Vírus Zika no Brasil

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Vírus Zika no Brasil
Atualizado em 09 de Março de 2016
Foto: Ministério da Saúde
Secretaria de Comunicação Social – Área Internacional
Presidência da República Federativa do Brasil
ÍNDICE
Introdução .............................................................................................................. 03
A infecção por vírus Zika.......................................................................................... 05
O que é .......................................................................................................... 07
O que ainda precisa ser descoberto.................................................................07
Como surgiu .................................................................................................. 08
Cronologia da doença .....................................................................................09
Diagnóstico, prognóstico e tratamento............................................................11
Perfil do mosquito Aedes Aegypti .................................................................. 11
A microcefalia ................................................................................................ 13
A relação entre o vírus e a microcefalia...........................................................16
Síndrome de Guillain Barré..............................................................................19
Brasil: Força-tarefa para prevenção e combate ...................................................... 19
Vigilância e monitoramento ....................................................................... 20
Prevenção e controle ................................................................................. 20
Investimento financeiro ............................................................................. 21
Assistência .................................................................................................. 21
Informação, conscientização e mobilização ................................................. 22
Capacitação ................................................................................................. 23
Pesquisas .................................................................................................... 24
O Brasil já erradicou o Aedes aegypti nos anos 50 .................................................. 27
A Fiocruz ............................................................................................................... 28
Parcerias internacionais . ........................................................................................ 29
Epidemias Globais ................................................................................................. 31
Mitos e verdades ................................................................................................... 31
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INTRODUÇÃO
O vírus Zika foi identificado no Brasil pela primeira vez em 2015. No mundo, ele foi
identificado pela primeira vez em 1947, é endêmico no continente africano e havia
registros de circulação esporádica na África, Ásia e Oceania e com epidemias na
Micronésia, em 2007, e na Polinésia Francesa, em 2013. A Zika é uma doença viral
aguda e as consequências e sequelas que provoca ainda eram pouco conhecidas. Nas
Américas, o vírus somente foi identificado em 2014, na Ilha de Páscoa, território do
Chile no Oceano Pacífico, distante 3.500 km do continente.
O vírus – que é transmitido pelo mesmo vetor da dengue e da chikungunya, o Aedes
aegypti – teve comportamento epidêmico no Brasil no início de 2015, identificado a
partir de relatos de doença exantemática (que apresenta erupções na pele que
coçam), especialmente na região Nordeste, e de exames realizados por laboratório da
Universidade Federal da Bahia. Menos de um ano após a identificação da presença do
vírus no País, as autoridades públicas de saúde brasileiras comprovaram, pela primeira
vez na história, a possível associação entre o contágio de mulheres pelo vírus Zika
durante a gravidez e o nascimento de bebês com microcefalia, uma malformação
congênita grave em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. A doença,
que até então se assemelhava a uma forma mais branda da dengue, sem maiores
consequência e sequelas, e assintomática em 80% dos casos, mostrou-se mais
alarmante.
De 22 de outubro de 2015 até 5 de março de 2016, foram registrados em território
nacional 6.158 casos suspeitos de bebês microcefálicos. Deste total, 1.182 casos já
foram descartados e 745 casos já tiveram confirmação de microcefalia e/ou outras
alterações do sistema nervoso central, sugestivos de infecção congênita . Até 2014,
eram registrados no País menos de 200 casos por ano de recém-nascidos com
microcefalia.
Com um sistema público de saúde universal integrado e de atendimento gratuito, o
Brasil tem reagido de forma rápida e transparente desde a identificação da epidemia
para desvendar o comportamento do vírus, a patogênese da doença (maneira como
surge e evolui) e fatores de risco associados. Foi o que tornou possível a rápida
associação entre a microcefalia e o vírus Zika.
O governo brasileiro protagoniza uma mobilização interna e externa, transformando o
tema em prioridade nacional e internacional. Mobilizou recursos financeiros,
tecnológicos e científicos para prevenção e combate ao mosquito transmissor e à
doença no curto, médio e longo prazos. Além disso, está unindo esforços de
especialistas de diferentes áreas da ciência de todo o mundo para conduzir as
investigações no País. Há diálogo constante com órgãos internacionais, como a
Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Panamericana da Saúde (OPAS) e
instituições de vários outros países.
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Esta é uma situação completamente nova em termos de saúde pública mundial e para
a comunidade científica internacional. De 2007 a 9 de março de 2016, foi confirmada a
circulação autóctone (contaminação local) ou indicação de transmissão do vírus em 52
países, sendo 41 desde janeiro de 2015. Desde que foi detectado a primeira vez nas
Américas, foram registradas transmissões autóctones em 31 países e territórios do
continente. Destes países, nove reportaram um aumento na incidência de casos da
Síndrome de Guillain-Barré em associação ao surto do vírus Zika. O Brasil é hoje o país
mais afetado no mundo pela eclosão do Zika, seguido pela Colômbia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de Emergência de Saúde
Pública de Importância Internacional no dia 1º de fevereiro deste ano.
Em um momento da história em que há intensa e corriqueira circulação internacional
de pessoas e de mercadorias, sempre há o risco de epidemias localizadas se tornarem
globais. Neste contexto, ações isoladas de países têm baixa eficácia. Só um esforço
conjunto de toda a comunidade internacional pode levar a uma solução efetiva contra
o problema.
Fonte: OMS
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A INFECÇÃO POR VÍRUS ZIKA
A INFECÇÃO POR VÍRUS ZIKA
Formas de transmissão
Principais Sintomas

Através de picada da fêmea do mosquito
Aedes aegypti contaminada.

Está em estudo a possibilidade de
transmissão do vírus Zika por meio do
leite materno, da saliva, da urina e do
sêmen.

Erupções na pele que provocam coceira.

Febre intermitente.

Hiperemia conjuntivital (olhos
vermelhos) sem secreção e prurido.

Dor nas articulações.

Edema periarticular (acúmulo de líquido
em torno das articulações).
*É assintomático em 80% dos casos
Diagnóstico
Possíveis sequelas
Tratamento
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
Exame de sangue (PCR) durante o
período em que o paciente apresenta
sintomas.

Teste de biologia molecular 3 em 1 (com
previsão de início da produção nacional
em fevereiro). É uma apresentação do
PCR

Testes de sorologia para identificação de
anticorpo do Zika mesmo após a
eliminação do vírus em estudo

Microcefalia em fetos, filhos de gestantes
infectadas

Síndrome de Guillain-Barré ou outras
complicações neurológicas

Abortamento e óbitos fetais

Acetaminofeno (paracetamol) ou
dipirona para o controle da febre e
manejo da dor.

Anti-histamínicos no caso de erupções
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pruriginosas.
*É desaconselhável o uso ou indicação de
ácido acetilsalicílico e outros drogas antiinflamatórias. Todo caso suspeito deve
procurar um serviço de saúde.
Prevenção e controle
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
Tirar toda a água parada de recipientes
dentro de casa e escová-los para
eliminação dos ovos.

Antes de viajar, verifique
cuidadosamente se há algum criadouro
do mosquito e elimine-o.

Manter totalmente cobertos
reservatórios e qualquer local que possa
acumular água.

Aplicar larvicidas em cisternas, caixas
d´água, piscinas e outros
compartimentos onde seja necessário
manter a água.

Aplicação de fumacê no caso de
epidemia.

