Material de Apoio - História - Modulo 4

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Passagem da Antiguidade Clássica a Idade Média
Antiguidade Clássica
O termo Antiguidade Clássica refere-se a um longo período da História da Europa que
se estende aproximadamente do século VIII a.C., com o
surgimento da poesia grega de Homero, à queda do
O Egito Antigo
Império romano do ocidente no século V d.C., mais
O Egito é o ponto de confluência
precisamente no ano 476. No eixo condutor desta época,
entre a África e a Ásia, além da
que a diferencia de outras anteriores ou posteriores, estão
sua proximidade com o sul da
Europa
através
do
mar
os fatores culturais das suas civilizações mais marcantes,
mediterrâneo.
a Grécia e a Roma antigas.
O desenvolvimento de técnicas de
Toda a riqueza material do período antigo era
irrigação
garantiu
o
retirada da terra, a produção agrária era à base da
desenvolvimento da civilização
economia antiga. As manufaturas existiam nas cidades,
egípcia. O Estado teocrático e
porém eram extremamente limitadas, pois a demanda era
centralizado ditou as normais
baixa e a tecnologia disponível era pouca. Elas cresciam
sociais, e ao mesmo tempo,
em um processo de descentralização, em oposição à
empregou mão de obra escrava
como forma de desenvolver uma
concentração ocorrida nos séculos posteriores, pois os
arquitetura funérea, as pirâmides e
custos dos transportes eram muito altos, impossibilitando o
tumbas, de modo espetacular.
transporte de mercadorias por vias terrestres.
Em termos sociais, produziram
A principal característica da economia antiga é o
uma sociedade extremamente
seu caráter mediterrâneo, o mare nostrum, cobria toda a
hierarquizada cujo ápice era o
faixa geográfica que correspondia às civilizações antigas.
Faraó, considerado ao contrário
Ele era o único modo de comunicação entre diferentes
dos imperadores romanos, a
povos e o principal meio de escoamento das mercadorias
personificação de uma divindade
produzidas no campo. O transporte marítimo tornou viável
na terra.
Parte
da
produção
dos
o comércio em larga escala. O mar mediterrâneo no meio
camponeses era absorvida pelo
da civilização antiga foi uma vantagem geográfica que
Estado em forma de tributo. Os
tornou possível o desenvolvimento da economia.
escribas e os sacerdotes eram
parte da burocracia que sustentou
o Estado egípcio. A escrita era
pictográfica. Dessa forma, a
transmissão de mensagens era
feita através de desenhos os
símbolos, semelhantes a algumas
sociedades pré-colombianas.
A despeito dessas civilizações
jamais terem tido contato, alguns
aspectos
são
curiosamente
parecidos. O politeísmo e a
construção de pirâmides, por
exemplo. A diferença é que na
América as pirâmides geralmente
não eram empregadas como
grandes sarcófagos, mas para
cultos religiosos coletivos.
Legado da Grécia Antiga
A cultura da Grécia Antiga é considerada a base da cultura da civilização ocidental.
Exerceu poderosa influência sobre os romanos, que se encarregaram de repassá-la a diversas
partes da Europa. A civilização grega antiga teve influência na linguagem, na política, no
sistema educacional, na filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura moderna,
particularmente durante a renascença da Europa ocidental e durante os diversos reviveres
neoclássicos dos séculos XVIII e XIX, na Europa e Américas.
Politicamente os gregos inauguraram o regime representativo, as bases do sistema que
ficaria conhecido como o democrático.
No mundo grego, as duas cidades-Estados de maior destaque, Atenas e Esparta,
possuíam sistemas de governo opostos. Esparta era administrada por uma oligarquia
militarizada, enquanto a cidade de Atenas construiu bases mais democráticas, cabendo a todos
os que eram considerados cidadãos o direito de debater os destinos da coletividade. A
educação ateniense era baseada na reflexão política e debates acerca da realidade.
Nesse sentido, devemos ressaltar a importância da escravidão no mundo grego. O
escravo era responsável por realizar os afazeres domésticos do seu senhor. Seu trabalho
disponibilizava tempo ócio, indispensável para que o senhor estivesse na polis para discutir os
assuntos relevantes a condução da política ateniense.
