Passagem da Antiguidade Clássica a Idade Média Antiguidade Clássica O termo Antiguidade Clássica refere-se a um longo período da História da Europa que se estende aproximadamente do século VIII a.C., com o surgimento da poesia grega de Homero, à queda do O Egito Antigo Império romano do ocidente no século V d.C., mais O Egito é o ponto de confluência precisamente no ano 476. No eixo condutor desta época, entre a África e a Ásia, além da que a diferencia de outras anteriores ou posteriores, estão sua proximidade com o sul da Europa através do mar os fatores culturais das suas civilizações mais marcantes, mediterrâneo. a Grécia e a Roma antigas. O desenvolvimento de técnicas de Toda a riqueza material do período antigo era irrigação garantiu o retirada da terra, a produção agrária era à base da desenvolvimento da civilização economia antiga. As manufaturas existiam nas cidades, egípcia. O Estado teocrático e porém eram extremamente limitadas, pois a demanda era centralizado ditou as normais baixa e a tecnologia disponível era pouca. Elas cresciam sociais, e ao mesmo tempo, em um processo de descentralização, em oposição à empregou mão de obra escrava como forma de desenvolver uma concentração ocorrida nos séculos posteriores, pois os arquitetura funérea, as pirâmides e custos dos transportes eram muito altos, impossibilitando o tumbas, de modo espetacular. transporte de mercadorias por vias terrestres. Em termos sociais, produziram A principal característica da economia antiga é o uma sociedade extremamente seu caráter mediterrâneo, o mare nostrum, cobria toda a hierarquizada cujo ápice era o faixa geográfica que correspondia às civilizações antigas. Faraó, considerado ao contrário Ele era o único modo de comunicação entre diferentes dos imperadores romanos, a povos e o principal meio de escoamento das mercadorias personificação de uma divindade produzidas no campo. O transporte marítimo tornou viável na terra. Parte da produção dos o comércio em larga escala. O mar mediterrâneo no meio camponeses era absorvida pelo da civilização antiga foi uma vantagem geográfica que Estado em forma de tributo. Os tornou possível o desenvolvimento da economia. escribas e os sacerdotes eram parte da burocracia que sustentou o Estado egípcio. A escrita era pictográfica. Dessa forma, a transmissão de mensagens era feita através de desenhos os símbolos, semelhantes a algumas sociedades pré-colombianas. A despeito dessas civilizações jamais terem tido contato, alguns aspectos são curiosamente parecidos. O politeísmo e a construção de pirâmides, por exemplo. A diferença é que na América as pirâmides geralmente não eram empregadas como grandes sarcófagos, mas para cultos religiosos coletivos. Legado da Grécia Antiga A cultura da Grécia Antiga é considerada a base da cultura da civilização ocidental. Exerceu poderosa influência sobre os romanos, que se encarregaram de repassá-la a diversas partes da Europa. A civilização grega antiga teve influência na linguagem, na política, no sistema educacional, na filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura moderna, particularmente durante a renascença da Europa ocidental e durante os diversos reviveres neoclássicos dos séculos XVIII e XIX, na Europa e Américas. Politicamente os gregos inauguraram o regime representativo, as bases do sistema que ficaria conhecido como o democrático. No mundo grego, as duas cidades-Estados de maior destaque, Atenas e Esparta, possuíam sistemas de governo opostos. Esparta era administrada por uma oligarquia militarizada, enquanto a cidade de Atenas construiu bases mais democráticas, cabendo a todos os que eram considerados cidadãos o direito de debater os destinos da coletividade. A educação ateniense era baseada na reflexão política e debates acerca da realidade. Nesse sentido, devemos ressaltar a importância da escravidão no mundo grego. O escravo era responsável por realizar os afazeres domésticos do seu senhor. Seu trabalho disponibilizava tempo ócio, indispensável para que o senhor estivesse na polis para discutir os assuntos relevantes a condução da política ateniense. Entretanto, não podemos esquecer que a Sólon viveu, possivelmente, entre noção de cidadania ateniense era extremamente 638 e 558 a.C. foi um aristocrata, limitada se comparada aos dias de hoje. As mulheres, poeta e estadista grego, um dos por exemplo, eram excluídas dos debates políticos, representantes máximos da assim como