OFICINA SOBRE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

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Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016
VI Enebio e VIII Erebio Regional 3
OFICINA SOBRE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E
SEXUALIDADE PARA ADOLESCENTES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Adriane Barreto Gôngora (Universidade Estadual de Maringá)
Heloisa Santos Silva (Universidade Estadual de Maringá)
RESUMO
O presente trabalho descreve as experiências adquiridas em uma oficina desenvolvida com
adolescentes do Ensino Médio, a qual retrata a temática “Infecções Sexualmente
Transmissíveis e Sexualidade”. Para tanto, fez-se o uso de questões pertinentes ao tema no
âmbito biológico e cultural, incluindo comportamentos, crenças e tabus. Espera-se que essa
experiência possa embasar novos trabalhosque abordemos saberes: IST’s, sexualidade, gênero
e orientação sexual na escola, visandoproblematizá-los para gerar reflexões e para propor uma
visão mais positiva de sexualidade.
Palavras-chave: Infecções Sexualmente Transmissíveis.Sexualidade. Escola.
INTRODUÇÃO
IST’s
é
aabreviação
para
Infecções
Sexualmente
Transmissíveis,
as
quaisapresentamessa designação, pois são entendidas como sendo agentes infecciosos que
podem desencadear as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s).
Comumente, ambas as palavras IST’s e DST’ssão empregadas como sinônimas, mas
nos dois casos, é importante evidenciar que a principal, porém não única, via de transmissão é
a relação sexual. Nesse sentido, uma infeção remete-se à penetração, multiplicação e/ ou
desenvolvimento de um agente infeccioso em tecidos corporais de um organismo hospedeiro.
Por outro lado, uma doença infecciosa corresponde a qualquer doença clinicamente
evidente, ou seja, manifestada por sinais e sintomas e por alterações fisiológicas, bioquímicas
e histopatológicas, como consequência das lesões causadas pelo agente e pela resposta do
hospedeiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Em decorrência do agente infeccioso penetrar, se multiplicar ou se desenvolver no
hospedeiro, mas não provocar danos ou manifestações clínicas, a infecção é considerada
como subclínica, e os portadores são denominados de “portadores assintomáticos”, os quais
podem transmitir as IST’s. Diante disso, nem sempre uma infecção sexualmente transmissível
se desenvolve em uma doença sexualmente transmissível, já que muitas pessoas que foram
infectadas pela via sexual não tiveram obrigatoriamente a aparição de sintomas. Além disso,
as manifestações de alguns sintomas dependem da imunidade da pessoa contaminada.
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As IST’s são consideradas por muitos autores como um problema de saúde pública
que mais afligem a população mundial, não somente pela sua incidência elevada, mas
principalmente pela mutação de seus agentes e da sua apresentação,bem como pelas suas
complicações associadas(CARVALHO, 2003).
Baseando-se nos dados do Ministério da Saúde (2005), no Brasil, a cada ano,
ocorrementre 10 a 12 milhões de casos de DST’s curáveis. Tais problemas são notórios e tem
merecido a preocupação dos gestores da saúde da população desde os tempos da História
Antiga.
Com o surgimento da epidemia de HIV/AIDS no mundo, e com o aumento na
estatística de adolescentes grávidas, houverammaiores investimentos em projetos pedagógicos
nas escolas para prevenir as infecções e doenças sexualmente transmissíveise para estimular o
uso de contraceptivos, assim como, o planejamento para evitar a gravidez em adolescentes
(CARVALHO, 2011).
Não obstante, a escola ser um espaço ideal para a reflexão acerca dos temas
cotidianos da vida, tendo como destaque as práticas educativas que tratam do comportamento
sexual e IST’s, a realidade demonstra que profissionais da educação muitas vezes apresentam
dificuldades e inseguranças para lecionar esse tema específico e relevante. Exemplos dessas
barreiras são expressos a seguir:
(...) dificuldades para desenvolver os conteúdos sobre sexualidade por despreparo
pedagógico; limites decorrentes das carências na formação inicial; dificuldades
devidas à sobreposição de dogmas religiosos; pressão por parte das equipes diretivas
e por parte das famílias dos alunos em não assumir discussões contundentes; crer
que as atividades desenvolvidas percam o “status” de aula; interferências de tabus,
preconceitos e pensamentos do senso comum. Esses argumentos não são
simplesmente justificativas para se trabalhar ou não a educação sexual, são antes
dispositivos pedagógicos e enunciados discursivos que instauram, fiscalizam e ou
controlam nossas ações enquanto professores, profissionais, sujeitos da educação
(CARVALHO, 2011).