Entretanto, não podemos esquecer que a
Sólon viveu, possivelmente, entre
noção de cidadania ateniense era extremamente
638 e 558 a.C. foi um aristocrata,
limitada se comparada aos dias de hoje. As mulheres,
poeta e estadista grego, um dos
por exemplo, eram excluídas dos debates políticos,
representantes
máximos
da
assim como escravos, estrangeiros e indivíduos nãocultura
de
Atenas.
Conhecido
abastados. De tal modo, o cidadão ateniense era
como O Legislador, adotou uma
necessariamente do sexo masculino, livre e detentor
série de reformas nas leis
de propriedades (até a legislação de Sólon), o que
atenienses.
Entre
outras
afastava a maioria da população da política estatal e
importantes medidas, anistiou as
detinha nas mãos de poucos o direito à educação.
dívidas dos camponeses, proibiu a
escravidão por dívida, aboliu a
Direito Romano
hipoteca sobre pessoas e bens,
libertou os pequenos proprietários
Um dos pontos mais importantes para se
que
se
encontravam
destacar do legado romano é a formulação do seu
escravizados, e impôs limites à
corpus jurídico.
extensão
das
propriedades
Embora as leis em Roma existissem, sua
agrárias, diminuindo os poderes e
transmissão era feita através da tradição oral. Dessa
arbitrariedades
da
nobreza.
forma, os direitos eram restritos a uma elite (patrícios e
Reestruturou
as
instituições
sacerdotes), que por possuírem o conhecimento das
políticas, deu direito de voto aos
leis puderam manipulá-las a seu favor.
trabalhadores livres sem bens e
Entretanto, em meados do século V a.C., os
codificou o direito, além de
plebeus conseguiram eleger dez pessoas para
promulgar uma legislação especial
escrever as leis, os decênviros. Viajaram a Grécia para
sobre o uso de águas de fontes
estudar a legislação de Sólon. O resultado foi a
públicas.
elaboração de um código conhecido como as Doze
Tábuas. Na prática, o mundo romano assistiu a passagem da tradição jurídica oral para a
escrita, o que promovia a extensão dos direitos aos homens livres, através do conhecimento
das próprias leis do Estado.
A Lei das Doze Tábuas reúne sistematicamente todo o direito que era praticado na
época. Contém uma série de definições sobre direitos privados e procedimentos, considerando
a família e rituais para negócios formais. O texto oficial foi perdido junto com diversos outros
documentos quando os gauleses colocaram fogo em Roma no ano 390 a.C. Hoje conhecemos
apenas fragmentos obtidos através de versões não oficiais e citações feitas por outros autores.
Primeira versão das doze tábuas,
ainda com dez leis.
O conteúdo do código foi reconstituído pelos
historiadores com as informações que foram encontradas.
Sabe-se que a Lei das Doze Tábuas versava sobre
organização e procedimento judicial, normas para os
inadimplentes, poder pátrio, sucessão e tutela, propriedade,
servidões, delitos, direito público e direito sagrado, além de
alguns assuntos complementares.
Assim como as leis que existiam anteriormente, o
código oficial publicado combinava penas rigorosas com
procedimentos severos. A Lei das Doze Tábuas diz muito
sobre a sociedade e os métodos judiciais dos romanos, mas
sua implicância vai muito além disso. Os tabletes
representaram o primeiro documento legal a oficializar o
Direito Romano, de onde se estruturam todos os corpos
jurídicos do Ocidente.
2. O FEUDALISMO
De acordo com a historiografia tradicional, o Mundo Feudal, ou a Idade Média
(expressão criada durante o Renascimento Cultural do século XV) é delimitada pelos seguintes
marcos cronológicos: 476, ano da “queda” do Império Romano do Ocidente e 1453, data da
“tomada” de Constantinopla pelos turcos otomanos. O período é dividido em duas fases: a Alta
Idade Média – fase da formação do feudalismo – e a Baixa Idade Média – fase da consolidação
até a desagregação do sistema no século XIV.
O período medieval caracterizou-se pela preponderância do Feudalismo, estrutura
política, econômica, social e cultural que se edificou progressivamente na Europa centroocidental a partir da crise da Antiguidade romana. O Feudalismo começou a se formar a partir
das transformações ocorridas no final do Império Romano do Ocidente e das invasões
bárbaras.
A decadência das cidades romanas, associada às ameaças dos povos bárbaros levou
os nobres latifundiários a residirem nas vilas. A vila era a sua residência e a unidade produtiva.