Usar repelentes e reaplicá-los ao longo
do dia conforme orientações no rótulo.
Os repelentes à base de DEET, icaridin ou
picaridin, e IR3535 ou EBAAP são
considerados seguros para uso durante a
gestação.

Dar preferência ao uso de roupas claras,
calças e blusas de mangas compridas.

Coleta seletiva de lixo e descarte
adequado.

Usar mosquiteiros para dormir,
especialmente pela manhã e no final da
tarde.

Colocar tela antimosquito nos
apartamentos e dar preferência para
hospedagens que tenham tela nas
janelas.

Ligar para a prefeitura do município caso
tenha suspeita de criadouros do
mosquito próximo onde vive.
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O que é
O vírus Zika é um RNA vírus, do gênero Flavivírus, o mesmo da dengue. Sabe-se que a
principal forma de transmissão do vírus Zika no Brasil é pelo mosquito Aedes aegypti, o
mesmo vetor que transmite a dengue e a chikungunya. Quem é infectado pelo vírus
Zika costuma apresentar sintomas mais brandos do que o destas últimas duas doenças,
caracterizados por erupções na pele que provocam coceira, além de febre
intermitente, hiperemia conjuntival, dores musculares, dor nas articulações, dor de
cabeça e edema periarticular.
Geralmente não apresenta complicações graves e estima-se que 80% dos casos são
assintomáticos. A taxa de hospitalização é baixa e os sintomas costumam desaparecer
espontaneamente entre 3 e 7 dias após o contágio. O vírus já foi encontrado no líquido
amniótico obtido do útero de mulheres que foram infectadas. Também foi encontrado
em sangue e tecidos de bebês com microcefalia cujas mães haviam sido infectadas
pelo vírus durante a gravidez.
Além disso, há relatos de síndromes neurológicas, como a Síndrome de Guillain Barré,
possivelmente associadas ao vírus Zika.
Em fevereiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou a constatação da presença
do vírus Zika ativo (com potencial de provocar a infecção) em amostras de saliva e de
urina de pacientes. Para a pesquisa, foram analisadas amostras referentes a dois
pacientes e as coletas realizadas durante a apresentação de sintomas compatíveis com
o vírus Zika. A presença do material genético do vírus foi confirmada pela técnica de
RT-PCR em Tempo Real. Também foi realizado o sequenciamento parcial do genoma
do vírus. A evidência, no entanto, não é suficiente para afirmar que a presença do vírus
na saliva pode infectar outras pessoas. Serão necessários outros estudos para analisar
se há capacidade de infectar as pessoas.
O que ainda precisa ser descoberto sobre o vírus Zika
A permanência no organismo após o período sintomático
A probabilidade de uma mulher contagiada antes da gravidez transmitir o vírus para o feto quando
engravidar
A probabilidade de uma gestante contagiada durante a gravidez transmitir o vírus para o feto
Sequelas possíveis para crianças e adultos
Outras vias de transmissão que não pelo mosquito Aedes aegypti
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Como surgiu
O vírus Zika foi isolado pela primeira vez em primatas não humanos em Uganda, na
floresta Zika em 1947. Entre 1951 a 2013, evidências sorológicas em humanos foram
notificadas em países da África (Uganda, Tanzânia, Egito, República da África Central,
Serra Leoa e Gabão), Ásia (Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã e Indonésia) e
Oceania (Micronésia e Polinésia Francesa).
Nas Américas, o vírus Zika foi identificado pela primeira vez na Ilha de Páscoa,
território do Chile no Oceano Pacífico, a 3.500 km do continente, no início de 2014.
O vírus Zika é considerado endêmico (doença infecciosa que ocorre habitualmente e
com incidência significativa em dada população e/ou região) no Leste e Oeste do
continente africano. Evidências sorológicas em humanos sugerem que a partir de 1966
o vírus tenha se disseminado para o continente asiático.
Até 2014 só havia registro de circulação esporádica na África (Nigéria, Tanzânia, Egito,
África Central, Serra Leoa, Gabão, Senegal, Costa do Marfim, Camarões, Etiópia,
Quénia, Somália e Burkina Faso), Ásia (Malásia, Índia, Paquistão, Filipinas, Tailândia,
Vietnã, Camboja, Índia, Indonésia) e Oceania (Micronésia, Polinésia Francesa, Nova
Caledônia/França e Ilhas Cook). Casos importados de vírus Zika haviam sido descritos
no Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos e Austrália.
De 2007 a 9 de março de 2016, foi confirmada a circulação autóctone (contaminação
local) ou indicação de transmissão do vírus em 52 países, sendo 41 desde janeiro de
2015. Desde que foi detectado a primeira vez nas Américas, foram registradas
transmissão autóctone em 31 países e territórios do continente. Há relatos de casos
em que o vírus Zika não foi transmitido por vetor, mas aparentemente pelo sêmen
humano. Nove países reportaram um aumento na incidência da Síndrome de GuillainBarré em associação ao surto do vírus Zika.
O Brasil é hoje o país mais afetado no mundo pela eclosão do zika, seguido pela
Colômbia. A propagação do vírus Zika em diversos países levou a Organização Mundial
da Saúde (OMS) a decretar estado de Emergência de Saúde Pública de Importância
Internacional (ESPII) no dia 1º de fevereiro. A OMS recomenda que os países
estabeleçam e mantenham a capacidade de detectar e confirmar casos de infecção
pela doença; preparem os serviços de saúde para responder a um possível aumento da
demanda por serviços de assistência especializada a síndromes neurológicas; e
reforcem as atividades de consulta e assistência pré-natal. A organização considera
fundamental que os países continuem os esforços para reduzir a presença do mosquito
por meio de uma estratégia eficaz de controle do vetor e de comunicação com a
população.
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Cronologia da doença no Brasil
Maio/2015 – Pesquisador da Universidade Federal da Bahia realiza o primeiro exame
de sangue por PCR para identificar presença do vírus Zika.
Julho/2015 – Aumento de casos de manifestações neurológicas principalmente em
alguns estados da região Nordeste.
Outubro/2015 – Pediatras da rede pública de saúde observam o aumento de casos de
nascimento de crianças com microcefalia nos mesmos estados onde havia notificações
de vírus Zika.
 Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco notifica o Ministério da Saúde
sobre aumento de casos de microcefalia no estado.
 Ministério da Saúde envia equipe para acompanhar a investigação dos casos no
estado de Pernambuco.
 A situação é comunicada à OPAS e à OMS.
Novembro/2015 – Ativado o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES)
em Brasília, com equipe preparada para atuar 24h. Especialistas de diversos setores da
sociedade (universidades, institutos de pesquisa, agentes públicos) que se reúnem
semanalmente para discutir ações a partir das demandas em aberto.
 O Ministério da Saúde decreta Situação de Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional.
 Boletim Epidemiológico de Microcefalia passa a ser divulgado semanalmente
pelo Ministério da Saúde.
 Acionado o Grupo Estratégico Interministerial de Emergência em saúde Pública
de Importância Nacional e Internacional, que define ações interministeriais.
 Confirmado o primeiro óbito de bebê decorrente do vírus Zika.
 O Ministério da Saúde brasileiro confirma a relação entre o vírus Zika e
microcefalia no país, resultado do grupo de especialistas de diferentes áreas
criado para investigar e estudar o caso.
Dezembro/2015 – Apoio das Forças Armadas ao estado de Pernambuco.
 Presidenta Dilma Rousseff lança Plano de Enfrentamento ao Aedes e à
Microcefalia, envolvendo 19 ministérios e outros órgãos do governo federal.
 Lançamento do Protocolo de Vigilância e Resposta à Microcefalia relacionada
ao Zika, com diretrizes e orientações técnicas para profissionais de saúde e
vigilância.
 Início das atividades da Sala Nacional de Coordenação e Controle, um centro de
informação que coordena, consolida e orienta as demandas de estados e
municípios.
