UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FISIOTERAPIA TAMIRES ZAPELINI DALPONTE ANÁLISE DOS EFEITOS DA APLICAÇÃO ISOLADA E COMBINADA DA ENDERMOTERAPIA E DA MICROGALVANOPUNTURA NO TRATAMENTO DE ESTRIAS ATRÓFICAS ALBAS, NA REGIÃO GLÚTEA, EM SUJEITOS DO SEXO FEMININO CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 TAMIRES ZAPELINI DALPONTE ANÁLISE DOS EFEITOS DA APLICAÇÃO ISOLADA E COMBINADA DA ENDERMOTERAPIA E DA MICROGALVANOPUNTURA NO TRATAMENTO DE ESTRIAS ATRÓFICAS ALBAS, NA REGIÃO GLÚTEA, EM SUJEITOS DO SEXO FEMININO Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no Curso de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientadora: Chiumento. Profª MSc. CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 Lisiane Fabris 2 3 Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada disso seria possível. Aos meus pais Roberto e Lucimar, pelo esforço, dedicação e compreensão, em todos os momentos desta e de outras caminhadas. 4 AGRADECIMENTOS Ele merece sempre o primeiro lugar, por isso, agradeço a Ele, Deus, por me dar a vida e iluminar meus caminhos e que eu posso retribuir às pessoas tudo que recebo dele. Aos meus pais, Roberto e Lucimar, pela sólida formação dada, que me proporcionou a dar continuidade nos estudos até a minha presente formação, pelo apoio, compreensão e amor incondicional. Por tudo isso e muito mais, não bastaria somente um obrigado. Amo vocês. Ao meu irmão Douglas, que eu amo muito, mesmo distante, sempre procurava se interessar com o rumo deste trabalho e me dar apoio para que ele fosse prosseguido com firmeza e força de vontade. Ao meu amor, por ter paciência nos meus momentos de estresse e ter me suportado mesmo após os meus ataques histéricos. Obrigada amor, te amo. Aos amigos que conquistamos durante este percurso, que nos ajudaram direta e indiretamente para que hoje este trabalho fosse concluído. Vão deixar saudades, um aperto no peito, os momentos que partilhamos, as festas que aproveitamos, as danças que requebramos, as fofocas que repassamos, daquelas bebidinhas que nos alegramos, das piadas que gargalhamos, das sonecas que tiramos, dos problemas que enfrentamos, do auxílio que precisamos e dos sonhos que sonhamos. Em especial Jô, a Sarinha, a Poia, a Cacá, a Susi, a Karla, a Ca e a Ane, amigas que vou levar para sempre em meu coração. Amo vocês Divas! Não poderia deixar de agradecer a uma grande amiga, a Chris, minha amiga morena, que tive a oportunidade de conhecê-la durante o percurso da nossa faculdade. Obrigada por tudo, por estar comigo nos momentos bons e naqueles complicados. Minha parceria para festas, para dançar, para rir e também quando preciso para desabafar. Vou sentir muitas saudades. Te amo morena! Ao casal Fran e Luis, por terem me suportado várias vezes na casa deles e me ajudado imensamente com aquele programinha complicado para mensurar as estrias. Muito Obrigada! A uma amiga em especial, Vanessa, que teve uma passagem breve neste mundo, mas pelo curto período de tempo que esteve conosco, fez por ser lembrada, 5 pela pessoa que significou na minha vida e que com certeza está feliz por esta vitória. À minha orientadora Lisiane Fabris, a quem devoto a mais sincera admiração. Obrigada por acreditar neste trabalho e me conduzir firme para que ele fosse concretizado. Muito agradecida, boneca Barbie! Às minhas pacientes, pela coragem e gentileza de participarem desta pesquisa, proporcionado que este trabalho fosse concretizado. Por último e não menos importante, aos Mestres. Obrigada professores por dedicar seu tempo e sua sabedoria para que nossa formação fosse um aprendizado de vida. 6 “Se tens um sonho, sonhe, se tens uma idéia, idealize, porque por maior que seja a noite o dia torna a clarear”. Voltaire 7 RESUMO A preocupação de indivíduos com a sua imagem corporal, pelo padrão de beleza imposto pela sociedade, está cada vez maior, fazendo com que os mais variados tratamentos estéticos venham a ser procurados para atingir tal perfeição. As estrias atróficas são um mal que afligem tanto homens quanto mulheres, fazendo com que fiquem insatisfeitos em relação à sua auto-imagem. Elas são uma atrofia tegumentar adquirida, devido ao rompimento das fibras elásticas presentes na derme. A Fisioterapia Dermato-Funcional tem se tornado uma das áreas mais procuradas com objetivo de solucionar tais problemas, promovendo não somente a aparência estética, mas a melhora da saúde, por proporcionar aumento da auto-estima do indivíduo. Este trabalho objetivou analisar os efeitos da microgalvanopuntura e da endermoterapia isolada e combinada no tratamento de estrias atróficas albas da região glútea em sujeitos do sexo feminino. Como objetivos específicos têm-se apontar a fase de desenvolvimento da vida que teve início da ocorrência da lesão; possível etiologia; caracterizar as estrias de cada paciente selecionada para amostra, bem como o período de transição de estrias rubras à albas e relatar a relação entre estrias, endermologia e microgalvanopuntura. O estudo foi composto por seis voluntárias do sexo feminino, com estrias albas na região glútea, com faixa etária entre 21 a 25 anos de idade, com média de idade de 21,8 anos. As pacientes foram submetidas a oito sessões de tratamento, sendo que foram separadas em três grupos: o grupo I, submetido ao tratamento com o Striat®, o grupo II, tratado com a Endermoterapia e o grupo III, com a Endermoterapia o associada ao Striat®. O tratamento foi realizado na Clínica de Fisioterapia da UNESC, duas vezes por semana, com intervalo de quatro dias entre as sessões. Foi no grupo III, com a endermoterapia e microgalvanopuntura combinadas que houve maiores alterações das estrias, tanto da coloração tornando-se violáceas, redução do diâmetro e minimização do aspecto depressivo das estrias. Já nas pacientes do grupo I houve alteração da coloração das estrias para violáceas, redução do diâmetro destas, porém em menor escala que o grupo I e atenuação de seu aspecto depressivo. E no grupo II houve somente mudança de coloração da estria para pele sadia e redução do seu diâmetro, mas em menor escala que os outros dois grupos, sem minimização do aspecto depressivo das estrias. Em relação a satisfação pessoal das pacientes, 100% do grupo I referiram completa satisfação, e das pacientes tanto do grupo II e III, 50% sentiram-se satisfeitas e 50% relataram estarem satisfeitas, mas que o resultado poderia ser ainda mais satisfatório. Isto demostra que todos os métodos foram eficientes para a melhora da aparência estética das estrias atróficas. Palavras-chave: Fisioterapia Dermato-Funcional, Microgalvanopuntura e Endermoterapia. Estrias atróficas, 8 ABSTRACT The concern of individuals with their body image, the standard of beauty imposed by society, is increasing, causing a wide variety of aesthetic treatments will be sought to achieve such perfection. The stretch marks are an evil that afflicts both men and women, causing them to become dissatisfied with regard to their self-image. They are an acquired cutaneous atrophy, due to disruption of elastic fibers in the dermis. The Physiotherapy Dermatology Functional has become one of the most sought after in order to solve such problems, promoting not only the aesthetic appearance, but the improvement in health, to provide increased self-esteem of the individual. This study aimed to analyze the effects of Microamperage stimulation and Endermologie alone and combined in the treatment of atrophic striae alba of the buttocks region in female subjects. Specific objectives have been pointing out the development phase of life that began the occurrence of the injury, possible etiology, characterize the grooves of each patient selected for the sample, and the period of transition to alba crimson streaks and report the relationship between striae distensae, endermologie and microamperage stimulation. The study consisted of six female volunteers, striae alba with the buttocks region, aged between 21 and 25 years old, with a mean age of 21.8 years. The patients were submitted to eight sessions of treatment, and were separated into three groups: group I, undergoing treatment with Striat ®, group II, treated with Endermologie and group III, with the associated Endermologie ® Striat. The treatment was conducted at the Physiotherapy Clinic UNESC twice a week with an interval of four days between sessions. It was in group III, with Endermologie microgalvanopuntura combined and that there were greater changes in the grooves, so the color becomes purple, decreased diameter and minimizing the appearance of depressive streak. Already in Group I, there was change in color from purple to stretch, reducing the diameter of these, but to a lesser extent than group I and mitigation of their looks depressing. Already in Group I, there was change in color from purple to stretch, reducing the diameter of these, but to a lesser extent than group I and mitigation of their looks depressing. And in group II there was only color change of the groove for healthy skin and reducing its diameter, but to a lesser extent than the other two groups, without minimizing the appearance of depressive streak. For personal satisfaction of patients, 100% in Group I reported complete satisfaction, and both patients in group II and III, 50% felt satisfied and 50% reported being satisfied, but the result could be even more satisfying. This demonstrates that all methods were effective to improve the aesthetic appearance of striae distensae. Keywords: Physiotherapy Dermatology Functional, Striae distensae, Microamperage stimulation and Endermologie. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Aparelho Striat®........................................................................................45 Figura 2 - Demarcação das Estrias no Programa AutoCad 2009..............................47 Figura 3- Aparelho de Endermoterapia (Endosux P/Endermo DGM)........................48 Figura 4 - Ventosa facial de vidro do tipo “luneta”......................................................48 Figura 5- Linhas de Langer........................................................................................56 Figura 6- Paciente 1 – Antes (Glúteo direito).............................................................91 Figura 7- Paciente 1 – Antes (Glúteo esquerdo)........................................................91 Figura 8- Paciente 1 – Depois (Glúteo direito)...........................................................92 Figura 9- Paciente 1 – Depois (Glúteo esquerdo)......................................................92 Figura 10- Paciente 2 – Antes (Glúteo direito)...........................................................93 Figura 11- Paciente 2 – Antes (Glúteo esquerdo)......................................................93 Figura 12- Paciente 2 – Depois (Glúteo direito).........................................................94 Figura 13- Paciente 2 – Depois (Glúteo esquerdo)....................................................94 Figura 14- Paciente 3 – Antes (Glúteo direito)...........................................................95 Figura 15- Paciente 3 – Antes (Glúteo esquerdo)......................................................95 Figura 16- Paciente 3 – Depois (Glúteo direito)........................................................ 96 Figura 17- Paciente 3 – Depois (Glúteo esquerdo)....................................................96 Figura 18- Paciente 4 – Antes (Glúteo direito)...........................................................97 Figura 19- Paciente 4 – Antes (Glúteo esquerdo)......................................................97 Figura 20- Paciente 4 – Depois (Glúteo direito).........................................................98 Figura 21- Paciente 4 – Depois (Glúteo esquerdo)....................................................98 Figura 22- Paciente 5 – Antes (Glúteo direito)...........................................................99 Figura 23- Paciente 5 – Antes (Glúteo esquerdo)......................................................99 Figura 24- Paciente 5 – Depois (Glúteo direito).......................................................100 Figura 25- Paciente 5 – Depois (Glúteo esquerdo)..................................................100 Figura 26- Paciente 6 – Antes (Glúteo direito).........................................................101 Figura 27- Paciente 6 – Antes (Glúteo esquerdo)....................................................101 Figura 28- Paciente 6 – Depois (Glúteo direito).......................................................102 Figura 29- Paciente 6 – Depois (Glúteo esquerdo)..................................................102 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Localização e Disposição das Estrias Atróficas ...................................... 55 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1- Aspecto e Forma das Estrias Atróficas de Cada Paciente........................62 Quadro 2- Coloração das Estrias Pós-Tratamento....................................................63 Quadro 3- Comprimento e Larguras das Estrias pré e pós os tratamentos...............64 12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Cor da Pele................................................................................................54 Gráfico 2: Prováveis Etilogias do Surgimento das Estrias Atróficas..........................57 Gráfico 3: Idade da Menarca......................................................................................59 Gráfico 4: Tempo de Transição de Estrias Rubras à Albas.......................................60 Gráfico 5: Sintomatologia Inicial das Estrias Atróficas Rubras...................................61 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS COFFITO - Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional IBRAMED - Indústria Brasileira de Equipamentos Médicos LTDA TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense 14 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 22 2.1 Sistema Tegumentar ......................................................................................... 22 2.1.1 Pele e suas funções ....................................................................................... 22 2.1.2 Anexos da Pele ............................................................................................... 26 2.2 Histologia ........................................................................................................... 26 2.2.1 Tecido Epitelial ............................................................................................... 27 2.2.2 Tecido Conjuntivo .......................................................................................... 28 2.3 Estrias Atróficas ................................................................................................ 31 2.3.1 Características Clínicas ................................................................................. 31 2.3.2 Incidência ........................................................................................................ 32 2.3.3 Etiologia .......................................................................................................... 33 2.4 Reparo de lesões ............................................................................................... 34 2.4.1 Fase Inflamatória ............................................................................................ 