Área Temática de Educação

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Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária
Belo Horizonte – 12 a 15 de setembro de 2004
Plantas Medicinais e Tóxicas no Estado do Rio de Janeiro: Integrando a Universidade e
a Comunidade
Área Temática de Educação
Resumo
O uso de plantas medicinais continua sendo o principal recurso terapêutico na busca de alívio
de sintomatologia dolorosa ou desagradável para a maioria da população. O trabalho
desenvolvido na FFP-UERJ visa o levantamento das espécies medicinais e tóxicas utilizadas
no Estado do Rio de Janeiro e a propagação das plantas para distribuição à comunidade com
orientação específica sobre o uso. Este levantamento é realizado através da aplicação de
questionários, entrevistas, observação e anotação das plantas comercializadas em lojas, feiras,
nas ruas por ambulantes e outros locais. Para o plantio são selecionadas espécies indicadas
pela comunidade, com comprovada eficácia terapêutica e sem toxicidade. A propagação
vegetal é realizada na estufa no Campus da FFP-UERJ por sementes, estacas ou divisão de
touceiras de várias plantas, entre elas: “alfavaca”, “arnica-brasileira”, “babosa”, “bálsamo”,
“boldinho”, “capim-limão”, “dipirona”, “erva-cidreira”, “falso-boldo”, “guaco”, “sabugueiro”
e “terramicina”, e as mudas são distribuídas à comunidade. Desde 2002 a equipe integrante
deste projeto e alunos do Curso de Ciências Biológicas da FFP têm proferido palestras em
escolas, hospitais e outros locais nos municípios de São Gonçalo, Itaboraí, Niterói e Rio de
Janeiro para orientar, incentivar e auxiliar na criação de hortas com plantas medicinais e no
reconhecimento de plantas tóxicas.
Autores
Maria Cristina Ferreira dos Santos, professora
Marcelo Guerra Santos, professor
Gabriella Silva de Almeida, bolsista de Extensão
Érica Farias Laranjeira, bolsista de Extensão
Ramon Brum de Moraes e Silva, bolsista de Extensão
Instituição
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
Palavras-chave: plantas medicinais; educação; saúde da comunidade
Introdução e objetivo
O uso de plantas medicinais pela população mundial é significativo: dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 80% da população mundial fez
uso de algum tipo de erva na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou
desagradável e deste total pelo menos 30% se deu por indicação médica. A utilização de
plantas medicinais é prática tradicional existente entre os povos de todo o mundo e
incentivada pela OMS (Martins et al., 2000). Dados recentes mostram também que 80% da
população mundial vivem nos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos e que apenas
20% da população mundial, que habita os países desenvolvidos, é responsável pelo consumo
de 85% dos medicamentos industrializados comercializados. No Brasil 20% da população
consome 63% dos medicamentos disponíveis e o restante usa produtos de origem natural,
principalmente plantas medicinais, como única fonte de recurso terapêutico (Di Stasi, 1995).
Prance (1987) relata que em todas as 14 tribos diferentes da Amazônia brasileira e peruana
que visitou foi verificado o emprego de medicamentos preparados com plantas.
O cultivo de plantas medicinais para uso comunitário necessita de cuidados especiais,
pois as mudas devem ter eficácia e segurança terapêuticas garantidas e cuidado agronômico
permanente, sem uso de agrotóxicos (Matos, 2002). As plantas podem ser propagadas pelas
formas sexuada ou assexuada. Na propagação sexuada o plantio ocorre através de sementes e
apresenta algumas desvantagens para a produção de plantas de uso medicinal, tais como:
variação no conteúdo e quantidade de princípios ativos; plantas originárias de outros países
podem não produzir flores e/ou sementes nas condições brasileiras e desconhecimento do
mecanismo de quebra da dormência em algumas espécies. Esta forma de propagação permite
a produção de um grande número de mudas em curto intervalo de tempo, porém não garante
que as mudas produzidas apresentem os princípios ativos nas mesmas concentrações da
planta matriz. Já a propagação assexuada ocorre através de órgãos vegetativos da planta e
inclui várias formas de propagação, entre elas estaquia, rizoma, bulbo, separação de rebentos
e divisão de touceiras. Esta forma é a mais utilizada, pois mantém as características do vegetal
selecionado para uso medicinal. Em relação ao cultivo de plantas medicinais Furlan (1996)
alerta que esta é uma das etapas que mais pode interferir na produção de um fitoterápico, tanto
do ponto de vista quantitativo como qualitativo.
