Redalyc.Plantas medicinais: projeto de educação ecológica

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Saúde Coletiva
ISSN: 1806-3365
[email protected]
Editorial Bolina
Brasil
Cappelleti Nagai, Silvana; Ferreira Alves, Amanda; Justino, Angélica; Cazissi da Silva, Camila; Godoy
Abreu, Luis Henrique
Plantas medicinais: projeto de educação ecológica desenvolvido por acadêmicos de enfermagem
Saúde Coletiva, vol. 7, núm. 42, 2010, pp. 173-178
Editorial Bolina
São Paulo, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84215103004
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Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
educação ambiental
NagaiSC,AlvesAF,JustinoA,SilvaCC,AbreuLHG.Plantasmedicinais:projetodeeducaçãoecológicadesenvolvidoporacadêmicosdeenfermagem
Plantas medicinais: projeto de educação
ecológica desenvolvido por acadêmicos
de enfermagem
O projeto consiste em desenvolver um programa de educação ecológica em uma escola estadual do interior de São Paulo, por
meio do cultivo e uso de plantas medicinais em um horto localizado na referida escola. Foram aplicados 146 questionários com
perguntas abertas para avaliar o conhecimento de alunos. A implantação do horto medicinal contou com a elaboração de 16
canteiros e proporcionou aos alunos e à comunidade um conhecimento adequado e orientado sobre as plantas, a fitoterapia e a
ampliação do processo de cuidar em enfermagem na escola.
Descritores: fitoterapia,enfermagem,plantasmedicinais.
The project consists in developing an ecologic educational program within a state school of São Paulo´s province, Brazil, through the culture and usage of medicinal plants in a garden located in the referred school. The 146 questionnaires were applied
with open questions to evaluate the student´s knowledge. The implantation of medicinal garden depended on the preparation of
16 flower-beds and provided to the students and local community an adequate and guided knowledge about plants, phitotherapy
and the enlargement process of nursing care in the school.
Descriptors: phitotherapy,nursing,medicinalplants.
El proyecto consiste en desarrollar un programa de educación ecológica en una escuela estatal del interior de São Paulo, Brasil,
a través del cultivo y uso de plantas medicinales en un huerto localizado en la escuela. Fueran aplicados 146 cuestionarios, con
preguntas abiertas para avaluar el conocimiento de los alumnos. La implantación del huerto medicinal contó con la elaboración de 16 canteros y proporciono a los alumnos y la comunidad conocimiento adecuado y orientado sobre las plantas y la fitoterapia y la ampliación del proceso de cuidar en enfermería en la escuela.
Descriptores: fitoterapia,enfermería,hierbasmedicinales.
Silvana Cappelleti Nagai
Enfermeira. Mestre em Ciências Médicas pela
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.
Professora adjunta do curso de graduação em
Enfermagem da Universidade Paulista.
[email protected]
Amanda Ferreira Alves
Enfermeira. Especialista em Geriatria. Secretaria
Municipal de Saúde de São Paulo.
Recebido: 20/12/2008
Aprovado: 10/05/2010
INTRODUÇÃO
s plantas medicinais estão presentes desde os primeiros registros sobre medicina tradicional chinesa, que datam de
2500 aC. Acredita-se também, que muitos documentos antigos tenham se perdido com o incêndio da biblioteca de Alexandria em 391 dC. Pode-se afirmar que há 2.000 anos antes
do aparecimento dos primeiros médicos gregos, já existia medicina egípcia organizada, por meio de uma descoberta feita
em 1873 pelo egiptólogo George Ebers, quando decifrou em
um papiro: “Aqui começa o livro relativo à preparação dos
A
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Angélica Justino
Enfermeira. Hospital Beneficência Portuguesa de Campinas.
Camila Cazissi da Silva
Enfermeira. Especializanda em Enfermagem Nefrológica pela
UNIFESP.
Luis Henrique Godoy Abreu
Enfermeiro. Mestrando em Tocoginecologia pela UNICAMP.
CAISM Campinas, SP.
remédios para todas as partes do corpo” 1.