34 2.4.2 Fase Proliferativa ........................................................................................... 35 2.4.3 Fase de Remodelamento ............................................................................... 36 2.5 Fisioterapia Dermato-Funcional ...................................................................... 36 2.6 Eletroterapia ...................................................................................................... 38 2.6.1 Corrente Galvânica..........................................................................................38 2.6.2 Striat®- Microcorrente Galvânica..................................................................39 2.7 Endermoterapia..................................................................................................41 2.8 Endermoterapia associado ao Striat®.............................................................42 3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................43 3.1 Caracterização do estudo..................................................................................43 3.2 Caracterização da amostra e local do estudo................................................43 3.3 Instrumentos e materiais para a pesquisa.......................................................45 3.4 Procedimentos para coleta................................................................................48 3.5 Procedimentos para análise de dados.............................................................50 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................51 4.1 Análise das Características das Estrias de Cada Paciente...........................51 15 4.1.1 Cor da pele.......................................................................................................54 4.1.2 Localização e Disposição das Estrias Atróficas..........................................55 4.1.3 Prováveis Etilogias do Surgimento das Estrias Atróficas..........................57 4.1.4 Idade da Menarca............................................................................................58 4.1.5 Tempo de Transição de Estrias Atróficas Rubras à Albas da Região Glútea........................................................................................................................59 4.1.6 Sintomatologia Inicial das Estrias Atróficas Rubras...................................61 4.1.7 Aspecto e Forma das Estrias Atróficas........................................................62 4.2 Alteração na Coloração das Estrias Atróficas Pós Tratamento....................63 4.3 Comprimento e Larguras Pré e Pós-Tratamento das Estrias observado por meio do Programa de Software AutoCad 2009......................................................64 4.4 Percepção Individual do Tratamento................................................................66 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................68 REFERÊNCIAS..........................................................................................................70 ANEXOS....................................................................................................................76 ANEXO A...................................................................................................................77 ANEXO B...................................................................................................................79 APÊNDICES...............................................................................................................81 APÊNDICE A.............................................................................................................82 APÊNDICE B.............................................................................................................84 APÊNDICE C.............................................................................................................86 APÊNDICE D.............................................................................................................90 16 1 INTRODUÇÃO A segunda década do século XX foi crucial na formulação de um novo ideal físico. A preocupação de indivíduos com a sua imagem corporal ocupam cada vez um espaço maior dentre as suas preocupações (CASTRO, 2004). Existe um grande e crescente culto ao corpo e à beleza, impondo formas padronizadas de um perfil físico considerado ideal, imposto pela mídia diariamente, sendo assim os “indivíduos ajustam de algum modo tanto a aparência quanto seu comportamento de acordo com as exigências do cenário em causa” (GIDDENS, 1997, p.93). A Fisioterapia é definida pelo COFFITO - Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - como sendo “uma ciência que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano”. A Fisioterapia Dermato-Funcional, uma das áreas de atuação mais recentes da Fisioterapia, antes chamada de Fisioterapia Estética, vem se destacando por conseguir proporcionar grandes benefícios estéticos, e, sobretudo qualidade de vida e o bem-estar, a esses indivíduos que estão insatisfeitos com algo em seu corpo. Esta nova denominação de Fisioterapia Dermato-Funcional teve o objetivo de ampliar a área, conferindo-lhe a conotação de restauração da função, e não somente de melhorar ou restaurar a aparência (MILANI, 2006). A partir deste conceito, a Fisioterapia Dermato-Funcional visa além da prevenção, a recuperação físico funcional de alterações dermatológicas, músculoesqueléticas e endócrino-metabólicas, sendo o fisioterapeuta, o profissional capacitado para atuar nestes diversos distúrbios (MONDO, 2004). As estrias são um mal que afligem tanto homens quanto mulheres, fazendo com que fiquem insatisfeitos em relação à sua auto-imagem. Ela é assim chamada por ser uma atrofia tegumentar adquirida, devido ao rompimento das fibras elásticas presentes na derme, segunda camada da pele, apresentando uma redução da sua espessura. Tem aspecto linear, a princípio avermelhadas, após esbranquiçadas e abrilhantadas. Existem três teorias que se destacam por explicar a etiologia das estrias atróficas: a teoria mecânica, endocrinológica e infecciosa, que posteriormente serão descritas detalhadamente (GUIRRO e GUIRRO, 1992; MONDO, 2004). 17 A estria é uma lesão da pele, e como qualquer lesão, em seguida ao seu aparecimento, ocorrem vários eventos celulares e químicos na tentativa de reparar o tecido (KITCHEN, 2003). Todo o processo de reparo pode ser dividido teoricamente em três fases, porém não existe limite distinto entre elas, que são a fase inflamatória, a de proliferação/formação do tecido de granulação e a de remodelagem (KITCHEN, 1998). Pouca atenção era dada às estrias, em relação ao seu tratamento, pois são consideradas seqüelas irreversíveis. Isso está embasado no próprio exame histológico da estria, onde se pode observar uma redução no volume e número dos elementos da pele e o rompimento de fibras elásticas, e se sabe que estas fibras não se regeneram. Porém, estudos recentes abriram uma nova perspectiva no tratamento das estrias, utilizando corrente contínua filtrada constante (GUIRRO e GUIRRO, 1992). Esta corrente é chamada de corrente galvânica, que no tratamento das estrias tem por intuito provocar um processo inflamatório agudo localizado no tecido acometido pela estria, para que haja uma regeneração deste tecido (MONDO, 2004), visando restabelecer de forma satisfatória a integridade dos tecidos tratados (GUIRRO & GUIRRO, 2002). O equipamento empregado que utiliza a corrente microgalvânica é o Striat®, que consta de dois eletrodos, um passivo do tipo placa e um ativo especial, este último consiste de uma agulha fina que é sustentada por uma caneta (GUIRRO, 2007). É um método invasivo, e o processo de regeneração da estria está baseado nos processos envolvidos na inflamação aguda e nos efeitos intrínsecos da corrente contínua (GUIRRO e GUIRRO, 1992). Outro método que também provoca a atenuação das estrias é a endermoterapia. A endermologia é uma técnica terapêutica que engloba equipamentos específicos baseados na aspiração (sucção), provocando ainda uma mobilização profunda da pele e tela subcutânea, permitindo um aumento na circulação sanguínea superficial (GUIRRO e GUIRRO, 2002), estimulando os fibroblastos, que contribuem para a recuperação da pele e de seu aspecto mais saudável (TOGNI, 2006). A partir da contextualização do problema formulou-se a seguinte questão problema: De forma comparativa, quais os efeitos isolados e 18 combinados da microgalvanopuntura e da endermoterapia no tratamento das estrias atróficas albas da região glútea? Nessa perspectiva, para nortear o estudo, foram elaboradas a partir da questão problema, as seguintes questões a investigar: 1- Como ocorreu o aparecimento das estrias? 2- Quais os efeitos apresentados por cada um dos métodos terapêuticos? 3- Há diferença nos resultados dos efeitos da terapia isolada e combinada da microgalvanopuntura e da endermoterapia? 4- Qual o grau de satisfação das pacientes que realizaram os tratamentos propostos? Em relação às repostas das questões norteadoras, as prováveis hipóteses seriam: 1- O aparecimento das estrias se dá em decorrência de estiramento excessivo da pele, por um crescimento corporal repentino, por deposição excessiva e de forma rápida de células adipócitas, por algum processo infeccioso ou por alterações na atividade esteróide, sendo que alguns autores já concordam que estes fatores podem estar associados (GUIRRO e GUIRRO, 2004; WHITE et al,2008 ). 2- Os efeitos apresentados pelos dois métodos terapêuticos seriam a atenuação das estrias atróficas, já que ambas técnicas, tem sua indicação para tal lesão cutânea. 3- Sim. Pois, a associação da microgalvanopuntura com a endermoterapia teoricamente irá produzir um efeito esteticamente melhor, já a endermoterapia irá auxiliar por aumentar o aporte sanguíneo superficial local, conseqüentemente melhorando a oxigenação tissular, eliminando as toxinas acumuladas, melhorando o aporte de substâncias e a nutrição do tecido conjuntivo e a estimulação dos fibroblastos irá causar uma regeneração do tônus da epiderme, 19 tornando o seu aspecto mais suave (TOGNI, 2006) e o Striat® provocará um processo inflamatório agudo por meio dos efeitos intrínsecos da corrente contínua (GUIRRO e GUIRRO, 1992), assim tendo uma melhora reparação tecidual e retração da estria. 4- Com a utilização dos recursos ocorrem sinais de regeneração, com o nivelamento da estria em relação à pele normal, alterando a coloração e minimizando o aspecto da estria. Pressupõe-se que a satisfação pessoal dependerá da assiduidade e dos efeitos da resposta tecidual de cada paciente. Têm-se como objetivo geral deste estudo descrever os efeitos isolados e combinados da aplicação da microgalvanopuntura e da endermoterapia no tratamento de estrias atróficas albas na região glútea em sujeitos do sexo feminino. Os objetivos específicos se remetem a apontar a fase de desenvolvimento da vida que teve início da ocorrência da lesão; possível etiologia; caracterizar as estrias de cada paciente selecionada para amostra, bem como o período de transição de estrias rubras à albas; relatar a relação entre estrias, endermologia e microgalvanopuntura; comparar o quadro evolutivo pré e pós o tratamento das estrias atróficas na região glútea dos três grupos: do grupo submetido à aplicação isolada da microgalvanopuntura; do grupo submetido à aplicação da endermoterapia também de forma isolada e do grupo submetido à aplicação de endermoterapia associado à microgalvanopuntura; aplicar o protocolo para coleta de dados e do programa de tratamento referente ao estudo e contribuir para a fundamentação científica da endermoterapia e da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas. O estudo é motivado pelo crescente número de indivíduos que apresentam estrias atróficas e a grande procura dos mais diversos tratamentos para tal lesão, que faz com que sujeitos de ambos os sexos, principalmente mulheres, fiquem insatisfeitos em relação à sua auto-imagem. Existe uma grande parcela da população com estrias atróficas. Conforme Guirro (2002), a maior incidência de estrias ocorre entre doze e quatorze anos em meninas, e em meninos, de doze a quinze anos. Na mulher adulta saudável, a incidência de estrias é 2,5 vezes mais freqüente que no homem nas mesmas condições. 20 A preocupação de indivíduos com a sua imagem corporal ocupam cada vez um espaço maior dentre as suas preocupações (CASTRO, 2004). No entanto, houve aumento da procura por tratamentos disponíveis. Como as estrias são consideradas seqüelas irreversíveis, o tratamento mais conhecido era realizar cirurgia plástica, já que não consideravam outro tratamento eficaz. Mas, estudos contemporâneos abriram uma nova perspectiva no tratamento destas lesões. A Fisioterapia Dermato-Funcional vem se destacando por proporcionar o tratamento das estrias atróficas por meio de métodos terapêuticos, como a microgalvanopuntura (corrente contínua filtrada constante) e a endermoterapia (GUIRRO e GUIRRO, 1992). Essas novas técnicas têm como vantagem não ser necessário internação hospitalar e nem utilização de fármacos, menor risco de infecção e valor do tratamento bem reduzido em relação às cirurgias plásticas. A microgalvanopuntura é realizada por um equipamento de tecnologia avançada e de características modernas, que utiliza a corrente microgalvânica, o Striat®. Não causa efeitos colaterais, nem mesmo dependência, podendo ser utilizado no combate às rugas e estrias (GUIRRO, 2007). Ele produz um processo inflamatório agudo por meio dos efeitos intrínsecos da corrente contínua, o que levará a retração da cicatriz, fazendo com que a cicatriz fique o mais semelhante do tecido original (GUIRRO e GUIRRO, 1992). A eficácia do tratamento, desde que controlada as variáveis, pode chegar até 100% (GUIRRO, 2007). A endermoterapia é outro recurso que engloba equipamentos específicos baseados na sucção (GUIRRO e GUIRRO, 2002), ela contribui para a recuperação da pele e de seu aspecto mais saudável. Esta recuperação da pele ocorre pela endermologia promover uma melhora da circulação sanguínea local e conseqüente maior oxigenação, nutrição e eliminação de toxinas do tecido e ainda estimular fibroblastos, que causará uma regeneração do tônus da epiderme (TOGNI, 2006). Ambas as técnicas apresentadas são indicadas para o tratamento de estrias atróficas, sendo que não foram encontrados estudos publicados sobre os efeitos da associação das duas técnicas, a microgalvanopuntura com a endermoterapia, nem da endermoterapia no tratamento de estrias, somente foi encontrado sobre a microgalvanopuntura. Já que poucas são as literaturas que abordam o tema, este estudo irá contribuir na fundamentação científica das estrias 21 atróficas e seus possíveis tratamentos com a endermoterapia e a microgalvanopuntura. Além da melhora da estética, o tratamento das estrias proporciona benefícios psicológicos pela melhora da auto-imagem, do equilíbrio emocional, da satisfação pessoal e da aparência estética (GURGACZ, 2005). A escolha do tema se deu pela afinidade e familiaridade com a área de Dermato-Funcional, após ter estagiado no ano de 2006, em uma clínica que atendia nesta área, por apresentar experiência com os equipamentos a serem utilizados na pesquisa e ainda para obter um maior conhecimento sobre o tema pelo interesse em realizar uma especialização na área. 22 2 Referencial Teórico 2.1 Sistema Tegumentar A pele, tela subcutânea e os anexos cutâneos fazem parte de um sistema chamado tegumentar. Este sistema tem diferentes funções tais como proteção, excreção, termorregulação, sensibilidade tátil e produção de vitamina D (GALDINO, 2006, GUIRRO & GUIRRO, 1992; CORMACK, 1996). O tegumento compreende a pele, juntamente com órgãos acessórios derivados desta, os anexos cutâneos, tais como unhas, pêlos e glândulas de diversos tipos (BAILEY, 1973). 