O uso de plantas medicinais é prática tão antiga como a própria história do homem,
que também nos mostra a ocorrência de efeitos indesejados. O número de vegetais superiores
é estimado em mais de 250 mil espécies e muitas dessas produzem substâncias capazes de
exercer ação tóxica sobre organismos vivos. No entanto, a margem de certeza sobre a
toxicidade de uma planta é limitada por uma série de fatores, tais como parte da planta
ingerida, condições ambientais, certas variedades ou cultivares, entre outros. Em nosso meio
encontram-se muitas plantas potencialmente tóxicas e que freqüentemente não são
reconhecidas como tal, podendo causar problemas por ingestão ou até simples contato. Entre
as plantas de importância toxicológica podemos citar: “cambará” (Lantana camara L.) e
“oficial-de-sala” (Asclepias curassavica L.) (Schenkel et al, 1999). A identificação de
espécies tóxicas e de uso restrito é importante na orientação sobre o uso das plantas pela
população e na prevenção de intoxicações por plantas, assim como a divulgação da forma
adequada de emprego das mesmas. Di Stasi (1996) afirma que o mais importante é que a
ciência se desenvolva motivada a solucionar problemas para que o mundo seja mais humano,
são, feliz e eqüitativo. Desta forma os cientistas devem ser cidadãos preocupados com o bemestar da sociedade e a ciência deve significar ajuda ao desenvolvimento do homem. O uso
racional das plantas medicinais e a prevenção de intoxicações através da identificação de
plantas potencialmente tóxicas é uma das preocupações da equipe que integra este projeto no
sentido de contribuir para o bem-estar e saúde da comunidade.
O Projeto foi proposto pela necessidade de repassar à comunidade o conhecimento
científico e ao mesmo tempo trazer o conhecimento popular para a comunidade acadêmica,
promovendo a interação entre estas duas visões do mundo que contribuem para o
conhecimento da humanidade. Está intimamente relacionado à pesquisa, uma vez que
membros da equipe trabalham com levantamentos da flora em diversas áreas do Estado do
Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo o Projeto de Extensão retorna dados para a pesquisa, através
do levantamento das plantas utilizadas pela população, e respectivas formas de uso,
indicações terapêuticas e partes usadas. Entre os objetivos do projeto estão: identificar as
principais plantas nativas e exóticas usadas como medicinais, com respectivas formas de uso e
indicações terapêuticas no Estado do Rio de Janeiro; identificar as plantas já reconhecidas na
literatura científica como tóxicas e aquelas para as quais estudos químicos e/ou biológicos
sugiram algum indício ou probabilidade de efeito adverso; preparar material informativo de
divulgação das instruções necessárias ao cultivo e emprego adequado das espécies; selecionar
plantas medicinais de uso regulamentado que apresentem baixa toxicidade e eficácia
terapêutica; cultivar estas plantas para distribuição de mudas à comunidade com o respectivo
material informativo; incentivar nas escolas a criação de hortas com plantas medicinais e o
reconhecimento das plantas tóxicas; promover a prática extensionista junto aos alunos do
Curso de Ciências Biológicas da FFP através do levantamento e análise de dados, preparo de
hortas e palestras junto às escolas e comunidade.
Metodologia
Este projeto iniciou-se em 2002 e está cadastrado no Departamento de Extensão da
Subreitoria de Extensão da UERJ com o número P596. O levantamento de dados na
comunidade inclui a gravação e anotação de entrevistas semi-estruturadas e baseadas em
questionários com ervateiros, raizeiros e indivíduos da comunidade que façam uso regular das
plantas medicinais, coleta de material botânico para posterior identificação (BEGOSSI, 1998),
além da observação e anotação das plantas nos locais de cultivo e venda. Estas plantas são
identificadas através de chaves analíticas, consultas aos especialistas das famílias e visitas aos
Herbários. Para o conhecimento dos nomes populares das espécies identificadas é realizada a
consulta às referências bibliográficas e anotações das entrevistas. O levantamento
bibliográfico também é realizado para informações sobre as indicações terapêuticas e formas
de preparo das ervas. A partir das informações coletadas é feita a seleção das espécies para
cultivo e preparado o material informativo para a divulgação dos usos das plantas.