Nessas grandes propriedades rurais autossuficientes a falta do trabalho escravo forçou
a adoção de novas relações sociais. O castelo passou a ser um importante símbolo da Idade
Média, pois o clima geral de insegurança fazia com que a espada dos nobres guerreiros
significasse a ordem social. O castelo fortificado era a segurança que os camponeses pobres
procuravam. Desarmados e indefesos, os camponeses livres viam-se reduzidos à condição de
servos. Em troca de proteção e do direito de trabalhar nas terras, deveria prestar serviços
(corveia) e pagar tributos ao nobre. Nascia o sistema da servidão. Emergia, também, a unidade
básica do mundo medieval: o feudo.
Causas da queda do Império Romano (467 d.C.)
A posse da terra passou a ser o critério de diferenciação dos grupos sociais,
rigidamente definidos: de um lado, a aristocracia (clero e nobreza) e de outro, os servos.
Nascia uma sociedade rigidamente estratificada, sem possibilidades de mobilidade, dívida em
estamentos. As divisões sociais eram justificadas pelo chamado privilégio de nascimento, ou
seja, todos eram diferentes aos “olhos de Deus”. É importante ressaltar a crescente
religiosidade da sociedade medieval.
Desde o fim do Império Romano, a Igreja Católica tornou-se a instituição mais
importante do mundo feudal. Sua crescente riqueza, sua sólida organização hierárquica e a
herança cultural greco-romana permitiram-lhe exercer a hegemonia ideológica e cultural da
época, caracterizada pelo teocentrismo. Atuando em todos os níveis da vida social, a Igreja
estabeleceu normas, orientou comportamentos e, sobretudo, imprimiu nos ideais do homem
medieval a cultura religiosa. O clero transmitia à população uma visão de mundo que lhe era
conveniente: um mundo dividido em testamentos, necessariamente desiguais, que deveriam
cumprir diferentes funções (“orar, guerrear, trabalhar”) a fim se preservar a harmonia social, a
Cristandade europeia.
Nesse contexto, houve o surgimento de novas estruturas políticas. O mundo feudal não
apresentou uma estrutura de poder centralizada. Inexistiu a noção de Estado ou mesmo de
nação. Como a terra tinha grande importância, em decorrência da escassez de moeda e de
outras formas de riqueza, estimulou-se a prática de retribuir serviços prestados –
principalmente militares – com a concessão de terras. Os nobres que as cediam eram os
suseranos e aqueles que as recebiam tornavam-se seus vassalos. Aos poucos se consolidava
o poder no nível local, o poder dos senhores feudais, a fragmentação política. Embora
existissem frágeis monarquias medievais, o rei não detinha poder de fato, apenas simbólico:
possuía grande número de vassalos que lhe garantiam poder militar e, em algumas
circunstâncias, apoio econômico.
Assim, de maneira sumária, pode-se destacar os seguintes componentes do mundo
medieval:
• Isolamento, ruralização da sociedade europeia e colapso do comércio ocasionado pelas
invasões bárbaras, por revoltas populares e pela expansão árabe (restrições no Mar
Mediterrâneo).
• Economia com tendência à autossuficiência e baseada na produção agrícola.
• Predomínio das relações servis de produção.
• Existência de uma rígida divisão social.
• Domínio ideológico “universal” da Igreja Católica.
• Fragmentação do poder político devido à afirmação das relações de dependência pessoal, de
vassalagem.
2.1. O RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO
O mundo europeu da Alta Idade Média foi essencialmente rural. No entanto, a partir do
século XI, esse quadro tende a se modificar. Prefigura-se a chamada Baixa Idade Média
(século XI ao XV), período marcado pela “ressurreição das cidades” e pelo “renascimento
comercial”. Paralelamente, novos grupos sociais
emergem, como o dos mercadores, por
exemplo. Foi o chamado Renascimento
comercial e urbano do século XI, que contribuiu
de maneira decisiva para a expansão do
comércio Ocidente/Oriente.
Tais mudanças foram herdeiras diretas
do aumento da produtividade agrícola feudal e,
principalmente, das Cruzadas Medievais –
expedições católicas com o objetivo de expulsar
os muçulmanos da Terra Santa. Durante a Baixa
Idade Média houve uma formidável expansão
demográfica na Europa. Levando-se em conta
que, no mundo feudal, apenas o primogênito
Surgimento das primeiras feiras de comércio
herdava o feudo, isso significa dizer que
milhares de nobres deixaram de ter acesso a
terra. Também entre os camponeses, a pressão demográfica tornou-se insustentável. Assim,
tornava-se necessário canalizar o espírito guerreiro de milhares de nobres, numa época em
que já haviam cessado as invasões que a Europa Ocidental conhecera anteriormente. É nesta
perspectiva que se insere o movimento das Cruzadas, organizado e estimulado, pela Igreja
Católica, a partir do ano de 1095, sob o papado de Urbano II (Concílio de Clermont).
