12x60
452
V3
5
V4 12x60
320
V5 12x60
320
V29 12x60
353
V38
V38
V3
8
V34 12x60
123
V12 12x60
218
V11 14x65
437
L21
452
L22
P22
20x110
L20
P24
V15 12x60
410
V41
V15 12x60
410
L 80x55x20x20
V42
V14
392
V30 12x60
L 55x80x20x20
P26
V16 12x60
437
V16 12x60
437
L23
L 55x50x20x20
L24
2
V4
0
x4
10
2
V4
V4
1
0
x4
10
10
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0
10
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0
P25
V42
P23
L 50x55x20x20
V4
1
V14 12x60
392
V27 20x70
395
V24 20x70
395
V13 12x60
V21 12x60
V13
V41
V19
V32
L18
20x115
V11 14x65
358
10
x4
0
L19
30x175
V11
V11 14x65
350
V11 14x65
V32 12x60
250
V11 14x65
437
V30 12x60
437
V11 14x65
350
V27 20x70
323
0
x4
10
L17
P21
20x110
P20
P19
30x175
V24 20x70
323
0
V4
L16
V11
V21 12x60
437
452
V11 14x65
358
V19 12x60
251
V11
437
8
V3
L13
V27 20x70
452
V25 12x45
285
L15
P16
20x115
L9
V34 12x60
439
L12
40x197
V10 12x45
352
V3
8
V33 12x60
182
25x175
38
V38 V
P18
V10 12x45
452
V24 20x70
452
P15
V28 12x60
452
452
V26
452
L14
P17
40x197
P14
V8 15x70
452
V8 15x70
V38 V
38
V3
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L11
P13
V8 15x70
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V9 12x45
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V24 20x70
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376
V17 12x60
439
L10
V38
30x173.5
V8 15x70
452
V9 12x45
291
V37
L8
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V31 12x45
376
V17 12x60
123
V24
V7 15x70
452
32x232
V27
452
V7 15x70
452
V7 15x70
V26 12x45
452
V7 15x70
452
V6 12x45
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V27 20x70
286
P10
254
30x173.5
25x175
V6 12x45
452
V27 20x70
452
V23 12x60
452
P12
12x45
452
V24 20x70
452
V18 12x60
182
V37 V
37
32x232 V6
V38
7
V3
V37
P11
V38
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V37 V
V3
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L5
8
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L7
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V37
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V3
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V37
V22 12x60
353
L3
7
V3
20x90
V2 12x60
429
V36
L 80x70x20x20
P7
P4
20x120
V29
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0
P3
10
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L2
P5
V22
419
V22
0
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10
L1
L 70x80x20x20
V3 12x60
437
5
V3
V35
V3
6
P6
V3
5
20x120
V1 12x60
429
V3
6
P2
20x90
V24 20x70
2173
P1
10
x4
0
Instituto Brasileiro do Concreto
Figura 01 – Planta baixa do edifício.
a) Vista lateral
b) Vista frontal
Figura 02 – Edifício na 24a laje.
A figura 03-a) mostra o desenho do pórtico tridimensional do projeto original do edifício,
com seus 33 pavimentos. Nos cálculos realizados neste trabalho foram considerados apenas
43o Congresso Brasileiro do Concreto
3
Instituto Brasileiro do Concreto
os 30 pavimentos correspondentes à torre do edifício, adotando os pavimentos térreo e
garagens como idênticos aos pavimentos-tipo e desconsiderando os pavimentos referentes a
casa de máquinas e caixa d’água (figura 03-b).
a) Estrutura original.
b) Estrutura considerada
para estudo.
Figura 03 – Desenho 3D do edifício – Estrutura original.
33.. E
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DIIFFÍÍC
CIIO
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S
Procurou-se empregar, nos cálculos de dimensionamento do edifício adotado, os aspectos,
propriedades e critérios de cálculo sugeridos por diversas normas e pesquisadores do CAD.
Alguns fatores como o modelo estrutural adotado, o módulo de elasticidade e o coeficiente de
Poisson dos concretos, a distribuição racionalizada de fck’s entre os elementos estruturais, o
tipo de união entre elementos de diferentes classes de resistência, entre outros, foram
adotados diretamente nas configurações e critérios de cálculo dos softwares, e tiveram
influência direta sobre os resultados finais de estabilidade global, de detalhamento e de
consumo de materiais.
