1 O epigrama na antiga Roma / Isabella Tardin Cardoso .c Caro Aluno: Esta atividade pós-exibição é a terceira, de um conjunto de propostas, que têm por base o segundo episódio do programa de áudio Frases Célebres. As atividades pós-exibição são compostas por textos e softwares que retomam os programas e encaminham sugestões de exercícios a serem realizados por você. Recomendamos que elas sejam feitas após a audição do programa em sala de aula. 2 O epigrama na antiga Roma / Isabella Tardin Cardoso Atividade O epigrama na antiga Roma Episódio Epigramas na Antiguidade Programa Frases Célebres Texto 3 O epigrama em Roma antiga O contato entre Grécia e Roma, intensificado durante o período das Guerras Púnicas (as guerras contra Cartago em 264 – 146 a.C.), estimulou, entre outros fatores, a produção de poesia em latim, que se baseou numa “imitação” da poesia grega. Esta “imitação” se mostra, porém, criativa e marcada pela vontade (que os romanos muitas vezes chegam a expressar) de superar seus modelos. No caso do epigrama, vimos que na Grécia a passagem da inscrição para a poesia desvinculada do suporte material demorou quase quatro séculos. Mas o contato dos romanos com o epigrama helenístico (inscrito ou não) proporcionou o rápido surgimento de epigramas latinos de ambas as formas. 3 O epigrama na antiga Roma / Isabella Tardin Cardoso Em Roma antiga, os primeiros epigramas de que se tem notícia provêm do final do séc. III a.C. e início do séc. II a.C. Entre eles estão inscrições em verso em homenagem a personalidades da aristocracia romana, como os poemas dedicados à importante família dos Cipiões. Os poemas apresentam características tanto da poesia helenística (que foi adaptada para a língua e a métrica latinas da época), quanto de rituais fúnebres romanos. Os primeiros epigramas em Roma (inscritos ou não) são, pois, celebrativos. Com o tempo, passam a homenagear não somente a aristocracia, mas também poetas e pessoas de outras classes sociais. Depois disso, entre os séculos II e I a.C., passam a ser moda entre a elite romana os epigramas amorosos (e mesmo eróticos), que tinham entre seus autores também alguns políticos. Na fase final da República os variados epigramas de Catulo representam uma inovação (Atividades 4 e 5). Este e, mais tarde, Marcial (Atividade 6), que viveu já em pleno Império Romano, serão os principais representantes do gênero poético epigramático em Roma antiga, influenciando a literatura posterior até os dias de hoje. Em relação ao que se compôs, pouco restou da vasta produção epigramática romana. Dentre as obras remanescentes, destacam-se, ainda, os picantes epigramas da Priapeia (dedicada ao deus Priapo), bem como variados poemas reunidos na chamada Antologia Latina. Além disso, tal como aconteceu com o epigrama grego, mesmo após o surgimento do epigrama não inscrito, continua a inscrição de versos em latim em túmulos e monumentos. Inscrições em verso encontradas pelo extenso território de Roma antiga – da Britânia até a África, da Hispânia até a Ásia Menor – foram, no século XIX, coletadas nos Poemas epigráficos latinos (Carmina Epigrafica Latina). Autores: Isabella Tardin Cardoso (Coordenadora) Robson Tadeu Cesila Lilian Nunes da Costa Carol Martins da Rocha Mariana Musa de Paula e Silva Exercício 1 Epitáfio a Lúcio Cipião: compreensão de texto de inscrição Abaixo transcrevemos uma tradução do epigrama inscrito num dos monumentos à família dos Cipiões. Epitáfio a Lúcio Cipião, filho de Lúcio Cipião Barbado Este homem, Lúcio Cipião, como a maioria em Roma concorda, 4 O epigrama na antiga Roma / Isabella Tardin Cardoso foi o único excelente entre os bons varões. Filho do Barbado, foi cônsul, censor, edil entre vós. Ele capturou a Córsega, e também a cidade de Aléria, e consagrou, como devido, um templo às Tempestades. (CIL I2 9. Tradução de Isabella Tardin Cardoso) Se você tiver curiosidade de ler, o texto inscrito (numa forma bem antiga da língua latina) é: Eulogium Sciponum (CIL I2 9) Honc oino ploirume cosentiont R[omanae Duonoro optumo fuise uiro, Luciom Scipione. Filios Barbati Consol censor aidilis hec fuit a[pud uos. Hec cepit Corsica Aleriaque urbe, dedet Tempestatebus aide mereto[d. Responda, indicando passagens do texto traduzido que justifiquem sua resposta. a. Que características se elogiam em Lúcio Cipião? b. Sobre o modo como as características do homenageado são apresentadas: isso se dá de forma sucinta, objetiva (citando-se fatos, por exemplo) ou por meio de muitos adjetivos? c. Comparado aos epigramas fúnebres vistos na Atividade II, você diria que este teria um caráter mais público ou privado? Exercício 2 Pesquisa: coletânea e compreensão de texto de inscrições em sua cidade. Você já reparou nas inscrições de sua cidade? Visite cemitérios, igrejas, praças, locais públicos, documente (fotografando ou copiando) as inscrições dos monumentos e responda às seguintes questões: 5 O epigrama na antiga Roma / Isabella Tardin Cardoso a. Que pessoas ou instituições são homenageadas por meio de inscrições? b. Que qualidades ou feitos são elogiados nas inscrições? c. Como se elogia? A inscrição é breve ou mais longa; é em prosa ou verso? d. Há algum epigrama entre as inscrições que você encontrou? PARA SABER MAIS O seguinte livro apresenta várias inscrições antigas e de forma bastante acessível aos interessados: FUNARI, P. P. Antiguidade Clássica. A história e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da Unicamp, 2002. BIBLIOGRAFIA ALBRECHT, M. von. A History of Roman Literature. Vol. I. Leiden/New York/Köln: Brill, 1997. CONTE, G. B. Latin Literature – a History. Baltimore, London: The John Hopkins University Press, 1994. CONTE, G. B. The Rhetoric of Imitation. Ithaca: Cornell U. P., 1996. COURTNEY, J. A. Musa lapidaria: A Selection of Latin Verse Inscriptions. Atlanta: Scholars Pr., 1995. FUNARI, P. P. Antiguidade Clássica. A história e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da Unicamp, 2002. MORELLI, A. M. L´Epigramma Latino Prima di Catulo. Cassino: Universitá di Studi di Cassino, 2000. OLIVA NETO, J. A. Falo no jardim – Priapéia Grega, Priapéia Latina. Cotia/Campinas: Ateliê Editorial/Editora da Unicamp, 2006. TOLKHIEN, J. “Die Inschriftliche Poesie der Römer”. Neue Jahrhundert für das Klassische Altertum, 4 Jg., 1901, S. 161-184. 6 O epigrama na antiga Roma / Isabella Tardin Cardoso 7 O epigrama na antiga Roma / Isabella Tardin Cardoso