Mapa das Cruzadas
Com a conquista de várias cidades
mediterrânicas pelos cruzados europeus,
transformações marcantes foram verificadas na
Europa Medieval. Consolidaram três núcleos de
grande importância comercial: a bacia
mediterrânea, o eixo comercial entre o Mar do
Norte e a Península Itálica, e a área sob o
controle da Liga Hanseática (regiões próximas
aos mares do Norte e Báltico). Verificou-se
crescente expansão da vida urbana, a
afirmação das feiras mercantis (os burgos), das
guildas
(associações
profissionais),
das
corporações
de
ofício
(organizações
responsáveis
pelos
trabalhos
artesanais
especializados) e a consolidação de uma nova
classe social de mercadores com uma visão de
mundo, principalmente relacionado ao tempo e
ao trabalho – a burguesia.
Carcassone (sul da França)
A cidade medieval e sua muralha
consagraram um espaço do sagrado, um
espaço militar e econômico, essa relação
entre
elas
é
que
possibilitou
o
desenvolvimento de uma nova estrutura ao
espaço urbano, e caracterizou a importância
da muralha. De certa maneira a muralha
representa a divisão entre o campo e o
espaço urbano, delimita a dialética interior e
exterior, garantindo assim a proteção
àqueles que residem dentro desse espaço,
mas também àqueles que estão no campo
(camponeses) que em períodos de guerra
adentram os grandes portões e passam a ter
a responsabilidade de vigiar os portões de
acesso à cidade.
Brugge (Bélgica)
2.2. CRISE E DESAGREGAÇÃO DO FEUDALISMO
A despeito das transformações verificadas nas estruturas medievais desde o século XI,
o Feudalismo europeu conheceu sua desagregação final quando da Grande Crise do século
XIV. A crise foi geral e abrange vários pontos que desarticulam o Feudalismo completamente,
sob os pontos de vista político, econômico, social e cultural. Os fatores da crise não eram
novidade no continente europeu, porém, quando combinados revelaram a fragilidade do
sistema feudal. A Europa foi abalada por uma grave crise demográfica, motivada pela fome
(graças a alterações do quadro geoclimático gerando péssimas safras agrícolas), pela “Guerra
dos Cem Anos” (13371453) – entre os reinos feudais de França e Inglaterra – e pela epidemia da peste negra.
Some-se a esse quadro a chamada “crise monetária”, devido à ausência de metais
preciosos na Europa que pudessem ser utilizados como moeda de troca num contexto de
retomada sistemática das relações comerciais, principalmente com as valiosas especiarias do
Oriente. Nesse contexto de depressão demográfica, aumenta super exploração feudal
ocasionando revoltas camponesas – as jacqueries – completando o quadro de destruição do
mundo medieval. Tentativas para solucionar a grande crise do século XIV eram necessárias.
Novos tempos viriam, a Idade Moderna se anunciava e a Idade Média conhecia o seu
fim. O historiador marxista Perry Anderson, em tese
A historiografia recente questiona o
defendida na obra Linhagens do Estado Absolutista,
conceito de “Idade Média”. Para os
identificou a crise final do mundo medieval como o
renascentistas o período representou
momento em que uma apavorada nobreza feudal
uma longa interrupção no progresso
desarmada e temerosa pela ameaça de convulsão
cultural da humanidade a “noite de mil
social passou a apoiar projetos de centralização
anos”. Os iluministas definiam-na
política. De fato, o Estado Moderno passaria a ser a
como o “período das trevas”. Ao
solução para o colapso político, econômico e social do
contrário, o período medieval não
deve ser visto como um hiato. Foi o
mundo feudal. O Rei Moderno seria o principal agente
momento da gestação da sociedade
patrocinador do ambicioso projeto de expansão
moderna, de grandes realizações
culturais de caráter religioso – como a
arte gótica e a filosofia escolástica – e
de afirmações de instituições políticas
e econômicas. O romantismo, no
século XIX, por sua vez, foi o primeiro
estilo artístico após o fim do medievo
a ressaltar suas características.