As Diretrizes Curriculares de Gênero e Diversidade Sexual Do Paraná (2010),
apresentam-se na forma de reflexões pedagógicas e abordam temas referentes aos saberes de
gênero, sexualidade e diversidade sexual, apontando críticas e reflexões com o intuito de fazer
com que as desigualdades sociais entre os sexos e consequentes preconceitos, bem como a
violência não continuem sendo reproduzidos no âmbito escolar.
De acordo com o referido documento, o conceito de gênero veio à tona por meio do
movimento feminista e refere-se à um padrão de conduta e comportamento que foi construído
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social, histórico e culturalmente sobre as características biológicas, definindo que homens e
mulheres são frutos da realidade social e não da decorrência da anatomia de seus corpos.
A educação de gênero precisa ser trabalhada nas escolas para promover a igualdade
social e para descontruir, modificar, assim como reconstruir o conceito de gênero com o
objetivo de as crianças e adolescentes formarem suas identidades sem se preocupar com os
padrões de gêneros esperados,que dividem os papéis de homens e mulheres vistos ainda na
atual conjuntura, os quais sustentam as desigualdades entre os sexos no que se refere aos
direitos sociais, políticos e civis.
A orientação sexual atribui-se a escolha de parceiros afetivo sexuais que podem ser
heterossexuais, homossexuais ou bissexuais, e difere da opção sexual no fato de a sexualidade
estar relacionada à saúde e se expressar no individuo do nascimento à mortefazendo, dessa
forma, parte de sua existência. Diante disso, a escola, a qualvem até então negando a
existência de indivíduos que possuem orientações sexuais que não se enquadram em seu
sistema heteronormativo, necessita de professores e professoras que desestabilizem o
conhecimento em prol da liberdade através de práticas no campo da diversidade sexual e
educação sexual (BRITZAM, 1999).
Ainda, conforme as Diretrizes Curriculares de Gênero e Diversidade Sexual do
Paraná (2010), o termo sexualidade não está relacionado apenas ao sexo, mas também a um
conjunto de fatores que fazem parte de toda a vida de um indivíduo. Tais fatores podem estar
relacionados a emoções, desejos, palavras, experiências e culturas.
Visto que o âmbito escolar constitui uma poderosa ferramenta para a socialização
atinente às questões de gênero e de sexualidade, fica evidente a relevante necessidade de
investimentos com o objetivo de alicerçar uma melhor formação de professores e professoras,
principalmente do ensino de Ciências, para atuaremnesse contexto. Desse modo, eles podem
promover um trabalho pedagógico baseado no diálogo e no respeito às diferentes orientações
sexuais.
A educação sexual escolar é de suma importância, e as instituições educativas ainda
apresentam dificuldades para trabalhar esse assunto, necessitando de projetos que promovam
reflexões críticas a partir da divulgação de informações adequadas, conscientes e
responsáveis, e de questionamentos sobre sexualidade. Além disso, faz-se necessário trabalhar
o aspecto social e cultural do indivíduo, elucidar os mecanismos sociais de repressão social o
qual somos condicionados, afim de propor uma visão mais positiva de sexualidade. Assim, a
educação sexual torna a comunidade educativa mais apta a discutir os assuntos relacionados
ao tema, com o intuito de encerrar os deboches, a violência e os preconceitos no quesito
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sexualidade, tornando o ambiente escolar mais seguro, livre e afetivo para todos os
indivíduos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram criados na segunda metade dos
anos 90 em consequência dos problemas educacionaisocorrentes em no Brasil naquele
período, bem como em resposta a inclusão na Constituição de 88 dos temas discutidos em
movimentos sociais da época. Esquecidas então há um tempo, a sexualidade e o gênero foram
inseridos como temas transversais no fascículo Orientação Sexual contido nos PCNs. A partir
de então, com a publicação do tema do fascículo em 77, passou a ser definitiva a reprodução
desse conteúdo nas escolas.