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 Lançamento do Protocolo de Atenção à Saúde e Resposta à Ocorrência de
Microcefalia, que orienta os profissionais e gestores de saúde em relação à
infecção pelo vírus Zika.
Janeiro/2016 – Lançamento das Diretrizes de Estimulação Precoce direcionado a
crianças de até 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente
de microcefalia, com orientações aos profissionais das equipes da Atenção Básica e
Atenção Especializada para a estimulação precoce.
Fevereiro/2016 – OMS anuncia Emergência de Saúde Pública de Importância
Internacional.
 Brasil firma o primeiro acordo internacional para desenvolvimento de vacina
contra o vírus Zika, pelo governo brasileiro e a Universidade do Texas Medical
Branch dos Estados Unidos. O governo brasileiro vai investir US$ 1,9 milhão nos
próximos cinco anos para a pesquisa.
 Brasil realiza Dia Nacional de Mobilização contra o Aedes aegypti: 220 mil
militares foram às ruas fortalecer a mobilização da população no combate ao
mosquito da dengue; de 15 a 18 de fevereiro, 55 mil militares das Forças
Armadas se unem aos mais de 46 mil agentes comunitários de saúde e 266 mil
agentes comunitários de saúde e visita 2,8 milhões imóveis em 428 municípios
do País para eliminar focos do mosquito e orientar os moradores; 19 de
fevereiro marcou início da mobilização nas escolas.
 Notificação de casos pelo vírus Zika passa a ser obrigatória no Brasil, e deve ser
feita em até 24 horas após o resultado do exame PCR.
 No dia 22 de fevereiro, o Instituto Butantan deu início à última fase da pesquisa
clínica da vacina contra dengue. A vacina será testada em 17 mil voluntários de
13 cidades, durante um ano. Para esta etapa, o Governo Federal investiu R$
300 milhões, sendo R$ 100 milhões do Ministério da Saúde.
 Detecção de Zika nas bolsas de sangue: o Ministério da Saúde vai incluir o vírus Zika no
teste NAT realizado nas bolsas de sangue em todo o país. Esse teste já identifica os
vírus HIV, hepatite B e hepatite C para controle e segurança do sangue nos
hemocentros nacionais. A produção do teste NAT com a inclusão do vírus Zika será
feito pelo Laboratório Biomanguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro, que já detém a
plataforma NAT no país. Neste processo, devem ser colhidas e analisadas cerca de 300
amostras de sangue com o vírus.
 A previsão é que o teste esteja disponível nos laboratórios da rede pública de saúde
até o final deste ano. A ação contará com o apoio dos Estados Unidos para dar
celeridade nos processos de registro e a expectativa é que o Brasil se torne um centro
de referência para validação dos ensaios ou testes moleculares que tem o vírus Zika
como alvo. A celeridade dos processos de registro ficarão a cargo de parceria firmada
entre Anvisa e o FDA, agência reguladora dos EUA.
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Diagnóstico, prognóstico e tratamento
Os sintomas do vírus Zika se manifestam de três a 7 dias do contágio. O diagnóstico
pode ser clínico ou laboratorial. Desde que foi detectada a epidemia de Zika no Brasil,
em 2015, o SUS passou a realizar exame de sangue PCR, que identifica a presença do
material genético do vírus Zika na amostra enquanto o paciente apresenta sintomas.
Inicialmente, o exame era realizado gratuitamente por cinco laboratórios públicos de
referência.
Desde agosto de 2015, a capacidade era de, em média, mil exames PCR por mês para
identificação do vírus Zika. O governo brasileiro ampliou este ano a oferta deste exame
para todos os 27 estados do País, disponibilizando 20 mil reagentes para realização dos
exames/mês. Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, esta quantidade é suficiente
para fazer um monitoramento confiável da doença.
Cada teste de PCR custa aos cofres públicos R$ 2 mil. Para conseguir ampliar a oferta
de diagnóstico à população a um custo menor, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) –
a mais importante instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina,
referência em pesquisas na área da saúde pública – está desenvolvendo um teste de
biologia molecular, 3 em 1, capaz de fazer o diagnóstico simultâneo para os casos
suspeitos das três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (o vírus Zika, a
dengue e a chikungunya) durante a manifestação dos sintomas clínicos destas
infecções. A um custo de US$ 20 a unidade, o teste, denominado Kit NAT
Discriminatório para Dengue, Zika e Chikungunya, começa a ser produzido no país em
fevereiro, com capacidade de oferta de 50 mil unidades e expectativa de chegar a 500
mil unidades até o fim do ano.
Em caso de suspeita de Zika, o tratamento é baseado nos sintomas, com uso de
acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor.
No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. É
desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros drogas antiinflamatórias, pois eles aumentam o risco de complicações hemorrágicas.
Perfil do mosquito Aedes aegypti
 Ambiente propício
 As larvas do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão do vírus Zika
se desenvolvem, preferencialmente, em água limpa, parada,
geralmente em locais escuros e em diversos tipos de recipientes.
 Do ovo à forma adulta, o ciclo de vida do Aedes varia de acordo com a
temperatura, disponibilidade de alimentos e quantidade de larvas
existentes no mesmo criadouro. Em condições ambientais favoráveis,
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após a eclosão do ovo, o desenvolvimento do mosquito até a forma
adulta pode levar de 7 a 10 dias. Para interromper o ciclo de vida do
mosquito, a eliminação de criadouros deve ser prioritária, ação que
deve contar com a efetiva participação da população ao longo do tempo
e de forma sustentada.
 Os ovos podem resistir a até 450 dias em local seco, o que permite que
sobrevivam até o próximo período chuvoso e quente, o que propicia a
eclosão.
 Tempo de vida do mosquito adulto: em média até 50 dias.
 Hábitos e local onde vive
 O Aedes aegypti tem hábitos preferencialmente diurnos, costuma picar
com maior frequência no início da manhã e final da tarde.
 Vive em áreas urbanas, geralmente ao redor de domicílios ou de outros
locais frequentados por pessoas, como estabelecimentos comerciais,
escolas ou igrejas.
 No Brasil, cerca de 80% dos focos de suas larvas estão nas residências,
apenas cerca de 20% em locais abertos.
 Reprodução
 Somente a fêmea pica o homem para sugar sangue.
 Uma fêmea pode dar origem a 1,5 mil mosquitos durante a sua vida.
 Os ovos são distribuídos por diversos criadouros – estratégia que garante a
dispersão e preservação da espécie. Se a fêmea estiver infectada pelo Zika
há a possibilidade de as larvas já nascerem com o vírus, no processo
chamado de transmissão vertical.
 Período de maior infestação
 A infestação é mais intensa no verão, em função da elevação da
temperatura e da intensificação de chuvas – fatores que propiciam a
eclosão de ovos do mosquito.
 O pico de infestação no Brasil ocorre entre fevereiro e maio, observando
uma queda significativa entre os meses de julho e setembro, quando o
índice pluviométrico é menor e as temperaturas são mais amenas. Este
movimento é facilmente detectável pela incidência mensal dos casos de
dengue (doença transmitida pelo Aedes).
Segundo o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) de
2015, que é realizado anualmente para mensurar a quantidade de focos de infestação
pelo mosquito no País, 199 municípios brasileiros estavam em situação de risco de
surto de dengue, chikungunya e Zika em 2015. Isso significa que mais de 4% das casas
visitadas nestas cidades continham larvas do mosquito.
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12
A microcefalia
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de
maneira adequada. Os bebês nascem com perímetro cefálico igual ou inferior a um
parâmetro de diagnóstico estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
para o sexo, idade e tempo de gestação.