A produção de mudas de plantas medicinais foi realizada a partir de matrizes
aclimatadas na estufa e áreas adjacentes no Campus da Faculdade de Formação de Professores
(FFP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), situado no bairro do Paraíso, São
Gonçalo, Rio de Janeiro, no período de março a julho de 2003. As plantas foram cultivadas
em solo com adubo orgânico e pH corrigido e a irrigação foi realizada através de microaspersão por 20 a 40 minutos duas vezes ao dia. A propagação foi realizada através de
sementes, estaquia de galho, estaquia de rizoma, rebentos ou mudas e divisão de touceiras,
seguindo-se as recomendações de Correa Júnior (1991), Furlan (1996) e Martins et al. (2000).
Para a identificação das espécies cultivadas, realizada por comparação, e denominação
popular foi utilizada a bibliografia específica: Lorenzi & Matos (2002) e Martins et al (2000),
entre outros. As mudas obtidas estão sendo distribuídas à comunidade de São Gonçalo,
Niterói, Itaboraí, Rio de Janeiro e outros municípios com material informativo sobre cada
espécie.
O Projeto envolve atualmente alunos das disciplinas Botânica II e Botânica IV,
obrigatórias do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da FFP, em São Gonçalo, e 3
bolsistas de Extensão. Os alunos da Botânica II (Fisiologia Vegetal) realizam experimentos
relacionados às condições necessárias à germinação das sementes de algumas espécies de
plantas medicinais, que depois são transplantadas e cultivadas em solo. Os alunos inscritos na
disciplina Botânica IV (Organografia e Taxonomia Vegetal) elaboram mini-projetos de
extensão relacionados a plantas medicinais e com outros potenciais econômicos,
desenvolvendo-os nas escolas ou na comunidade em geral. Eles apresentam inicialmente um
pré-projeto com a introdução e metodologia prevista para ser usada durante o
desenvolvimento do mini-projeto, que é analisado e discutido com o grupo, sendo
apresentadas sugestões com o intuito de correção e orientação do trabalho discente. Os
próprios alunos escolhem o local e as atividades a serem realizadas. Para isto são
supervisionados pela equipe do Projeto “Plantas Medicinais e Tóxicas no Rio de Janeiro”,
incluindo a participação nas ações, plantio e doação de mudas e revisão de literatura
especializada.
Resultados e discussão
Foram levantados no bairro de Alcântara, na cidade de São Gonçalo, 15 locais de
venda de plantas medicinais secas, incluindo bancas de jornal, lojas de venda de plantas,
flores, produtos naturais ou artigos diversos e vendedores ambulantes, e 81 plantas medicinais
comercializadas com nomes populares diferentes (Tabela 1). Mais da metade das amostras
não apresentavam os nomes científicos ou apresentavam denominações erradas nas
embalagens contendo os produtos. Neste bairro é freqüente a comercialização dos vegetais
apenas com o nome popular, o que pode causar uso inadequado e graves riscos à saúde,
estando a comunidade sem orientação específica quanto à presença de substâncias tóxicas em
plantas medicinais e suas conseqüências. Outro fato relevante é que algumas plantas
comercializadas, como o “abajeru”, a “cainca”, a “catuaba” e o “pinhão-roxo”, ainda não têm
eficácia terapêutica comprovada, sendo utilizadas com base apenas nas informações
disponíveis na medicina popular (Lorenzi & Matos, 2002) ou ainda sem qualquer outra
referência na bibliografia consultada. A partir destes resultados e de informações obtidas em
entrevistas e questionários aplicados à comunidade em geral verificou-se que o preparo de
material informativo, a produção de mudas de eficácia terapêutica comprovada e com a
correta identificação botânica e a divulgação das informações relativas ao uso das plantas
medicinais deveriam ser priorizados entre as atividades a serem desenvolvidas.
