capacidade competitiva do feijoeiro de diferentes tipos de

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CAPACIDADE COMPETITIVA DO FEIJOEIRO DE DIFERENTES TIPOS DE
CRESCIMENTO EM RELAÇÃO A PLANTAS DANINHAS
Roberli Ribeiro Guimarães1,5 ; Fabrício de Fátima Andrade Barbosa2,5; Reginaldo Pedro da
Silva3,6; Itamar Rosa Teixeira4,5,6
1
Bolsista PBIC/UEG
Voluntário Iniciação Cientifica PVIC/UEG
3
Mestrando
4
Pesquisador - Orientador
5
Curso de Agronomia, Unidade Universitária de Ipameri, UEG
6
Curso de Mestrado, Unidade Universitária de Anápolis, UEG.
2
Resumo - Este trabalho teve por objetivo avaliar a capacidade competitiva de genótipos de
feijão de diferentes tipos de crescimento com a comunidade infestante de plantas daninhas nas
condições edafoclimáticas do cerrado goiano, nas safras das ''águas'' e ''seca''. Foi utilizado o
delineamento inteiramente casualizados, em esquema de parcelas subdivididas, com quatro
repetições. Nas parcelas empregou-se três cultivares de feijão com diferentes tipos de
crescimento (Pérola = Tipo III/II, Aporé = Tipo III e BRS Radiante = Tipo I) e nas
subparcelas dois tipos de manejo de plantas daninhas: área capinada manualmente e área não
capinada. Conclui-se que a cv. BRS Radiante apresentou menor poder competitivo com as
plantas daninhas, comparativamente, as cultivares Pérola e Aporé. Na safra das ''águas'' a
incidência de plantas daninhas foi maior, especialmente as gramíneas (Poaceas). As cvs.
Pérola e Aporé foram mais produtivas tanto na época das ''águas'' como da ''seca''. Sob capina
o feijoeiro apresentou acréscimos de rendimento de grãos da ordem de 27% e 49% nas safras
das ''águas'' e ''seca'', respectivamente, em comparação com a ausência de capina.
Palavras-chave: Pheseolus vulgaris L., competição com plantas daninhas, rendimento.
Introdução
A baixa produtividade nacional de feijão (822 kg ha-1 ) (Conab, 2007), em muitos casos,
pode ser atribuída a competição com plantas daninhas. Lunkes (1997) considera que a
competição da comunidade daninha com o feijoeiro, pode levar a redução de até 97% na
produção das lavouras. Isto em grande parte pode ser atribuído ao fato da planta de feijão ser
classificada como C3, e portanto, com baixo poder competitivo. Além disso, a morfologia da
planta é fator preponderante, visto que genótipos de hábitos de crescimento do Tipo I e II, têm
porte ereto, e devido aos poucos ramos laterais, dificilmente cobre todo o solo, nos
espaçamentos convencionais. Por outro lado, os genótipos Tipo III, os mais cultivados,
2
promove maior cobertura do solo. Os materiais classificados com Tipo IV são utilizados em
monocultivo (Santos e Gavilanes, 2006).
Objetivou-se com este estudo averiguar em duas safras de cultivo de feijão, ''águas'' e
''secas'', o comportamento de genótipos com diferentes tipos de crescimento sob a presença ou
ausência de competição com plantas daninhas.
Material e Métodos
Os experimentos foram conduzidos na área experimental pertencente à Universidade
Estadual de Goiás-GO, em Ipameri-GO, nas safras das ''águas'' de 2006/2007 e ''seca'' de
2007, num solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distroférrico.
Foi empregado o delineamento inteiramente casualizado, em esquema de parcelas
subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas foi aplicado tratamentos envolvendo três
cultivares de feijão com diferentes tipos de crescimento (Pérola = Tipo III/II, Aporé = Tipo III
e BRS Radiante = Tipo I) e nas subparcelas dois tipos de manejo de plantas daninhas: área
capinada manualmente (sem infestação de plantas daninhas por todo ciclo das cultivares) e
área não capinada (com infestação de plantas daninhas por todo ciclo das cultivares).
As avaliações da infestação de plantas daninhas, na área da parcela não capinadas, foram
realizadas quando a lavoura estava com 30 DAE. Aos 55 DAE foi avaliado visualmente por
escala de notas, atribuindo notas de zero (solo descoberto) até 100 (solo totalmente coberto), a
porcentagem de cobertura do solo pelas plantas daninhas. Por ocasião da colheita foi avaliado
o rendimento e seus componentes (número de vagens por plantas, número de grão por vagem
e peso de 100 grãos).