Casos de microcefalia já existiam no Brasil antes da circulação do vírus Zika, efeito de
uma série de fatores de diferentes origens, como componentes genéticos, substâncias
químicas, radiação, bactérias e toxoplasmose, rubéola ou outros agentes infecciosos
durante a gravidez. Porém, até 2014, eram registrados no País menos de 200 casos de
microcefalia por ano. Entre 2015 e março de 2016, foram notificados 6.158 casos
suspeitos de microcefalia (sendo 4.231 que permanecem em investigação, 1.182
descartados e 745 confirmados). Até o momento, 139 óbitos foram registrados
associados à microcefalia (96 em investigação, 31 confirmados e 12 descartados).
O Ministério da Saúde recomenda que todas as mulheres grávidas façam a
ultrassonografia durante a gestação. A orientação é que a ultrassonografia seja
realizada, preferencialmente, no primeiro trimestre, para início do acompanhamento
da gestação pela equipe médica, além de ser a melhor época para estimativa precisa
da idade gestacional. O acompanhamento desde o primeiro momento da gestação é
fundamental para a atenção à saúde da gestante e do bebê a agravos que possam
acometê-los, e, assim, ofertar tratamento adequado, além de garantir exames de
rotina do pré-natal. A realização de exames ultrassonográficos em série, na tentativa
de identificação de microcefalia, não muda a condição nem o prognóstico nesses
casos.
É importante destacar que a confirmação da microcefalia acontece somente após o
nascimento, com a medição do perímetro cefálico – conforme parâmetros
estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde – e a realização dos exames de
imagem. A mediação da circunferência da cabeça do bebês deve ser refeita entre 24 e
48 horas, pois a maioria dos recém-nascidos apresenta suturas cavalgadas
(superpostas) ao nascimento, podendo ocorrer que o PC esteja transitoriamente
abaixo do parâmetro de corte. Além disso, a recomendação é que se adote a
ultrassonografia transfontanela (da moleira) como primeira opção para confirmar a
presença ou não de alterações cerebrais e, não havendo esta possibilidade, a
tomografia de crânio, tratada como segunda opção devido à alta carga de radiação.
Esses serviços são realizados sob a coordenação e organização dos gestores locais.
Todos os bebês, nascidos ou não com microcefalia, devem ser encaminhados para a
puericultura nos serviços de Atenção Básica, para receber os cuidados integrais para o
seu desenvolvimento. É importante esclarecer que os bebês com perímetro cefálico
superior ao estabelecido pela OMS, e mantendo-se acima deste padrão após a revisão
da medição e os resultados dos exames de imagem, são descartados para finalidade de
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vigilância. Contudo, nas consultas de rotina nos serviços de Atenção Básica haverá a
medição constante do perímetro cefálico, podendo assim, acompanhar eventuais
agravos posteriores, como a interrupção do crescimento durante o desenvolvimento
infantil.
Além da manutenção das consultas de puericultura, as crianças com suspeita ou com
microcefalia confirmada devem iniciar, imediatamente após o parto, o processo de
estimulação precoce. Esse processo é fundamental para extrair o máximo potencial da
criança, no período de zero a três anos – de maior desenvolvimento cerebral -, visando
à sua maior autonomia. Os atendimentos podem ser feitos nos 1.544 serviços de
reabilitação que recebem recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), tanto os
individuais que oferecem as modalidades auditiva, visual, intelectual e física (motora),
quanto nos 138 Centros Especializados em Reabilitação (CER), que possuem de duas a
quatro modalidades. Além disso, este serviço pode acontecer por meio dos
profissionais (fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais) que atuam
nos 4.106 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), ou ainda nos Ambulatórios
para Seguimento de Recém-nascido de Risco. Podem ser usados medicamentos e
tratamentos para questões específicas.
Desde o lançamento do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, no final de
2015, o governo federal, por meio do Ministério da Saúde, está ampliando a rede de
cuidados para os bebês nascidos com microcefalia. Nesse período, já foram habilitados
14 novos CER. Outros 11 estão em fase de conclusão de obras e 64 serviços serão
habilitados ainda neste semestre.
No total, o investimento anual do Ministério da Saúde para custear o atendimento dos
serviços de reabilitação (individuais e CER) é de R$ 650,6 milhões, que podem ser
complementados por estados e municípios. Os novos CER, quando habilitados, terão
custeio anual de R$ 135 milhões.
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14
Distribuição dos casos notificados de microcefalia por UF, até 05 de março de 2016
Casos de Microcefalia e/ou malformações,
Total
sugestivos de infecção congênita
acumulado1de
casos notificados
Em
Confirmados2,3 Descartados4
de 2015 a 2016
investigação
Brasil
4.231
745
1.182
6.158
Alagoas
95
30
104
229
Bahia
609
156
98
863
Ceará
252
41
70
363
Maranhão
143
32
26
201
Paraíba
447
71
308
826
Pernambuco
1.214
241
267
1.722
Piauí
65
50
24
139
Rio Grande do Norte
278
78
27
383
Sergipe
162
26
13
201
Região Nordeste
3.265
725
937
4.927
Espírito santo
78
3
9
90
Minas Gerais
27
1
43
71
Rio de Janeiro
289
2
4
295
São Paulo
137
0
44
181
Região Sudeste
531
6
100
637
Acre
26
0
0
26
Amapá
0
0
0
0
Amazonas
8
0
0
8
Pará
17
1
0
18
Rondônia
6
2
3
11
Roraima
14
0
0
14
Tocantins
108
0
17
125
Região Norte
179
3
20
202
Distrito Federal
11
0
20
31
Goiás
84
6
14
104
Mato Grosso
123
3
52
178
Mato Grosso do Sul
9
1
5
15
Região Centro-Oeste
227
10
91
328
Paraná
2
0
17
19
Santa Catarina
1
0
1
2
Rio Grande do Sul
26
1
16
43
Região Sul
29
1
34
64
Regiões e Unidades
Federadas
Fonte: Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal (dados atualizados até 05/03/2016).
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15
1 Número cumulativo de casos notificados que preenchiam a definição de caso operacional anterior (33
cm), além das definições adotadas no Protocolo de Vigilância (a partir de 09/12/2015) que definiu o
Perímetro Cefálico de 32 cm para recém-nascidos com 37 ou mais semanas de gestação e demais
definições do protocolo.
2 Apresentam alterações típicas: indicativas de infecção congênita, como calcificações intracranianas,
dilatação dos ventrículos cerebrais ou alterações de fossa posterior entre outros sinais clínicos
observados por qualquer método de imagem ou identificação do vírus Zika em testes laboratoriais.
3 Foram confirmados 82 casos por critério laboratorial específico para vírus Zika (técnica de PCR e
sorologia).
4 Descartados por apresentar exames normais, por apresentar microcefalia e/ou malformações
congênitas por causas não infecciosas ou por não se enquadrar nas definições de casos.
*5 Conforme informado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”, da
Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, 125 casos se encontram em investigação para infecção
congênita. Destes, 29 são possivelmente associados com a infecção pelo vírus Zika, porém ainda não
foram finalizadas as investigações.
CASOS DE MICROCEFALIA NOTIFICADOS POR ANO NO BRASIL ANTES DE 2015
Brasil
2010
2011
2012
2013
2014
153
139
175
167
147
A RELAÇÃO ENTRE O VÍRUS ZIKA E A MICROCEFALIA
O Ministério da Saúde brasileiro considera que há evidências científicas suficientes que
comprovam a relação entre o vírus Zika e a microcefalia. A associação foi atestada por
meio de exames que apontaram a presença do vírus em amostras de sangue e tecidos
de bebês com microcefalia e no líquido amniótico de gestantes que tiveram filhos com
esta condição. Estão sendo realizados estudos para dar uma resposta conclusiva sobre
como se dá esta associação, e se há outros fatores/variáveis associados que
desencadeiam a microcefalia em grávidas infectadas pelo vírus Zika durante a gravidez.
EVIDÊNCIAS DE QUE HÁ RELAÇÃO ENTRE O
VÍRUS ZIKA E A MICROCEFALIA
O QUE FALTA COMPROVAR CIENTIFICAMENTE

