Tese apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências RESUMO PIMENTEL, L. F. R. O. Estudo biomecânico de flexão (ex-vivo) em osteotomia no diastema de mandíbulas de eqüinos estabilizada com placas bloqueadas e implantes transdentários. [Biomechanical bending study (ex-vivo) in equine osteotomized mandible fixing with LCP plates and trans-dental LC-DCP plates]. 2012. 133 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Fraturas do diastema mandibular são cirurgicamente desafiadoras porque geralmente são bilaterais, instáveis e altamente contaminadas. Como cada fratura tem características particulares e o conhecimento de diferentes técnicas de reparo permitirá ao veterinário escolher um método de fixação mais adequado à configuração da fratura, considerando os equipamentos disponíveis, a experiência e preferências do cirurgião. O objetivo deste estudo foi avaliar duas técnicas de fixação de fraturas do diastema mandibular por meio da mensuração de suas características biomecânicas. Mandíbulas osteotomizadas no diastema foram divididas em 2 grupos de fixação (n=8). As mandíbulas foram fixadas com placas bloqueadas (LCP) e por meio de implantes transdentários com placas LC-DCP. Oito mandíbulas intactas (não osteotomizadas) foram submetidas aos ensaios biomecânicos como controle. As mandíbulas foram submetidas à ensaios biomecânicos de flexão até ocorrer a falha. O deslocamento angular (radianos) foi derivado a partir da contínua mensuração da largura da fenda com extensômetros inseridos ao redor do local da osteotomia. Foram selecionados os dados da fenda da osteotomia a 50 e 100 N.m para comparação padronizada da largura da fenda antes dos pontos de limite elástico e limite de flexão máximo, respectivamente para as 2 técnicas de fixação testadas. Rigidez (N.m/radiano), limite elástico (N.m) e limite de flexão máximo (N.m) foram determinados a partir das curvas de deslocamento angular da flexão e foram comparadas por meio do teste estatístico ANOVA com testes adicionais quando indicado. Foram obtidas imagens radiográficas pré fixação das mandíbulas. Os dentes submetidos aos implantes transdentários foram submetidos aos exames tomográficos e foram obtidos cortes histológicos calcificados. Em diversos casos, a cavidade pulpar (71% em dentes incisivos e 43% em dentes pré molares) foi penetrada pelos implantes transdentários. As cargas de resistência à flexão, de limite elástico e de limite de flexão máximo foram maiores nas mandíbulas intactas. Nas mandíbulas osteotomizadas as cargas de resistência à flexão, de limite elástico, de limite de flexão máximo e da largura da osteotomia à 50 e 100 N.m não foram significativamente diferentes (P>0,05) nas fixações com placas LCP e implantes transdentários com placas LC-DCP. Estas técnicas foram biomecânicamente similares e são adequadas para manter a fixação das osteotomias no diastema mandibular em peças anatômicas de equinos. A técnica de osteossíntese com placas LCP, seguindo os “princípios AO” de tratamento de fraturas, é bem padronizada, de fácil execução e pode ser aplicada sem maiores intercorrências. A fixação de osteotomias mandibulares em equinos por meio do uso de implantes transdentários é uma técnica complexa e que requer um cirurgião experiente. A indicação da fixação de fraturas mandibulares em equinos por meio do uso de implantes transdentários deve ser reservada. São necessários estudos controlados com o monitoramento de equinos submetidos à instalação de parafusos sobre a coroa clinica de pré-molares e incisivos. Como há grande possibilidade de invasão de cavidades pulpares durante o procedimento é necessário determinar quais seriam as consequências á longo prazo.