A sexualidade é tomada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais como tema
heteronormativo,um assunto considerado delicado de ser abordado e que significa ´´norma da
heterossexualidade``. O caráter delicado é consequente da norma social presente nesse
dispositivo (sexualidade), deixando confusa a ideia de gênero, que define-se como ´´papéis``
que devem ser ditados pelos sexos biológicos determinados. Essa classificação gera lacunas
para uma confusão de conceitos, ampliando possibilidades de associações errôneas sobre o
corpo feminino, masculino e seus órgãos sexuais, abrindo espaços para características
atribuídas apenas para um sexo e que definem-se somente pela anatomia e pelo sexo biológico
da pessoa. Na perspectiva em questão,faz-se necessário trabalhar relações de gênero na
escola, evidenciando que meninos podem assumir sentimentos ditos de meninas e vice-versa,
pois muitos alunos gays, lésbicas e transexuais permanecem sem lugar no ambiente
escolar``normativo´´.
Mesmo com a proposta da transversalidade, a maior parte do discurso dos PCNs
versa sobre uma educação prescrita, não tolerando espaços para as ´´minorias sexuais``.
Assim, o posicionamento de incluir ou não o assunto fica a critério dos professores, que
muitas vezes optam por omitirem o tema.
Partindo da necessidade da abordagem desses assuntos nas escolas, o presente estudo
visa descrever as experiências adquiridas em uma oficina desenvolvida com duas turmas de
Ensino Médio de escola pública da cidade de Maringá com a temática “Infecções
Sexualmente Transmissíveis e Sexualidade”.
Essa oficina teve como objetivo trabalhar questões relacionadas às IST’s em sua
dimensão biológica e cultural, incluindo comportamentos, posturas, crenças, tabus e valores
associados. Teve-se como intuito desmistificar alguns fatos, esclarecer dúvidas frequentes
sobre o assunto e fornecer informações de cunho teórico.
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A intenção da proposta era de não criar regras sobre o comportamento dos
adolescentes e, muito menos, invadir a intimidade deles, possibilitando permitir a reflexão e
desenvolver um posicionamento crítico sobre o assunto. Trata-se de um relato de uma oficina
que está vinculada à disciplina de Estágio Supervisionado para Docência em Biologia do
curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
METODOLOGIA
A oficina foi realizada em uma escola estadual da cidade de Maringá com duas
turmas do segundo ano do Ensino Médio. Com o intuito de permitir aos alunos uma
abordagem direta, em que suas dúvidas fossem bem-vindas, eles foram incentivados a
participar expondo suas vivências ou somente mostrando suas incertezas.
A intenção das atividades foi de deixá-los livres, sem limitações e impedimentos,
fornecendo-lhes orientação para que tudo ocorresse de forma simples e natural,
proporcionando a eles uma visão saudável do tema.
O projeto consistiu no desenvolvimento de atividades que envolviam fundamentação
teórica, dinâmicas e debates, sempre realizadas em conjunto, visando a maior produtividade e
participação das turmas.
No proceder das oficinas o tema“IST’s e Sexualidade”contou com duas atividades:
´´Dinâmica do Semáforo`` e ´´Dinâmica da Caixinha``.
Para a realização da´´Dinâmica do Semáforo``foram confeccionadas várias
plaquinhas com palito de sorvete e papel E.V.A. de cor vermelha, amarela e verde para
indicar as cores do semáforo(Figura 1 A).
Após as professorasestagiáriasterem feito as perguntas do jogo sobre o tema exposto
(Apêndice) os alunosescolhiam e levantavam a cor da placa correspondente ao risco, afim de
expor qual o risco de contaminação por uma IST. A cor vermelha indicava alto risco de
infecção, amarelo significava atenção e verde, livre de riscos.
Depois de exporema opinião deles, foram feitas indagações acerca de suas respostas
e, em seguida, foram clarificados os riscos envolvendo a questão abordada, alémde métodos e
alternativas que poderiam ser utilizados, sempre deixando claro que cada um tem sua a
individualidadee que um problema não tem a mesma solução para todos.
Posteriormente a essa prática,a ´´Dinâmica da Caixinha`` foi aplicada, em que os
alunos sorteados pelo número da chamada retiravam uma pergunta da caixinha e, a seguir,
eles colocavam uma outra questão dentro desse compartimento para ser elucidada no final da
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atividade pelas professoras estagiárias, com a finalidade de sanar as dúvidas dos mesmos
sobre o tema (Figura 1 B).
