ANALIDIA ESTUDO TOPONÍMICO EM BAHIA DE TODOS OS SANTOS: BREVES CONSIDERAÇÕES Analídia dos Santos Brandão1 A interação social se concretiza através das palavras que trazem à tona a história, as ideologias, os pensamentos e a cultura de seus falantes. São essas palavras que constituem o sistema lexical de uma comunidade se revelam como o elemento representativo dos aspectos social, cultural, histórico e linguístico, ajudando a entender a sociedade desde os seus primórdios. Dessa forma, estudar o léxico de uma língua é entender todos esses aspectos sociais, culturais e históricos que envolvem seus falantes. Quando estudamos os corpora escritos de uma dada comunidade mergulhamos no seu universo particular, pois tais escritores deixam transluzir, a partir de seus textos, o universo lexical do povo que está sendo retratado, seja por seus hábitos, seus costumes, seja por sua forma de pensar e agir. Ao encontro desse pensamento, o estudo, aqui apresentado, busca compreender os elementos identitários presentes na obra de Jorge Amado intitulada Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios com o intuito de descobrir os aspectos do modus vivendi dessa comunidade linguística, a partir do estudo toponímico, já que toda movimentação lexical de uma língua deve ser enfrentada como um fato que ultrapassa o simples ato da fala e se configura num fato social de grande importância. Jorge Amado revela um guia das ruas e dos mistérios de São Salvador da Bahia de Todos os Santos. O autor descreve os bairros dos trabalhadores e dos nobres, as feiras e os mercados, as inúmeras ladeiras e ruas da cidade, e apresenta as praias locais. Fazer um estudo toponímico numa obra literária é desmitificar a história do povo baiano, visto que os nomes de lugares trazem sempre ao bojo de sua história um conjunto de particularidades que configuram a identidade sociocultural de uma dada comunidade, neste caso, a Bahia, “negra por excelência”. A Toponímia é uma área de investigação que entende que a nomeação de um lugar não se dá de forma acidental nem tão pouco despropositada. Ao contrário, geralmente documenta a língua em uso na região pesquisada, os costumes e os valores que regem as condutas dos falantes, transluzindo as influências culturais propiciadas a partir do contato com outros grupos étnicos que ali se instalaram, bem como de acontecimentos históricos considerados relevantes para o povo retratado. Ao percebermos que o léxico testemunha a vivência transcreve uma cultura, e que se correlaciona com a história e cultura de um povo, destaca-se que através dos contatos entre comunidades as influências mútuas aparecem e é possível observar os aspectos culturais e identitários da comunidade linguística estudada. Os topônimos, como parte do léxico e patrimônio cultural desse povo, constituem, pois, marcas de identidade que merecem ser preservadas. O levantamento e a análise do vocabulário toponímico contido no romance Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, permite estudar essas marcas a partir da teoria dos campos à luz do que propõe Eugênio Coseriu e da categorização taxionômica proposta por Dick (1992). O presente trabalho traz uma breve apresentação sobre o livro estudado e os recursos teóricos utilizados, a metodologia e os resultados parciais do estudo toponímico em andamento. Palavras-chave: Léxico, Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, Jorge Amado, Toponimia, 1 Mestranda em Estudo de Linguagens na Universidade do Estado da Bahia - UNEB, bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB. Orientadora: Profa Dra. Celina Márcia de Souza Abbade. E-mail: [email protected]