Observa-se que esse conhecimento foi passado de geração em geração, e se difundiu pelo mundo com o intercâmbio dos povos. Porém, com a era da razão inaugurada por
Hipócrates, ocorreu certo esclarecimento sobre o assunto,
desmistificando-se a crença de que as doenças e sua cura
eram responsabilidades dos deuses. Tudo se tratava de fenômenos naturais passíveis de serem observados e estudados
até poderem ser associados à cura. Hoje se sabe muito bem
que o poder das plantas é proveniente de seu interior, da
sua composição, da característica de suas substâncias que
compõe ou que sintetizam.
A partir das décadas de 1970 e 1980, o uso de plantas medicinais começou a ser resgatado no meio cientifico para atua-
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rem como complementares às praticas alopáticas, com apoio
da Organização Mundial da Saúde2.
Em setembro de 1978 na cidade de Alma-Ata, na Rússia,
foi promovida a Conferência Internacional sobre Atenção
Primária de Saúde, organizada pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas (UNICEF), que
gerou a Declaração da Alma Ata, onde recomendava aos estados membros, uma reformulação das políticas nacionais referentes à utilização de medicamentos. Nesta conferência foi
criada a Declaração de Alma-Ata, onde se buscava diminuir
as diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolver-se
no âmbito econômico e social do planeta, para que se atingisse a meta de saúde para todos até o ano de 2000. Para tanto,
a partir desse momento, o uso de medicamentos à base de
plantas medicinais com finalidades profiláticas, curativas, paliativas ou para fins de diagnóstico, passou a ser oficialmente
reconhecido pela OMS3.
Após a Declaração de Alma-Ata, algumas conferências foram fundamentais na busca pela promoção da saúde e equidade, dentre estas, a Conferência do Canadá em 1986, onde
se formulou a Carta de Otawa2.
No que se refere à utilização das plantas medicinais e fitoterapia como práticas de promoção da saúde, a Organização
Mundial da Saúde elaborou um documento denominado “Estratégias da OMS sobre Medicina Tradicional 2002-2005”, incentivando sua política e reforçando o desenvolvimento das
políticas públicas, em seus países membros4.
Atualmente, uma grande parcela da população faz uso de
medicamentos provindos de plantas medicinais, visto sua boa
resposta nas terapêuticas, associada com custo baixo5.
No Brasil, na época do período colonial, o uso de plantas
medicinais já era prática comum dos indígenas, mas com a
chegada dos colonizadores portugueses e dos escravos, foram acrescentados novos procedimentos que enriqueceram a
cultura popular sobre a utilização dessas plantas. Os índios
tinham um profundo conhecimento da flora nacional e das
medidas curativas realizadas pelos pajés, sendo estes rituais
carregados de elementos mágicos e místicos6.
A economia predominantemente rural propiciou essa prá-
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N
tica, além de ser a única alternativa de tratamento. Porém, o
seu uso como medicamento só foi regulamentada pela portaria nº 212 de 11 de setembro de 1981 do Ministério da Saúde,
e desde então, existem várias pesquisas para comprovação
farmacológica do uso das plantas medicinais da flora nacional, sendo esta, a maior e mais rica do planeta2,7.
Em consonância com a Organização Mundial da Saúde,
que incitou/excitou aos países membros para criarem políticas públicas que estimulassem a utilização da fitoterapia, em
2006, o Ministério da Saúde aprovou a Portaria nº 971 que
criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. E em 22 de junho do mesmo ano, foi criada a Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos pelo decreto 58134,8,9.
Em Campinas, cidade do interior do estado de São Paulo, a prática de plantas medicinas e aromáticas foi adotada
desde 1990, quando uma profissional médica do Centro de
Saúde de Joaquim Egidio criou um horto de plantas medicinais que atendia a população local. Porém, foi a partir
de 1993, que a Rede Municipal de Saúde criou um programa de fitoterapicos. No início, foi indicado um grupo
de profissionais de saúde que fazia parte do Departamento
de Programas e Projetos da Secretaria Municipal de Saúde,
que definiu quais as plantas medicinais seriam utilizadas
em toda a rede de saúde pública, mediante receita médica,
a saber: babosa, calêndula, guaco, quebra-pedra, maracujá
e espinheira santa 10.