Tabela 1. Listagem das plantas medicinais comercializadas no bairro de Alcântara,
São Gonçalo, Rio de Janeiro, com as respectivas partes indicadas para uso de acordo com as
informações contidas nas embalagens.
NOME
NOME
CIENTÍFICO
Achyrocline
satureioides
(Lam.) DC.
Adianthum capillus-veneris L.
POPULAR
PARTE
INDICADA
PARA USO
“macela”
Flores
“avenca-cabelode-vênus”
Aesculues hippocastranum L.
“castanha-daíndia”
Ageratum conyzoides L.
“erva-de-sãojoão”, “mentrasto”
Anacardium occidentale L.
“cajueiro”
Folhas
Frutos
Planta inteira
Casca
do
tronco
Anadenanthera
colubrina
(Vell.) Brenan
Anchietea salutaris
“angico”
Caule
“cipó-suma”,
“suma-roxa”
arvense
“catuaba”
Cipó
Anemopaegma
(Vell.)Stellf.
Argemone mexicana L.
Artemisia absinthium L.
Averrhoa carambola L.
Bambusa vulgaris
Bidens pilosa L.
Boerhavia diffusa L.
Caule
“cardo-santo”
“artemísia”
“carambola”
“bambu”
“picão-preto”
“pega-pinto”,
“erva-tostão”
Camellia sinensis (L.) Kuntze
“banchá”
Flores e frutos
Folhas, galho
Folhas
Folhas
Folhas
Folhas, galho
Planta inteira,
raiz
Carica papaya L.
“mamão-macho”
Flores
“erva-lagarto”
“embaúba”
Casearia sylvestris Sw.
Cecropia
pachystachya
Folhas
Folhas
Trécul
“crista-de-galo”
“centela”
“abajeru”
“cainca”,
“curatombo”
zeylanicum
“canela”
Celosia argentea L.
Centella asiatica ( L.) Urban
Chrysobalanus icaco L.
Chiococca alba (L.) Hitchc.
Flores
Folhas
Folhas
Galho
Cinnamomum
Casca do caule
Breyn.
“abutua”
“laranjeira-da-
Caule
Folhas
Cocculus filipéndula L.
Cola nitida Ventent
Cordia verbenacea DC.
“cóculos”
“noz-de-cola”
“erva-baleeira”
Raiz
Sementes
Flores, frutos,
Costus spicatus (Jacq.) Sw
Citrus limon (L.) Burm. f.
Echinodorus
grandiflorus
“cana-do-brejo”
“limoeiro”
“chapéu-de-couro”
Cissampelos pareira L.
Citrus aurantium L.
terra”
galhos
Folhas, galhos
Folhas
Folhas
Mitch
“capim-pé-degalinha”
Erythroxylum vacciniifolium
“catuaba”
Eleusine indica (L.) Gaertn.
Caule
Mart.
Eucalyptus globulus Labill.
Foeniculum vulgare Mill.
Geissospermum leavis Miers
Gossypium herbaceum L.
Himatanthus
lancifolius
(Muell. Arg.) Woodson
Hymenaea courbaril L.
Jatropha curcas L.
“eucalipto”
“funcho”
“pau-pereira”
“algodoeiro”
“agoniada”
Folhas
Frutos
Caule
Toda planta
Caule
“jatobá”
“pinhão-roxo”
Caule
Folhas
e
galhos
“cambará”
“alfazema”
“cordão-de-frade”
Lantana camara L.
Lavandula sp.
Leonotis nepetaefolia (L.) R.
Br.
Folha e galhos
Flores
Talo, folha e
flores
“agripalma”
Leonurus cardiaca
Frutos, folhas e
galhos
“erva-macaé”
“erva-de-santa-
Planta inteira
Caule e galhos
Luehea grandiflora Mart. et
“açoita-cavalo”
Caule
Luffa operculata (L.) Cogn.
“buchinha-do-
Frutos
“malva”
“mangueira rosa”
Folhas
Folhas
Leonorus sibiricus L.
Lepidium sp.
maria”
Zucc.
norte
Malva sylvestris L.