escravos, estrangeiros e indivíduos nãocultura de Atenas. Conhecido abastados. De tal modo, o cidadão ateniense era como O Legislador, adotou uma necessariamente do sexo masculino, livre e detentor série de reformas nas leis de propriedades (até a legislação de Sólon), o que atenienses. Entre outras afastava a maioria da população da política estatal e importantes medidas, anistiou as detinha nas mãos de poucos o direito à educação. dívidas dos camponeses, proibiu a escravidão por dívida, aboliu a Direito Romano hipoteca sobre pessoas e bens, libertou os pequenos proprietários Um dos pontos mais importantes para se que se encontravam destacar do legado romano é a formulação do seu escravizados, e impôs limites à corpus jurídico. extensão das propriedades Embora as leis em Roma existissem, sua agrárias, diminuindo os poderes e transmissão era feita através da tradição oral. Dessa arbitrariedades da nobreza. forma, os direitos eram restritos a uma elite (patrícios e Reestruturou as instituições sacerdotes), que por possuírem o conhecimento das políticas, deu direito de voto aos leis puderam manipulá-las a seu favor. trabalhadores livres sem bens e Entretanto, em meados do século V a.C., os codificou o direito, além de plebeus conseguiram eleger dez pessoas para promulgar uma legislação especial escrever as leis, os decênviros. Viajaram a Grécia para sobre o uso de águas de fontes estudar a legislação de Sólon. O resultado foi a públicas. elaboração de um código conhecido como as Doze Tábuas. Na prática, o mundo romano assistiu a passagem da tradição jurídica oral para a escrita, o que promovia a extensão dos direitos aos homens livres, através do conhecimento das próprias leis do Estado. A Lei das Doze Tábuas reúne sistematicamente todo o direito que era praticado na época. Contém uma série de definições sobre direitos privados e procedimentos, considerando a família e rituais para negócios formais. O texto oficial foi perdido junto com diversos outros documentos quando os gauleses colocaram fogo em Roma no ano 390 a.C. Hoje conhecemos apenas fragmentos obtidos através de versões não oficiais e citações feitas por outros autores. Primeira versão das doze tábuas, ainda com dez leis. O conteúdo do código foi reconstituído pelos historiadores com as informações que foram encontradas. Sabe-se que a Lei das Doze Tábuas versava sobre organização e procedimento judicial, normas para os inadimplentes, poder pátrio, sucessão e tutela, propriedade, servidões, delitos, direito público e direito sagrado, além de alguns assuntos complementares. Assim como as leis que existiam anteriormente, o código oficial publicado combinava penas rigorosas com procedimentos severos. A Lei das Doze Tábuas diz muito sobre a sociedade e os métodos judiciais dos romanos, mas sua implicância vai muito além disso. Os tabletes representaram o primeiro documento legal a oficializar o Direito Romano, de onde se estruturam todos os corpos jurídicos do Ocidente. 2. O FEUDALISMO De acordo com a historiografia tradicional, o Mundo Feudal, ou a Idade Média (expressão criada durante o Renascimento Cultural do século XV) é delimitada pelos seguintes marcos cronológicos: 476, ano da “queda” do Império Romano do Ocidente e 1453, data da “tomada” de Constantinopla pelos turcos otomanos. O período é dividido em duas fases: a Alta Idade Média – fase da formação do feudalismo – e a Baixa Idade Média – fase da consolidação até a desagregação do sistema no século XIV. O período medieval caracterizou-se pela preponderância do Feudalismo, estrutura política, econômica, social e cultural que se edificou progressivamente na Europa centroocidental a partir da crise da Antiguidade romana. O Feudalismo começou a se formar a partir das transformações ocorridas no final do Império Romano do Ocidente e das invasões bárbaras. A decadência das cidades romanas, associada às ameaças dos povos bárbaros levou os nobres latifundiários a residirem nas vilas. A vila era a sua residência e a unidade produtiva. Nessas grandes propriedades rurais autossuficientes a falta do trabalho escravo forçou a adoção de novas relações sociais. O castelo passou a ser um importante símbolo da Idade Média, pois o clima geral de insegurança fazia com que a espada dos nobres guerreiros significasse a ordem social. O castelo fortificado era a segurança que os camponeses pobres procuravam. Desarmados e indefesos, os camponeses livres viam-se reduzidos