OS FUNDAMENTOS DA IDEIA REGIONALIZADORA E O PAPEL DE EURICO FIGUEIREDO NO PROCESSO REFERENDÁRIO DA DÉCADA DE NOVENTA Fernando dos Reis Condesso Nos termos do Decreto do Presidente da República n.º 39/98, de 1 de Setembro1, foi convocado um referendo sobre a instituição em concreto das regiões administrativas, ou seja, sobre as áreas das futuras regiões autárquicas supramunicipais, constitucionalmente previstas desde o texto originário e reafirmado por unanimidade parlamentar na década de noventa, o qual se efectivou no dia 8 de Novembro de 1998. As questões colocadas eram as seguintes: a) A primeira, dirigida a todos os cidadãos eleitores recenseados em território nacional, com a seguinte formulação: “Concorda com a instituição em concreto das regiões administrativas ?”2; b) A segunda, dirigida aos cidadãos eleitores recenseados em cada uma das regiões criadas pela Lei n.º 19/98, de 28 de Abril, com a seguinte formulação: “Concorda com a instituição em concreto da região administrativa da sua área de recenseamento eleitoral.” O referendo viria a ser desfavorável ao mapa e regionalização propostos pelo Governo3. Este acto foi precedido da criação de um movimento denominado Portugal Plural4 e de um Congresso Nacional sobre o tema, onde se integraram e participaram figuras de destaque da vida política e académica portuguesas, um e outro liderados por Eurico Figueiredo5, sempre o homem e líder de convicções profundas e inabaláveis, e solidariedades culturais e pessoais intemporais, com a coragem ímpar da sua afirmação contra ventos e marés, independentemente das lógicas partidárias ou dos falsos uniformismos pré-estabelecidos. Político invulgar, artífice da coerência entre o humanismo e o naturismo e a ecologia, defensor de uma sociedade de justiça vivencial para todos, e de uma economia e desenvolvimento sustentável, dos patrimónios culturais, pensador, empresário e até enólogo, foi professor e agente social como sempre tem vivido, de cara levantada, sem medo de dizer o que pensa e o quer para o seu país e a sua Europa. A ele dedico estas singelas considerações sobre a problemática da regionalização, tal como o movimento a viu e os seus adeptos, entre os quais me conto, a continuam a pensar. 165