Testes laboratoriais detectaram
materiais genéticos do vírus em recémnascidos com microcefalia
Pesquisas que investiguem quantas mães
tiveram o vírus Zika e mesmo assim tiveram
filhos saudáveis.

Pesquisas apontam que o vírus é capaz
de atravessar a barreira da placenta e
penetrar no líquido amniótico
Monitorar mulheres durante toda a sua gestação
para documentar a que variáveis elas foram
expostas e comparar com posteriores
repercussões em sua saúde. Este tipo de
pesquisa requer investimentos massivos e
coordenação logística. Há pesquisas em fase
inicial em andamento, no Rio de Janeiro (RJ), em
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16
Recife (PE) e em Ribeirão Preto (SP) e em 60
municípios da Paraíba.

Pesquisadores eslovenos identificaram o
Zika no tecido cerebral do feto de uma
mulher que retornou no ano passado do
Brasil, onde ela contraiu o vírus, relatou
estudo publicado pela revista
especializada New England Journal of
Medicine, em fevereiro. O estudo
destaca "uma presença significativa do
vírus no tecido cerebral, na ausência de
qualquer outra causa" de malformação.
Os danos ocasionados podem ter
parado o desenvolvimento do córtex
cerebral na idade embrionária de 20
semanas. A descoberta se apoia em três
meses de trabalhos efetuados a partir
da autópsia do feto.

Uma revisão de informações sobre o
nascimento de bebês na Polinésia
Francesa durante o surto de vírus Zika
entre 2013 e 2014 indicou que o número
de anormalidades congênitas das
crianças nascidas entre março de 2014 e
maio de 2015 foram bem acima da
média.