à condição de servos. Em troca de proteção e do direito de trabalhar nas terras, deveria prestar serviços (corveia) e pagar tributos ao nobre. Nascia o sistema da servidão. Emergia, também, a unidade básica do mundo medieval: o feudo. Causas da queda do Império Romano (467 d.C.) A posse da terra passou a ser o critério de diferenciação dos grupos sociais, rigidamente definidos: de um lado, a aristocracia (clero e nobreza) e de outro, os servos. Nascia uma sociedade rigidamente estratificada, sem possibilidades de mobilidade, dívida em estamentos. As divisões sociais eram justificadas pelo chamado privilégio de nascimento, ou seja, todos eram diferentes aos “olhos de Deus”. É importante ressaltar a crescente religiosidade da sociedade medieval. Desde o fim do Império Romano, a Igreja Católica tornou-se a instituição mais importante do mundo feudal. Sua crescente riqueza, sua sólida organização hierárquica e a herança cultural greco-romana permitiram-lhe exercer a hegemonia ideológica e cultural da época, caracterizada pelo teocentrismo. Atuando em todos os níveis da vida social, a Igreja estabeleceu normas, orientou comportamentos e, sobretudo, imprimiu nos ideais do homem medieval a cultura religiosa. O clero transmitia à população uma visão de mundo que lhe era conveniente: um mundo dividido em testamentos, necessariamente desiguais, que deveriam cumprir diferentes funções (“orar, guerrear, trabalhar”) a fim se preservar a harmonia social, a Cristandade europeia. Nesse contexto, houve o surgimento de novas estruturas políticas. O mundo feudal não apresentou uma estrutura de poder centralizada. Inexistiu a noção de Estado ou mesmo de nação. Como a terra tinha grande importância, em decorrência da escassez de moeda e de outras formas de riqueza, estimulou-se a prática de retribuir serviços prestados – principalmente militares – com a concessão de terras. Os nobres que as cediam eram os suseranos e aqueles que as recebiam tornavam-se seus vassalos. Aos poucos se consolidava o poder no nível local, o poder dos senhores feudais, a fragmentação política. Embora existissem frágeis monarquias medievais, o rei não detinha poder de fato, apenas simbólico: possuía grande número de vassalos que lhe garantiam poder militar e, em algumas circunstâncias, apoio econômico. Assim, de maneira sumária, pode-se destacar os seguintes componentes do mundo medieval: • Isolamento, ruralização da sociedade europeia e colapso do comércio ocasionado pelas invasões bárbaras, por revoltas populares e pela expansão árabe (restrições no Mar Mediterrâneo). • Economia com tendência à autossuficiência e baseada na produção agrícola. • Predomínio das relações servis de produção. • Existência de uma rígida divisão social. • Domínio ideológico “universal” da Igreja Católica. • Fragmentação do poder político devido à afirmação das relações de dependência pessoal, de vassalagem. 2.1. O RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO O mundo europeu da Alta Idade Média foi essencialmente rural. No entanto, a partir do século XI, esse quadro tende a se modificar. Prefigura-se a chamada Baixa Idade Média (século XI ao XV), período marcado pela “ressurreição das cidades” e pelo “renascimento comercial”. Paralelamente, novos grupos sociais emergem, como o dos mercadores, por exemplo. Foi o chamado Renascimento comercial e urbano do século XI, que contribuiu de maneira decisiva para a expansão do comércio Ocidente/Oriente. Tais mudanças foram herdeiras diretas do aumento da produtividade agrícola feudal e, principalmente, das Cruzadas Medievais – expedições católicas com o objetivo de expulsar os muçulmanos da Terra Santa. Durante a Baixa Idade Média houve uma formidável expansão demográfica na Europa. Levando-se em conta que, no mundo feudal, apenas o primogênito Surgimento das primeiras feiras de comércio herdava o feudo, isso significa dizer que milhares de nobres deixaram de ter acesso a terra. Também entre os camponeses, a pressão demográfica tornou-se insustentável. Assim, tornava-se necessário canalizar o espírito guerreiro de milhares de nobres, numa época em que já haviam cessado as invasões que a Europa Ocidental conhecera anteriormente. É nesta perspectiva que se insere o movimento das Cruzadas, organizado e estimulado, pela Igreja Católica, a partir do ano de 1095, sob o papado de Urbano II (Concílio de Clermont). Mapa das Cruzadas Com a conquista de várias cidades mediterrânicas