Devemos ter em conta que os obras
românticas procuraram despertar e
formar os elementos constitutivos da
identidade nacional. Nesse sentido, o
retorno ao medievalismo se explica
pois, durante esse período as
matrizes linguísticas adquiriram suas
peculiaridades regionais e originaram
as línguas nacionais.
“Diante da crise agrária fazia-se necessária a conquista
de novas áreas produtoras. Diante da crise demográfica
fazia-se necessário o domínio sobre populações não
europeias. Diante da crise monetária fazia-se
necessária a descoberta de novas fontes de minérios.
Diante da crise social fazia-se necessário um monarca
forte, controlador das tensões e das lutas sociais. Diante
da crise político-militar fazia-se necessária uma força
centralizadora e defensora de toda a nação. Diante da
crise clerical fazia-se necessária uma nova Igreja.
Diante da crise espiritual fazia-se necessária uma nova
visão de Deus e do homem. Começavam os novos
tempos”.
(FRANCO JÚNIOR, Hilário. O feudalismo. 2 ed. São Paulo:
Brasiliense, 1984, p. 93)
marítima e comercial que iria ampliar os limites
geográficos, superando a crise europeia por meio de
uma política mercantilista colonialista e metalista.
Exercícios objetivos
Questão 1
(Enem) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do
planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra
há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos
construídos ao longo do Nilo.
O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito
diferente, pois
a) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes
contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos.
b) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e
encontrar trabalho nos canteiros faraônicos.
c) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam
aos deuses suas riquezas, construindo templos.
d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a
trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito.
e) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião
baseada em crenças e superstições.
Questão 2
(Enem) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada
de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou
de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais
—, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao
desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”.
(VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual,
1994).
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania
a) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de
qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de
trabalhar.
b) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma
concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.
c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos
os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria
ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.
e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que
tinham tempo para resolver os problemas da cidade.
Questão 3
(Enem PPL)
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas.
BUARQUE, C.; BOAL, A. “Mulheres de Atenas”. In:
http://letras.terra.com.br. Acesso em 4 dez. 2011 (fragmento)
Meus
caros
amigos,1976.
Disponível
em:
Os versos da composição remetem à condição das mulheres na Grécia antiga, caracterizada,
naquela época, em razão de
a) sua função pedagógica, exercida junto às crianças atenienses.
b) sua importância na consolidação da democracia, pelo casamento.
c) seu rebaixamento de status social frente aos homens.
d) seu afastamento das funções domésticas em períodos de guerra.
e) sua igualdade política em relação aos homens.
Questão 4
(ENEM) Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento
da cidade na Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se fez mais que assegurarlhes permanência e fixidez. As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser
aplicada a todos da mesma maneira.
Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga ainda vigente no mundo
contemporâneo, buscava garantir o seguinte princípio:
a) Isonomia – igualdade de tratamento aos cidadãos.
b) Transparência – acesso às informações governamentais.
c) Tripartição – separação entre os poderes políticos estatais.
d) Equiparação – igualdade de gênero na participação política.
e) Elegibilidade – permissão para candidatura aos cargos públicos
Questão 5
(Enem) Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas
oralmente de uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos
patrícios manipular a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus
conseguiram eleger uma comissão de dez pessoas — os decênviros — para escrever as leis.
Dois deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a legislação de Sólon.
COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada à:
a) adoção do sufrágio universal masculino.
b) extensão da cidadania aos homens livres.
c) afirmação de instituições democráticas.
d) implantação de direitos sociais.
e) tripartição dos poderes políticos.
Questão 6
(Enem) A figura apresentada é de um mosaico, produzido
por volta do ano 300 d.C., encontrado na cidade de Lod,
atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que
representam uma característica política dos romanos no
período, indicada em:
a) Cruzadismo — conquista da terra santa.
b) Patriotismo — exaltação da cultura local.
c) Helenismo — apropriação da estética grega.
d) Imperialismo — selvageria dos povos dominados.
e) Expansionismo — diversidade dos territórios
conquistados
Questão 7
(Enem) Para uns, a Idade Média foi uma época de trevas, pestes, fome, guerras sanguinárias,
superstições, crueldade. Para outros, uma época de bons cavaleiros, damas corteses, fadas,
guerras honradas, torneios, grandes ideais. Ou seja, uma Idade Média “má” e uma Idade Média
“boa”.