43o Congresso Brasileiro do Concreto
4
Instituto Brasileiro do Concreto
Entretanto, diversos outros aspectos, tais como os traços utilizados para os concretos
normais e de alto desempenho; as dosagens otimizadas de superplastificante, microssílica,
cimento e água; o tipo de cimento utilizado; o tipo, formato e tamanho dos agregados
graúdos; o módulo de finura da areia; entre outros, apesar de não terem sido configurados
na entrada de dados dos softwares, tiveram relevância na composição dos custos dos
materiais e, consequentemente, influência direta na determinação dos custos finais dos
edifícios.
44.. M
MO
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ELLO
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DIIFFÍÍC
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Coonnccrreettoo ddee rreessiissttêênncciiaa àà ccoom
mpprreessssããoo ddee 3300 M
MP
Paa ppaarraa ppiillaarreess,,
Mooddeelloo II –– C
vviiggaass ee llaajjeess ((eeddiiffíícciioo ccoom
m aa eessttrruuttuurraa oorriiggiinnaall))..
O primeiro modelo adotado para o edifício se constituiu em uma repetição do seu cálculo
original, utilizando fck = 30 MPa em todos os pavimentos. Mantiveram-se as mesmas seções
transversais dos elementos estruturais, bem como o mesmo número de reduções de seção
sofridas pelos pilares ao longo da altura (duas).
A prática da redução das seções transversais dos pilares ao longo da altura em
edifícios é bastante comum em escritórios de projeto. Basicamente o intuito é o de se
minorar os gastos com concreto e, principalmente com aço. Se os pilares de um edifício
apresentarem as mesmas seções transversais do primeiro ao último pavimento, tendo a
estrutura um número considerável de pavimentos, o consumo de aço, mesmo nos últimos
andares, será muito alto, pois ter-se-á que respeitar as taxas de armadura mínimas impostas
por norma para estas seções.
Entretanto, quando se opta por efetuar estas reduções ao longo da altura, em edifícios, o
tempo de execução é aumentado, devido às mudanças necessárias nas formas, nos andares
em que as seções dos pilares são alteradas, aumentando simultaneamente o custo com as
formas. Este desperdício de tempo é significativo a ponto de algumas construtoras preferirem
ter um custo maior com aço a optar pela redução nas seções dos pilares.
O esquema das reduções de seções sofridas pelos pilares, no modelo I do edifício é
representado na figura 04.
43o Congresso Brasileiro do Concreto
5
Instituto Brasileiro do Concreto
17o ao 30 pav. tipo
2a redução de seção
Vigas e lajes
fck 30 MPa
7o ao 16o pav. tipo
a
1 redução de seção
Seções variáveis /
resistência constante
fck 30 MPa
Fundação ao 6o
pav. tipo
Figura 04 - Reduções de seção para os pilares do modelo I.
44..22)) M
CA
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D aapplliiccaaddoo ssoom
meennttee nnooss ppiillaarreess ddaa eessttrruuttuurraa.. V
Vaarriiaaççããoo ddaa
Mooddeelloo IIII –– C
rreessiissttêênncciiaa aaoo lloonnggoo ddaa aallttuurraa ((6655,, 4455 ee 3300 M
MP
Paa))..
Quando se pensa concomitantemente em preço por metro cúbico de concreto e
Concreto de Alto Desempenho, logo se imagina “custos elevados”. É indiscutível que o preço
por metro cúbico dos CAD, é maior do que o dos concretos convencionais. Ao se raciocinar
com este aspecto, o CAD seria pouco interessante para o mercado, se fosse necessária a
utilização deste material em todos os elementos estruturais e em todos os andares de um
edifício alto, por exemplo.
O limite de economia proveniente da utilização dos CAD está intimamente ligado à
criatividade dos projetistas. Distribuições bastante inteligentes de fck’s em estruturas de
edifícios são adotadas em países que utilizam estes materiais há muitos anos, conseguindo
fazer com que os custos iniciais elevados sejam absorvidos e compensados com outros
fatores, tais como: menores volumes de concreto, alívio das cargas nas fundações,
economia com formas, menor consumo global de aço, economia com mão-de-obra e
redução significativa no tempo de execução.