pelos cruzados europeus, transformações marcantes foram verificadas na Europa Medieval. Consolidaram três núcleos de grande importância comercial: a bacia mediterrânea, o eixo comercial entre o Mar do Norte e a Península Itálica, e a área sob o controle da Liga Hanseática (regiões próximas aos mares do Norte e Báltico). Verificou-se crescente expansão da vida urbana, a afirmação das feiras mercantis (os burgos), das guildas (associações profissionais), das corporações de ofício (organizações responsáveis pelos trabalhos artesanais especializados) e a consolidação de uma nova classe social de mercadores com uma visão de mundo, principalmente relacionado ao tempo e ao trabalho – a burguesia. Carcassone (sul da França) A cidade medieval e sua muralha consagraram um espaço do sagrado, um espaço militar e econômico, essa relação entre elas é que possibilitou o desenvolvimento de uma nova estrutura ao espaço urbano, e caracterizou a importância da muralha. De certa maneira a muralha representa a divisão entre o campo e o espaço urbano, delimita a dialética interior e exterior, garantindo assim a proteção àqueles que residem dentro desse espaço, mas também àqueles que estão no campo (camponeses) que em períodos de guerra adentram os grandes portões e passam a ter a responsabilidade de vigiar os portões de acesso à cidade. Brugge (Bélgica) 2.2. CRISE E DESAGREGAÇÃO DO FEUDALISMO A despeito das transformações verificadas nas estruturas medievais desde o século XI, o Feudalismo europeu conheceu sua desagregação final quando da Grande Crise do século XIV. A crise foi geral e abrange vários pontos que desarticulam o Feudalismo completamente, sob os pontos de vista político, econômico, social e cultural. Os fatores da crise não eram novidade no continente europeu, porém, quando combinados revelaram a fragilidade do sistema feudal. A Europa foi abalada por uma grave crise demográfica, motivada pela fome (graças a alterações do quadro geoclimático gerando péssimas safras agrícolas), pela “Guerra dos Cem Anos” (13371453) – entre os reinos feudais de França e Inglaterra – e pela epidemia da peste negra. Some-se a esse quadro a chamada “crise monetária”, devido à ausência de metais preciosos na Europa que pudessem ser utilizados como moeda de troca num contexto de retomada sistemática das relações comerciais, principalmente com as valiosas especiarias do Oriente. Nesse contexto de depressão demográfica, aumenta super exploração feudal ocasionando revoltas camponesas – as jacqueries – completando o quadro de destruição do mundo medieval. Tentativas para solucionar a grande crise do século XIV eram necessárias. Novos tempos viriam, a Idade Moderna se anunciava e a Idade Média conhecia o seu fim. O historiador marxista Perry Anderson, em tese A historiografia recente questiona o defendida na obra Linhagens do Estado Absolutista, conceito de “Idade Média”. Para os identificou a crise final do mundo medieval como o renascentistas o período representou momento em que uma apavorada nobreza feudal uma longa interrupção no progresso desarmada e temerosa pela ameaça de convulsão cultural da humanidade a “noite de mil social passou a apoiar projetos de centralização anos”. Os iluministas definiam-na política. De fato, o Estado Moderno passaria a ser a como o “período das trevas”. Ao solução para o colapso político, econômico e social do contrário, o período medieval não deve ser visto como um hiato. Foi o mundo feudal. O Rei Moderno seria o principal agente momento da gestação da sociedade patrocinador do ambicioso projeto de expansão moderna, de grandes realizações culturais de caráter religioso – como a arte gótica e a filosofia escolástica – e de afirmações de instituições políticas e econômicas. O romantismo, no século XIX, por sua vez, foi o primeiro estilo artístico após o fim do medievo a ressaltar suas características. Devemos ter em conta que os obras românticas procuraram despertar e formar os elementos constitutivos da identidade nacional. Nesse sentido, o retorno ao medievalismo se explica pois, durante esse período as matrizes linguísticas adquiriram suas peculiaridades regionais e originaram as línguas nacionais. “Diante da crise agrária fazia-se necessária a conquista de novas áreas produtoras. Diante da crise demográfica fazia-se necessário o domínio sobre populações não europeias. Diante da crise monetária fazia-se necessária a descoberta de novas fontes de minérios. Diante da crise social fazia-se necessário um monarca forte, controlador das tensões e das lutas sociais. Diante da crise político-militar fazia-se necessária uma força centralizadora e defensora de toda a nação. Diante da crise clerical fazia-se necessária uma nova Igreja. Diante da crise espiritual fazia-se necessária uma nova visão de Deus e do homem. Começavam os novos tempos”. (FRANCO JÚNIOR, Hilário. O feudalismo. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 93) marítima e comercial que iria ampliar os limites geográficos, superando a crise europeia por meio de uma política mercantilista colonialista e metalista. Exercícios objetivos Questão 1 (Enem) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois a) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos. b) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar trabalho nos canteiros faraônicos. c) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo templos. d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito. e) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada em crenças e superstições. Questão 2 (Enem) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”. (VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994). O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania a) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. b) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica. d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais. e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade. Questão 3 (Enem PPL) Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas. BUARQUE, C.; BOAL, A. “Mulheres de Atenas”. In: http://letras.terra.com.br. Acesso em 4 dez. 2011 (fragmento) Meus caros amigos,1976. Disponível em: Os versos da composição remetem à condição das mulheres na Grécia antiga, caracterizada, naquela época, em razão de a) sua função pedagógica, exercida junto às crianças atenienses. b) sua importância na consolidação da democracia, pelo casamento. c) seu rebaixamento de status social frente aos homens. d) seu afastamento das funções domésticas em períodos de guerra. e) sua igualdade política em relação aos homens. Questão 4 (ENEM) Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se fez mais que assegurarlhes permanência e fixidez. As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira. Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava garantir o seguinte princípio: a) Isonomia – igualdade de tratamento aos cidadãos. b) Transparência – acesso às informações governamentais. c) Tripartição – separação entre os poderes políticos estatais. d) Equiparação – igualdade de gênero na participação política. e) Elegibilidade – permissão para candidatura aos cargos públicos Questão 5 (Enem) Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger uma comissão de dez pessoas — os decênviros — para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a legislação de Sólon. COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000. A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada à: a) adoção do sufrágio universal masculino. b) extensão da cidadania aos homens livres. c) afirmação de instituições democráticas. d) implantação de direitos sociais. e) tripartição dos poderes políticos. Questão 6 (Enem) A figura apresentada é de um mosaico, produzido por volta do ano 300 d.C., encontrado na cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que representam uma característica política dos romanos no período, indicada em: a) Cruzadismo — conquista da terra santa. b) Patriotismo — exaltação da cultura local. c) Helenismo — apropriação da estética grega. d) Imperialismo — selvageria dos povos dominados. e) Expansionismo — diversidade dos territórios conquistados Questão 7 (Enem) Para uns, a Idade Média foi uma época de trevas, pestes, fome, guerras sanguinárias, superstições, crueldade. Para outros, uma época de bons cavaleiros, damas corteses, fadas, guerras honradas, torneios, grandes ideais. Ou seja, uma Idade Média “má” e uma Idade Média “boa”. Tal disparidade de apreciações com relação a esse período da História se deve a) ao Renascimento, que começou a valorizar a comprovação documental do passado, formando acervos documentais que mostram tanto a realidade “boa” quanto a “má”. b) à tradição iluminista, que usou a Idade Média como contraponto a seus valores racionalistas, e ao Romantismo, que pretendia ressaltar as “boas” origens das