2.1.1 Pele e suas funções A pele é o maior órgão do corpo, é o manto de revestimento, que constitui 16% do peso corporal (GARTNER, 1999; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A pele é o órgão que possui maior recepção sensorial do corpo, de estímulos táteis, térmicos e dolorosos. Apresenta espessura situada entre 0,5 e 4 milímetros e um teor de água de aproximadamente 70% do peso da pele livre de tecido adiposo, contendo cerca de 20% do conteúdo total de água do organismo (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Ela não é um órgão isolado, pois se encontra associada a vários sistemas, tais como, músculo-esquelético, neurológico, circulatório, endócrino e imunitário (SIMÕES, 2001). O tegumento têm função protetora por criar uma barreira contra, microorganismos, agentes tóxicos e organismos estranhos, ser fonte imunológica de hormônios para diferenciação de células protetoras, protege contra os efeitos da radiação e perda hídrica, traumas mecânicos e elétricos e ainda por ser um obstáculo entre o organismo e o ambiente. Sua função sensitiva se dá por ser base dos receptores sensoriais do tato e mediadora de sensações. Além disso, é fonte organizadora e processadora de informações, regula a pressão, o fluxo sanguíneo e 23 a temperatura corporal, participa do metabolismo e armazenamento de gordura, é reservatório de alimento e água, forma compostos importantes como a vitamina D, ainda é essencial na respiração (GUIRRO & GUIRRO, 1992; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A pele é composta por duas camadas: a epiderme e a derme. A epiderme é constituída por uma porção epitelial de origem ectodérmica, a derme por uma porção conjuntiva de origem mesodérmica e logo abaixo a hipoderme, que têm a mesma origem e morfologia da derme, não sendo considerada uma camada da pele e sim uma continuidade da derme, ela serve de suporte e une a derme aos órgãos subjacentes, e ainda permite à pele uma significativa amplitude de movimento (CORMACK, 1996; GUIRRO & GUIRRO, 1992; GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; SOUZA, 2004). A epiderme é a camada mais superficial da pele, constituída de um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, sendo sua porção mais profunda constituída de células epiteliais que se proliferam continuamente para que seja mantido seu número. Apresenta três tipos de células: os melanócitos, as células de Langerhans e de Merkel. Têm espessura fina na maior parte do corpo, sendo menor que 0,12 milímetros, mas em outras regiões corporais como na região volar da mão e plantar do pé têm espessura mais espessa, podendo atingir até 1,5 milímetros (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). Ela é descrita como sendo constituída por quatro estratos ou camadas, podendo se observar da derme até a superfície as seguintes camadas: camada germinativa (basal), camada espinhosa, camada granulosa, camada lúcida e camada córnea. Foram citados cinco estratos, porém, a camada lúcida não é considerada um estrato, pelo fato de estar ou não incluída, sendo somente observada em determinadas amostras de pele espessa (CORMACK, 1996; GALDINO, 2006; GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A Camada Germinativa (Basal) é a mais profunda, tendo esta denominação por produzir células novas, fazendo uma renovação constante da epiderme, pela intensa atividade mitótica. Esta renovação de células ocorre para substituir aquelas células que são perdidas na camada córnea. Este processo ocorre em torno de 21 a 28 dias, isto é, neste período essas novas células são deslocadas da camada germinativa até a camada córnea, a mais superficial (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). 24 A Camada Espinhosa ou camada malpighiana. É constituída por células de Malpighi, ou células espinhosas, sendo assim denominada pelo seu aspecto espinhoso, pelo fato de ser constituída de células poligonais cubóides ou ligeiramente achatadas, de núcleo central com expansões citoplasmáticas que contêm tonofibrilas saindo de cada uma das células adjacentes e essas expansões se aproximam e se unem por meio dos desmossomos, o que confere à célula esse aspecto espinhoso. As células desta camada têm como função manter a coesão das células da epiderme, mantendo assim a resistência ao atrito (AZULAY e AZULAY, 1999; GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A Camada Granulosa é assim chamada por conter grânulos de queratohialina no citoplasma das células que formam esta camada, que parecem estar associados com o processo de queratinização dos epitélios. Com o aumento do tamanho destes grânulos, o núcleo do citoplasma se desintegra, resultando na morte destas células mais externas da camada granulosa (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A Camada Lúcida não é fácil de ser observada, e quando visível tem aspecto de uma linha clara, brilhante e homogênea, por isso a sua denominação. É formada por inúmeras camadas de células, que têm aspecto achatado e fortemente unidas. Esta camada é mais proeminente em áreas de pele espessa, podendo não ser encontradas em outros locais (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A Camada Córnea é a mais superficial das camadas da epiderme, tem espessura muito variável, é formada de vários planos de células mortas e intimamente unidas. Quando o citoplasma das células for substituído pela queratina, as células mortas são denominadas corneificadas. Estas células formam uma cobertura sobre a superfície corporal, protegendo o organismo contra invasores do meio externo e de reter perda de água do organismo. Estas células mortas mais superficiais são eliminadas constantemente como resultado de um atrito, como o atrito com a roupa. A renovação do estrato córneo ocorre em cerca de 14 dias (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A derme é uma espessa camada que se comunica com a hipoderme, tecido conjuntivo frouxo, unindo-a com a fáscia dos músculos adjacentes é de tecido conjuntivo a qual se apóia a epiderme. Nela situam-se algumas fibras elásticas, reticulares e muitas fibras colágenas, sendo suprida por vasos sangüíneos, vasos 25 linfáticos e nervos. Sua espessura média é de 2 milímetros e no máximo de 3 milímetros na região plantar do pé . Ela é constituída de duas camadas: a camada papilar, mais superficial, e a camada reticular, a mais profunda (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A Camada Papilar é fina, formada por tecido conjuntivo frouxo, apresentando saliências que acompanham as reentrâncias correspondentes da epiderme, as papilas dérmicas, sua parte mais importante, por isso levando a camada esta denominação. As papilas dérmicas trazem maior resistência à pele, por aumentar a zona de contato entre a derme e a epiderme (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A Camada Reticular é mais espessa, formada por tecido conjuntivo denso, apresentando feixes de fibras colágenas que se entrelaçam em um arranjo semelhante a uma rede, por isso levando a camada esta denominação (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). Estas duas camadas da derme contêm grande quantidade de fibras elásticas, que são responsáveis, em parte, pelas características de elasticidade da pele. O que difere significativamente as duas camadas é o conteúdo de seus capilares, já que na camada papilar o suprimento sangüíneo é abundante e na camada reticular é raro (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). A hipoderme é a continuidade da derme, também conhecida como tela subcutânea. Ela não faz parte da pele, é formada por tecido conjuntivo que varia do tipo frouxo ou adiposo ao denso, nas várias localizações e nos diferentes sujeitos, é o tecido sobre o qual a pele repousa. Além de depósito nutritivo de reserva, a hipoderme também participa no isolamento térmico e na proteção mecânica do organismo às pressões e traumatismos externos. A hipoderme constitui-se em três camadas, das quais a mais superficial é a areolar e a mais profunda é a lamelar (GUIRRO e GUIRRO, 2002; GARTNER e HIATT, 1999; SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992). 26 2.1.2 Anexos da Pele Estão incluídos nos anexos da pele as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas, os pêlos e as unhas, que representam apenas 0,1% da superfície total da pele (SIMÕES, 2001). As glândulas sudoríparas estão localizadas na derme ou hipoderme, e estão em quase todo corpo, mas diminuem com o avanço da idade. Têm importante função reguladora da temperatura corporal, sendo encontrados em abundância na região plantar e palmar (DÂNGELO E FATTINI, 2004; GUIRRO e GUIRRO, 2002). As glândulas sebáceas localizam-se na derme, mas não se encontram na região palmar e plantar. Produzem uma secreção, conhecida como sebo, que têm como função lubrificar a cútis e os pêlos (DÂNGELO E FATTINI, 2004). Os pêlos estão situados em invaginações profundas da epiderme, são constituídos por células queratinizadas produzidas pelos folículos pilosos. Apresentam uma parte livre, a haste, e uma parte intradérmica, a raiz. Na haste encontram-se três camadas, a cutícula externa, o córtex e a medula (PORTO, 2001). As unhas são formadas pela união de dois folhetos epidérmicos externos, na camada córnea e na camada lúcida. Encontram-se localizadas na falange distal dos dedos e dos artelhos, são formadas por placas de células epiteliais, que têm muita queratina (GARTNER, 2003; GUIRRO e GUIRRO, 2002). 2.2 Histologia Os tecidos são constituídos de células e pelo material extracelular, este material é formado e secretado por estas células, chamado de matriz extracelular. A histologia estuda estes tecidos do organismo, bem como os fluidos orgânicos que contêm células (MORISCOT, 2004). 27 Os estudos histológicos esclarecem a relação entre estrutura e função microscópica por meio da exploração do significado das diferentes características de células e tecidos (CORMACK, 1996). Existe uma variedade de tecidos no corpo humano e mesmo pela complexidade do organismo do mamífero, são divididos didaticamente em apenas quatro grupos básicos de tecidos: tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso. Os tecidos epitelial e conjuntivos são os principais tecidos encontrados na pele, nas camadas epiderme e derme (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; MORISCOT, 2004). 2.2.1 Tecido Epitelial O tecido epitelial se caracteriza por ser constituídos de células unidas umas as outras com escasso material extracelular. Existem dois tipos fundamentais de epitélio, que se distinguem de acordo com a estrutura e funções exercidas, o epitélio de revestimento e o epitélio glandular. Mas ainda existe um outro epitélio chamado neuroepitélio, que é responsável pela captação de estímulos proveniente do ambiente como olfatórios e gustativos (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; MORISCOT, 2004). O tecido epitelial de revestimento recobre cavidades internas e externas do corpo, revestindo internamente a cavidade oral, fossas nasais, estômago e intestinos, e externamente, constituindo a epiderme, camada mais superficial da pele. Os epitélios de revestimento são classificados de acordo com o número de camadas de células constituintes e a forma das células na camada mais superficial. Este tecido pode ser classificado como epitélio simples ou estratificado, sendo diferenciados pelo simples apresentar uma única camada de células e o estratificado por mais de uma camada celular. Os epitélios simples subdividem-se de acordo com a forma da suas células em pavimentoso (plano), cúbicos e prismáticos. O epitélio estratificado é designado tendo em vista a forma da camada celular mais superficial. A pele é classificada como sendo epitélio estratificado pavimentoso, pois, 28 embora a maioria de suas células tenha forma cúbica, as células da camada mais superficial são planas (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; MORISCOT, 2004). A resposta regenerativa do epitélio tem sido estudada na epiderme mais que em qualquer outro tipo de epitélio, durante o processo de reparação de ferimentos em mamíferos. Tanto o epitélio como o tecido conjuntivo subjacente são traumatizados na maioria dos ferimentos, mas estes tecidos têm a capacidade de divisão celular e regeneração, diferente de outros tecidos, tais como células nervosas e fibras musculares esqueléticas (BAILEY, 1973). 2.2.2 Tecido Conjuntivo Este tecido apresenta diferentes tipos de células, que são separadas por um abundante material extracelular que é formado por elas. Este material é representado pelas fibras do conjuntivo e pela matriz extracelular ou substância fundamental, que se unem as fibras e receptores celulares denominados integrinas (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). Eles podem ser classificados como tecido conjuntivo frouxo, denso e de propriedades especiais. O tecido conjuntivo frouxo é encontrado na pele, nas mucosas e nas glândulas. O tecido conjuntivo denso é encontrado nos tendões musculares e se enquadram no tecido conjuntivo de propriedades especiais os tecidos adiposo, elástico, reticular e mucoso (GUIRRO e GUIRRO, 2002). As principais células do tecido conjuntivo são: o fibroblasto, macrófago, linfócito, plasmócito, mastócito, célula adiposa e leucócito. Os fibroblastos são os responsáveis pela síntese e manutenção da matriz extracelular, já as outras células, estão envolvidas no processo de defesa contra agentes agressores (MORISCOT, 2004; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). As cicatrizes são de tecido conjuntivo, em condições normais os fibroblastos não se dividem, mas na cicatrização de lesões os fibroblastos entram em mitose para reparação tecidual (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). Existem três principais fibras do conjuntivo: colágenas, reticulares e elásticas. Estas fibras distribuem-se desigualmente conforme as variedades de 29 tecido conjuntivo (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; MORISCOT, 2004). As fibras colágenas compreendem 95% do tecido conectivo da derme. Em direção da superfície para a profundidade os feixes colágenos espessam-se, sendo mais delgados na derme papilar e, espessos, entrelaçados e paralelos à superfície, na derme reticular. O colágeno tem como função fornecer resistência e integridade estrutural a diferentes tecidos e órgãos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992). O colágeno é uma proteína fibrosa de maior abundância no corpo humano, representando 30% do total das proteínas do organismo. É formada a partir da polimerização do tropocolágeno, substância excretada pelos fibroblastos. A parte mais interna da derme contém colágeno num estado de compactamento alto, enquanto que a parte mais externa da derme contém colágeno numa forma mais laxa (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; SIMÕES, 2001). De acordo com sua estrutura e função o colágeno pode ser classificado em grupos: colágenos que formam fibrilas, colágenos associados a