Em 2001, o programa foi institucionalizado por meio da
portaria nº 13, que reformulou a Comissão de Fitoterapia do
Município. Em 22 de setembro de 2004, foi criada uma farmácia de manipulação cujo nome fantasia é “Botica da Família”, com uma produção mensal de 4.000 unidades de medicamentos fitoterápicos, distribuídos nas unidades básicas de
saúde (UBS) de toda a cidade.
Atualmente, as formas farmacêuticas que compõem a lista
de fitoterápicos da Botica são: camomila chá (25 g), creme e
gel de arnica 5%, creme e gel de babosa 25%, creme e gel
de calêndula 5%, creme e gel de hamamélis 10%, espinheira
santa chá (30g), gingko biloba (cápsula 40 mg), hipéricum
(cápsula 300 mg), malva chá (20 g), maracujá chá (30 g), quebra-pedra chá (140 g), tintura de arnica (uso externo 20 ml),
tintura de calêndula (uso externo 20 ml), xarope de guaco
10%, e xarope de guaco dietético 10%7. No presente trabalho de pesquisa, foi elaborado um projeto de educação ecológica através do uso e cultivo de plantas
medicinais, por adolescentes, em uma escola pública, seguindo os objetivos da Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterapia que determina que haja, dentro dos programas a
serem implantados no país, uma preocupação com a valorização do conhecimento tradicional sobre plantas medicinais
e também, o incentivo à programas de educação que levem
esses conhecimentos à comunidade.
Neste contexto, a educação ecológica deve visar a construção e ampliação da cultura e da cidadania da população,
por meio do cultivo e uso adequado das plantas medicinais,
resgatando o conhecimento tradicional popular, tendo como
finalidade, proteger e ser respeitado como prática disponível
na promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde.
Em relação à educação em saúde, incluem-se as políti-
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conhecimento tradicional sobre plantas medicinais e também
o incentivo aos programas de educação, que levem esses
conhecimentos à comunidade, por meio de atividades que
construam e ampliem a cultura e cidadania da população,
tendo como finalidade, a promoção, a proteção, a recuperação e a reabilitação da saúde.
Assim, os objetivos deste trabalho foram: levantar as plantas medicinais mais utilizadas pelos alunos da referida escola;
elaborar um programa de educação em saúde aos escolares
que valorize o conhecimento tradicional sobre plantas medicinais; e implantar o horto de plantas medicinais.
Tabela 1. Uso de plantas medicinais com receita -
alunos entrevistados. Campinas, 2008
Possui alguma receita com
planta medicinal?
Sim
Não
Semresposta
Total
Nº de
respostas
46
73
27
146
%
31,5
50,0
18,5
100,0
cas públicas e ambientais apropriadas, para além dos tratamentos clínicos e curativos, com objetivo da melhoria da
qualidade de vida e da promoção de saúde. Desta maneira,
concebe-se que todos os profissionais que trabalham com o
ser humano devam aprimorar uma visão holístico-ecológica, seja na produção de conhecimento ou na prestação de
serviços, de modo a resgatar a importância da participação
popular, não apenas sobre o risco de adoecer, mas na construção de suas vidas11.
A enfermagem vem ampliando sua visão holística de saúde, valorizando a cultura e a tradição popular com o uso de
plantas medicinais, associadas às condições econômicas do
país, como forma de programar uma terapêutica com resultado positivo, com baixo custo, atualmente comprovada pela
ciência. O enfermeiro é respaldado por lei por meio da Resolução 197/97 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN),
para fazer uso de terapias alternativas, dentre elas, as plantas
medicinais, sendo responsabilidade deste a sua atualização
dos saberes técnicos, científicos e culturais, em benefício de
seus pacientes, coletividade e desenvolvimento da profissão2.