Mangifera indica
“espinheira-santa”
“alfafa”
“guaco”
“cipó-cabeludo”
“melão-de-sãocaetano”
Morus nigra L.
“amora”
Myrcia sphaerocarpa DC.
“pedra-ume”
Myristica oleifera (Schott) A.
“bicuíba”
Maytenus aquifolium Mart.
Medicago sativa L.
Mikania glomerata Spreng.
Mikania hirsutissima DC.
Momordica charantia L.
Folhas
Planta inteira
Folhas
Parte aérea
Planta inteira
Folhas
Folhas
Frutos
C. Sm.
“alfavaca”
“manjerona”
“parietária”
“maracujá-doce”
“guaraná”
“abacate”
“boldo-do-chile”
“quebra-pedra”
“guiné-pipi”
“erva-doce”
Ocimum basilicum L.
Origanum vulgare L.
Parietaria officinalis
Passiflora alata Dryand.
Paullinia cupana Kunth
Persea americana Mill.
Peumus boldus Molina
Phyllanthus niruri L.
Petiveria alliacea L.
Pimpinella anisum L.
“aperta-ruão”
“erva-de-bicho”
“abiu-roxo”
Piper aduncum L.
Poligonum punctatum Elliot
Pouteria caimito(Ruiz &
Pav.)Radlk.
Psidium guajava L.
Punica granatum L.
Quassia amara L.
Rhammus purshiana DC.
Ricinus communis L.
Rollinia mucosa (Jacq.) Baill.
Rosmarinus officinalis L.
Rudgea viburnoides Benth.
Folhas, galho
Planta
Folhas
Folhas
Frutos
Folha
Folhas
Folhas, galho
Frutos
e
sementes
Folhas
Folha e galho
Folhas
“goiabeira”
“romã”
“pau-amargo”
“cáscara sagrada”
“mamona”
“fruta-de-conde”
“alecrim”
“congonha-de-
Brotos e folhas
Casca do fruto
Lenho
Folhas
Folhas
Folha e galho
Folhas
bugre”
Sambucus nigra L.
“sabugueiro”
Flor, casca e
folhas
“aroeira”
“aroeira”
“mangerioba”,
“fedegoso”
Sida cordifolia
“malva branca”
Solanum americanum Mill.
“erva-moura”
Stachytarpheta cayennensis
“gervão”
(Rich.) Vahl
Struthantus
marginatus
“erva-passarinho”
Blume
Syzygium cumini (L.) Skeels
“jamelão”
Tynnanthus fasciculatus
“cipó-cravo”
Schinus molle L.
Schinus terebinthifolia Raddi
Senna occidentalis (L.) Link
Periderme
Casca
Folhas
Folhas, galho
Galhos
Folhas, galhos
Folhas
Folhas
Cipó
Uncaria tomentosa (Willd.)
“unha-de-gato”
Periderme
Verbena odorata
Vernonia polyanthes Less.
Vernonia condensata Baker
Ziziphus joazeiro Mart.
“gervão-roxo”
“assa-peixe”
“boldo-da-terra”
“juá”
Folhas
Folhas
Folhas
Casca de lenho
DC.
Os alunos da disciplina Botânica II coletam amostras de solo e estudam as condições
de desenvolvimento e propagação das plantas e os alunos na disciplina Botânica IV são
incentivados a desenvolver mini-projetos com a comunidade relacionados a plantas
medicinais e de outras utilidades. Várias escolas localizadas nos municípios de São Gonçalo,
Niterói e Rio de Janeiro recebem estes licenciandos para o desenvolvimento de atividades,
entre as quais palestras sobre o uso de plantas medicinais e os riscos de intoxicações com
plantas tóxicas e a criação de hortas de plantas medicinais. São oferecidas palestras sobre
plantas medicinais e tóxicas nas escolas, creches, asilos e hospitais principalmente dos
municípios de São Gonçalo, Itaboraí, Niterói e Rio de Janeiro. Os alunos da disciplina
Botânica IV consideraram a experiência valiosa em suas vidas acadêmicas e para vários deles
a realização do mini-projeto foi muito gratificante. Eles consideram imprescindível o auxílio
dos professores na orientação, elaboração e apresentação dos trabalhos. Também relataram
que as diretoras das escolas solicitaram aos alunos que as atividades fossem ampliadas para
todas as turmas.