fibrilas, colágeno que forma rede e colágeno de ancoragem. As moléculas desses colágenos que formam as fibrilas se unem para sintetizar essas fibrilas, e pertencem a esse grupo os colágenos I, II, III, V e XI. O de maior abundância no corpo é o colágeno tipo I, presente em ossos, dentina, tendões, cápsulas de diversos órgãos, derme e dentre outros. As moléculas dos colágenos associados à fibrila são estruturas pequenas que unem as fibras colágenas umas as outras e aos componentes da matriz extracelular, pertencem a esse grupo os colágenos tipo IX e XII. O colágeno que forma a rede é o tipo IV, um dos principais componentes da lâmina basais e o colágeno de ancoragem é do tipo VII, encontrado nas fibrilas de ancoragem que unem as fibras colágenas tipo I às lâminas basais (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). As fibras colágenas proporcionam força tênsil dos ferimentos na fase de cicatrização. Nos tecido normais, o metabolismo consiste em homeostase entre biossíntese e degradação. São reabsorvidas durante o crescimento, remodelação, involução, inflamação e reparo dos tecidos (GUIRRO e GUIRRO, 2002). As fibras reticulares têm características semelhantes às fibras colágenas, como formação de fibrilas com aspecto estriado e compostas de moléculas de colágeno III, mas diferenciam-se por serem mais delgadas, não 30 formando fibras espessas, sendo classificadas como fibras reticulares pelos histologistas por apresentarem forma de rede (GUIRRO e GUIRRO, 2002; MORISCOT, 2004). Essas fibras são encontradas no tecido conjuntivo frouxo associado aos epitélios, pequenos vasos sangüíneos, nervos e células musculares e têm como características serem curtas, finas e inelásticas (GUIRRO e GUIRRO, 2002; MORISCOT, 2004). Apresentam grandes diferenças das fibras elásticas, por terem aspecto mais delgado e não apresentarem estriação longitudinal (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). As fibras elásticas são delgadas, de cor amarelada que têm como principal componente a elastina, sendo esta muito mais resistente que o colágeno e a microfibrila elástica. Estas fibras conseguem ceder a trações mínimas, retornando facilmente a sua forma original (GUIRRO e GUIRRO, 2002). A elastina é produzida por um precursor secretado pelos fibroblastos, assim como o colágeno. Organiza-se em fibras curtas e sobrepostas, sendo responsável pela elasticidade da pele (SIMÕES, 2001). Mas ela é encontrada em pouca quantidade na pele, sendo responsável pela elasticidade das fibras do tecido elástico, possuindo distensibilidade de 100 a 140%. Anormalidades de fibras elásticas podem ser encontradas na pele de indivíduos idosos, de jovens diabéticos ou portadores de estrias atróficas (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Existem três tipos de lesões dérmicas que apresentam diferentes alterações nas fibras elásticas e colágenas, na substância fundamental amorfa e nos fibroblastos que são: as estrias atróficas, a lesão senil papilar, a lesão senil reticular e a cicatriz. As estrias são atrofias lineares adquiridas, em que as fibras elásticas são escassas e se encontram em maior quantidade na região periférica da estria, não sendo encontrada muitas fibras na região central (BONETTI, 2007; GUIRRO e GUIRRO, 2002). 31 2.3 Estrias atróficas A estria foi descrita pela primeira vez por Troiser & Menetrier; entretanto, Lacharriére aponta Roereder como percursor, por ter descrito a presença de estrias em gestantes em 1773. Ela é uma lesão, que começou a ser pesquisada após estudos de determinados assuntos como obesidade, terapias por corticosteróides, afecções da pele, excreção de estreróides, onde se observou a presença de estrias atróficas (BONETTI, 2007; GUIRRO & GUIRRO, 2002; MISTICONE, 2007). A estria atrófica é assim chamada por ser uma atrofia tegumentar adquirida, devido ao rompimento das fibras elásticas presentes na derme, apresentando uma redução da sua espessura. Apresentam caráter de bilateralidade, e dispõem-se paralelamente umas as outras e perpendicular às linhas de fenda da pele (BONETTI, 2007; GUIRRO & GUIRRO, 1992; GUIRRO e GUIRRO, 2002; KEDE; SABATOVICH, 2003; MONDO, 2004; SILVA, 2005; TOSCHI, 2004). Quando a tensão do tecido provoca uma lesão do conectivo dérmico, causando uma dilaceração das malhas, o desequilíbrio elástico localizado ocasionará uma lesão cutânea, isto é, a estria atrófica. A pele que têm estrias atróficas apresenta modificações nas fibras colágenas, na substância fundamental amorfa e nos fibroblastos (KARIME, 2006). As estrias quando surgem são avermelhadas e quando o processo de formação já está praticamente estabelecido, as lesões tornam-se esbranquiçadas (GUIRRO e GUIRRO, 2002; MISTICONE, 2007; TSUJI, 1993). 2.3.1 Características Clínicas As regiões mais afetadas pelo aparecimento de estrias atróficas são na região glútea, coxas, mamas e abdômen. Por vezes pode haver o envolvimento das virilhas e articulação dos cotovelos, especialmente em atletas. No estágio inicial, muitas vezes há um componente inflamatório, mas logo depois surge a fase atrófica (GUIRRO E GUIRRO, 2002; LIMA, 2005). 32 As estrias atróficas geralmente são assintomáticas, porém alguns sujeitos podem apresentar uma leve coceira na região quando está no estágio inflamatório (BONDI, JEGASOTHY e LAZARUS,1993). Há indivíduos em que ocorrem sintomas ao aparecimento das estrias, os sintomas por estes apresentados inicialmente ao aparecimento delas são: prurido, dor, erupção papilar plana e levemente eritematosa (rosada). Nesta fase a estria é chamada de rubra (striae rubrae), esta coloração se deve ao rompimento de vasos sanguíneos. Em seguida, as estrias ficam com aspecto esbranquiçado, nacaradas, denominada estria alba (striae albae), apresentam esta aparência por serem estrias antigas, onde já ocorreu a formação de fibrose (ALAITI,2009; BITENCOURT, 2007; GUIRRO E GUIRRO, 2002). As estrias têm formas variadas, podendo ser retilíneas, curvilíneas, em forma de “S” ou em ziguezague e em relação a sua extensão pode variar de um a dois centímetros, podendo chegar até uns cinco centímetros de largura. Podem ter aspecto deprimido, de superfície lisa ou finamente pregueáveis. A cor, normalmente, é caracterizada de acordo com o período de instauração: quanto mais próximas da cor vermelha, mais recentes as estrias e quanto mais esbranquiçadas, mais antigas. (BONETTI, 2007; DOMINGUES, 2006; FONSECA; SOUZA, 1984.) 2.3.2 Incidência Há diferenças entre autores quanto a sua incidência, porém todos entram em consenso ao relatar que as estrias atróficas são encontradas em ambos os sexos, mas com predominância no feminino, principalmente a partir da adolescência. Conforme Guirro e Guirro (2002), a maior incidência de estrias em meninas ocorre entre doze e quatorze, e nos meninos, de doze a quinze anos. Entretanto, as estrias são notadas em todos os grupos etários. Na mulher adulta saudável, a incidência de estrias é 2,5 vezes mais freqüente que no homem nas mesmas condições. Já Azulay e Azulay (1999), afirma que a maior prevalência de estrias ocorre na faixa etária dos 14 aos 20 anos (55-65% nas mulheres e 15-20% nos homens), ou seja, aproximadamente de 3 a 6 vezes mais freqüentes no sexo feminino que no masculino. 33 Quanto à localização das estrias, pode-se observar uma incidência maior nas regiões que apresentam alterações teciduais como glúteos, seios, abdômen, coxas, região lombossacral (comum em homens), podendo ocorrer também em regiões não muito comuns, como fossa poplítea, tórax, região ilíaca, antebraço, porção anterior do cotovelo (BONETTI, 2007; GUIRRO E GUIRRO, 2004). 2.3.3 Etiologia Existem três teorias para tentar justificar o aparecimento das estrias: a teoria mecânica, teoria endócrina e teoria infecciosa, que ainda há muitas controvérsias (GUIRRO e GUIRRO, 2002; WHITE, 2008). A teoria mecânica explica que por meio da deposição excessiva de gordura no tecido adiposo, ocorre dano as fibras elásticas e colágenas da pele, também aparecendo como seqüelas de rápidos períodos de crescimento, onde ocorre a ruptura ou perda das fibras elásticas dérmicas, como por exemplo, na gestante, no estirão do crescimento e em obesos (BONETTI, 2007; GUIRRO e GUIRRO, 2002; LIMA, 2005). Na teoria endócrina a etiologia da estria parece estar intimamente relacionada com as alterações hormonais, especificamente com os hormônios corticóides. Esta teoria postula que o hormônio esteróide está presente de forma atuante em todos os quadros em que as estrias surgem como na obesidade, adolescência e gravidez, explicando o fato da ocorrência de estrias ser raríssima em crianças abaixo de cinco anos, ou até nove anos, mesmo que obesas, pois a secreção desse hormônio só se inicia na puberdade (BONETTI, 2007; GUIRRO e GUIRRO, 2002; LIMA, 2005). Na teoria infecciosa sugere que processos infecciosos acarretam danos às fibras elásticas, provocando as estrias. Foi observada em adolescentes a presença de estrias púrpuras após febre tifóide, tifo, febre reumática, hanseníase e outras infecções (GUIRRO e GUIRRO, 2004; LIMA, 2005). Acredita-se ainda que as estrias possam ocorrer em indivíduos que têm predisposição genética. Acredita-se que os genes determinantes para a formação do colágeno, da elastina e da fibronectina estejam reduzidos em sujeitos portadores de 34 estrias atróficas, ocasionando uma alteração no metabolismo do fibroblasto (ALAITI, 2009; DOMINGUES, 2006; LEE et al., 1994; GUIRRO e GUIRRO, 2004). Já que a estria atrófica é uma lesão cutânea, após o aparecimento destas, como em toda lesão, ocorrem diversos processos na tentativa de reparar a lesão. 2.4 Reparo de lesões A regeneração é um processo complexo e essencial, se ela não ocorresse seria incompatível com a vida. É um mecanismo homeostático para restaurar o equilíbrio fisiológico e pode ser iniciada como resultado da perda de comunicação entre células adjacentes, entre células e seu suporte ou por morte celular. Nela ocorrem ações integradas das células, matriz e mensageiros químicos, visando restaurar a integridade tecidual o mais rápido possível. Ocorre uma diversidade de eventos complexos, que envolvem a migração das células originárias do tecido vascular e conjuntivo para a região da lesão. Esse processo é governado por substâncias quimiotáticas liberadas no local da lesão (KITCHEN, 2003). Este processo é dividido em três fases: fase inflamatória, fase proliferativa e fase de remodelamento. 2.4.1 Fase Inflamatória Esta fase ocorre imediatamente após a lesão, tendo duração de aproximadamente 24 a 48 horas, mas se a irritação local persistir esse processo pode se prolongar por mais 12 horas. Estão presentes os seguintes sinais: calor, rubor, edema e dor, podendo ainda ter perda de função. Esta é a fase de limpeza e defesa da área da lesão. Com a alteração do conteúdo de fosfolipídeo nas paredes celulares, como em quase todas lesões, ocorre a produção de prostaglandina, sendo que estas tem ações pró-inflamatórias, responsáveis pelo aumento da 35 permeabilidade vascular, assim atraindo os leucócitos para região lesada (LIMA, 2005; PEREIRA, 2003). Os primeiros leucócitos a chegarem ao local da lesão são os leucócitos polimorfos nucleares negativos. Esses neutrófilos ultrapassam as paredes dos vasos por ação amebóide, atuando na fagocitose dos corpos estranhos e débris, células mortas, limpando a área lesada. Esta fase tem duração de 2 a 3 dias, iniciando, após a fase proliferativa (LIMA, 2005; MANDELBAUM, 2003). 2.4.2 Fase Proliferativa É dividida em três subfases: fibroplasia, angiogênese e reepitelização. Ela é a fase responsável pelo fechamento da lesão. Na fibroplasia ocorre a formação de matriz e de tecido de granulação, sendo o responsável os fibroblastos, que produzem o colágeno, a elastina e outras substâncias. Na angiogênese ocorre a formação de novos vasos sanguíneos, sendo responsável pela nutrição e suprimento de oxigênio para cicatrização. Na reepitelização ocorre o fechamento da pele. Nela também ocorre a contração centrípeta da ferida, reduzindo seu diâmetro e assim facilitando a cicatrização. Neste período, o tecido colágeno tem pouca resistência tênsil, já que é imaturo (CÔRTES, 2008; LIMA, 2005; MANDELBAUM, 2003, PEREIRA, 2003). As fibras reorientam-se ao longo das linhas de tensão, resultando em maior resistência tênsil. A resistência das fibras à ruptura aumenta gradativamente à medida que aumenta a deposição de colágeno, atingindo 20% do normal. Depois de 21 dias algumas substâncias como o cobre, ferro, vitamina C, B6, magnésio, zinco têm função essencial na produção de colágeno de qualidade e de boa resistência tênsil ou mecânica. Este processo têm duração de 3 dias a 3 semanas (LIMA, 2005). 36 2.4.3 Fase de Remodelamento Esta fase é a posterior, ocorrendo o processo de maturação da cura, sendo este a longo prazo. Esta fase é caracterizada pelo realinhamento das fibras de colágeno que compõem o tecido cicatricial, este remodelamento ocorre de acordo com as forças de tensão às quais a cicatriz é submetida. Há um constante aumento da resistência à tração na matriz cicatricial com a ocorrência da queda e da síntese de colágeno. Estando a tensão e a tração aumentadas, as fibras de colágeno serão realinhadas em uma posição de eficiência máxima, paralelamente às linhas de tensão. Aos poucos o tecido assume aparência e função normal, embora a cicatriz seja poucas vezes tão forte quanto o tecido normal lesado. Geralmente, próximo de três semanas, já se têm uma cicatriz firme, forte e resistente e não vascularizada. A fase de maturação regenerativa pode ser completada totalmente após muitos anos (PRENTICE, 2004; LIMA, 2005). Todas estas fases ocorrerão na tentativa de reparo das estrias atróficas. O Fisioterapeuta é um profissional que deve ter um amplo conhecimento sobre elas para o tratamento correto na lesão. No caso desta lesão, a estria, a área da Fisioterapia que atua no seu tratamento é a Dermato-Funcional. A Fisioterapia Dermato-Funcional proporciona além de benefícios estéticos, qualidade de vida e o bem-estar a esses indivíduos que estão insatisfeitos com algo em seu corpo, como por exemplo, com as indesejáveis estrias (MILANI, 2006). 2.5 Fisioterapia Dermato-Funcional A Fisioterapia é definida pelo COFFITO - Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - como sendo “uma ciência que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano” (2009). A partir deste conceito, a Fisioterapia Dermato-Funcional visa além da prevenção, a recuperação físico funcional de alterações dermatológicas, músculo- 37 esqueléticas e endócrino-metabólicas, sendo o fisioterapeuta, o profissional capacitado para atuar nestes diversos distúrbios (MONDO, 2004). A Fisioterapia Dermato-Funcional trata essa lesão cutânea de diferentes formas, podendo ser utilizados vários recursos como: a massoterapia, o laser, dermoabrasão, a escarificação, a endermoterapia e a corrente microgalvânica (Striat®). A massoterapia tem como objetivo melhorar a nutrição tissular, o metabolismo local e a reabsorção do tecido adiposo, melhorando assim o aspecto da estria (GUIRRO E GUIRRO, 2002). O laser é outro método terapêutico, que age elevando o número de fibras de colágeno e a tensão epidérmica. O tratamento tem efeito mais significativo quando aplicado o laser em seguida ao aparecimento da lesão, melhorando o metabolismo local e por conseqüência uma maior lentidão no estabelecimento da estria. Em 1996 Mc Daniel e colaboradores observaram que usando o laser 585-nm PDL, teve melhoria não somente da aparência da estria, como também teve aumento da elastina. Somente duas sessões de tratamento já são necessárias para obter resultados (GUIRRO E GURRO, 2002; NOURI, 2008). A dermoabrasão consiste na raspagem da pele com intuito de eliminar lesões superficiais, promovendo uma esfoliação da pele, atenuando as estrias. Este tratamento é realizado por um sistema que lança microcristais na pele por meio de um vácuo controlado (BITENCOURT, 2007; GUIRRO E GUIRRO, 2002). A escarificação produz uma lesão da pele com diversos artefatos. O procedimento pode ser realizado com qualquer instrumento perfurante que seja devidamente esterilizado. Pode também ser utilizado a terapia medicamentosa por meio da utilização de ácidos para o tratamento de lesões da pele (GUIRRO E GUIRRO, 2002). A endermoterapia é outro método raramente utilizado, por ter outras finalidades. A endermologia é uma técnica terapêutica que engloba equipamentos específicos baseados na aspiração (sucção), provocando ainda uma mobilização profunda da pele e tela subcutânea, permitindo um aumento na circulação sanguínea superficial (GUIRRO & GUIRRO, 2002), estimulando os fibroblastos, que contribuem para a recuperação da pele e de seu aspecto mais saudável (ADCOCK, 1998; TOGNI, 2006). 