Tal disparidade de apreciações com relação a esse período da História se deve
a) ao Renascimento, que começou a valorizar a comprovação documental do passado,
formando acervos documentais que mostram tanto a realidade “boa” quanto a “má”.
b) à tradição iluminista, que usou a Idade Média como contraponto a seus valores racionalistas,
e ao Romantismo, que pretendia ressaltar as “boas” origens das nações.
c) à indústria de videojogos e cinema, que encontrou uma fonte de inspiração nessa mistura de
fantasia e realidade, construindo uma visão falseada do real.
d) ao Positivismo, que realçou os aspectos positivos da Idade Média, e ao marxismo, que
denunciou o lado negativo do modo de produção feudal.
e) à religião, que com sua visão dualista e maniqueísta do mundo, alimentou tais interpretações
sobre a Idade Média.
Questão 8
(Enem) Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade medieval nascido talvez de
um profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo
modo no meio urbano, pois que uma das características da cidade era de ser limitada por
portas e por uma muralha.
DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da Europa Feudal à
Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade Média,
quando elas assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este processo está
diretamente relacionado com
a) o crescimento das atividades comerciais e urbanas.
b) a migração de camponeses e artesãos.
c) a expansão dos parques industriais e fabris.
d) o aumento do número de castelos e feudos.
e) a contenção das epidemias e doenças.
Questão 9
(Enem) Quando ninguém duvida da existência de um outro mundo, a morte é uma passagem
que deve ser celebrada entre parentes e vizinhos. O homem da Idade Média tem a convicção
de não desaparecer completamente, esperando a ressurreição. Pois nada se detém e tudo
continua na eternidade. A perda contemporânea do sentimento religioso fez da morte uma
provação aterrorizante, um trampolim para as trevas e o desconhecido.
DUBY, G. Ano 2000 na pista do nossos medos. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).
Ao comparar as maneiras com que as sociedades têm lidado com a morte, o autor considera
que houve um processo de
a) mercantilização das crenças religiosas.
b) transformação das representações sociais.
c) disseminação do ateísmo nos países de maioria cristã.
d) diminuição da distância entre saber científico e eclesiástico.
e) amadurecimento da consciência ligada à civilização moderna.
Questão 10
(Enem) A Peste Negra dizimou boa parte da população europeia, com efeitos sobre o
crescimento das cidades. O conhecimento médico da época não foi suficiente para conter a
epidemia. Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu: “As pessoas morriam às centenas, de
dia e de noite, e todas eram jogadas em fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas
ficavam cheias, cavavam-se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com minhas próprias mãos
(...) E morreram tantos que todos achavam que era o fim do mundo.”
Agnolo di Tura. The Plague in Siena: An Italian Chronicle. In: William M. Bowsky. The Black Death: a turning
point in history? New York: HRW, 1971 (com adaptações).
O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da Peste Negra, que assolou a Europa
durante parte do século XIV, sugere que:
a) o flagelo da Peste Negra foi associado ao fim dos tempos.
b) a Igreja buscou conter o medo da morte, disseminando o saber médico.
c) a impressão causada pelo número de mortos não foi tão forte, porque as vítimas eram
poucas e identificáveis.
d) houve substancial queda demográfica na Europa no período anterior à Peste.
e) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo fato de os cadáveres não serem
enterrados.
Questão 11
(Enem) A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros
combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser
separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada
uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto... Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar
da paz.
ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média. Um
objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados, respectivamente,
em:
a) Justificar a dominação estamental / revoltas camponesas.
b) Subverter a hierarquia social / centralização monárquica.
c) Impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas.
d) Controlar a exploração econômica / unificação monetária.
e) Questionar a ordem divina / Reforma Católica.
Questão 12
(Enem) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com
elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos
modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se
instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é
escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que,
profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse
homem só aparecerá com as cidades.
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010
O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a)
a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.
b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho.
c) importância organizacional das corporações de ofício.
d) progressiva expansão da educação escolar.
e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.
Questão 13
(Unesp) Observemos apenas que o sistema dos feudos, a feudalidade, não é, como se tem
dito frequentemente, um fermento de destruição do poder. A feudalidade surge, ao contrário,
para responder aos poderes vacantes. Forma a unidade de base de uma profunda
reorganização dos sistemas de autoridade […].
GOFF, Jacques Le. Em busca da Idade Média, 2008.