O cultivo está sendo realizado na estufa na entrada do Campus da FFP e, a partir
destes indivíduos, são propagadas as mudas para distribuição à comunidade, sempre com as
informações sobre a indicação de uso de cada espécie. Na estufa estão sendo produzidas
mudas de 27 espécies medicinais: Plectranthus barbatus Andrews (boldo-brasileiro),
Plectranthus neochilus Schlechter (boldinho), Vernonia condensata Baker (alumã),
Cymbopogon citratus (DC) Stapf. (capim-limão), Plantago major L. (tanchagem), Euphorbia
tirucalli L. (aveloz), Passiflora edulis Sims (maracujá), Schinus terebinthifolius Raddi
(aroeira) e outras (Tabela 2). Estas mudas são distribuídas pela equipe do projeto e alunos da
FFP e nas escolas e comunidade em geral.
Tabela 2. Espécies cultivadas na estufa da Faculdade de Formação de Professores da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, Rio de Janeiro.
NOME CIENTÍFICO
NOME POPULAR
FORMA
DE
PROPAGAÇÃO
Aloe vera (L.) Burm. f.
Alpinia speciosa Schum.
Alternanthera brasiliana
(L). O. Kuntze
Bixa orellana L.
Costus spiralis (Jacq.)
Roscoe
Cotyledon orbiculata L.
Cymbopogon citratus (DC)
Stapf.
Foeniculum vulgare Hill
Lavandula
angustifólia
Mill.
Lippia alba (Mill.) N.E.Br.
“babosa”
“colônia”
“terramicina”
Rebento
Rebento
Estaquia de galho
“urucum”
“cana-do-brejo”
Semente
Rebento
“bálsamo”
“capim-limão”
“erva-doce”
“lavanda”
“erva-cidreira”
Estaquia de galho
Divisão
de
touceira
Semente
Semente
Estaquia de galho
Mentha arvensis L.
“menta”
Mentha pulegium L.
“poejo”
Mentha sp.
“hortelã”
Estaquia
de
Estaquia
de
Estaquia
de
rizoma
rizoma
rizoma
Mikania glomerata Spreng.
Ocimum basilicum L.
Ocimum gratissimum L.
Oreganum vulgare L.
Pfaffia glomerata (Spreng.)
Pedersen
Plectranthus
barbatus
Andrews
Plectranthus
neochilus
Schlechter
Plantago major L.
Ruta graveolens L.
Sambucus australis Cham.
& Schltdl.
Schinus
terebinthifolius
Raddi
Solidago chilensis Meyen
Thymus vulgaris L.
Vernonia condensata Baker
“guaco”
“manjericão”
“alfavaca”
“orégano”
“novalgina”
Estaquia de galho
Semente
Semente
Semente
Estaquia de galho
“falso boldo”
Estaquia de galho
“boldinho”
Estaquia de galho
“tanchagem”
“arruda”
“sabugueiro”
Semente
Semente
Estaquia de galho
“aroeira”
Semente
“arnica-brasileira”
“tomilho”
“boldo”
Rebento
Semente
Estaquia de galho
Conclusões
O emprego de plantas medicinais na recuperação da saúde tem evoluído desde as
formas mais simples de tratamento local até as formas tecnologicamente sofisticadas de
produção industrial. Entretanto ainda é freqüente a comercialização de plantas medicinais sem
a correta determinação botânica ou sem a eficácia terapêutica comprovada, além dos casos em
que as plantas são tóxicas ou não existem quaisquer relatos de seus efeitos. O uso destas
plantas pode causar graves riscos à saúde, quando os usuários não têm acesso à orientação
específica quanto à presença de substâncias tóxicas, partes usadas, modo de preparo,
dosagem, eficácia terapêutica e conseqüências de seu uso incorreto. Este projeto contribui
para a educação e saúde da comunidade com a orientação específica sobre estes itens, assim
como com informações sobre o cultivo e a distribuição de mudas.
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/Editora da UFSC, 1999. p. 755-788
Apoio: DEPEXT/SR-3/UERJ
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