38 A corrente microgalvânica é o método mais utilizado para o tratamento de estrias, utilizando a corrente elétrica como agente terapêutico, com a corrente contínua filtrada, sendo o Striat® o aparelho empregado. A utilização da corrente galvânica no tratamento das estrias tem como objetivo provocar um processo inflamatório agudo no tecido acometido pela estria, para que haja uma regeneração do mesmo. O trauma provocado aumenta a atividade metabólica local, levando a formação de tecido colágeno, preenchendo a área degenerada. A inflamação provocada pela corrente não produz efeito sistêmico, sendo absorvido em aproximadamente uma semana (MONDO, 2004). 2.6 Eletroterapia Desde os tempos mais remotos, a aplicação da corrente elétrica com fins terapêuticos geralmente era para o alívio de algias (LIMA, 2005; NAKANO E YAMAMURA, 2005), e no século XVIII foi observado em animais a explicação para os fenômenos elétricos que Plínio, Aristóteles e Platão, já sabiam que existia em enguias elétricas, raios e no peixe elétrico, mas não tinham a explicação para tal fenômeno. A partir desses estudos com animais, esses cientistas deduziram a hipótese de que os tecidos humanos são dotados de uma eletricidade intrínseca, e que estão envolvidos em processos fisiológicos fundamentais como a condução nervosa e a contração muscular (GUIRRO e GUIRRO, 2004). Já no final do século XIX, a medicina física começou a utilizar a corrente galvânica ou contínua para a introdução de fármacos para o tratamento de processos inflamatórios e reumáticos (SILVA, 1997). 2.6.1 Corrente Galvânica A corrente galvânica é uma corrente com fluxo constante de elétrons em uma única direção, sendo uma corrente dita polar, pois mantém definida a polaridade durante o tempo da aplicação, com ação a nível mais superficial. Também é chamada de corrente contínua, corrente direta, unidirecional ou corrente 39 constante. O estimulador de corrente direta contínua não tem pulsos, assim, não têm formas de onda ou parâmetros de pulso (AGNE, 2004). Considerando sua evolução histórica, dentre todos os estímulos elétricos, pode-se dizer que a corrente galvânica é a mais antiga a ser empregada como forma terapêutica (AGNE, 2004). No começo da terceira década do século XX, na área de estética, iniciouse a utilização da iontoforese para mobilização de íons de ação cosmética, chamada ionização cosmeto-dinâmica (SILVA, 1997). Em 1983, Alvarez e colegas pesquisaram os efeitos da corrente contínua de baixa amperagem nas feridas induzidas em porcos e encontraram taxas elevadas de formação de colágeno. Dunn e colegas utilizaram a corrente contínua na matriz de colágeno implantadas dentro de feridas dérmicas de um porquinho-da-índia e foi verificado que a corrente contínua de baixa amperagem (cátodo sobre a ferida) aumentou a migração de fibroblasto e o alinhamento de colágeno, enquanto que o ânodo colocado sobre a ferida atraiu as células inflamatórias (LIMA, 2005). Isto mostra que a corrente contínua filtrada (Striat®), sendo uma microcorrente galvânica, produz os efeitos acima citados e consequentemente ocorrendo estes processos, irão melhorar o aspecto da estrias. 2.6.2 Striat® - Microcorrente Galvânica Pouca atenção era dada às estrias, em relação ao seu tratamento, já que são consideradas seqüelas irreversíveis. Isso está embasado no próprio exame histológico da estria, onde se pode observar uma redução no volume e número dos elementos da pele e o rompimento de fibras elásticas, e se sabe que estas fibras não se regeneram. Porém, estudos recentes abriram uma nova perspectiva no tratamento das estrias, utilizando corrente contínua filtrada constante (Striat®) (GUIRRO & GUIRRO, 1992). O Striat® trata-se de um aparelho eletroestimulador, um equipamento de corrente contínua (galvânica em miliamperes) e microcorrente contínua (galvânica em microampéres), com a finalidade de fazer ionização e prestar apoio no tratamento de estrias (GUIRRO, 2007). 40 Este equipamento consta de dois eletrodos, um passivo do tipo placa e um ativo especial, este último consiste de uma agulha fina que é sustentada por uma caneta (GUIRRO, 2007). É um método invasivo, já que a introdução da agulha deve ser subepidérmica (GUIRRO & GUIRRO, 1992). A faixa considerada ideal para o tratamento concentra-se entre 70 a 100 micro ampéres, podendo variar conforme a sensibilidade de cada indivíduo (GUIRRO, 2007). A corrente microgalvânica ao ser aplicada no tecido produz inicialmente uma sensação de cócega ou comichão; conforme a intensidade é elevada a sensação passa para um leve formigamento, que reduz à medida que aumenta-se a intensidade, transmitindo uma sensação de agulhada, ardência e dor (BAENA,2003). O estímulo físico da agulha associado ao estímulo da corrente ocasiona um processo de inflamação aguda localizada, com aparecimento de hiperemia e edema, poucos minutos após a lesão, que não ocorrem de imediato após a aplicação, e são motivadas por substâncias locais liberadas pela lesão, responsáveis pela vasodilatação e aumento de permeabilidade dos vasos. Os estímulos provocados na derme ocasionam uma elevação na quantidade de fibroblastos jovens, uma neovascularização e um retorno da sensibilidade dolorosa, tendo como conseqüência um processo de reparação tecidual e o fechamento das estrias, causando uma grande melhora no aspecto da pele, por meio de um processo de reparação. Este processo inflamatório será absorvido em um período de tempo variável, ocorrendo na média de 2 a 7 dias, estando a paciente apta a realizar uma nova sessão após esse período (KARIME, 2006; BITENCOURT, 2007; WHITE et al, 2008). Existem as contra-indicações para utilização do método tais como: cardíacos portadores de marcapasso ou cardiopatias congênitas, portadores de neoplasia, patologias circulatórias como flebite, trombose, pacientes renais crônicos, com dermatites ou dermatoses na região a ser aplicada, gestantes, processos inflamatórios e pacientes com epilepsia ou patologias neurológicas que contra indiquem a aplicação de corrente elétrica (LIMA, 2003; VENTURA, 2009). E ainda temos que ter como precaução evitar realizar tratamento durante a puberdade, por se tratar de um período de grandes alterações hormonais, que acreditam alguns autores, ser a causa do aparecimento (WHITE et al, 2008). 41 2.7 Endermoterapia É uma técnica terapêutica de origem francesa, que engloba equipamentos específicos, baseados na aspiração (sucção), utilizando-se a pressoterapia por pressão negativa, provocando ainda uma mobilização profunda da pele e tela subcutânea, permitindo um aumento na circulação sanguínea superficial. Também é denominada como um método palper-roler (palpar-rolar) (DALSASSO, 2007; GUIRRO & GUIRRO, 2002; TOGNI, 2006). Dentre os benefícios da endermologia está a nutrição tecidual, eliminação de toxinas, melhora a circulação sanguínea e linfática, da oxigenação e do tônus da pele (ADOCOCK, 1998 DALSASSO, 2007; GUIRRO & GUIRRO, 2002; TOGNI, 2006). Já que nas estrias as fibras elásticas encontram em maior quantidade na periferia das estrias e escassez na região central e as fibras colágenas encontramse separadas entre si (BONETTI, 2007; OSÓRIO, 2005; TSUJI, 1988; WHITE et al., 2008) acredita-se que se iniciando a sucção da borda da estria para direção centrípeta aproximaria as fibras de colágeno e carregaria as fibras elásticas para o centro da estria, melhorando a regeneração tecidual da região. Além disso, a endermoterapia também produz a estimulação de fibroblastos, que aumentarão a produção dessas duas proteínas, a elastina e o colágeno, contribuindo para a recuperação da pele e de seu aspecto mais saudável (TOGNI, 2006). Ao submeter os fibroblastos a uma força de tração, a produção de colágeno e elastina são aumentadas quando comparado a um fibroblasto em repouso, este aspecto torna-se fundamental para uma melhor mobilidade, adesão, elasticidade e tonicidade da pele (GUITAY, 1996; TOGNI, 2006). A endermologia é contra-indicada para pacientes hipertensos, com afecções na pele, com câncer, hérnia, veias varicosas, flebites, trombos, gravidez, que fazem o uso de anticoagulantes, com pseudoatrofia, diabetes e marcapasso cardíaco. Ainda em alguns casos os pacientes podem ser sensíveis a endermologia, apresentando hematomas com facilidade, devendo assim o terapeuta ficar atento a este sinal no início do tratamento, não devendo ser tratados com endermologia (GUITAY, 1996; TOGNI, 2006). 42 2.8 Endermoterapia associado Striat® A endermoterapia irá aumentar o número de fibroblastos, elevando a produção de colágeno e elastina, além de aproximar as fibras elásticas que estão agrupadas na periferia da estria e aproximar as fibras colágenas entre si, contribuindo para recuperação da pele (BONETTI, 2007; GUITAY, 1996; TOGNI, 2006). O Striat® provocará uma inflamação local, aumentando a atividade metabólica, fazendo com que se forme tecido colágeno, preenchendo a área degenerada (MONDO, 2004). A associação da endermoterapia com a microgalvanopuntura teoricamente irá produzir um efeito esteticamente melhor, já que a endermoterapia além de estimular fibroblastos, irá auxiliar por aumentar o aporte sanguíneo superficial local, conseqüentemente melhorando a oxigenação tissular, eliminando as toxinas acumuladas, melhorando o aporte de substâncias e a nutrição do tecido conjuntivo e assim irá causar uma regeneração do tônus da epiderme, tornando o seu aspecto mais suave (TOGNI, 2006) e o Striat® provocará esse processo inflamatório agudo por meio dos efeitos intrínsecos da corrente contínua (GUIRRO & GUIRRO, 1992), consequentemente ocorrerá um processo de reparação tecidual e o fechamento das estrias ainda mais eficaz. 43 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Caracterização do estudo Com referência aos conceitos de Luciano (2001) a pesquisa classifica-se como aplicada, no que diz respeito à natureza. Em relação ao problema é classificada como quanti-qualitativa. No que se refere aos objetivos é descritiva e exploratória, e por fim em relação aos procedimentos é caracterizado como estudo de caso, bibliográfica e levantamento de dados. 3.2 Caracterização da amostra e local do estudo O estudo foi realizado, nos períodos do 1º semestre de 2009 ao 2° semestre de 2009, sendo que o período para a coleta de dados compreendeu o 2o semestre de 2009, nos meses de agosto à outubro. A Clínica de Fisioterapia da UNESC foi o local onde foi realizada a aplicação da técnica, conforme autorização para o uso da mesma (ANEXO A) sendo um local acessível à população pertinente a esta pesquisa, já que são acadêmicas do Curso de Fisioterapia da UNESC. A partir da obtenção de documentação cedida pelo Departamento de Fisioterapia, foi constatado que do total de 214 acadêmicos do Curso de Fisioterapia, 180 são do sexo feminino. A amostra foi selecionada a partir deste resultado. Para realizar o cálculo do tamanho da amostra, foi feito o cálculo de Costill (Barbetta, 2007) sendo esta a fórmula utilizada: , onde N é o número de elementos da população, o n é o tamanho da amostra e o n0 é o número amostral com erro amostral tolerável para o estudo que será realizado. Das 180 acadêmicas, o número de acadêmicas do Curso de Fisioterapia da UNESC que demonstraram interesse em participar da pesquisa foram 12, isto é o N (tamanho da população). E o n0 (número amostral) é de 400. No entanto, ao realizar o cálculo, o tamanho da 44 amostra seria de 11,6 sujeitos. Contudo, a partir deste cálculo identificou-se o tamanho da amostra de 12 (doze) pacientes, isto é, 4 (quatro) pacientes para cada grupo, porém, das 12 pacientes, 5 desistiram antes mesmo de iniciar o tratamento pelo fato de não conseguir conciliar horário e 1 foi excluída por ter propensão a quelóides. Totalizando 6 pacientes, isto é, 2 (duas) pacientes para cada grupo, sendo que foram divididos 3 grupos: grupo I, submetido ao tratamento com o Striat®, o grupo II, tratado com a Endermoterapia e o grupo III, com a Endermoterapia o associada ao Striat®. A amostra incluiu: • Sujeitos do sexo feminino; • Faixa etária entre 18 a 25 anos; • Que estejam cursando Fisioterapia na UNESC; • Que sejam nulíparas; • Que apresentem estrias albas na região glútea; • Que nunca tenham se submetido a tratamento para estrias; • Não estar utilizando quaisquer produtos de fins comésticos que possam vir a interferir nos resultados; Foram utilizados como critérios de exclusão do estudo: • Mulheres com estrias rubras; • Não comparecer a pelo menos uma sessão; • Que tenham propensão à quelóides ou cicatrizes hipertróficas; • Que estejam administrando fármacos antiinflamatórios; corticóides, antihistamínicos ou esteróides; • Que tenham alergia à agulha e/ou corrente elétrica; • Pacientes cardiopatas; portadores de marcapasso; portadores de neoplasia; patologias circulatórias; pacientes renais crônicos; diabéticos; hemofílicos; com dermatites ou dermatoses na região a ser aplicada e gestantes. 