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância, e quando detectado diferenças
significativas entre os tratamentos, as médias eram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Resultados e Discussão
Avaliação de plantas daninhas
Na safra das ''águas'' notou-se, de modo geral, que houve maiores problemas com a
comunidade infestante de plantas daninhas, comparativamente à safra da ''seca'', com a
predominância de gramíneas como: capim braquiária (Brachiaria decumbens), capim
carapicho (Cenchrus echinatus), capim marmelada (Brachiaria plantaginea), capim colchão
(Digitaria horizontalis) e capim pé-de-galinha (Eleusine indica). Por outro lado, folhas largas
como mentrasto (Ageratrum conyzoides), caruru (Amaranthus spp.) leiteiro (Euphorbia
3
heterophyla), trapoeraba (Commelina benghalensis), picão preto (Bidens pilosa) e joa de
capote (Solanum spp.) predominaram na safra da ''seca''.
Tanto na safra da ''águas'' como da ''seca'' os problemas de competição com plantas
daninhas foram maiores na cv. BRS Radiante, conforme demonstra as avaliações de plantas
daninhas referentes a produção de massa seca (Figura 1) e as taxas de cobertura promovidas
por estas (Figura 2).
(a)
(b)
38,25
40
40
26,70
23,70
20
b
b
10
Massa seca (0,25 m2)
Massa seca (0,25 m2)
31,23
a
30
30
18,50
20
b
10
0
b
22,60
b
0
Cv. Pérola
Cv. Aporé
Cv. BRS
Radiante
Cv. Pérola
Cv. Aporé
Cv. BRS
Radiante
Figura 1. Médias percentuais da produção de massa seca de plantas daninhas sob competição
de genótipos de feijão na presença de plantas daninhas, nas safras das ''águas'' (a) e da ''seca''
(b). Médias seguidas pela mesma letra, não diferem entre sim, pelo teste Tukey à 5% de
probabilidade.
(a)
(b)
5,00
5,00
5
5
4,00
4,00
a
4
b
3,00
3
Notas
2
a
3,00
Notas
3
4
b
2
b
b
1
1
0
0
Cv. Pérola
Cv. Aporé
Cv. BRS
Radiante
Cv. Pérola
Cv. Aporé
Cv. BRS
Radiante
Figura 2. Médias da avaliação visual do índice de plantas daninhas em área sob cultivo com
diferentes genótipos de feijão na presença de plantas daninhas, nas safras das ''águas'' (a) e
''seca'' (b). Médias seguidas pela mesma letra, não diferem entre sim, pelo teste Tukey à 5%
de probabilidade.
4
Características agronômicas
Na safra das ''águas'' o rendimento e seus componentes (número de vagens por planta,
número de grãos por vagem e peso de cem grãos) variaram em função das cultivares testadas,
enquanto que somente o rendimento mostrou-se influenciado sistema de manejo de plantas
daninhas. Na safra da ''seca'', praticamente se observou o mesmo comportamento tanto do
rendimento como dos componentes. Não houve efeito significativo da interação cultivares x
manejo de plantas daninhas.
O número de vagens por plantas foi o componente mais extreitamente correlacionado
com o rendimento de grãos, sendo as cultivares Pérola e Aporé mais produtivas, tanto nas
safras das ''águas'' como da ''seca'' (Tabela 1 e 2).
No que diz respeito ao número de grãos por vagem e peso de cem grãos pode-se
verificar, que apesar de serem características genéticas, sofreram influencia do embiente, ou
seja, dos tratamentos. Quanto aos valores médios obtidos para o peso de cem grãos, pode-se
constatar variações em torno de 37,36; 23,22 e 22,03 para as cultivares BRS Radiante, Pérola
e Aporé, respectivamente, estando condizentes com as informações da literatura (Embrapa,
2007)
O rendimento médio do feijoeiro nas duas safras em questão, ''águas'' e ''seca'', foi de
1365,44 e 1732,63 kg ha -1 (Tabelas 1 e 2), valores acima da média brasileira, que segundo
Conab (2007) situou-se em torno de 822 kg ha -1 na safra passada (2005/2006).