Estudos de caso controlados que comparem
bebês com microcefalia com aqueles nascidos
sem a doença, que vivem na mesma região. Bem
como a proporção das mães que tiveram
infecção pelo vírus Zika e a que outros fatores
estiveram expostas. Há pesquisas em andamento
em Pernambuco e na Paraíba.
Estudar os casos documentados de microcefalia,
pesquisando o histórico de saúde das gestantes
que contraíram o vírus durante a gestação,
paralelamente à condução de estudos de caso
controlados dos bebês nascidos nas áreas
afetadas.
Infecção por virus Zika foi confirmada
em um bebê nascido com microcefalia
no Havaí, depois da interrupção da
gestação. Nenhuma transmissão
autóctone (contraída localmente) foi
notificada no Havaí.
1. Correlação epidemiológica entre o vírus Zika e a microcefalia
a. Não havia epidemia de microcefalia antes da circulação do vírus Zika no Brasil;
b. Aumento de casos de microcefalia nos mesmos locais onde, meses antes,
houve epidemia de Zika;
c. Padrão de ocorrência de microcefalia sugere transmissão por vetor préexistente;
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17
d. A epidemia de microcefalia começou 6 a 8 meses após a epidemia de Zika;
e. Mães de crianças com microcefalia relatam que tiveram a doença nos primeiros
meses de gestação;
f. Ultrassonografia e tomografia computadorizada dos bebês com microcefalia
revelou alterações similares àquelas observadas em infecções congênitas
conhecidas (STORCH).
2. Correlação biológica entre o vírus Zika e a microcefalia
a. A Fiocruz identificou o vírus Zika no líquido amniótico de duas gestantes cujos
bebês apresentaram microcefalia, na Paraíba;
b. O Instituto Evandro Chagas identificou o vírus Zika em sangue e tecidos
(cérebro, baço, rim etc) de criança com microcefalia que morreu logo após o
nascimento, no Ceará;
c. A Fiocruz do Paraná identificou o vírus Zika na placenta após abortamento,
numa amostra da placenta;
d. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC)
identificou o vírus Zika em amostras de recém-nascidos do Rio Grande do Norte
(dois abortamentos e dois óbitos após o parto);
e. Confirmação da presença do vírus Zika por imuno-histoquímica e microscopia
eletrônica em células de cérebro de feto abortado com microcefalia, na Eslovênia,
no oitavo mês de gestação;
f. Exame IgM específico em líquor (líquido cérebro-espinhal) de 12 bebês
nascidos com microcefalia em Pernambuco;
g. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) confirmou a presença do vírus
Zika, por PCR, em seis casos da Paraíba;
h. Confirmação do 1º caso de microcefalia causado por Zika na Colômbia em 24 de
fevereiro de 2016.
i. UFRJ e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Instituto D'Or de
Pesquisa e Ensino (IDOR) verificaram que o vírus Zika compromete
desenvolvimento de neurosferas (células nervosas) em 3 de março de 2015.
3. Estudo recém publicado pelo The New England Journal of Medicine
acompanhou gestantes entre a 5ª e a 38ª semana de gestação com sintomas de
Zika no Rio de Janeiro de setembro de 2015 a fevereiro de 2016. Das 42 gestantes
com resultados laboratoriais positivos para Zika, em 12 (29%) foi constatada
microcefalia nos bebês por meio de ultrassonografia com Doppler. Em nenhuma
das 16 com exames negativos se constatou a malformação. Até a publicação do
estudo, 8 dos 42 bebês cujas mães tiveram Zika haviam nascido, e as constatações
realizadas na ultrassonografia foram confirmadas.
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18
4. Outras questões a serem estudadas:
a. Além da infecção pelo vírus Zika, que outros fatores podem ser relevantes para
a ocorrência da malformação (por exemplo: idade gestacional? Infecção prévia por
dengue? Outras infecções? Uso de medicamentos? etc.)
b. Qual a probabilidade (risco) de uma mulher que tenha infecção na gestação
transmitir a infecção para o bebê durante cada fase da gestação?
c. Quais tipos de malformação podem ser causadas pelo vírus Zika?
d. Existe a possibilidade de transmissão sexual?
e. Tratamentos possíveis? (imunoglobulina, antivirais)
SÍNDROME DE GUILLAIN BARRÉ
Em 2015, houve um aumento da Síndrome de Guillain Barré em cinco países: Brasil,
Colômbia, El Salvador, Suriname e Venezuela. No Brasil, cresceu 29,8% o número de
procedimentos hospitalares reportados da síndrome de Guillain-Barré quando
comparado ao ano de 2014, com 1.439. Foram registradas em 2015 um total de 1.868
internações hospitalares. O aumento mais expressivo foi verificado nos estados de
Alagoas (516,7%), Rio Grande do Norte (108,7%), Piauí (108,3%), Bahia (196,1%),
Espírito Santo (78,6%) e Rio de Janeiro (60,9%).
Na síndrome de Guillain-Barré, o sistema imunológico de uma pessoa, que é
responsável pela defesa do corpo contra organismos invasores, começa a atacar os
próprios nervos, danificando-os gravemente. O sinal mais comum dessa forma da
doença é a fraqueza muscular simétrica e ascendente que começa pelas pernas,
podendo em seguida, progredir ou afetar o tronco, braços e face, com redução ou
ausência de reflexos. A mortalidade nos pacientes com SGB é de aproximadamente 5%
a 7%, geralmente resultante de insuficiência respiratória, pneumonia aspirativa,
embolia pulmonar, arritmias cardíacas e sepse hospitalar.
BRASIL: FORÇA-TAREFA PARA PREVENÇÃO E COMBATE
Em dezembro de 2015, o governo brasileiro criou o Plano Nacional de Enfrentamento
ao Aedes e à Microcefalia - PNEM, com ações em diversas frentes com o objetivo de
reduzir o índice de infestação por Aedes aegypti para menos de 1% nos municípios
brasileiros, e reduzir o número de casos de doenças transmitidas pelo mosquito. As
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19
Forças Armadas apoiarão os agentes de saúde e demais entidades envolvidas no
combate à epidemia com 220 mil efetivos em ações divididas em quatro fases: mutirão
em organizações militares, mobilização da população, atuação direta no combate ao
mosquito e trabalho de conscientização em unidades de ensino. Seguem abaixo as
principais ações:
 Vigilância e monitoramento
 Aumento do número de laboratórios para realização do exame PCR
(biologia molecular) – O SUS vai ampliar em 20 vezes a oferta de
reagentes para realização do PCR, de 1 mil exames para mais de 20 mil
exames por mês. Serão distribuídos 500 mil testes em 2016. As
primeiras 250 mil unidades serão entregues em fevereiro, inicialmente
para 27 laboratórios. Serão investidos na aquisição dos produtos R$ 6
milhões.
 Desenvolvimento de teste rápido 3 em 1 pela Fiocruz – Para conseguir
ampliar a oferta de diagnóstico à população a um custo menor, o
instituto de pesquisa nacional Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
desenvolveu um teste rápido, 3 em 1, capaz de detectar ao mesmo
tempo o vírus Zika, a dengue e a chikungunya, a um custo de US$ 20 a
unidade. A previsão é que a produção comece em fevereiro, com cerca
de 50 mil unidades, chegando a 500 mil até o fim de 2016.
 Instalação da Sala Nacional de Coordenação e Controle – Já em
funcionamento. A Sala coordena e apoia diariamente as ações
desenvolvidas em estados e municípios
 Instalação das Salas Estaduais e Municipais de controle– as 27 unidades
da Federação já instalaram suas unidades.
 Ações Integradas entre Saúde, Educação, Assistência Social, Defesa Civil,
Forças Armadas, outros órgãos convidados e sociedade civil – Já em
funcionamento.
 Prevenção e controle
 Ampliação no número de agentes de saúde – aumento de 43,9 mil para
309,9 mil agentes de saúde entrando nos imóveis do País para fazer
ronda e identificar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti,
aplicar larvicidas em compartimentos como cisternas, piscinas e caixas
d´água, e informar os moradores sobre formas de prevenção contra o
mosquito. Intensificação nas visitas de controle do mosquito com visitas
mensais até fevereiro e bimestrais a partir de março. A meta é que
100% dos domicílios e instalações públicas e privadas sejam