45 3.3 Instrumentos e materiais para a pesquisa Foram utilizados os seguintes aparelhos para o estudo: o equipamento gerador de Microcorrente Contínua Galvânica, com intensidade de 70 a 100 microampéres, comercialmente conhecido como Striat®, sendo este da marca IBRAMED e o aparelho de Endermologia, da marca Endosux P/Endermo DGM, ambos para realização do tratamento das estrias atróficas. O Striat® contém dois eletrodos, sendo um ativo e outro passivo. No eletrodo ativo é utilizada uma caneta, onde é conectada uma agulha descartável, que mantém contato direto sobre a estria, que ao final da sessão foi devidamente esterilizada com álcool a 70%. O eletrodo passivo fica em contato com a pele da paciente e é colocado o mais próximo possível da área a ser tratada, tem ainda em seu terminal uma placa de silicone embebida em gel inócuo. Durante a aplicação da técnica foram utilizadas luvas descartáveis, para proteção de possível contaminação tanto da paciente quanto do terapeuta. A introdução da agulha foi de forma subepidérmica em toda a extensão da estria, sendo a aplicação da técnica de forma linear, em que a agulha é inserida na pele de forma oblíqua, com levantamento da pele permanecendo por aproximadamente 2 segundos, pois aumenta a resposta desejada (BRAVIM, 2007; VENTURA, 2003; WHITE, 2008), com a paciente em decúbito ventral e com o eletrodo passivo acoplado a coxa, região próxima ao glúteo (Figuras 1). Figura 1- Aparelho Striat® FONTE: Da pesquisadora 46 As pacientes foram devidamente orientadas quanto a não se exporem ao sol, assim evitando as manchas da pele; como também não utilizarem medicações com intuito de resolver o processo inflamatório ou hidratante com agentes calmantes, pois, para se obter um resultado benéfico é necessário manter a resposta inflamatória após a estimulação. A endermoterapia baseia-se em um procedimento eletrônico que utiliza dois rolos monitorizados, situados na máquina e unidos a uma aspiração constante. O aparelho contém um vacuômetro para monitorar a pressão de sucção e um temporizador digital para controlar o tempo de tratamento. Contém ainda um cabeçote rolete pequeno; cabeçote tipo pá para depressodrenagem; jogo com quatro ventosas faciais, mangueira espiralada e conexão para ventosas faciais (Figura 2). Para o tratamento das estrias foi utilizado a mangueira flexível e uma ventosa para uso facial, sendo a ventosa de vidro utilizada a do tipo “luneta” (Figura 3), onde foi realizada uma sucção sobre a estria de forma perpendicular a esta, sendo que esta sucção foi controlada de acordo com a sensibilidade de cada paciente. Utilizou-se uma câmera digital para obtenção de registros fotográficos das estrias atróficas na região glútea, da marca Nikon D300 (12.5 mega pixel), com a lente de 50 mm, que não distorce a imagem em proporções, replicando a visão humana e dando noções reais de tamanho. As imagens foram capturadas com a distância de 50 centímetros entre a lente e o glúteo das pacientes. Foi fotografado em RAW, formato de arquivo que substitui o jpeg e possui a melhor qualidade do mercado profissional, neste é impossível realizar quaisquer modificações nas fotos, para melhor fidelidade do resultado final. A coleta de imagens foi realizada no pré e pós-tratamento de cada grupo, para posteriormente verificarem-se os efeitos obtidos com a terapêutica. Antes de iniciar as sessões e realizar a captura das imagens foi feita uma esfoliação na região estriada com gel esfoliante Planet Spa, para provocar uma hiperemia nas estrias, já que gera um leve processo inflamatório local, demarcando mais nitidamente cada estria, melhorando a visualização tanto para realizar o tratamento, quanto para observar as imagens. Este gel esfoliante têm em sua composição: Aqua; Sódium C14-16; Olefin, Polyethylene; Glycerin; Cocamidropropyl, Hidroxysultaine; Triethanolamine; Cocamide; Parfum; Mipa e Lauramide Mea. Estes 47 são elementos naturais que tem o intuito de proporcionar hidratação da pele, portanto não alteram no resultado final do tratamento. Para mensurar o comprimento e a largura da estria antes e após o tratamento, foi utilizado um programa de sofware, AutoCad 2009, originalmente desenvolvido para ciências exatas e, atualmente, também utilizado como instrumento de medida na área de saúde (RIBEIRO, 2006) com objetivo de futura comparação dos efeitos. Para obtenção da área exata da região estriada foi necessário verificar a abertura do foco da câmera, para que assim as medidas das estrias demarcadas fossem fidedignas (Figura 2). Figura 2 – Demarcação das Estrias no Programa AutoCad 2009 FONTE: Da pesquisadora Além dos equipamentos acima citados, para realizar uma avaliação dermato-funcional das pacientes no pré-tratamento foi utilizado o Questionário Aplicado e Modificado de LEITE, 2007 (APÊNDICE A). No pós-tratamento foi utilizado um novo questionário para reavaliar as pacientes, constando de um Questionário de Percepção Individual Modificado de LEITE, 2007 (APÊNDICE B) para avaliar a satisfação pessoal de cada sujeito selecionado para pesquisa, com relação ao tratamento. 48 Figura 3 - Aparelho de Endermoterapia (Endosux P/Endermo DGM) FONTE: Da pesquisadora Figura 4 – Ventosa Facial de vidro do tipo “luneta” FONTE: Da pesquisadora 3.4 Procedimentos para coleta Os procedimentos de coleta de dados foram devidamente divididos em etapas para o melhor esclarecimento dos mesmos. A primeira etapa realizada foi o encaminhamento do projeto para avaliação do Comitê de Ética. Após a aprovação do mesmo, conforme parecer 54/2009, foram iniciadas a próximas etapas do estudo (ANEXO B). Inicialmente as acadêmicas do Curso de Fisioterapia foram contatadas por correspondência eletrônica, na qual foram comunicadas sobre o estudo e convidadas a participarem deste, informando a data e o horário para uma reunião onde a pesquisa foi melhor esclarecida. Àquelas que demonstraram interesse foi 49 apresentado o projeto de pesquisa. Em seguida, foi aplicado o questionário que avaliou quais mulheres atenderiam aos critérios de inclusão (APÊNDICE A) e a coleta de assinaturas dos termos de consentimento livre e esclarecido – TCLE (APÊNDICE C). Após estes procedimentos, foi iniciada a fase de preparação da coleta, realizada na sala de Eletroterapia da Clínica de Fisioterapia da UNESC. Após a preparação da coleta foi dado início a fase de coleta dos dados propriamente dita. Primeiramente foram divididos os três grupos: o grupo I, submetido ao tratamento com o Striat®, o grupo II, tratado isoladamente com a Endermoterapia (Endosux P/Endermo DGM) e o grupo III, com a Endermoterapia associada ao Striat®. Neste último grupo foi inicialmente realizada a endermoterapia e em seguida aplicado o Striat®. A distribuição dos membros da amostra dos grupos citados foi realizada por meio de sorteio aleatório, em que cada voluntária retirou de um recipiente uma etiqueta indicando o grupo ao qual pertenceria. Em seguida a divisão dos grupos, foram agendados os dias da semana e os horários com cada paciente e depois foi dado início as sessões na semana seguinte. As sessões foram realizadas na Clínica de Fisioterapia na UNESC, sendo duas (2) sessões semanais para cada grupo, no período vespertino, totalizando oito (8) sessões, com intervalo de 4 dias a cada sessão. Este intervalo entre as sessões foi proposto, pois, o processo inflamatório será absorvido em um período de tempo variável, ocorrendo na média de 2 a 7 dias, estando a paciente apta a realizar uma nova sessão após esse período (KARIME, 2006; BITENCOURT, 2007; WHITE et al, 2008). As sessões tiveram duração de 50 minutos, porém, as pacientes tiveram que ter disponibilidade de tempo de aproximadamente uma (1) hora do horário de início da sessão. Na primeira sessão foi realizada a coleta de imagens das estrias na região glútea, sendo capturada a imagem da região estriada após a realização de uma esfoliação na região da área estriada, pela leve hiperemia que ocorre nas estrias, com conseqüente melhor visualização destas, sendo elas nomeadas como estrias 1, 2, 3 e 4; com uma marcação de um ponto no início da estria e outro ao seu final, para mensuração do comprimento e largura da estria por meio do programa de software AutoCad 2009. Os registros fotográficos ocorreram sempre no mesmo local, com a mesma intensidade luminosa, com uma distância fixa entre a pele e o 50 foco da câmera (50 centímetros). As imagens foram capturadas pela fotógrafa profissional Marina Bitten, para se obter uma melhor imagem da área estriada. As voluntárias foram atendidas individualmente, sendo todas as estrias da região glútea tratadas, mas foi feito a marcação de somente quatro (4) estrias, duas em cada glúteo, para futura comparação do comprimento e da largura das estrias após os tratamentos. Cada paciente do grupo I teve sua própria agulha, sendo feita à assepsia com álcool 70% ao final de cada sessão e guardada para as demais sessões. Para realização do tratamento do grupo III, foi realizado inicialmente o tratamento com a Endermoterapia e após a aplicação do Striat® na mesma região. Ao final de todo tratamento foi aplicado um Questionário de Percepção Individual de LEITE, 2007 (ANEXO C) para avaliar a satisfação pessoal de cada sujeito selecionado para pesquisa, com relação ao tratamento. Ainda, duas semana após o término de todo tratamento, foram coletados os registros fotográficos finais das estrias atróficas tratadas, utilizando a mesma câmera digital e os mesmos paramêtros dos primeiros registros fotográficos tiradas ao início do tratamento, sendo utilizado a mesma distância fixa entre a pele e a câmera. 3.5 Procedimentos Para Análise de Dados Ao final da coleta de dados, foi realizado a análise dos resultados encontrados, onde os mesmos foram agrupados e apresentados em forma de tabelas, imagens, para melhor visualização, e gráficos. Além disso, foram analisados e discutidos com base na literatura pesquisada. 51 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 Análise das Características das Estrias de Cada Paciente As pacientes participantes do estudo foram divididas em três grupos: o grupo I, submetido ao tratamento com microgalvanopuntura (Striat®), o grupo II, tratado com a Endermoterapia (Endosux P/Endermo DGM), com a Endermoterapia o associada ao Striat®, cujas características das estrias de cada paciente são descritas a seguir. Grupo I – Microgalvanopuntura (Striat®) Paciente 1 Paciente A.M.S, 21 anos, pele branca, com estrias atróficas albas na região glútea, sendo estas delgadas, de aspecto plano, forma curvilívea, em S e retilínea, dispostas tanto vertical como horizontalmente, localizando-se em todos os quadrantes da região glútea. Teve seu aparecimento após a ocorrência da menarca, com 13 anos de idade, no entanto, a provável etilogia das estrias está enquadrada na teoria endocrinológica, isto é, pelos distúrbios hormonais. As estrias rubras tornaram-se albas em um tempo superior à 12 meses. A paciente teve como sintomais iniciais ao surgimento das estrias, a presença de prurido ou coceira na região estriada. Paciente 2 Paciente S.T.K, 21 anos, pele branca, com estrias albas dispostas verticalmente, em quadrante superior lateral e inferior lateral e medial, delgadas, 52 aspecto plano e de forma retilínea e com grande distância entre elas. Seu aparecimento se deu após a menarca, aos 14 anos de idade, sendo provável etiologia a endocrinológica, porém, apareceram ainda algumas estrias após uma infeçcão pela febre reumática, com 20 anos de idade, sendo a provável etilogia que se enquadra no surgimento destas novas estrias, a teoria infecciosa. As estrias de início eram rubras e tornaram-se brancas em um período inferior a 6 meses. Estas estrias rubras surgiram sem sintomas. Grupo II – Endermoterapia Paciente 3 Paciente R.M.S, 21 anos, pele branca, apresentando estrias albas na região glútea bilateralmente, em quadrante superior e inferior lateral, dispostas horizontalmente. As estrias são delgadas, com aspecto em depressão e com forma curvilínea, com aparecimento no período da puberdade após a ocorrência da menarca, com 12 anos de idade com conseqüente crescimento corporal repentino, no entanto, as prováveis etilogias das estrias está enquadrada na teoria endocrinológica e mecânica respectivamente. As estrias de início eram rubras e tornaram-se albas entre 6 e 12 meses. Quando estas surgiram foram assintomáticas. Paciente 4 Paciente J.E, 25 anos, pele branca, apresenta estrias albas na região glútea bilateralmente, com aspecto depressivo, largas e de forma curvilínea, dispostas horizontalmente, em maior quantidade em quadrante superior lateral e medial, sendo raras e delgadas no quadrante inferior lateral. O período de aparecimento das estrias atróficas se deu logo após a menarca, com 13 anos de 53 idade, seguida de aumento de peso e altura de forma rápida, no entanto, as prováveis etilogias das estrias está enquadrada na teoria endocrinológica e mecânica. As estrias de início eram rubras e tornaram-se albas aproximadamente após 12 meses do seu surgimento, quando surgiram teve como sintoma coceira na região estriada. Grupo III – Endermoterapia e Microgalvanopuntura Combinados Paciente 5 Paciente P.S.S, 23 anos, cor branca, com estrias albas bilaterais em quadrante superior e inferior laterais da região glútea, têm aspecto depressivo e de bordas largas e com forma retilínea. As estrias ocorreram após a menarca, com 12 anos de idade, associada ao crescimento corporal rápido, no entanto, as prováveis etilogias das estrias está enquadrada nas teorias endocrinológica e mecânica. As estrias rubras tornaram-se albas em torno de 6 a 12 meses. Paciente não recorda se apresentou algum sintoma ao surgimento das estrias rubras. Paciente 6 Paciente H.S.F, 20 anos, cor parda, apresentando estrias albas em quadrante superior e inferior lateral sendo estas com bordas largas e horizontais, outras poucas no quadrante superior medial, sendo estas mais delgadas e horizontais, todas de forma curvilínea e aspecto em depressão. As estrias ocorreram após a menarca, com 13 anos de idade, no entanto, a provável etilogia das estrias está enquadrada na teoria endocrinológica. As estrias de início rubras tornaram-se albas em um período entre 6 a 12 meses, sendo o único sintoma apresentado no seu aparecimento a coceira na região estriada. 54 A média de idade das pacientes é de 21,8 com desvio padrão de +- 1,83. Por conta do desvio padrão relativamente baixo, pode se considerar a amostra homogênea do ponto de vista da faixa etária, o que facilita a aplicação das inferências estatísticas para a amostra. 4.1.1 Cor da Pele Das seis (6) participantes da amostra, duas (2) do grupo I, duas (2) do grupo II e uma (1) do grupo III apresentam cor da pele branca, sendo apenas uma (1) participante apresenta cor da pele parda, sendo esta do grupo III. Assim, 83,33% da amostra apresentam pele branca e 16,67% pele parda, conforme observado no gráfico 1. Gráfico 1 – Cor da Pele . Pessoas de pele clara já possuem algum grau de desestruturação provocado pelos efeitos da radiação ultravioleta, assim tendo menor quantidade de colágeno e fibras elásticas, contudo, a pele branca é mais sucetível à estrias 55 atróficas, porém podem estar presentes em quaisquer tipos de pele (ALVES, 2005; BONAMIGO, 1999; GUIRRO E GUIRRO, 2002). 4.1.2 Localização e Disposição das Estrias Atróficas As estrias das pacientes foram analisadas conforme sua localização e disposição na região glútea. O glúteo é dividido em quatro quadrantes: superior medial e lateral e inferior medial e lateral (LEITE, 2007). Em relação a localização das estrias foi observado em que quadrantes se encontravam e em relação a disposição se eram horizontais, verticais ou ambas. Tabela 1 – Localização e Disposição (n=6) PACIENTES Localização das estrias Paciente 1 Em todos os quadrantes Paciente 2 Quadrante superior lateral/ inferior lateral e medial Paciente 3 Quadrante superior e inferior Horizontal lateral Quadrante superior lateral e Horizontal medial / inferior lateral Paciente 4 Disposição das estrias Vertical e Horizontal associados em todos os quadrantes Horizontal/ Vertical Paciente 5 Todos os quadrantes Horizontal Paciente 6 Quadrante superior e inferior Horizontal lateral FONTE: Dados da pesquisadora As estrias podem ser raras ou numerosas, com disposição paralela umas às outras e perpendiculares às linhas de fenda pele (BONETTI, 2007; DOMINGUES, 2006; GUIRRO e GUIRRO, 2004). A orientação das fibras colágenas da derme segue as linhas de Langer ou linhas de fenda da pele, cuja direção varia nas diferentes áreas do corpo, como pode ser observado na Figura 04 (BAENA, 2003; CLAY,2003). 