Neste trabalho de pesquisa, elaborou-se um projeto de
educação ecológica através do uso e cultivo de plantas medicinais por adolescentes em uma escola pública, seguindo os
objetivos da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterapia, que determina que haja, dentro dos programas a serem
implantados no país, uma preocupação com valorização do
Gráfico 1. Faixa etária dos alunos entrevistados.
Campinas, 2008
45
40
40
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e prospectivo sobre educação ecológica por meio do uso e cultivo das
plantas medicinais em um horto, em uma escola estadual de
ensino fundamental e médio, de um município do interior do
estado de São Paulo, no período da manhã.
Após parecer favorável de um Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo nº. 039/08 CEP/ICS/UNIP, iniciou-se a coleta
de dados no primeiro semestre de 2008, que constou de oito
questões, sendo as duas primeiras de perfil socioeconômico
e escolaridade dos moradores da casa dos entrevistados. As
outras seis questões eram relacionadas às plantas medicinais
que conheciam e as formas que utilizavam, se tinham horta
na residência, se possuíam receita com utilização das plantas
e se faziam uso das mesmas.
A amostra contou com 146 alunos pertencentes ao período
da manhã, sendo excluídos os que se recusaram a responder
o questionário ou os que não estiveram presentes no dia da
aplicação do mesmo.
Os dados foram trabalhados da seguinte forma: encaminhamento do solo do canteiro já existente na escola para o
Instituto Agronômico de Campinas (IAC); capacitação dos
pesquisadores sobre semeadura, plantio e cultivo das plantas
pesquisadas no IAC; apresentação dos dados colhidos pelos
pesquisadores à direção da escola; elaboração de um cronograma de aulas com as plantas medicinais mais citadas pelos
Gráfico 2. Escolaridade dos alunos entrevistados.
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36
Número de respostas
35
25%
30
18%
27
25
13
15
5
0
1ºsérie
19
20
10
8ºsérie
36%
5
2
13
2ºsérie
21%
14
15
16
17
18
19
3ºsérie
4
outros
Idade dos entrevistados
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Gráfico 3. Plantas medicinais citadas pelos alunos
entrevistados. Campinas, 2008.
3
3
3
3
8 4
2
3
3
24
17
11
60
13
64
15
27
25
73
Boldo
Ervacidreira
Camomila
Hortelã
Ervadoce
Alecrim
Romã
Quebrapedra
Capimlimão
Babosa
Arruda
Guaco
Poejo
Capimsanto
Trepadeira
Maconha
Arnica
Nenhuma
Melissa
Outros
alunos; ministração de um conteúdo teórico sobre as plantas,
com divisão das mesmas aleatoriamente entre as 10 turmas,
sendo duas plantas para 8ª séries e 1º séries, e uma planta
para 2º e 3º séries do ensino fundamental e médio. Houve a
realização voluntária de cartazes pelos alunos sobre as plantas; exposição do trabalho no dia da árvore e a implantação
do horto medicinal.
RESULTADOS
Com a urbanização e o avanço da tecnologia médica, a maioria das famílias se distanciou do uso e cultivo de plantas medicinais, ocorrendo uma dicotomia na continuidade do conhecimento popular para os mais jovens.
Na presente pesquisa, foram aplicados 146 questionários
para delimitar as plantas mais conhecidas pelos alunos do
ensino fundamental e médio de uma escola pública, e foi
constatado que as plantas medicinais mais conhecidas por esses alunos são: boldo, erva-cidreira, camomila, hortelã, erva
doce, alecrim, romã, babosa, arruda, guaco, poejo e arnica.
Em relação à faixa etária dos estudantes pesquisados, verificou-se que 70,5% dos respondentes possuem idade entre 14 e 16
anos, sendo a maior frequência de 27.4% com idade de 14 anos.
Quanto ao gênero, 61,38% é feminino e 38,62% masculino.
Na escolaridade observou-se que 25% dos alunos estão na
8ª série do ensino fundamental, 36,3% na 1ª série do ensino
médio, 21% na 2ª serie do ensino médio, e 18% na 3ª série
do ensino médio.