nações. c) à indústria de videojogos e cinema, que encontrou uma fonte de inspiração nessa mistura de fantasia e realidade, construindo uma visão falseada do real. d) ao Positivismo, que realçou os aspectos positivos da Idade Média, e ao marxismo, que denunciou o lado negativo do modo de produção feudal. e) à religião, que com sua visão dualista e maniqueísta do mundo, alimentou tais interpretações sobre a Idade Média. Questão 8 (Enem) Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade medieval nascido talvez de um profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo modo no meio urbano, pois que uma das características da cidade era de ser limitada por portas e por uma muralha. DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado). As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade Média, quando elas assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este processo está diretamente relacionado com a) o crescimento das atividades comerciais e urbanas. b) a migração de camponeses e artesãos. c) a expansão dos parques industriais e fabris. d) o aumento do número de castelos e feudos. e) a contenção das epidemias e doenças. Questão 9 (Enem) Quando ninguém duvida da existência de um outro mundo, a morte é uma passagem que deve ser celebrada entre parentes e vizinhos. O homem da Idade Média tem a convicção de não desaparecer completamente, esperando a ressurreição. Pois nada se detém e tudo continua na eternidade. A perda contemporânea do sentimento religioso fez da morte uma provação aterrorizante, um trampolim para as trevas e o desconhecido. DUBY, G. Ano 2000 na pista do nossos medos. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado). Ao comparar as maneiras com que as sociedades têm lidado com a morte, o autor considera que houve um processo de a) mercantilização das crenças religiosas. b) transformação das representações sociais. c) disseminação do ateísmo nos países de maioria cristã. d) diminuição da distância entre saber científico e eclesiástico. e) amadurecimento da consciência ligada à civilização moderna. Questão 10 (Enem) A Peste Negra dizimou boa parte da população europeia, com efeitos sobre o crescimento das cidades. O conhecimento médico da época não foi suficiente para conter a epidemia. Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu: “As pessoas morriam às centenas, de dia e de noite, e todas eram jogadas em fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas ficavam cheias, cavavam-se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com minhas próprias mãos (...) E morreram tantos que todos achavam que era o fim do mundo.” Agnolo di Tura. The Plague in Siena: An Italian Chronicle. In: William M. Bowsky. The Black Death: a turning point in history? New York: HRW, 1971 (com adaptações). O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da Peste Negra, que assolou a Europa durante parte do século XIV, sugere que: a) o flagelo da Peste Negra foi associado ao fim dos tempos. b) a Igreja buscou conter o medo da morte, disseminando o saber médico. c) a impressão causada pelo número de mortos não foi tão forte, porque as vítimas eram poucas e identificáveis. d) houve substancial queda demográfica na Europa no período anterior à Peste. e) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo fato de os cadáveres não serem enterrados. Questão 11 (Enem) A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto... Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz. ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981. A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média. Um objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados, respectivamente, em: a) Justificar a dominação estamental / revoltas camponesas. b) Subverter a hierarquia social / centralização monárquica. c) Impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas. d) Controlar a exploração econômica / unificação monetária. e) Questionar a ordem divina / Reforma Católica. Questão 12 (Enem) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades. LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010 O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a) a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho. c) importância organizacional das corporações de ofício. d) progressiva expansão da educação escolar. e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. Questão 13 (Unesp) Observemos apenas que o sistema