56 Como pode se observar na figura a seguir, as linhas de fenda da pele da região glútea se estendem horizontalmente nos quadrantes superiores laterais e de forma mais verticalizada nos quadrantes superior medial e inferiores lateral e medial. A partir do conceito de que as estrias ocorrem perpendicularmente a estas linhas de fenda da pele, as estrias deveriam ocorrer mais verticalmente nos quadrantes superiores laterais e horizontalmente nos quadrantes superior medial e inferiores lateral e medial. Portanto, correlacionando com a disposição encontrada nas nos sujeitos da amostra, pode-se observar que as estrias atróficas de todas as pacientes não estão de acordo com as linhas de fenda da pele, porém, quando as estrias atróficas são originárias de crescimento repentino e desproporcional dos membros inferiores e glúteos, presume-se que as estrias ocorrem em disposição horizontal (GALIMARD, 1983). Figura 05- Linhas de Langer Fonte: Clay, 2003 Portanto, acredita-se que as estrias das pacientes dispostas horizontalmente, que deveriam ser dispostas mais verticalmente conforme as linhas de fenda da pele, são assim dispostas por estarem associadas ao crescimento rápido dos membros inferiores e glúteos. 57 4.1.3 Prováveis Etilogias do Surgimento das Estrias Atróficas Existem três teorias que tentam justificar o surgimento das estrias atróficas: a teoria mecânica, teoria endócrina e teoria infecciosa, porém, em relação a este assunto, a literatura é divergente e inconclusiva (GUIRRO e GUIRRO, 2002; WHITE, 2008). Das seis (6) participantes da amostra, quatro (2) relataram que o aparecimento das estrias se deu após a menarca, período de distúrbios hormonais, assim se enquadrando na etiologia endocrinológica; duas (3) afirmaram que as estrias surgiram após a menarca associado ao crescimento repentino, sendo as prováveis etilogias a endocrinológica associado a teoria mecânica e uma (1) das pacientes que as estrias apareceram após a menarca e depois de uma infecção por febre reumática, sendo provável a etilogia do surgimento dessas estrias a teoria endocrinológica por ser após a menarca e a teoria infecciosa por ter surgido após uma infecção. No entanto, 33,3% da amostra teve como provável etiologia do aparecimento das estrias atróficas a teoria endocrinológica, 50% da teoria endocrinológica e a teoria mecânica e 16,7 % a teoria infecciosa e endocrinológica, conforme o gráfico 2 a seguir. Gráfico 2- Etiologias do Surgimento das Estrias Atróficas 58 Como visto, 33,3% da amostra apresenta a etiologia mais aceita atualmente, a teoria endocrinológica, que explica que as estrias atróficas aparecem pela ação específica dos hormônios esteróides sobre os fibroblastos, que são os produtores de colágeno e elastina, no entanto, com a escassez destas substâncias a pele fica suscetível a lesão da pele, formando as estrias atróficas. Este hormônios estão presentes na adolescência, obesidade e gravidez (BRAVIM, 2007; WHITE et al, 2008), Como prováveis etiologias, a teoria endocrinológica e mecânica associadas, representam 50% da amostra. As causas mais comuns para o aparecimento das estrias são na adolescência, onde se inicia a produção do hormônio esteróide, aumento de peso e crescimento muito rápido, assim se enquadrando tanto na teoria endocrinológica e mecânica (BONETTI, 2007; BRAVIM, 2007; DOMINGUES, 2006, GUIRRO E GUIRRO, 2004). Alguns autores já concordam, após um estudo biomecânico da pele, que os fatores desencadeantes das estrias são múltiplos, ou seja, uma combinação de fatores como a hereditariedade, alterações mecânicas e endocrinológicas do organismo (DOMINGUES, 2006; CONSULIN, 2007, KUMAR, 2005). A teoria infecciosa como sendo uma provável etiologia é aceita por poucos autores, mas como observado, uma (1) paciente, 16,7% da amostra, relata o aparecimento de estrias na adolescência, após a menarca e mais estrias surgiram após infecção por febre reumática. O autor Wiener (1947) apud Guirro e Guirro (2004) sugere que processos infecciosos provocam danos às fibras elásticas, provocando estrias. Foi observado em adolescentes estrias rubras após febre reumática, febre tifóide, tifo, hanseníase, dentre outras infecções. 4.1.4 Idade da Menarca Menarca é o nome dado ao primeiro ciclo menstrual da mulher, e marca o início da fase da puberdade (COUTINHO, 2001; TAKADA, 2004). Das seis (6) pacientes, duas (2) tiveram menarca com 12 anos de idade, três (3) com 13 anos e 59 uma (1) com 14 anos de idade. No entanto, 33,3% da amostra tiveram sua primeira menstruação com 12 anos de idade; 50% com 13 anos de idade e 16,7% com 14 anos de idade, como pode ser visto no gráfico 4. A média de idade da menarca foi de 12,71. Gráfico 3 - Idade da Menarca 60% 50% 40% 30% 50% 20% 33% 10% 16,7% 0% 12 anos 13 anos 14 anos No Brasil, a média da menarca é de aproximadamente 12,2 anos de idade e a média das pacientes da amostra foi de 12,71 anos de idade, estando dentre a média das meninas brasileiras (KLUG, 2006; LEITE, 2007). É essencial sabermos a data da menarca e do surgimento das estrias, pois é na menarca que ocorrem à síntese de alguns hormônios que acarretam o aumento de altura e de peso e também de hormônios como o esteróide que atua sobre os fibroblastos, reduzindo a produção de colágeno e elastina, facilitando o aparecimento das estrias (BONETTI, 2007; SPRINTHALL, 2003 apud LEITE, 2007). 4.1.5 Tempo de Transição de Estrias Atróficas Rubras à Albas da Região Glútea A coloração da estria é caracterizada de acordo com o período de instauração, quando as estrias estão avermelhadas significa que a lesão cutânea ocorreu recentemente e após certo período de tempo estas vão perdendo sua 60 coloração tornando-se mais esbranquiçadas, na qual chamamos de estrias albas (GUIRRO e GUIRRO, 2002; MISTICONE, 2007; TSUJI, 1993). Das seis (6) pacientes, uma (1) paciente relatou que as estrias tornaram-se albas em um período inferior a 6 meses, quatro (4) afirmaram que o tempo de transição de estria rubra para alba se deu entre 6 à 12 meses, uma (1) paciente relata que demorou mais que 12 meses para esta mudança de coloração. No entanto, o tempo de transição das estrias atróficas rubras à albas foi inferior a 6 meses em 16,7% da amostra, de 6 a 12 meses em 66,6% e 16,7% superior à 12 meses, conforme observado no seguinte gráfico. Gráfico 4 – Tempo de Transição de Estrias Rubras à Albas A evolução natural deste processo de estria rubra à alba dura de 6 a 12 meses, neste período as estrias naturalmente esmaecem em coloração, o que dá uma impressão de melhora (BONETTI, 2007; GUIRRO & GUIRRO, 2002; MAIO,2004; TSUJI, 1993). A maior parte da amostra 66,6%, afirmaram que foi neste período que as estrias rubras tornaram-se albas. Contudo, uma única paciente referiu a transição de coloração após um ano, tal fato, acredita-se, que podem ser decorrente de cicatrização tardia, por distúrbios hormonais, como do hormônio esteróide, alterando a ação dos fibroblastos, produtor de colágeno e elastina, substâncias importantes para ocorrer o mecanismo normal de cicatrização. Outra paciente, também referiu a transição na cor em um período inferior a seis meses, tal 61 fato pode estar correlacionado à característica da pele que, provavelmente, apresenta um bom mecanismo de cicatrização. 4.1.6 Sintomatologia Inicial das Estrias Atróficas Rubras Quando as estrias atróficas surgem podem aparecer alguns sintomas. Das seis (6) pacientes, duas (2) apresentaram como sintoma coceira na região estriada, três (3) não apresentaram sintomas ao surgimento das estrias e duas (2) não recordam se tiveram algum sintoma quando as estrias apareceram. No entanto, 28,57% da amostra apresentaram como sintoma a coceira na região estriada, 42,86% da amostra relata que o surgimento das estrias atróficas foi assintomático e 28,57% diz não recordar se houve algum sintoma, conforme observado no gráfico 5. Gráfico 5- Sintomas Iniciais das Estrias Como representando no gráfico, 42,86% da amostra relatam que as estrias atróficas foram assintomáticas. As estrias atróficas geralmente são assintomáticas, porém alguns sujeitos podem apresentar uma leve coceira na região quando está no estágio inflamatório (BONDI, JEGASOTHY e LAZARUS,1993). Este sintoma, coceira na área estriada, foi relatado por 28,57% da amostra. Há indivíduos em que ocorrem sintomas ao aparecimento das estrias rubras, os sintomas por estes 62 apresentados inicialmente ao aparecimento delas são: prurido ou coceira, dor, erupção papilar plana e levemente eritematosa (rosada). Nesta fase a estria é chamada de rubra (striae rubrae), esta coloração se deve ao rompimento de vasos sanguíneos (ALAITI, 2009; GUIRRO E GUIRRO, 2002). 4.1.7 Aspecto e Forma das Estrias Atróficas Em relação ao aspecto das estrias, das seis (6) pacientes, quatro (4) têm estrias com aspecto depressivo, 66,7% da amostra, e duas (2) de aspecto plano, isto é, 33,3% da amostra. Em relação à forma das estrias, três (3) pacientes apresentam somente forma curvilínea, representando, 50% da amostra, 2 (duas) pacientes forma retilínea, sendo 33,3% da amostra e uma (1) paciente com forma curvilínea, retilínea e em “S” concomitantemente, isto é, 16,7% da amostra, como representado no quadro a seguir. Quadro 1- Aspecto e Forma das Estrias Atróficas de Cada Paciente Pacientes Aspecto Formas Paciente 1 Plano curvilínea,retilínea e em “S” Paciente 2 Plano retilínea Paciente 3 Depressão curvilínea Paciente 4 Depressão curvilínea Paciente 5 Depressão curvilínea Paciente 6 Depressão retilínea A aparência da estria atrófica pode variar, sendo que em muitos casos é uma lesão em depressão, outros se apresentam planas ou mais elevadas em relação ao nível da pele (HASHIMOTO, 1998). As estrias têm formas variadas, podendo ser retilíneas, curvilíneas, em forma de “S” ou em ziguezague. (BONETTI, 2007). 63 4.2 Alteração na Coloração das Estrias Atróficas Pós- Tratamento As estrias podem alterar sua coloração após os tratamentos, podendo ficar vermelhas, violáceas e cor de pele sadia (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Todas as seis (6) pacientes notaram diferença quanto a coloração das estrias após os tratamentos, como observado no quadro a seguir. Quadro 2- Coloração das Estrias Pós-Tratamento Pacientes Coloração das Estrias Paciente 1 Violácea Paciente 2 Violácea Paciente 3 Cor de pele sadia Paciente 4 Cor de pele sadia Paciente 5 Violácea Paciente 6 Violácea As estrias de todas pacientes eram de coloração branca. Pode-se observar nos resultados encontrados quanto a mudança de coloração das estrias que as pacientes do grupo I, tratadas somente com microgalvanopuntura, tiveram uma modificação na coloração das estrias, tornando-se violáceas. Já as do grupo II, somente realizado a endermoterapia, as estrias mudaram de brancas à cor de pele sadia. O grupo III, tratadas com endermoterapia e microgalvanopuntura combinados, também teve modificação para a cor violácea. Contudo, nos grupos onde foi aplicado o Striat®, isto é, no grupo I e III, as estrias tornaram-se violáceas, apresentando-se de acordo com a literatura, pois quando a estria rubra torna-se com coloração esbranquiçada é devido à redução da quantidade de capilares regionais, assim, quando realizado o estímulo físico provocado pela agulha associado à corrente galvânica na estria alba leva à alteração da coloração da estria, podendo ficar violácea pelo aumento de capilares sanguíneos regionais (KARIME, 2006; GUIRRO E GUIRRO, 2002). Em um trabalho realizado por Azevedo, Pita e Schütz (2003) no qual foi aplicada a microgalvanopuntura no tratamento de estrias, foram verificadas, após oito sessões de tratamento, elevação de fibroblastos na região e novos vasos sanguíneos. 64 Já o grupo II, onde foi realizado endermoterapia isolada, a estria ficou de coloração de pele sadia, acredita-se que como a endermoterapia não provoca um processo inflamatório mas recruta fibroblastos para formação de colágeno e elastina, substâncias essenciais para recuperação da pele, tornam a coloração da estria mais próxima do tecido original, fazendo com que a estria fique da coloração da pele sadia (DALSOSSO, 2007; GUIRRO E GUIRRO, 2002; TOGNI, 2006). 4.3 Comprimento e Larguras das Estrias Pré e Pós-Tratamento Observado Por Meio do Programa de Software AutoCad 2009 O programa de sofware, AutoCad 2009, foi originalmente desenvolvido para ciências exatas e, atualmente, também utilizado como instrumento de medida na área de saúde (RIBEIRO, 2006). Este programa foi empregado para analisar o comprimento e a largura das estrias antes e após a aplicação dos protocolos propostos, sendo que foram mensuradas em pixels. A distância entre a lente da câmera e da pele das pacientes foi de exatamente 50 centímetros. Foram marcadas quatro (4) estrias, porém somente foram mensuradas duas (2) estrias marcadas, uma 1 (uma) de cada glúteo e obteve-se os seguintes resultados (Quadro 3). Quadro 3 - Comprimento e Larguras das Estrias Pré e Pós os Tratamentos Pctes Comprimento e Largura (Antes) Comprimento e Largura (Depois) Pcte 1 (Grupo I) Estria 1 411,2 x 11,2 Estria 2 232,5 x 12,1 Estria 1 320,1 x 6,2 Estria 2 195,2 x 7,5 Redução (%) Comprimento x Largura Estria 1 Estria 2 22,15% x 16, 04% x 44,64% 38,01% Pcte 2 (Grupo I) 209,2 x 11,6 361,3 x 19,4 207,6 x 8,5 309,1 x 12,9 0,76% x 26,72% Pcte 3 (Grupo II) Pcte 4 (Grupo II) ----------- ------------- ------------ ------------ ----------- ----------- 320,7 x 13,6 273,9 x 12,4 318,6 x 10,1 272,1 x 9,8 0,65% x 25,73% 0,65% x 20,96% Pcte 5 (Grupo III) 322,5 x 16,3 374,2 x 20,1 199,2 x 5,7 310,2 x 6,9 38,23% x 65,03 % 17,10% x 65,67% Pcte 6 (Grupo III) 570,5 x 31,2 546,2 x 37,9 420,6 x 19,2 460,2 x 25 26,2% x 38,46% 15,74% x 34,03% 14,44% x 33,04% 65 Não foi possível realizar a marcação daquelas quatro estrias que foram marcadas antes do tratamento da paciente 3, do grupo II (endermoterapia isolada), pois, as estrias ficaram bem próximas á cor da pele original, ficando difícil a sua visualização. As estrias possuem comprimento e largura variáveis (GUIRRO E GUIRRO, 2002). A redução do comprimento e da largura das estrias marcadas foi maior no grupo III, onde houve uma média de redução de 50,79% da largura das estrias e 24,3% do comprimento destas, pois, a endermoterapia além de aproximar as fibras elásticas que estão agrupadas na periferia da estria e aproximar as fibras colágenas entre si, estimulam os fibroblastos a produzir novo colágeno, substância fundamental para reparação tecidual. Assim a Microgalvanopuntura após a Endermoterapia irá produzir um processo inflamatório, neovascularização e a elevação na quantidade de fibroblastos jovens, que irão produzir colágeno, este colágeno circundante irá comprimir a arcada capilar na região, sendo isso responsável pela parte da contração da cicatriz, com conseqüente fechamento das estrias. No entanto, acredita-se que os dois métodos associados produzem uma cicatrização melhor e mais acelerada (BITENCOURT, 2007; KNIGHT, 2000; OSÓRIO, 2005; WHITE et al, 2008). Somente a microgalvanopuntura de forma isolada (grupo I) também apresenta bons resultados no tratamento das estrias, onde houve redução de 35,6% da largura e 13,34% do comprimento, pois, após a fase de inflamação local que ocorre pela aplicação do Striat, se têm a fase proliferativa, sendo que nesta fase existe uma subfase, a reepitelização, onde há aumento na quantidade de fibroblastos e ocorre o fechamento da pele (CÔRTES, 2008; LIMA, 2005; MANDELBAUM, 2003, PEREIRA, 2003). Acredita-se que a Endermoterapia utilizada para o tratamento das estrias atróficas de forma isolada (grupo II) apresentou menor redução de comprimento e largura destas estrias comparada aos outros grupos, onde houve apenas 0,65% de redução do comprimento e 23,34% da largura, pois, a endermoterapia não provoca um processo inflamatório local. Para contração da ferida, isto é, redução eficaz do comprimento e largura da cicatriz é necessário um processo inflamatório para ocorrer a reepitelização (fase proliferativa da cicatrização), já que é nesta subfase que ocorre o fechamento da cicatriz, porém, como a endermoterapia irá aumentar o número de fibroblastos, elevando a produção de colágeno e elastina, além de 66 aproximar as fibras elásticas que estão agrupadas na periferia da estria e aproximar as fibras colágenas entre si, assim contribuindo para recuperação da pele (BONETTI, 2007; GUITAY, 1996; MANDELBAUM, 2003; TOGNI, 2006). 