Tabela 1. Características agronô micas de genótipos de feijão na presença e ausência de
competição com plantas daninhas - safra ''águas''.
Características
Número de
Número de
Peso de cem
Rendimento de
Fatores
vagens por
grãos por
grãos
grãos
planta
vagens
(g)
(kg ha -1 )
Cultivares
Pérola
21,4 a
5,3 a
21,82 b
1581,78 a
Ápore
14,5 ab
5,3 a
21,21 b
1359,00 a
BRS Radiante
11,1 c
4,4 b
34,34 a
1155,54 b
Mane jo de plantas daninhas
Presente
16,6
5,0
26,21
1578,98 a
Ausente
14,8
5,0
25,36
1151,90 b
Média
15,7
5,0
25,79
1365,44
C.V.
37,78
8,86
13,20
21,12
Médias seguidas pela mesma letra, não diferem entre sim, pelo teste Tukey à 5% de
probabilidade.
5
O maior rendimento de grãos obtido na safra da ''seca'' resultou da utilização de irrigação
complementar associado aos menores problemas com plantas daninhas, o que certamente
contribuiu decisivamente para obtenção do referido patamar de produtividade. Estas
observações condizem com as afirmações de Araújo e Ferreira (2006), de que nos cultivos de
feijão da ''seca'' e de ''inverno'' se têm menores problemas fitossanitários, incluído aqueles
relacionados ao manejo das plantas daninhas.
Tabela 2. Características agronômicas de genótipos de feijão na presença e ausência de
competição com plantas daninhas - safra ''seca''.
Características
Número de
Número de
Peso de cem
Rendimento de
Fatores
vagens por
grãos por
grãos
grãos
planta
vagens
(g)
(kg ha -1 )
Cultivares
Pérola
13,0 a
5,5 a
24,62 b
2072,29 a
Ápore
9,0 b
5,5 a
22,84 b
1911,55 a
BRS Radiante
9,0 b
4,3 b
40,37 a
1334,05 b
Manejo de plantas daninhas
Presente
13,4 a
5,2
32,05 a
2342,77 a
Ausente
7,3 b
5,0
26,50 b
1202,49 b
Média
10,3
5,1
29,28
1732,63
C.V.
15,01
9,94
21,36
20,63
Médias seguidas pela mesma letra, não diferem entre sim, pelo teste Tukey à 5% de
probabilidade.
Conclusões
1. A cv. BRS Radiante, Tipo I, possui menor poder competitivo com as plantas daninhas,
comparativamente, as cultivares Pérola (Tipo III) e Aporé (Tipo III/II);
2. Na safra das ''águas'' a incidência de plantas daninhas é maior, especialmente das gramíneas
(Poaceas);
3. As cvs. Pérola e Aporé são mais produtivas tanto na época das ''águas'' como da ''seca'';
4. Sob capina o feijoeiro apresenta acréscimos de rendimento de grãos da ordem de 27 e 49%
nas safras das águas e seca, respectivamente, em comparação com a ausência de capina.
Referencias Bibliográficas
ARAÚJO, G.A.A.; FERREIRA, A.C.B. Manejo do solo e pla ntio. In: VIEIRA, C.; PAULA
JÚNIOR, T.J.; BORÉM, A. Feijão. 2º ed., Viçosa: UFV, 2006. Cap. 5, p. 88-114.
CONAB - COMPANHIA NACIONAL DO ABASTECIMENTO. Safra de feijão total (1º, 2º
e 3º safra) - 2º levantamento. Brasília. Disponível em: <http:www.conab.br> Acesso em: 30
ago. 2007.
6
EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA/CENTRO
NACIONAL DE PESQUISA ARROZ E FEIJÃO. Santo Antônio de Goias - GO. Cultivares
de feijão. Disponível em: <http://guapore.cnpaf.embrapa.br/feijao/index.htm> Acesso em: 28
ago. 2007.
LUNKES, J.A. Manejo integrado de plantas daninhas na cultura do feijão. In: FANCELLI,
A.L.; DOURADO-NETO, D. (eds). Tecnologia da produção do feijão irrigado. Piracicaba:
ESALQ/USP, 1997. p. 9-19.
SANTOS, J.B.; GAVILANES, M.L. Botânica. In: VIEIRA, C.; PAULA JÚNIOR, T.J.;
BORÉM, A. (eds). Feijão. 2º ed., Viçosa: UFV, 2006, p. 41-65.
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