dos feudos, a feudalidade, não é, como se tem dito frequentemente, um fermento de destruição do poder. A feudalidade surge, ao contrário, para responder aos poderes vacantes. Forma a unidade de base de uma profunda reorganização dos sistemas de autoridade […]. GOFF, Jacques Le. Em busca da Idade Média, 2008. Segundo o texto, o sistema de feudos a) representa a unificação nacional e assegura a imediata centralização do poder político. b) deriva da falência dos grandes impérios da Antiguidade e oferece uma alternativa viável para a destruição dos poderes políticos. c) impede a manifestação do poder real e elimina os resquícios autoritários herdados das monarquias antigas. d) constitui um novo quadro de alianças e jogos políticos e assegura a formação de Estados unificados. e) ocupa o espaço aberto pela ausência de poderes centralizados e permite a construção de uma nova ordem política. Questão 14 (Uema) No século XI, o bispo Fulbert de Chartes foi convidado a escrever sobre a fórmula da fidelidade e assim o fez: Aquele que jura fidelidade a seu senhor deve ter sempre em mente estes seis princípios: proteção, segurança, honra, interesse, liberdade, faculdade. Proteção, quer dizer, nada deve ser feito em prejuízo do senhor quanto ao seu corpo. Segurança, nada em prejuízo da residência onde ele habita ou de suas fortalezas nas quais ele possa se achar. Honra, quer dizer, nada em detrimento de sua justiça ou do que possa sua honra depender. Interesse, quer dizer, nada que possa prejudicar suas possessões. Liberdade e faculdade, quer dizer, o bem que o senhor possa fazer não lhe deva ser tornado difícil e o que ele esteja fazendo tornado impossível (...) Fonte: Fulbert de Chartres. Epistolae, LVIII, ano 1020. In: Jaime Pinsky. Modo de produção feudal. 2 ed. São Paulo: Global, 1982. Os princípios apresentados na cerimônia descrita pelo texto fazem referência às relações sociais entre a) patrícios e plebeus na Antiguidade. b) suseranos e vassalos na Idade Média. c) proprietários de terras e escravos no Brasil Colonial. d) burgueses e classe trabalhadora na sociedade industrial. e) latifundiários e camponeses na América Contemporânea. Questão 15 (Unesp) Os homens da Idade Média estavam persuadidos de que a terra era o centro do Universo e que Deus tinha criado apenas um homem e uma mulher, Adão e Eva, e seus descendentes. Não imaginavam que existissem outros espaços habitados. O que viam no céu, o movimento regular da maioria dos astros, era a imagem do que havia de mais próximo no plano divino de organização. (Georges Duby. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos, 1998. Adaptado.) O texto revela, em relação à Idade Média ocidental, a) o prevalecimento de uma mentalidade fortemente religiosa, indicativa da força e da influência do cristianismo. b) a consciência da própria gênese e origem, resultante das pesquisas históricas e científicas realizadas na Grécia Antiga. c) o esforço de compreensão racionalista dos fenômenos naturais, base do pensamento humanista. d) a construção de um pensamento mítico, provavelmente originário dos contatos com povos nativos da Ásia e do Norte da África. e) a presença de esforços constantes de predição do futuro, provavelmente oriundos das crenças dos primeiros habitantes do continente. Exercícios Discursivos: Questão 1 (Unicamp-adaptada) Os impérios desenvolveram diferentes estratégias de inclusão. O império romano permitia a multiplicidade de crenças, desde que a lealdade política estivesse assegurada. Espanha e Portugal, entretanto, apesar de terem incorporado povos de línguas e culturas diversas sob seus governos, impuseram uma uniformidade legal e religiosa, praticando políticas de intolerância religiosa como caminho preferencial para assegurar a submissão e a lealdade de seus súditos. (Adaptado de Stuart B. Schwartz, Impérios intolerantes: unidade religiosa e perigo da tolerância nos impérios ibéricos da época moderna, em R. Vainfas & Rodrigo B. Monteiro (orgs.), Império de várias faces. São Paulo: Alameda, 2009, p. 26.) A partir do texto, diferencie o império Romano dos impérios ibéricos modernos. Questão2 (Fuvest) Se utilizássemos, numa conversa com homens medievais, a expressão “Idade Média”, eles não teriam ideia do que isso poderia significar. Eles, como todos os homens de todos os períodos históricos, se viam vivendo na época contemporânea. De fato, falarmos em Idade Antiga ou Média representa uma rotulação posterior, uma satisfação da necessidade de se dar nome aos momentos passados. No caso do que chamamos de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal preconceito, pois o termo expressava um desprezo indisfarçado pelos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVI. Hilário Franco Júnior, A Idade Média. Nascimento do Ocidente. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, s.d. [1986]. p.17. Adaptado. A partir desse trecho, responda: a) Em que termos a expressão ―Idade Médiaǁ pode carregar consigo um valor depreciativo? b) Como o período comumente abarcado pela expressão ―Idade Médiaǁ poderia ser analisado de outra maneira, isto é, sem um julgamento de valor? Questão 3 (Unicamp) Godrici de Finchale foi um mercador que viveu no século XI, na Baixa Idade Média, no leste da atual Inglaterra. "Quando o rapaz, depois de ter passado os anos da infância sossegadamente em casa, chegou à idade varonil, principiou a aprender com cuidado e persistência o que ensina a experiência do mundo. Para isso decidiu não seguir a vida de lavrador, mas estudar, aprender e exercer os rudimentos de concepções mais sutis. Por esta razão, aspirando à profissão de mercador, começou a seguir o modo de vida do vendedor ambulante, aprendendo primeiro como ganhar em pequenos negócios e coisas de preço insignificante; e, então, sendo ainda um jovem, o seu espírito ousou pouco a pouco comprar, vender e ganhar com coisas de maior preço.” (Adaptado de Reginald of Durnham, "Libellus de Vita et Miraculis S. Godrici", em Fernando Espinosa, Antologia de textos históricos medievais. 3ª ed., Lisboa: Sá da Costa Editora, 1981, p. 198.) a) Segundo o texto, o ofício de mercador exigia uma preparação diferente daquela do lavrador. Quais eram as diferenças entre esses dois ofícios? b) Cite duas características do renascimento comercial e urbano ocorrido no final do período medieval. Gabarito exercícios objetivos: 1) A 2) B 3) C 4) A 5) B 6) E 7) B 8) A 9) B 10) A 11) A 12) B 13) E 14) B 15) A Gabarito exercícios discursivos: 1) O império romano, formado durante o período republicano, na antiguidade, promoveu um processo de expansão gradual e, desde o início utilizou uma política de estabelecer alianças que com outros povos ao mesmo tempo em que se utilizou da força bélica contra outros. Com uma política de tolerância religiosa e de costumes procurou enfraquecer os movimentos de resistência que surgiram em todas as áreas onde houve dominação 2) a) Como observa Hilário Franco Jr. no excerto apresentado, a expressão ―Idade Médiaǁ foi cunhada no século XVI, em meio à movimentação renascentista europeia. Na verdade, ela remeteria à ideia de um período histórico intermediário, sem grande importância e até mesmo marcado por uma certa mediocridade. Assim, sua escolha para designar o período localizado ―entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVIǁ revela a visão dos intelectuais humanistas da época, para os quais era um ―período de trevasǁ. b) Contrariando o desprezo dos pensadores renascentistas, é possível julgar o período chamado de ―Idade Médiaǁ levando em consideração seus aspectos positivos. Sob essa interpretação, os séculos entre a Antiguidade e o XVI estariam marcados também pela continuidade da cultura e da tradição clássicas, não configurando, desse modo, ruptura ou intervalo. 3) a) O texto cita um mercador do século XI para tratar das mudanças das concepções de trabalho advindas do renascimento comercial que então se iniciava. b) O ofício de mercador exigia estudo e preparação, uma vez que era preciso adquirir conhecimentos específicos, necessários em transações com diferentes moedas, sistemas de pesos e medidas, demandas dos consumidores etc. Já o ofício do lavrador demandava conhecimentos mais ligados a variações da natureza — tempo das chuvas, melhor época para o cultivo e para a colheita, sistema de repouso de terras, entre outros. O renascimento comercial caracterizou-se pelo aumento das trocas de produtos agrícolas e artesanais, pelo surgimento de novas rotas comerciais (marítimas e terrestres), o desenvolvimento de feiras, as associações burguesas (como as Corporações de Ofício e as Hansas) e ainda o aumento do mercado de consumo — reflexo do trabalho assalariado. Além disso, implicou transformações do espaço urbano, com o alargamento das estradas de acesso, grandes construções em estilo gótico (catedrais), aumento do número de casas e oficinas artesanais.