4.4 Percepção Individual do Tratamento A satisfação pessoal do paciente é de extrema importância como medida da qualidade de atenção, por proporcionar satisfação sobre o êxito do provedor em alcançar os valores e expectativa ao paciente (MENDONÇA, 2004). Todas as pacientes notaram alguma alteração estética das estrias ao final do tratamento. Por meio do Questionário de Percepção Individual de LEITE, 2007 (ANEXO C), as pacientes responderam sua satisfação em relação ao tratamento, tendo como respostas: Satisfeita, Insatisfeita ou Satisfeita, mas poderia ser melhor. O nível de satisfação das pacientes foram separadas pelos grupos I, II e III. Pôde-se verificar que 100% das pacientes do grupo I (2 pacientes) ficaram satisfeitas com o resultado. Já nas pacientes do grupo II e III foi verificado que 50% das pacientes, apresentaram-se satisfeitas (2 pacientes) e 50% (2 pacientes) relataram estarem satisfeitas, mas que o resultado poderia ter sido melhor. Todas as pacientes da amostra (100%) notaram alguma alteração na estética da estria no final do tratamento. Em relação a esta alteração na estética das estrias foi em relação à mudança de coloração, minimização do aspecto depressivo e redução da largura e comprimento das estrias. Contudo, foram verificados que as pacientes do grupo I e III quando questionadas se tinham observado outra alteração relevante das estrias tratadas (APÊNDICE B), relataram que houve minimização da depressão da pele na região estriada, apresentando-se mais aplainadas em relação à pele. Enquanto as pacientes do grupo II não perceberam este nivelamento da pele. Neste mesmo questionamento, que foi aberto, todas as duas (2) pacientes do grupo III relataram que houve uma redução do comprimento e da largura das estrias que pôde ser observado nitidamente. Todas as pacientes (100%) notaram mudança na coloração das estrias, sendo devidamente orientadas que a estria poderia ficar com a coloração avermelhada, violácea ou de cor de pele sadia, e que se as estrias se 67 tornassem vermelhas ou violáceas era um sinal positivo de que houve uma neovascularização e estas estrias irão tornar-se de 6 a 12 meses mais próximas da cor da pele, o que determinou a satisfação destas. No entanto, a satisfação das pacientes após as 8 (oito) sessões de tratamento foram decorrente da notável modificação no aspecto visual das estrias, minimização da depressão cutânea, redução do comprimento e largura das estrias e da modificação de sua coloração. 68 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Há uma grande preocupação atual em atingir o padrão de beleza ideal, o que faz com que sujeitos fiquem insatisfeitos com seu corpo por acreditarem que não está de acordo com os padrões pré-estabelecidos. Uma das preocupações atuais, que não estão dentro dos padrões de beleza impostos pela sociedade, são as estrias atróficas. A Fisioterapia Dermato-Funcional abre as portas para o tratamento destas temidas estrias, proporcionando grandes benefícios estéticos, e, sobretudo qualidade de vida e o bem-estar, a esses indivíduos que estão insatisfeitos com algo em seu corpo. O presente estudo teve como objetivo analisar os efeitos da microgalvanopuntura e da endermoterapia de forma isolada e combinada no tratamento de estrias atróficas albas. No que se refere ao surgimento das estrias atróficas, identificando assim as prováveis etiologias, pôde se verificar que 33,3% (duas pacientes) da amostra relataram que o aparecimento das estrias se deu após a menarca, no entanto, em decorrência de alterações na atividade esteróide (teoria endocrinológica). Já 50% (três pacientes) da amostra tiveram o aparecimento das estrias por alteração na atividade esteróide associada ao crescimento corporal repentino, com conseqüente estiramento excessivo da pele e rompimento das fibras elásticas (teoria endocrinológica e mecânica associadas). Apenas 16,7% (uma paciente) da amostra teve o surgimento das estrias decorrente da atividade esteróide na puberdade e após alguns anos devido a um processo infeccioso por febre reumática mais estrias surgiram (teoria endocrinológica e infecciosa). Em relação da contextualização do problema pôde- se verificar que os efeitos isolados da microgalvanopuntura (grupo I) sobre as estrias albas foram a alteração da coloração da estrias albas para violácea, redução do diâmetro destas, assim tornando-as mais próximas do nível da pele. Em relação aos efeitos da endermoterapia isolada (grupo II) foi verificado que houve alteração da coloração da estria para cor de pele sadia e redução do diâmetro, embora em menor escala que os outros dois grupos, porém não houve redução do aspecto depressivo da estria. A microgalvanopuntura e a endermoterapia combinadas (grupo III) produziu um efeito de alteração da coloração das estrias de albas a violáceas, uma maior redução do diâmetro das estrias em relação aos outros grupos e com aspecto mais plano em 69 relação à pele. Isso comprova que houve diferença nos resultados dos efeitos da terapia isolada e combinada em relação à coloração das estrias, do diâmetro e minimização do aspecto depressivo das mesmas. No entanto, é relevante ressaltar que foi no grupo III, com a endermoterapia e microgalvanopuntura combinadas que houve maiores alterações das estrias, tanto da coloração, redução do comprimento e largura, que foi em maior escala que os outros gupos e minimização do aspecto depressivo das estrias. Já nas pacientes do grupo I (microgalvanopuntura isolada) houve alteração da coloração das estrias, redução do diâmetro e atenuação do apecto depressivo destas. E por fim, foi no grupo II (endermoterapia isolada) que foi somente observado mudança de coloração da estria para pele sadia e redução do diâmetro, porém em menor escala que os outros dois grupos. Em relação a satisfação pessoal das pacientes, 100% do grupo I referiram completa satisfação e das pacientes tanto do grupo II e III, 50% sentiram-se satisfeitas e 50% relataram estarem satisfeitas mas que o resultado poderia ser ainda mais satisfatório. Portanto, após as oito (8) sessões de tratamento com os três métodos realizados, foi observado que todos os métodos apresentaram a atenuação das estrias, sendo possível observar alterações significativas na pele estriada, com conseqüente melhora do aspecto da estria. Porém, mais estudos devem ser incentivados com casuística maior para confirmação dos resultados obtidos. Esperase que esta pesquisa tenha colaborado para o aperfeiçoamento dos conhecimentos e técnicas utilizadas na área da Fisioterapia para a melhora do aspecto da pele estriada. 70 REFERÊNCIAS ADOCOCK, David et al. Analysis of the Cutaneous and Systemic Effects of Endermologie ® in the Porcine Model. Aesthetic Surgery Journal, november/december,1998. Disponível em < https://www.pucpcaldas.br/graduacao/fisioterapia/viii_simposio/Adcock_1998.pdf>. Acesso em: 28 de abril de 2009. AGNE, Jones E. Eletrotermoterapia: Teoria e prática. Santa Maria: Palotti, 2004. ALAITI, Samer. Striae distensae. eMedicine Dermatology, january, 2009. Disponível em: <http://emedicine.medscape.com/article/1074868-overview>. Acesso em 18 de agosto de 2009. ALVES, Gilvan Ferreira et al. Dermatologia e gestação. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro: v.80, n.2, mar./abr, 2005. AZEVEDO KD, PITA B, SCHÜTZ MJC. 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Efeitos da corrente microgalvânica no tratamento de estrias atróficas na região glútea (Monografia de graduação). Curso de Fisioterapia – UNESC. Criciúma, 2008. 84 APÊNDICE B – Instrumento de pesquisa (Avaliação Dermato-Funcional – Questionário de percepção individual) 85 Questionário de Percepção Individual2 Dados da paciente Nome: Idade: Profissão: Endereço: Fone: Cidade: UF: CEP: 1. Você notou alguma alteração na estética da estria no final do tratamento? ( ) Sim ( ) Não 2. Você percebeu alguma alteração em relação à coloração da estria após o tratamento? ( ) Nenhuma. ( ) Mudou para a cor vermelha. ( ) Mudou para a cor violácea. ( ) Mudou, ficando da cor da pele sadia. 3. Que outra alteração você pode observar? 4. Você sentiu-se satisfeita com o tratamento? ( ) Sim, me sinto satisfeita. ( ) Sim, porém poderia ser melhor. ( ) Não me sinto satisfeita. 2 LEITE, Carla. Efeitos da corrente microgalvânica no tratamento de estrias atróficas na região glútea (Monografia de graduação). Curso de Fisioterapia – UNESC. Criciúma, 2008. 86 APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e Para Registro e Uso de Imagens 87 Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO E PARA REGISTRO E USO DE IMAGENS Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a) em uma pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra do pesquisador responsável. Caso não aceite, você não será penalizado (a) de forma alguma. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA Título: “Análise dos efeitos da aplicação isolada e combinada da microgalvanopuntura e da endermoterapia no tratamento de estrias atróficas albas na região glútea em sujeitos do sexo feminino”. Acadêmica responsável: Tamires Zapelini Dalponte Orientador Técnico: Profª Msc Lisiane Fabris Chiumento Telefones para contato: 9611-3878 Os avanços na área da saúde ocorrem por meio de estudos como este, por isso a sua participação é importante. O objetivo deste estudo é verificar os efeitos da aplicação da microgalvanopuntura (aparelho Striat®) e da endermoterapia (Endosux P/Endermo DGM) feitos de forma isolada e combinada nas estrias encontradas na região glútea. Ao participar deste estudo você permitirá que a pesquisadora lhe aplique um questionário para levantar os dados que incluam ou excluam você da pesquisa. Os benefícios que este trabalho pode trazer são: diminuir a espessura e profundidade das estrias após a aplicação do protocolo de tratamento, melhorar a estética da pele quanto à cor da estria, consequentemente proporcionando uma melhor estética e da auto-estima. Como critérios de inclusão deste estudo, definiu-se ter faixa etária entre 18 a 25 anos; raça branca; com estrias albas (brancas) na região glútea; que nunca tenham se submetido a tratamento para estrias; que não estejam utilizando quaisquer produtos de fins cosméticos para estrias que possam vir a interferir nos resultados e ter estado cognitivo normal. Se você estiver dentro dos os critérios de inclusão deste estudo, você participará de um sorteio aleatório, em que cada voluntária retirará de um recipiente uma etiqueta indicando o grupo ao qual pertencerá. Existirá três grupos: o grupo I, que será submetido ao tratamento com o 88 Striat®, o grupo II, que será tratado com a Endermoterapia (Endosux P/Endermo DGM) e o grupo III, com o Striat® associado à Endermoterapia (Endosux P/Endermo DGM). Uma semana após o sorteio o tratamento já será iniciado. Para realizar as sessões será necessário você permitir que a área tratada, isto é, a região glútea, fique desnuda, sendo necessário, no entanto, a retirada somente da vestimenta de baixo (calça ou saia) podendo permanecer com calcinha ou biquíni, sendo a escolha de sua preferência. As sessões serão realizadas na Clínica de Fisioterapia na UNESC, sendo 2 (duas) sessões semanais para cada grupo, no período vespertino, totalizando 10 (dez) sessões. Os atendimentos terão duração de 30 minutos, porém, as pacientes deverão ter disponibilidade de tempo de aproximadamente 50 minutos do horário de início da sessão. Na primeira sessão, serão capturadas imagens (fotos) da estrias da região glútea, no decorrer das sessões outras fotos serão tiradas da região para observar sua evolução, e ao final de todo tratamento uma última foto será tirada para verificar o resultado final. Você terá garantido o sigilo total dos seus dados de identificação, e em nenhum momento haverá identificação de identidade das donas das suas respectivas fotos. As únicas que saberão a identidade das fotos tiradas serão somente eu Acadêmica Tamires Zapelini Dalponte, e minha Orientadora Lisiane Fabris Chiumento. Pela participação no estudo você não receberá remuneração, bem como não pagará qualquer quantia. Não será realizado nenhum procedimento que traga riscos a sua saúde. Ao término de todos os 10 (dez) atendimentos lhe será aplicado um questionário sobre a sua percepção dos resultados do tratamento. 89 Consentimento da participação da pessoa como sujeito Eu, _____________________________________,RG/CPF nº__________________ abaixo assinado, concordo em participar do estudo “Análise dos efeitos da aplicação isolada e combinada da microgalvanopuntura e da endermoterapia no tratamento de estrias atróficas albas, na região glútea em sujeitos do sexo feminino”, como sujeito. Também reconheço e autorizo o registro de imagens fotográficas da minha pessoa. Fui devidamente informada e esclarecida pela acadêmica Tamires Zapelini Dalponte, sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como riscos e benefícios decorrentes da participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade ou interrupção do meu tratamento. Criciúma, ___/___/_____ ________________________________________________________ Nome e assinatura do paciente _____________________________________ Acadêmico (a) __________________________________ Professor Orientador 90 APÊNDICE D – Imagens das Pacientes Antes e Depois do Tratamento 91 Grupo I – Microgalvanopuntura Isolada Figura 06: Paciente 1 – Antes (Glúteo direito) Figura 07: Paciente 1 – Antes (Glúteo esquerdo) 92 Figura 08: Paciente 1 – Depois (Glúteo direito) Figura 09: Paciente 1 – Depois (Glúteo esquerdo) 93 Figura 10: Paciente 2 – Antes (Glúteo direito) Figura 11: Paciente 2 – Antes (Glúteo esquerdo) 94 Figura 12: Paciente 2 – Depois (Glúteo direito) Figura 13: Paciente 2 – Depois (Glúteo esquerdo) 95 Grupo II – Endermoterapia Isolada Figura 14: Paciente 3 – Antes (Glúteo direito) Figura 15: Paciente 3 – Antes (Glúteo esquerdo) 96 Figura 16: Paciente 3 – Depois (Glúteo direito) Figura 17: Paciente 3 – Depois (Glúteo esquerdo) 97 Figura 18: Paciente 4 – Antes (Glúteo direito) Figura 19: Paciente 4 – Antes (Glúteo esquerdo) 98 Figura 20: Paciente 4 – Depois (Glúteo direito) Figura 21: Paciente 4 – Depois (Glúteo esquerdo) 99 Grupo III – Microgalvanopuntura e Endermoterapia Combinados Figura 22: Paciente 5 – Antes (Glúteo direito) Figura 23: Paciente 5 – Antes (Glúteo esquerdo) 100 Figura 24: Paciente 5 – Depois (Glúteo direito) Figura 25: Paciente 5 – Depois (Glúteo esquerdo) 101 Figura 26: Paciente 6 – Antes (Glúteo direito) Figura 27: Paciente 6 – Antes (Glúteo esquerdo) 102 Figura 28: Paciente 6 – Depois (Glúteo direito) Figura 29: Paciente 6 – Depois (Glúteo esquerdo) 103