No tocante a quais plantas conheciam, 21,28% dos entrevistados responderam que conheciam hortelã, 18,66%; ervacidreira, 17,49%; boldo, 7,87 erva doce; e 7,29% camomila.
Todas as outras plantas citadas tiveram porcentagem menor
que 5%.
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N
Barreto e colaboradores, na pesquisa sobre o conhecimento sobre plantas medicinais entre alunos do ensino fundamental encontrou que a planta mais conhecida por estes
alunos é a hortelã, resposta que corrobora com esse estudo8.
Quando questionados para que utilizavam as referidas plantas
medicinais, 11,06% responderam para dor de estômago, 7,54%
para gripe, 6,53% como remédio, 8,04% não sabiam responder,
e uma porcentagem de 6,53% não responderam a questão. Todas as outras respostas foram abaixo de 4%.
Nota-se que as famílias estão utilizando menos as plantas
como recurso terapêutico na cura de patologias mais frequentes como gripe, problemas estomacais e nas patologias mais
complexas como os cálculos renais, entre outras.
Com relação à forma de utilização das plantas medicinais,
os alunos responderam chá com 53,95%; 8,55% não sabiam
a resposta; 5,92% não utilizavam plantas medicinais; 3,29%
desconheciam as formas de utilização destas; e 15,13% não
responderam. Observou-se um número considerável de alunos
que não responderam e aqueles que não sabiam a resposta.
Rigotti e Santos12, em artigo publicado sobre o conhecimento e uso da medicina alternativa entre alunos e professores de primeiro grau, descreve que uma das plantas mais
conhecidas e utilizadas em forma de chá é o boldo e a erva
cidreira, resultado em consonância com esta pesquisa.
No que se refere à existência de horta nas residências
50,34% não possuíam, dado de extrema importância, pois
revela a necessidade de resgatar a cultura popular das famílias sobre plantas medicinais e seu cultivo caseiro, o que vem
de encontro com a proposta deste trabalho.
Ao serem questionados sobre o uso de alguma receita domiciliar, 46 entrevistados responderam que sim, 73 responderam que não possuíam, e 21 não responderam. Observa-se
por meio deste instrumento que o conhecimento popular dos
alunos frente ao uso das plantas medicinais é baixo.
Quanto à identificação botânica das plantas medicinais,
os alunos demonstraram dificuldade em relacionar os nomes
populares com a planta. Isso representa risco para o seu uso
entre os alunos, pois identificavam de forma errônea as espécies das plantas medicinais. Porém, com o programa de
educação apresentado, a formulação dos cartazes sobre as
Gráfico 4. Plantas medicinais mais citadas pelos
alunos. Campinas, 2008
27
60
73
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Boldo
Ervacidreira
Camomila
Hortelã
Ervadoce
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Gráfico 5. Plantas medicinais e a sua utilização de acordo aos entrevistados. Campinas, 2008
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58
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50
40
30
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s
ro
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no
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2
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2
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2
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éd
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tô
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5
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0
16
15
13
11
C
20
plantas estudadas e a participação no plantio no horto, podese perceber um avanço na identificação botânica das espécies
que os próprios alunos levantaram na pesquisa.
Isto demonstra que o programa de educação sobre plantas
medicinais foi oportuno para tirar as dúvidas e esclarecer a
relação dos nomes populares das plantas medicinais, além da
identificação botânica correta.
Durante as aulas, após a apresentação do conteúdo teórico, os alunos voluntariamente realizaram cartazes sobre
as plantas, utilizando cartolinas, cola, tesoura, canetas hidrocores (materiais fornecidos pela escola), e estes foram
expostos no dia da árvore.
A implantação do horto foi realizada em um espaço já existente na escola pesquisada, com o apoio da direção e dos professores, e com a presença de profissionais de saúde e agentes
comunitários de saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS),
que abrange a comunidade local e profissional do Instituto
Agronômico de Campinas.