O objetivo do modelo II é o de fazer com que as seções dos pilares fiquem constantes
ao longo da altura do edifício, inibindo, assim, os gastos adicionais com formas, decorrentes
43o Congresso Brasileiro do Concreto
6
Instituto Brasileiro do Concreto
da redução das seções dos pilares e também os gastos elevados com consumo de aço. O
procedimento realizado foi basicamente o seguinte:
! Adotou-se, nos nove primeiros pavimentos (do térreo ao 6o pav. tipo), as menores seções
possíveis para os pilares, utilizando para isto um concreto com classe elevada de
resistência (65 MPa);
! Realizou-se um primeiro cálculo para verificar se as seções pré-dimensionadas dos
pilares dos primeiros pavimentos eram suficientes. Se algum resultado não o fosse,
procedia-se novo cálculo até que todas as seções se comportassem de forma satisfatória;
! Verificou-se, para cada um dos pilares dos pavimentos da primeira classe de resistência
(65 MPa), suas taxas de armadura. Quando as referidas taxas se aproximavam dos
valores correspondentes às armaduras mínimas, passava-se, a partir do andar
imediatamente superior, a adotar uma classe inferior de resistência para o concreto (45
MPa), mantendo-se, contudo, as mesmas seções transversais;
! Realizou-se então um novo cálculo para verificar se as seções pré-dimensionadas dos
pilares da segunda série de pavimentos (do 7o ao 16o pav. tipo), já com concreto de
menor resistência mas com seções transversais idênticas às dos pilares dos pavimentos
iniciais, eram suficientes. Igualmente ao primeiro cálculo, procedeu-se repetições de
dimensionamento se alguma seção em um dos lances não fosse suficiente para suportar
as solicitações atuantes;
! Quando os pilares do 1o até o 16o pavimento (participantes da primeira mudança de
resistência, a qual ocorreu do 6o para o 7o pavimento tipo) foram calculados
completamente, o processo se repetiu para que se pudesse realizar a última mudança de
resistência (do 16o para o 17o pav. tipo). Foi feito o acompanhamento das taxas de
armadura para os pilares dos pavimentos superiores e novamente variada a classe de
resistência do concreto, agora para 30 MPa (figura 05).
43o Congresso Brasileiro do Concreto
7
Instituto Brasileiro do Concreto
17o ao 30 pav. tipo
30 MPa -2a redução de fck
7o ao 16o pav. tipo
Vigas e lajes
fck 30 MPa
45 MPa -1a redução de fck
Seções constantes /
resistência variável
65 MPa
Fundação ao 6o pav.
tipo
Figura 05 – Distribuição da resistência à compressão no modelo II.
44..33)) M
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D aapplliiccaaddoo nnooss ppiillaarreess ee nnaass vviiggaass ddaa eessttrruuttuurraa.. V
Vaarriiaaççããoo ddaa
Mooddeelloo IIIIII –– C
rreessiissttêênncciiaa ppoorr ppaavviim
meennttoo aaoo lloonnggoo ddaa aallttuurraa ((6655,, 4455 ee 3300 M
MP
Paa))..
Quando se opta pela utilização de um Concreto de Alto Desempenho em uma estrutura,
o objetivo principal deve ser a garantia da durabilidade. Depara-se então com um impasse:
para que se possa garantir que a estrutura, como um todo, apresente durabilidade, deve-se
fazer com que todos os elementos estruturais da mesma sejam moldados com CAD. No
entanto, sabe-se também que se for procedido desta forma, perde-se parte da economia
obtida com a racionalização da distribuição de fck’s entre pilares, vigas e lajes realizada no
modelo anterior. Esta questão é de difícil solução.
No modelo III adotou-se também concretos com classes de resistência variando de 65 a
30 MPa ao longo da altura do edifício, contudo, neste modelo considerou-se os pilares e as
vigas compartilhando das mesmas classes de resistência em seus concretos.
Portanto, a intenção no modelo III é verificar como se apresentam os custos finais com
a adoção do CAD também nas vigas, ou seja, verificar se nas vigas se obterá ou não a
economia que foi conseguida no caso dos pilares. A figura 6 mostra o esquema da
distribuição de fck’s entre os elementos estruturais ao longo da altura no modelo III.