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20
inspecionados. Até 29 de fevereiro, foram vistoriados 48 milhões de
imóveis em 5.164 municípios, o que representa 88% dos 67 milhões de
imóveis estimados em todo o País.
 A primeira fase da mobilização das Forças Armadas realizou um mutirão
de limpeza nas 1.200 organizações militares espalhadas por todo o
Brasil. O objetivo foi chamar a atenção para os cuidados contra o
mosquito, além de eliminar possíveis focos de proliferação do Aedes.
 A segunda etapa do plano das Forças Armadas consistiu na mobilização
de 220 mil homens e mulheres das Forças Armadas (160 mil do Exército,
30 mil da Marinha e 30 mil da Força Aérea) no Dia Nacional da
Mobilização contra o Aedes aegypti, realizado em 13 de fevereiro. O
contingente atuou em 428 municípios, 72 a mais que a previsão inicial.
As visitas foram realizadas em todas as capitais e também nas 115
cidades consideradas endêmicas pelo Ministério da Saúde, com um
total de 2,8 milhões de residências atendidas. Além da conscientização,
alguns militares já capacitados realizaram vistoria em residências e
aplicaram larvicidas.
 Na terceira etapa da mobilização das Forças Armadas, 55 mil militares
estão em campo para apoiar os agentes envolvidos diretamente no
combate ao mosquito, com vistorias e aplicação de produtos contra as
larvas. Os agentes realizam as visitas em 290 cidades de todo o país.
 Compra de larvicidas – Compra de 100 toneladas de larvicidas para
serem usados até junho de 2016. Em todo o ano de 2015, foram
distribuídas 114,4 toneladas.
 Divulgação de comunicado a hotéis – O Ministério do Turismo brasileiro
enviou comunicado a 56 mil hotéis, pousadas e albergues do País com
recomendação para que coloquem tela antimosquito nas janelas,
cuidem da limpeza de seus terrenos e instalações, além das medidas
gerais voltadas para toda a população (ver quadro na pag. 4).
 Investimento financeiro
 Mais R$ 500 milhões para o combate - O Brasil definiu recurso extra de
R$ 500 milhões para reforçar o combate ao Aedes aegypti em 2016, em
acréscimo ao R$ 1,87 bilhão destinado à vigilância e promoção de saúde
para combate de doenças.
 Assistência
 Prevista a expansão dos Centros de Reabilitação do SUS.
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21
 Oferta de 10 milhões de testes rápidos de gravidez.
 Prevista a ampliação da oferta dos exames de tomografia utilizando
capacidade instalada na rede pública e privada.
 Informação, conscientização e mobilização de toda a sociedade
 Site Saúde do Viajante dá orientações gerais sobre como se proteger
contra picada de insetos, em inglês, português e espanhol.
 Intensificação das campanhas de massa em rádio, televisão,
jornais, outdoors e redes sociais, de dezembro de 2015 a junho de 2016.
 Realização de campanha focada na gestante e mulheres em idade fértil,
veiculada desde dezembro de 2015.
 Disponibilização de homepage específica até fevereiro de 2016 e
desenvolvimento de aplicativo (APP) para profissionais de saúde com
informações sobre microcefalia e vírus Zika, disponível gratuitamente.
 Envio de SMS à população com informações sobre a campanha de
prevenção e controle do mosquito. Já foram enviadas 200 mil
mensagens na região Nordeste para moradores dos locais com alto
índice de infestação. Serão enviados até fevereiro áudios e vídeos por
WhatsApp para 750 mil moradores das regiões mais afetadas.
 Mobilização dos secretários estaduais de Saúde, Educação, Defesa Civil
e Assistência Social. Em andamento.
 Mobilização junto a movimentos sindicais, patronais, educacionais,
religiosos, sociais, indústria, comércio, redes sociais, comunicação. Em
andamento.
 Três semanas de mobilização em 188.673 escolas de educação básica, as
63 universidades federais e os 40 institutos federais e Centros Federais
de Educação Tecnológica. A mobilização começou dia 19 de fevereiro,
com a visita de autoridades federais, estaduais e municipais em escolas
de diferentes cidades do país. Serão realizadas atividades no formato de
aula e palestras com os estudantes sobre a necessidade de mobilização
para o combate ao mosquito transmissor do vírus zika; e distribuídos
materiais informativos. O setor educacional tem o potencial de alcançar
um público de 60 milhões de pessoas.
 “Comunidade Escolar Mobilizada Contra o Aedes aegypti”, este é o tema
do Programa Saúde na Escola 2016. Ao longo do ano, 18 milhões de
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22
estudantes, de 78 mil escolas, em 4.787 municípios estarão envolvidos
em atividades com a comunidade escolar e equipes de saúde da
Atenção Básica, fortalecendo a mobilização no combate ao mosquito
Aedes aegypti.
 Produção de material publicitário, com ações nas redes sociais,
incentivando as pessoas a enviarem fotos ou vídeos com atividades
como limpar caixa d’água e cisternas ou uma simples limpeza na casa
para evitar o acúmulo de água.
 Criação de um hotsite para escolas baixarem jogos educativos e
informativos sobre o mosquito e as doenças, principalmente o Zika.
 No ensino superior, haverá mobilização de pró-reitores de extensão
para ações nos territórios mais vulneráveis e nos campi.
 Os municípios e estados que possuem convênios e contratos de repasse
com o Ministério do Turismo brasileiro deverão realizar ações de
combate ao mosquito Aedes aegypti em seus canteiros de obras e
frentes de trabalho. Além disso, terão de realizar campanhas
educativas, vistoria e eliminação de eventuais criadouros do inseto nas
áreas internas e externas e entorno das instalações públicas de
funcionamento dos órgãos ligados ao MTur.
 Capacitação
 Lançamento, em janeiro de 2016, das Diretrizes de Estimulação Precoce
direcionadas a crianças de até 3 anos com atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor decorrente de microcefalia, com orientações aos
profissionais das equipes da Atenção Básica e Atenção Especializada
para a estimulação precoce.
 Divulgação, em dezembro de 2015, de protocolo clínico aos profissionais
de saúde para estimulação precoce dos bebês com microcefalia.
 Capacitação por plataforma digital à distância de profissionais de 737
maternidades para triagem neonatal em relação aos cuidados com os
bebês com microcefalia, a partir de março de 2015.
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23
 Pesquisas
 Vacina contra o vírus Zika
Atualmente, pelo menos 15 empresas e grupos acadêmicos estão empenhados
na criação de vacinas contra o zika, de acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS). As vacinas em estudo levarão pelo menos 18 meses para serem
testadas em larga escala. Entre os laboratórios mais avançados no estudo de
uma vacina contra o Zika estão o indiano Bharat Biotech, o National Institute of
Health, dos EUA, e a empresa farmacêutica norte-americana Inovio
Pharmaceuticals.
A vacina experimental do Bharat Biotech está prestes a ser aplicada em testes
pré-clínicos com animais. O National Institutes of Health (NIH) dos Estados
Unidos e a farmacêutica francesa Sanofi estão trabalhando no projeto de uma
vacina de DNA.
Outra vacina de DNA está sendo desenvolvida pela Inovio Pharmaceuticals em
parceria com a empresa sul-coreana GeneOne Life Sciences e colaboradores
acadêmicos. A Fase 1 de testes em humanos deve começar ainda em 2016. A
Fase I é o primeiro estágio de um processo de três etapas de testes de novos
medicamentos e envolve o uso de um produto experimental em voluntários
saudáveis. O estudo já testou uma dose experimental que induziu uma reação
robusta e duradoura em ratos. A próxima etapa é testar a vacina em primatas
não-humanos e iniciar a fabricação do produto clínico. Em fevereiro, o Brasil
firmou o primeiro acordo internacional para desenvolvimento de vacina contra
o vírus Zika. A pesquisa será realizada conjuntamente pelo governo brasileiro e
a Universidade do Texas Medical Branch dos Estados Unidos. Será
disponibilizado pelo governo brasileiro US$ 1,9 milhão nos próximos cinco
anos.