O plantio foi realizado pelos alunos da referida escola e
com o auxílio dos pesquisadores acadêmicos que desenvolveram o projeto, utilizando-se das informações técnicas adquiridas durante a capacitação. Observou-se uma interação
positiva dos alunos no momento da adubagem, preparo da
terra e plantio do horto, o que ressaltou a importância de cada
planta, enfatizando o uso de forma adequada. Dos 20 canteiros da referida escola, foram utilizados apenas 10, os demais
serão empregados para o replantio das mudas.
Após a implantação, os alunos participantes do plantio foram
incumbidos de cuidar e de realizar a manutenção e os cuidados
necessários, sendo divididos em escala semanalmente.
Em relação aos professores e profissionais da saúde, notouse uma participação efetiva, já que os mesmos se mostraram
Gráfico 6. Forma de utilização das plantas medicinais pelos entrevistados. Campinas, 2008
90
80
70
60
50
40
30
20
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as
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na
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Pa
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Gráfico 7. Cultivo de hortas em sua residência
conforme os entrevistados. Campinas, 2008
80
73
Número de respostas
70
60
50
40
38
35
30
20
10
0
Sim
Não
Sem resposta
Idade dos entrevistados
interessados e colaborativos, trazendo experiências e relatos
pessoais. Houve a presença de uma técnica da Secretaria Municipal de Educação, prestigiando o trabalho.
Algumas instruções para realização do horto medicinal foram
retiradas do “Projeto Farmácias Vivas”, planejado para atuar em
pequenas comunidades do nordeste. Esse projeto foi implantado em toda a rede municipal da cidade de Fortaleza (CE), pelo
professor de farmacologia da Universidade Federal do Ceará,
Francisco José de Abreu Matos, em 1998. No referido projeto,
destaca-se a importância da instalação das farmácias vivas nos
ambientes escolares, com a finalidade de divulgar a utilização
das plantas medicinais aos professores e alunos.
CONCLUSÃO
Mediante os resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se perceber que os alunos estão receptivos quanto às informações
relacionadas às plantas medicinais e o quanto a comunidade
busca formas alternativas de tratamento para suas patologias.
Porém, constatou-se uma perda considerável em relação à
transferência do conhecimento do uso caseiro dessas plantas,
a dificuldade na sua identificação botânica e na sua função
farmacológica, ocorrendo divergência relacionada na assimilação e aplicação das mesmas. Esses dados mostraram a necessidade de incentivar os alunos e suas famílias a resgatarem
a cultura popular no uso de plantas medicinais.
O horto será mantido pelos alunos da referida escola, com
parceria de uma universidade particular, tendo continuidade no
futuro, onde as plantas cultivadas poderão ser usadas tanto na escola, quanto na comunidade, estabelecendo um vínculo com a
UBS para que possam utilizar as plantas para tratar os pacientes,
proporcionando uma melhor qualidade de vida para a população.
Ressalta-se que esses profissionais, deverão se capacitar e
se manter atualizados para o compromisso em auxiliar a comunidade e os alunos no uso de plantas medicinais.
Essa pesquisa veio de encontro ao Programa de Saúde na
Escola, instituído por decreto presidencial em 5 de dezembro de 2007, em conjunto com o Ministério da Saúde e o
Ministério da Educação, com o intuito de ampliar as ações
específicas de saúde aos alunos da rede pública de ensino, e
promover a cultura da paz, reforçando a prevenção de agravos
à saúde, bem como fortalecer a relação entre as redes públicas de saúde e de educação9.
A permanência desse projeto proporcionará ações de educação permanente, pois por meio da implantação do horto de
plantas medicinais, haverá o auxílio tanto para comunidade
escolar como para a comunidade e a UBS, permitindo assim,
a participação de programas e projetos que articulam saúde e
educação, além de proporcionar o envolvimento das equipes
de saúde da família e de educação básica.
A elaboração deste trabalho científico procurou desenvolver um projeto que resgatasse a cultura e os saberes da população, começando pela classe escolar que demonstrou estar
apta a receber essas informações e a ampliar a atuação do
profissional enfermeiro em relação às disciplinas educação
em saúde e educação ambiental. Referências
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plantas medicinais. [s.l.]: Herbarium Laboratório
Botânico Colombo; 2008.
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