43o Congresso Brasileiro do Concreto
8
Instituto Brasileiro do Concreto
Vigas fck 30 MPa
17o ao 30 pav. tipo
30 MPa - 2a redução de fck
Vigas fck 45 MPa
Lajes fck
30 MPa
7o ao 16o pav. tipo
45 MPa - 1a redução de fck
Seções constantes /
resistência variável
65 MPa
Fundação ao 6o pav.
tipo
Vigas - fck 65 MPa
Figura 06 – Distribuição da resistência à compressão no modelo III.
55.. R
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ULLTTA
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55..11 C
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mppaarraaççããoo ddee ccuussttooss
55..11..11 V
Voolluum
mee ttoottaall ee ccuussttoo ttoottaall ccoom
m ccoonnccrreettoo
No modelo II o volume total de CAD é pequeno se comparado ao volume de concreto
convencional utilizado (fck 30 MPa). O volume total de CAD, somando-se os volumes
correspondentes aos concretos de resistências de 45 e 65 MPa, é cerca de 13,7% neste
modelo em relação ao volume total de concreto consumido no edifício (figura 7-a). No
modelo III o volume total de CAD utilizado é correspondente a 29,18% do volume total de
concreto usado no edifício (figura 7-b).
Comparando-se globalmente os três modelos com relação aos volumes consumidos de
concreto, independentemente da classe de resistência, verifica-se que o edifício calculado a
partir do modelo II apresentou um volume total de 2089,3 m3 contra 2247,9m3 no modelo I,
uma redução de 7,05% no volume total de concreto empregado. O modelo III apresentou um
volume total de 1969,7m3, representando uma redução maior no volume total de concreto,
em relação ao modelo I, de 12,37%.
43o Congresso Brasileiro do Concreto
9
Instituto Brasileiro do Concreto
13.70%
a)
CAD
b) Modelo III
Modelo II
CRN
b)
CRN
CAD
Modelo III
13.70%
29.18%
CAD
CRN ao volume total de concreto.
Figura 07 – Volume de CAD utilizado em comparação
O volume total de concreto usado no modelo I custa R$314.706,00, enquanto que o
concreto utilizado no modelo II implicou em um custo total de R$ 298.371,44 e o modelo III,
R$ 287.484,47. Portanto, o modelo II apresentou uma redução de R$16.334,56 no custo
29.18%
total, traduzindo-se em 5,19% de economia. O modelo III proporcionou uma redução de
R$27.221,53 no custo total, produzindo uma economia de 8,65%, se configurando como o
mais econômico entre os três modelos.
55..11..22 P
Peessoo ttoottaall ee ccuussttoo ttoottaall ddee aaççoo
No modelo I são necessários 186066,68 Kg de aço, o que corresponde a um custo de
R$236.304,70, fazendo deste o mais caro dos três modelos. Em ordem decrescente de custo
vem o modelo II, com R$ 209.173,65 (peso total de aço de 164703,66 Kg) e o modelo III, o
mais barato em relação aos custos com aço, com um peso total de 159606,84 Kg,
correspondendo ao custo de R$ 202.700,68.
Portanto, no tocante ao consumo de aço, o modelo II apresenta uma economia de
11,48% em relação ao modelo I. Já o modelo modelo III mostra uma economia ainda maior
(14,22%), em relação ao modelo I.
O consumo de aço nos 9 primeiros pavimentos dos modelos II e III foi
consideravelmente menor do que nos correspondentes pavimentos do modelo I, indicando
que nas seções dos pilares com concreto de alta resistência, o concreto passa a responder
mais efetivamente pelos carregamentos atuantes, deixando as taxas de armadura
longitudinal menores, como será mostrado a seguir.
43o Congresso Brasileiro do Concreto
10
Instituto Brasileiro do Concreto
Quando se usa concretos de alta resistência em pilares de edifícios, optando-se por manter
as seções transversais constantes e reduzir a resistência do concreto ao longo da altura nestes
elementos, as taxas de armadura longitudinal se comportam de forma a diminuir e aumentar
conforme a variação da classe de resistência do concreto.
Um pilar do 1o pavimento foi escolhido para exemplificar as diferenças de detalhamento com
concreto convencional e com CAD: o pilar P1 (simétrico ao P4). Na figura 08 é mostrado o
detalhamento do pilar P1 no edifício do modelo I (fck 30 MPa), na figura 09 é mostrado o
detalhamento do mesmo pilar com concreto de resistência 65 MPa, no edifício calculado a partir
do modelo II.
