Sistemas Trifásicos Uma fonte de tensão alternada, fornecendo uma tensão senoidal, pode ser implementada a partir de um gerador monofásico, onde um rotor (parte móvel) gira no interior de um conjunto de bobinas do estator (parte fixa). A variação do campo magnético nas bobinas do estator induzem uma corrente elétrica. Se for usado mais de um rolamento no rotor, ou no estator, o resultado será um gerador polifásico, que desenvolve mais de uma tensão senoidal para cada volta do rotor. O uso de tensões trifásicas na transmissão de energia elétrica pode justificada, entre outros motivos, por: 1- Reduz o valor da corrente de transmissão, reduzindo em até 25% a quantidade de cobre usado nos cabos; 2- A redução no tamanho dos cabos facilita a instalação da rede de transmissão; 3- Motores trifásicos possuem melhor característica de partida e sofrem menos com flutuações nas diferentes tensões; 4- Possibilita a criação de motores de grande porte, por terem partida mais simples. A frequência da tensão gerada depende do número de pólos usados no rotor e pela sua velocidade angular. No Brasil, assim como nos EUA, a frequência da tensão usada na transmissão e alimentação é de 60 Hz. Gerador trifásicos Esse gerador utiliza três enrolamentos distribuídos simetricamente ao longo do rotor. Como os três enrolamentos possuem o mesmo número de espiras, e giram com a mesma velocidade angular, a tensão gerada por cada um deles terá mesma amplitude e mesma frequência. As expressões matemáticas de cada tensão gerada são: e AN =E m( AN) sen (ω t) e BN =E m (BN) sen (ω t−120 º) e CN =Em (CN ) sen(ω t−240 º )=E m(CN ) sen (ω t+120 º ) Escrevendo essas tensões em notação fasorial (em valores RMS): E AN =E AN ∢0 º EBN =E BN ∢−120º ECN =E CN ∢120 º Analisando o diagrama fasorial das três tensões, é fácil perceber que a soma de todas elas é zero. Gerador tipo Y Quando os três terminais N dos enrolamentos são ligados entre si, o gerador é chamado de tipo Y. Esse ponto comum entre os três é chamado de neutro. Quando não há condutor ligado a esse ponto, ligando o gerador à carga, o gerador é dito de 3 fios, quando há um condutor ligado ao neuro, conectando à carga, ele é dito de 4 fios. Os três condutores usados para conectar o gerador à carga são chamados de linha. A corrente que circula em cada enrolamento do gerador é chamada de corrente de fase, e a corrente que flui em cada linha é chamada de corrente de linha. Como é possível ver na figura, a de fase é a mesma da corrente de linha. A tensão entre as extremidades duas fases (entre os pontos A e B, por exemplo), é chamada de tensão de linha, pois é a diferença de potencial entre duas linhas. Ela pode ser representada em um diagrama fasorial como: Aplicando a LKT na malha fechada em uma das fases, temos: EAB – EAN + EBN = 0 fasorialmente: EAB = EAN – EBN EAB = EAN +(-EBN) EAB = 2x = 2(EAN cos30º) = 2√3/2(EAN) EAB = √3EAN ∟30º logo: EAB = √3EAN ∟30º ECA = √3ECN ∟150º EBC = √3EBN ∟270º Sequência de fases A sequência de fases pode ser determinada pela ordem na qual os fasores passam por um ponto fixo no diagrama fasorial. Nos exemplos anteriores, a sequência de fases é ABC. Esse ponto fixo, no entanto, pode mudar, e a sequência pode passar a ser BCA ou CAB. A sequência das fases é um importante parâmetro, especialmente em ligação de motores trifásicos, pois a inversão de duas fases, por exemplo, inverte o sentido de rotação do rotor. Geradores tipo Y e cargas tipo Y As cargas trifásicas, assim como os geradores, podem ser configuradas em tipo Y e tipo Δ. No caso de ligações Y-Y, temos: Se as três impedâncias são idênticas, em módulo e fase, a carga é dita equilibrada. Assim como no gerador, as corrente de fase e de linha, na carga, serão iguais, e as tensões de linha serão √3 vezes a tensão de fase. Se a carga é equilibrada, as três correntes de fase serão: I= V ∢φ V = ∢φ−θ Z ∢θ Z onde os módulos e fases serão os mesmos, logo a distribuição fasorial das correntes será equilibrada, de mesmo módulo e diferença de fase entre elas de 120º. Assim, a soma das correntes será zero. Aplicando a LKC no ponto neutro, nesse caso (carga equilibrada), não haverá corrente no condutor netro, e ele não será necessário. Geradores do tipo Y e cargas do tipo Δ Nesse tipo de configuração, o ponto neutro do gerador não é conectado em nenhum outro ponto, e as três fases do gerador são conectados nos vértices da carga. Nessa configuração, a tensão de linha do sistema será igual à tensão de fase da carga, portanto, na carga temos EL = V. As correntes de linha e de fase são iguais no gerador, mas na carga essa relação é dada pela LKC: ILA = – seguindo o mesmo desenvolvimento anterior para a obtenção da tensão de linha: ILA = √3 Gerador tipo Δ É possível configurar também o gerador como tipo Δ, assim como feito com a carga. Nessa configuração também não haverá o ponto neutro. Conforme mostrado na configuração de cargas tipo Δ, as relações de tensões e correntes de linha e de fase são: EL = V. IL = √3 Potência em circuitos trifásicos O cálculo da potência em sistemas trifásicos segue as definições já mostradas para potência em circuitos de corrente alternada, respeitando as relações de tensão e corrente de linha e de fase. Potência média A potência média fornecida a cada fase é: Pφ =V φ I φ cos θφ =Rφ I 2φ onde θ é a diferença de fase entre V e I. Se a craga é equilibrada, a potência total fornecida é: PT =3 P φ Em um sistema do tipo Y: V φ= PT =3 VL √3 VL √3 e I φ=I L 2 I L cos θφ =√ 3 V L I L cos θφ =3 Rφ I L Potência reativas A potência reativa associada a cada carga é: Qφ =V φ I φ sen θ φ=R φ X 2φ a potência reativa total fornecida é: QT =3Q φ logo: QT =√ 3 V L I L sen θφ =3 Rφ X 2L Potência aparente Seguindo o mesmo raciocínio, a potência aparente em cada fase será: S φ =V φ I φ A potência total: S T =3 S φ S T =√ 3 V L I L Fator de potência Pela definição de fator de potência, tem-se: F P= PT =cos θ ST Ao se fazer a mesma análise para um sistema do tipo Δ, o resultado será o mesmo, pois as relações de corrente e tensão se invertem, mantendo as mesmas equações: I φ= IL √3 e V φ =V L