Essa atividade envolveu também a exposição da opinião da turma, mas de forma
mais direta e participativado que a dinâmica anterior. Diversas perguntas foram feitas sobre
infecções sexualmente transmissíveis e sexualidade antes da oficina pelas professoras
estagiárias e colocadas em uma caixinha. No momento da realização da dinâmica, os alunos
que se sentiam confortáveis com a práticaretiravam um ou mais papéis da caixa e faziam a
leitura em voz alta da pergunta.
Logo após a leitura, os participantes deixavam suas opiniões sobre o tema,e depois o
restante da turma também opinava, para, no fim, as professoras elucidarem as possibilidades e
os riscos envolvidos com o assunto levantado. Com a forma em que esse trabalho foi
desenvolvido os alunos obtiveram um envolvimento maior do que se as perguntas tivessem
partidodiretamente da iniciativa dos mesmos. Isso evitou com que eles expusessem suas
incertezas e suas vidas pessoais, mantendo suas informações particulares reservadas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As dinâmicas do semáforo e da caixinha foram realizadas com a turma de Ensino
Médiodo período da manhã e com a turma do período da tarde de uma escola estadual de
Maringá. Como resultados obtidos com tais práticas, amaior parte dos alunos participaram de
todas as propostas, e de acordo com o desenvolvimento da oficinafoi possível notar quais
eram seus tabus e dúvidas.
Mesmo sendo uma turma muito receptiva,determinadosalunos claramente não se
sentiram confortáveis para trabalhar com esse tema, permanecendo apenas como observadores
de tais práticas. Esse tema possivelmente não foi trabalhado abertamente com eles no
ambiente escolar, o que fortalece a resistência quanto a participação dos mesmos.
Cabe ressaltar que para as duas turmas essa aula foi o primeiro contato, de fato, com
o temaIST’se principalmente sexualidade, salvo um ou outro aluno que obteve esse tipo de
recurso fora da escola. Dessa forma, as professoras estagiárias tiveram o cuidado ao se
posicionarem a respeito do tema, favorecendo um clima harmonioso e um espaço confortável
para a retirada de dúvidas e para a abordagem do assunto em geral para gerar uma visão mais
positiva sobre sexualidade e IST’s.
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Figura 01- Dinâmicas aplicadas nas oficinas de IST’s e Sexualidade realizadas para as turmas de Ensino Médio
em uma escola estadual de Maringá. (A)´´Dinâmica do Semáforo`` à esquerda. (B)´´Dinâmica da Caixinha`` à
direita.
Na´´Dinâmica do Semáforo`` foram feitos algunsquestionamentose cada uma das
perguntas teve uma recepção diferente pelos alunos, gerando maiores discussões e indagações
a respeito. Isso ocorreu na questão da prática de sexo sem proteção entre parceiros
soropositivos. Devido os dois parceiros estarem contaminados com o vírus HIV, na
concepção dos alunos não apresentava risco algum o sexo desprotegido entre o casal. Nesse
caso, foram discutidos conceitos como o grau do risco que o casal poderia continuar se
expondo ao vírus, mesmo depois de infectado.
Outras questões que despertaram muitas dúvidas foram sobre a gravidez de mães
soropositivas e como ocorreria essa gravidez sem a contaminação do feto, assim como os
cuidados para o bebê não ser infectado após o nascimento e as vias que poderiam levar a uma
possível infecção também foram esclarecidas.
A falta de educação sexual nas escolas e na família torna difícil a abordagem do
assunto nas oficinas. Além desse problema recorrente na família, a falta de preparo de alguns
professores não permite que eles desenvolvam a temática, optando assim por ignorá-la.
Como abordado anteriormente, o conteúdo de IST’s, sexualidade, gênero e
orientação sexual foi estabelecido como obrigatório nas escolas recentemente, não requerendo
aulas especialmente para tratar sobre o tema. Geralmente as IST’s e DST’s são trabalhadasna
aula de sistema reprodutor pelos professorese professoras de Ciências, e em muitos casos, o
foco dessa aula está voltado para o corpo biológico e nos sintomas avançados da infecção.
Temas relacionados à sexualidade são de fundamental importância de serem
trabalhados na escola,pois contribuem para que os alunos levem esse conhecimento para os
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seus âmbitos sociais, como em sua própria casa, ajudando a eliminar saberes populares muito
comuns. Quando melhor orientados, eles podem criar seus próprios posicionamentos e
decisões.
Na atividade da caixinhaos alunos tiveram uma maior participação e trouxeramvárias
dúvidas a respeito do tema, tais como:
 Oque é uma pessoa frígida?
 Parto normal é arriscado?