P1 = P4 (modelo I)
2.80
GR2 – L2
280
14 N1 c/19
N2
28 N4 φ 16.0 C = 334
87 cm
280
90 cm
2 N3 φ 16.0 C = 278
17 cm
278
20 cm
0.00
28 N2 φ 5.0 C = 27
14 N1 φ 5.0 C = 216
Figura 08 – Detalhamento dos pilares P1 e P4 (modelo I).
No modelo I os pilares P1 e P4 apresentam, no primeiro pavimento, seções transversais de
20 x 90 cm, com as armaduras longitudinais compostas por 30 barras de 16 mm em cada um,
resultando em uma taxa de armadura de 3,35% e um As efetivo de 60,33cm2 (figura 08). No
modelo II, com o aumento da resistência para 65 MPa nos primeiros pavimentos, estes mesmos
pilares passaram a requerer apenas 20 x 60 cm de área da seção transversal, reduzindo o
número de barras da armadura transversal para 20 barras de bitola 12,5 mm, com taxas de
armadura de 2,05% e As efetivo igual a 24,54cm2 (figura 09).
43o Congresso Brasileiro do Concreto
11
Instituto Brasileiro do Concreto
2.80
25
P1 = P4 (modelo II)
GR2 – L2
N2
18 cm
18 N1 φ 5.0 C = 160
18 N1 c/ 15
58 cm
280
60 cm
20 N3 φ 12.5 C = 305
280
20 cm
0.00
36 N2 φ 5.0 C = 27
Figura 09 – Detalhamento dos pilares P1 e P4 (modelo II).
55..11..33 C
Cuussttoo rreellaattiivvoo ààss ffoorrm
maass
De posse de um valor médio do preço/m2 de forma, que já incluía o custo com o material
(madeirit) e com a mão-de-obra, procedeu-se simplesmente a multiplicação do mesmo pela
somatória das áreas de forma em todos os pavimentos dos edifícios. O modelo III foi o que
consumiu menos forma por pavimento ao longo de todos os andares, seguido pelo edifício
calculado a partir do modelo II. Também com relação aos gastos com formas, o edifício mais
caro é aquele calculado a partir do modelo I, e o mais barato foi aquele calculado a partir do
modelo III. A soma total, dada em metros quadrados, das áreas de forma nos modelos I, II e III
é, respectivamente, 25176,7 m2, 24193,6 m2 e 23026,2 m2. Estes valores geram os custos totais
descritos no gráfico da figura 10.
R$ 246.741,66
R$ 237.097,28
R$ 225.656,76
Modelo I
Modelo II
Modelo III
1
Figura 10 – Custos totais relativos às formas – Modelos I, II e III.
o
43 Congresso Brasileiro do Concreto
12
Instituto Brasileiro do Concreto
55..11..44 C
Cuussttoo ttoottaall ddee ccaaddaa eeddiiffíícciioo
Os modelos II e III apresentam, desde os andares iniciais até os últimos, custos por
pavimento significativamente menores do que os do modelo I (figura 11).
29
27
25
MODELO III
23
MODELO II
21
MODELO I
19
17
Andar No
15
13
11
9
7
5
3
1
Custo em R$
Figura 11 – Custo total dos MODELOS I, II e III.
R$ 797.742,36
R$ 744.642,37
Modelo I
Modelo II
Modelo III
R$ 715.841,91
1
Figura 12 – Custo total de cada edifício (concreto + aço + formas).
55..22 C
Caarrggaass nnaass ffuunnddaaççõõeess
Foram comparados os resultados relativos às cargas solicitantes nas fundações dos
modelos I e III. Com relação ao peso próprio, as fundações do modelo I sofrem um total de
43o Congresso Brasileiro do Concreto
13
Instituto Brasileiro do Concreto
5871,01 tf de carregamento, contra 5133,72 tf nas fundações do modelo III. Isto corresponde a
uma suavização de 12,56% de carga no modelo em que foi adotado o CAD nos pilares e nas
vigas, devido às reduções nas seções transversais destes elementos.
Comparando-se as cargas máximas nas fundações, correspondentes à soma das cargas
devidas ao peso próprio, cargas permanentes e cargas acidentais, foi verificado que as
fundações do edifício calculado a partir do modelo I são solicitadas com um total de 11244,07 tf,
contra 10505,42 tf nas fundações do modelo III. Portanto, verificando-se uma suavização total
de carga de cerca de 6,57% em relação as fundações do modelo I.