Segundo o texto, o sistema de feudos
a) representa a unificação nacional e assegura a imediata centralização do poder político.
b) deriva da falência dos grandes impérios da Antiguidade e oferece uma alternativa viável para
a destruição dos poderes políticos.
c) impede a manifestação do poder real e elimina os resquícios autoritários herdados das
monarquias antigas.
d) constitui um novo quadro de alianças e jogos políticos e assegura a formação de Estados
unificados.
e) ocupa o espaço aberto pela ausência de poderes centralizados e permite a construção de
uma nova ordem política.
Questão 14
(Uema) No século XI, o bispo Fulbert de Chartes foi convidado a escrever sobre a fórmula da
fidelidade e assim o fez:
Aquele que jura fidelidade a seu senhor deve ter sempre em mente estes seis princípios:
proteção, segurança, honra, interesse, liberdade, faculdade. Proteção, quer dizer, nada deve
ser feito em prejuízo do senhor quanto ao seu corpo. Segurança, nada em prejuízo da
residência onde ele habita ou de suas fortalezas nas quais ele possa se achar. Honra, quer
dizer, nada em detrimento de sua justiça ou do que possa sua honra depender. Interesse, quer
dizer, nada que possa prejudicar suas possessões. Liberdade e faculdade, quer dizer, o bem
que o senhor possa fazer não lhe deva ser tornado difícil e o que ele esteja fazendo tornado
impossível (...)
Fonte: Fulbert de Chartres. Epistolae, LVIII, ano 1020. In: Jaime Pinsky. Modo de produção feudal. 2 ed. São
Paulo: Global, 1982.
Os princípios apresentados na cerimônia descrita pelo texto fazem referência às relações
sociais entre
a) patrícios e plebeus na Antiguidade.
b) suseranos e vassalos na Idade Média.
c) proprietários de terras e escravos no Brasil Colonial.
d) burgueses e classe trabalhadora na sociedade industrial.
e) latifundiários e camponeses na América Contemporânea.
Questão 15
(Unesp) Os homens da Idade Média estavam persuadidos de que a terra era o centro do
Universo e que Deus tinha criado apenas um homem e uma mulher, Adão e Eva, e seus
descendentes. Não imaginavam que existissem outros espaços habitados. O que viam no céu,
o movimento regular da maioria dos astros, era a imagem do que havia de mais próximo no
plano divino de organização.
(Georges Duby. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos, 1998. Adaptado.)
O texto revela, em relação à Idade Média ocidental,
a) o prevalecimento de uma mentalidade fortemente religiosa, indicativa da força e da
influência do cristianismo.
b) a consciência da própria gênese e origem, resultante das pesquisas históricas e científicas
realizadas na Grécia Antiga.
c) o esforço de compreensão racionalista dos fenômenos naturais, base do pensamento
humanista.
d) a construção de um pensamento mítico, provavelmente originário dos contatos com povos
nativos da Ásia e do Norte da África.
e) a presença de esforços constantes de predição do futuro, provavelmente oriundos das
crenças dos primeiros habitantes do continente.
Exercícios Discursivos:
Questão 1
(Unicamp-adaptada) Os impérios desenvolveram diferentes estratégias de inclusão. O império
romano permitia a multiplicidade de crenças, desde que a lealdade política estivesse
assegurada. Espanha e Portugal, entretanto, apesar de terem incorporado povos de línguas e
culturas diversas sob seus governos, impuseram uma uniformidade legal e religiosa, praticando
políticas de intolerância religiosa como caminho preferencial para assegurar a submissão e a
lealdade de seus súditos.
(Adaptado de Stuart B. Schwartz, Impérios intolerantes: unidade religiosa e perigo da tolerância nos impérios
ibéricos da época moderna, em R. Vainfas & Rodrigo B. Monteiro (orgs.), Império de várias faces. São Paulo:
Alameda, 2009, p. 26.)
A partir do texto, diferencie o império Romano dos impérios ibéricos modernos.
Questão2
(Fuvest) Se utilizássemos, numa conversa com homens medievais, a expressão “Idade
Média”, eles não teriam ideia do que isso poderia significar. Eles, como todos os homens de
todos os períodos históricos, se viam vivendo na época contemporânea. De fato, falarmos em
Idade Antiga ou Média representa uma rotulação posterior, uma satisfação da necessidade de
se dar nome aos momentos passados. No caso do que chamamos de Idade Média, foi o século
XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal preconceito, pois o termo expressava um
desprezo indisfarçado pelos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio
século XVI.