 Ser homossexual é uma opção ou a pessoa já nasce com essa opção?
 Contaminação por AIDS é maior pelo ânus?
 É certo fazer sexo aos 16 anos?
 Há prazerna primeira relação sexual?
As dúvidas que os alunos colocaram na caixinhaforam bem distintas entre si, sendo
que duas pessoas fizeram perguntas sobre homossexualidade, evidenciando curiosidadessobre
o assunto,e até mesmo, a respeito da carência de discussões na escola e no âmbito familiar.
Outra questão interessante foi sobre a idade ideal parainiciar as relações sexuais. No
caso, foi exposto aos alunos que essa questão não tem uma resposta certa, mas que depende
de cada um e de suas concepções, não cabendo a alguém ditar o certo ou o errado.
CONCLUSÃO
A partir desse relato de experiênciapodemos afirmar que no decorrer da oficina
aplicada com os alunos de Ensino Médio os objetivos propostos foram atingidos, obtendo-se
resultados muito produtivos, tanto para os alunos como para os professores da instituição.
Essa, por sua vez, é um ambiente que necessita abrir mais momentos dedicados à abordagem
de questões envolvendo a referida temática, já que os adolescentes apresentam muitas
dificuldades de falar abertamente sobre esse assunto em casa.
Oportunidades como essa favorecem sanar dúvidas de uma forma descontraída, por
meio de dinâmicas que, muitas vezes, estimulam os participantes a procurarem profissionais
da saúde para diagnosticá-los e melhor orientá-los, proporcionando, até mesmo, uma melhora
no perfil epidemiológico desse grupo em nível nacional.
Espera-se que essa experiência possa embasar novos trabalhos na escola a fim de
vincular informações à respeito da educação sexual, gênero, sexualidade e IST’s.
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Muitos profissionais da educação não tem o preparo específico para conduzir
discussões acerca desses temas, havendo a necessidade de investimentos com o objetivo de
alicerçar uma melhor formação dos professores e professoras, sobretudo do ensino de
Ciências. Em muitos casos, esses demonstram uma visão arraigada com tabus, preconceitos,
tendências discriminatórias, e normalmente, não contemplam as ansiedades e curiosidades dos
adolescentes. Ainda, o despreparo de um educador ao lecionar o estudo das IST´s revela-se
quando o cerne do ensino encontra-se nos sintomas. Ao frisar, erroneamente, apenas nesse
aspecto sintomático o professor despreparado, bombardeia a mente dos alunos com imagens
impactantes de estágios avançados das doenças, dando, dessa forma, enfoque apenas ao corpo
biológico.
Diante disso, práticas pedagógicas que envolvem reflexões sobre educação sexual,
sexualidade, e diversidade sexual são imprescindíveis no âmbito escolar, desde que
implantadas de forma adequada, pois é nesse espaço que os preconceitos, a violência e os
deboches são produzidos, havendo a necessidade de repensar a respeito da educação sexual,
de forma a interferir nos processos sociais, históricos e culturais que originaram essas
desigualdades entre os sexos.
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REFERÊNCIAS
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MINISTÉRIO DA SAÚDE.Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso.8. ed. Brasília: MS, 2010.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e
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PARANÁ,Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento
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Imprensa Oficial do Estado do Paraná, 2010.
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APÊNDICE - Dinâmica do Semáforo
 Beijar alguém que tem AIDS?
 Preservativos são 100% eficazes contra as IST’s?
 Pessoas com um único parceiro sexual ao longo da vida correm o risco de adquirir
uma IST?
 Apertos de mão, abraços carinhosos, piscinas, maçanetas de porta, vasos sanitários e
picadas de insetos são casos em que há perigo de pegar AIDS?
 Beber água no copo de alguém que tem AIDS?
 A mãe infectada pode transmitir o HIV para o filho durante a gravidez, parto ou
amamentação?
 Pessoas limpas e aparentemente saudáveis podem ser portadoras de IST’s?
 A demora em procurar o médico e um tratamento inadequado significa maior risco
para o portador de IST?
 Existem pessoas que são contaminadas com asIST’s e não apresentam sintomas?
 Mesmo sem gozar, corre-se o risco de pegar a doença?
 Masturbação entre mulheres ou entre homens transmite doenças?
 É possível ficar infectado com sexo oral?
 Sexo sem camisinha entre parceiros soropositivos?
 Portadores de AIDS doam sangue?
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