55..33 V
Veerriiffiiccaaççããoo ddaa eessttaabbiilliiddaaddee gglloobbaall
O edifício calculado a partir do modelo I, com concreto convencional, foi o que apresentou
os menores deslocamentos horizontais ao longo da altura, apresentando 4,1cm de deslocamento
máximo no eixo X e 10,67 cm no eixo Y (figura 13). A tabela 01 mostra os parâmetros de
estabilidade global para os três modelos adotados para o edifício.
Pode-se perceber que todos os edifícios (inclusive o calculado com concreto de
resistência convencional) são considerados como “estruturas de nós deslocáveis”, por
apresentarem ambos os parâmetros de estabilidade (alfa e gama-z) com valores acima dos
valores de referência.
Tabela 3.35 – Parâmetros de estabilidade global – Modelos I, II e III.
PARÂMETRO
MODELO I
MODELO II
MODELO III
Coeficiente alfa (α)
X
0,72
0,91
0,80
Y
0,69
0,77
0,72
Coeficiente Gama – Z (γz)
X
1,18
1,221
1,23
Y
1,13
1,122
1,14
Momento de tombamento
de cálculo (tf.m)
X
3316,33
3316,33
3316,33
Y
9353,16
9353,16
9353,16
Momento de 2a ordem
de cálculo (tf.m)
X
501,13
599,7
624,03
Y
1067,88
1125,48
1162,48
O modelo I, como já era esperado, é o que apresenta o comportamento mais próximo
de
uma
estrutura
“indeslocável”.
43o Congresso Brasileiro do Concreto
Já
os
modelos
II
e
III
apresentam
valores
14
Instituto Brasileiro do Concreto
consideravelmente acima do limite para os seus coeficientes Gama-Z na direção X, com
respectivamente 1,221 e 1,23, mostrando que para estes dois modelos dever-se-ia efetuar
um estudo mais criterioso e talvez fornecer maior rigidez à estrutura na direção mencionada.
11.37
5.44
Modelo I
Modelo II
Modelo III
Deslocamentos horizontais (cm)
a) Eixo X
Andar No
Andar No
5.27
4.1
30
29
28
27
26
25
24
23
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
10.67
30
29
28
27
26
25
24
23
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
12.45
Modelo I
Modelo II
Modelo III
Deslocamentoshorizontais(cm)
b) Eixo Y
Figura 13 - Deslocamentos horizontais de andar – Eixos X e Y.
66.. C
CO
ON
NC
CLLU
US
SÕ
ÕE
ES
S
! CAD promoveu economia de consumo de materiais em ambos os edifícios em que foi
empregado;
! Os índices globais de economia de custos obtidos, em relação ao edifício com concreto
convencional, foram de 6,7% no modelo com CAD só nos pilares e de 10,37% no modelo
com CAD aplicado nos pilares e nas vigas;
! O edifício com CAD nos pilares e nas vigas apresentou uma suavização de carga em suas
fundações de cerca de 12,56% relativamente ao peso próprio e de 6,57% relativamente às
cargas máximas atuantes (peso próprio + cargas permanentes + cargas acidentais), em
relação ao modelo com concreto convencional;
43o Congresso Brasileiro do Concreto
15
Instituto Brasileiro do Concreto
! O modelo II apresentou os maiores valores para o parâmetro Alfa nas direções X e Y,
respectivamente, 0,91 e 0,77, o que representa valores 20,87% e 10,39% maiores em relação ao
modelo I. Com relação ao parâmetro Gama-Z, os maiores valores foram os apresentados pelo
modelo III, sendo de, respectivamente, 1,23 e 1,14 nas direções X e Y, o que representa valores
4,06% e 0,88% maiores em relação aos correspondentes valores do modelo I.
! Nenhum dos três modelos adotados para o edifício pode ser considerado uma estrutura
“indeslocável”. Mesmo o edifício com concreto convencional apresentou os parâmetros alfa e
gama-Z com valores acima dos valores de referência.
! Pode-se concluir finalmente que o emprego do CAD em edifícios trás benefícios tanto do
ponto de vista da economia de custo como da garantia da durabilidade das estruturas.
77.. R
RE
EFFE
ER
RÊ
ÊN
NC
CIIA
AS
SB
BIIB
BLLIIO
OG
GR
RÁ
ÁFFIIC
CA
AS
S
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