Hilário Franco Júnior, A Idade Média. Nascimento do Ocidente. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, s.d. [1986]. p.17.
Adaptado.
A partir desse trecho, responda:
a) Em que termos a expressão ―Idade Médiaǁ pode carregar consigo um valor depreciativo?
b) Como o período comumente abarcado pela expressão ―Idade Médiaǁ poderia ser analisado
de outra maneira, isto é, sem um julgamento de valor?
Questão 3
(Unicamp) Godrici de Finchale foi um mercador que viveu no século XI, na Baixa Idade Média,
no leste da atual Inglaterra. "Quando o rapaz, depois de ter passado os anos da infância
sossegadamente em casa, chegou à idade varonil, principiou a aprender com cuidado e
persistência o que ensina a experiência do mundo. Para isso decidiu não seguir a vida de
lavrador, mas estudar, aprender e exercer os rudimentos de concepções mais sutis. Por esta
razão, aspirando à profissão de mercador, começou a seguir o modo de vida do vendedor
ambulante, aprendendo primeiro como ganhar em pequenos negócios e coisas de preço
insignificante; e, então, sendo ainda um jovem, o seu espírito ousou pouco a pouco comprar,
vender e ganhar com coisas de maior preço.”
(Adaptado de Reginald of Durnham, "Libellus de Vita et Miraculis S. Godrici", em Fernando Espinosa, Antologia
de textos históricos medievais. 3ª ed., Lisboa: Sá da Costa Editora, 1981, p. 198.)
a) Segundo o texto, o ofício de mercador exigia uma preparação diferente daquela do lavrador.
Quais eram as diferenças entre esses dois ofícios?
b) Cite duas características do renascimento comercial e urbano ocorrido no final do período
medieval.
Gabarito exercícios objetivos:
1) A
2) B
3) C
4) A
5) B
6) E
7) B
8) A
9) B
10) A
11) A
12) B
13) E
14) B
15) A
Gabarito exercícios discursivos:
1) O império romano, formado durante o período republicano, na antiguidade, promoveu um
processo de expansão gradual e, desde o início utilizou uma política de estabelecer alianças
que com outros povos ao mesmo tempo em que se utilizou da força bélica contra outros. Com
uma política de tolerância religiosa e de costumes procurou enfraquecer os movimentos de
resistência que surgiram em todas as áreas onde houve dominação
2) a) Como observa Hilário Franco Jr. no excerto apresentado, a expressão ―Idade Médiaǁ foi
cunhada no século XVI, em meio à movimentação renascentista europeia. Na verdade, ela
remeteria à ideia de um período histórico intermediário, sem grande importância e até mesmo
marcado por uma certa mediocridade. Assim, sua escolha para designar o período localizado
―entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVIǁ revela a visão dos intelectuais
humanistas da época, para os quais era um ―período de trevasǁ.
b) Contrariando o desprezo dos pensadores renascentistas, é possível julgar o período
chamado de ―Idade Médiaǁ levando em consideração seus aspectos positivos. Sob essa
interpretação, os séculos entre a Antiguidade e o XVI estariam marcados também pela
continuidade da cultura e da tradição clássicas, não configurando, desse modo, ruptura ou
intervalo.
3) a) O texto cita um mercador do século XI para tratar das mudanças das concepções de
trabalho advindas do renascimento comercial que então se iniciava.
b) O ofício de mercador exigia estudo e preparação, uma vez que era preciso adquirir
conhecimentos específicos, necessários em transações com diferentes moedas, sistemas de
pesos e medidas, demandas dos consumidores etc. Já o ofício do lavrador demandava
conhecimentos mais ligados a variações da natureza — tempo das chuvas, melhor época para
o cultivo e para a colheita, sistema de repouso de terras, entre outros. O renascimento
comercial caracterizou-se pelo aumento das trocas de produtos agrícolas e artesanais, pelo
surgimento de novas rotas comerciais (marítimas e terrestres), o desenvolvimento de feiras, as
associações burguesas (como as Corporações de Ofício e as Hansas) e ainda o aumento do
mercado de consumo — reflexo do trabalho assalariado. Além disso, implicou transformações
do espaço urbano, com o alargamento das estradas de acesso, grandes construções em estilo
gótico (catedrais), aumento do número de casas e oficinas artesanais.
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