Sorologia para detectar anticorpos do vírus Zika
Testes de sorologia para identificação de anticorpo do Zika mesmo após a e
liminação do vírus estão em estudo.
 Produção de mosquitos inférteis via radiação
O Insetário da Fiocruz em Pernambuco está produzindo três mil Aedes aegypti
machos por semana que, após passarem por uma irradiação nuclear que provoca
danos no seu material genético tornando seus espermatozoides inviáveis, serão
liberados no arquipélago de Fernando de Noronha. O objetivo é que, quando
acasalarem com as fêmeas, não reproduzam, reduzindo, assim, a população dos
insetos capazes de transmitir a dengue, a chikungunya e o vírus zika.
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24
A Praia da Conceição, em Fernando de Noronha, já recebeu 27 mil mosquitos
estéreis, desde dezembro de 2015. Novas solturas estão programadas para os
próximos cinco meses. O arquipélago foi escolhido por causa do isolamento
geográfico. Os pesquisadores mapearam os locais e os períodos de maior
infestação durante três anos de estudos. Eles já sabem qual é a quantidade de
mosquitos inférteis que devem ser soltos na natureza pra poder competir com os
mosquitos nativos ou selvagens na hora de acasalar. A meta é produzir dez
machos estéreis para cada macho selvagem, o que pode levar a uma inviabilidade
de cerca de 70% dos ovos que são produzidos por estas fêmeas.
 Introdução de bactéria no Aedes aegypti que impede o desenvolvimento
de larvas
Este estudo propõe o uso de uma bactéria naturalmente encontrada no meio
ambiente, a Wolbachia, que, quando presente no Aedes, é capaz de impedir a
transmissão da doença pelo mosquito, sendo que essa característica é repassada
às larvas.
Esta é a primeira vez em que um país nas Américas recebe o projeto, já realizado
com sucesso na Austrália, Vietnã e Indonésia. No Brasil, está sendo liderado pela
Fiocruz, com a participação do Instituto Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas René
Rachou (Fiocruz/Minas) e o Programa de Computação Científica.
O primeiro local a participar é o bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador, na
cidade do Rio de Janeiro, estudado pela equipe do projeto desde 2012. Cerca de
10 mil mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia serão liberados semanalmente
pelos pesquisadores por cerca de quatro meses.
Inicialmente, os pesquisadores vão avaliar a capacidade dos mosquitos com
Wolbachia de se estabelecerem no meio ambiente e se reproduzirem com os
mosquitos que já existem no local.
Estudos de larga escala previstos para 2016 em outras localidades do Rio de
Janeiro poderão avaliar o efeito dessa estratégia.
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25
 Produção de mosquito transgênico
A Moscamed, biofábrica, criada em 2005 e subsidiada pelo Ministério da
Agricultura e pelo governo do estado da Bahia, especializada na produção de
insetos transgênicos para controle biológico de pragas, produz em larga escala o
macho do Aedes Aegypti geneticamente modificado.
A tecnologia é inovadora e foi criada nacionalmente como opção de controle do
mosquito. Os mosquitos são liberados no ambiente em quantidade duas vezes
maior do que os mosquitos não modificados, atraem as fêmeas para cópula, mas
sua prole não é capaz de atingir a fase adulta, o que deve reduzir a população de
Aedes.
Já há resultado bem-sucedido de projeto piloto em dois bairros de Juazeiro, na
Bahia – Mandacaru e Itaberaba –, ambos com cerca de 3 mil habitantes, e alto
índice de proliferação do mosquito. Com o emprego desta técnica, houve redução
de 95% da população do mosquito em seis meses nestes distritos. A supressão
chegou a níveis satisfatórios que, de acordo com modelos matemáticos, não seria
possível a transmissão epidêmica da dengue.
A partir dos resultados, o governo poderá expandir a estratégia para todo o país e,
dentro de alguns anos, incorporá-la ao SUS como um dos mecanismos de combate
à doença. Os estudos para mensurar o impacto em termos de redução da dengue
levam pelo menos 5 anos, de acordo com o National Institute of Health (órgão
equivalente ao Ministério da Saúde americano). Para que a tecnologia seja
incorporada ao SUS e reproduzida comercialmente por empresas privadas, deve
ter a aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do
Ministério da Saúde, da Anvisa, do Ibama e do Ministério da Agricultura.
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26
O BRASIL JÁ ERRADICOU O AEDES AEGYPTI NOS ANOS 50
No início do Século XX, a identificação do Aedes aegypti como transmissor da febre
amarela urbana impulsionou a execução de rígidas medidas de controle que levaram,
em 1955, à erradicação do mosquito no país. Em 1958, o país foi considerado livre do
vetor pela Organização Pan-americana da Saúde – OPAS/OMS. No entanto, a
erradicação não atingiu a totalidade do continente americano e o vetor permaneceu
em países como Venezuela, áreas do sul dos Estados Unidos, Guianas e Suriname, além
de toda a extensão insular que engloba Caribe e Cuba.
A hipótese mais provável para explicar a reintrodução do mosquito no Brasil na década
de 1960 é a chamada dispersão passiva dos vetores, através de deslocamentos
humanos marítimos ou terrestres – dinâmica facilitada pela grande resistência do ovo
do vetor ao ressecamento.
A FIOCRUZ
O Brasil, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é reconhecido pela sociedade
brasileira e de outros países por sua capacidade de colocar a ciência, tecnologia, a
inovação, a educação e a produção tecnológica de serviços e insumos estratégicos a
serviço da promoção da saúde da população, da redução das desigualdades e
iniquidades sociais, da consolidação e o fortalecimento do SUS, da elaboração e o
aperfeiçoamento de políticas públicas de saúde.
A Fiocruz é a instituição pública e estratégica de saúde mais destacada da América do
Sul. Fundada em 1900 pelo médico Oswaldo Cruz, é responsável por inúmeros avanços
de saúde pública no Brasil. O SUS foi desenvolvido a partir de projetos da Fiocruz.
Atualmente, a Fiocruz é responsável por 80% da produção mundial da vacina contra a
febre amarela. Foi a primeira instituição a empregar a vacina da doença no Brasil por
meio de uma parceria com a Fundação Rockefeller, em 1937.
Em 1987, foi a primeira instituição na América Latina a isolar o vírus HIV e, em 2011,
desenvolveu o teste que confirma o diagnóstico do vírus em apenas 20 minutos.
Vinculada ao Ministério da Saúde, possui 26 programas de pós-graduação stricto sensu
e executa mais de 1700 projetos de pesquisa e inovação.
A Fundação está instalada em 11 estados brasileiros (com unidades e escritórios) e
conta com um escritório em Moçambique, na África. Dentre os institutos está o
laboratório de Bio-Manguinhos, que é o maior centro produtor de vacinas, kits e
reagentes para diagnóstico de doenças infecto-parasitárias da América Latina.
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27
Em sua atuação no exterior, a Fiocruz possui parcerias formalizadas com instituições
de 20 países e com 6 organizações internacionais. No campo do ensino, atua por meio
do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris), recebendo alunos e professores
de outros países e oferecendo cursos internacionais, mediante convênios com
instituições locais. Atualmente, são realizados mestrados em Moçambique e na
Argentina.
Alinhada à política de cooperação internacional do governo federal e cumprindo sua
tradição, a Fiocruz mantém parcerias com universidades e centros de pesquisa da
África (especialmente com países de língua portuguesa – Palops), da América Latina e,
também, da Europa e dos Estados Unidos. Da mesma forma, a Fundação recebe, no
Brasil, alunos de diversos países para formação e aprimoramento acadêmico e
profissional.
Em 2006, a Fundação recebeu o Prêmio Mundial de Excelência em Saúde Pública,
concedido pela Federação Mundial de Associações de Saúde Pública e, em 2014, foi
designada Centro Colaborador para a Saúde Mundial e Cooperação Sul-Sul pela
Organização Mundial de Saúde.
PARCERIAS INTERNACIONAIS
O Brasil tem protagonizado uma mobilização internacional para o enfrentamento ao
vírus Zika e a microcefalia, travando importantes parcerias com diversos países e
organismos internacionais para a investigação e o investimento financeiro em novas
tecnologias que colaborem na busca de soluções e melhoria da assistência.
Em fevereiro, a OMS declarou situação de emergência internacional de saúde pública e
lançou um plano estratégico global no valor de US$ 56 milhões para combater a
epidemia do vírus Zika. O projeto, denominado Quadro de Resposta Estratégica e
Plano de Operações Conjuntas, deve servir para orientar a resposta internacional à
propagação da infecção e de casos de malformação congênita e síndromes
neurológicas possivelmente associados ao Zika.
Dos US$ 56 milhões definidos pela organização, US$ 25 milhões serão destinados à
Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), enquanto US$ 31 milhões financiarão o
trabalho de parceiros.
O Banco Mundial também disponibilizou recursos para combate ao vírus Zika: US$ 150
milhões em financiamento imediato para ajudar os países afetados da América Latina
e Caribe. O Banco afirmou também que está pronto a aumentar o seu apoio se
necessário, uma vez que o montante inicial é baseado em demandas atuais dos países
afetados e avaliações de equipes de especialistas enviadas para estes locais.
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 Estados Unidos
A disposição do governo brasileiro com as autoridades internacionais foi reiterada em
janeiro, quando a presidenta Dilma Rousseff telefonou para o presidente americano,
Barack Obama, para discutir maneiras de aprofundar a colaboração no
desenvolvimento de uma vacina e no combate ao vírus Zika.
Representantes da agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos
Estados Unidos (CDC) estão no Brasil desde janeiro desenvolvendo pesquisas em
parceria com técnicos do Ministério da Saúde brasileiros. O CDC é a referência para a
Organização Mundial de Saúde (OMS) em doenças transmissíveis.
Uma das parcerias com o CDC se trata de um trabalho de campo que investiga a
síndrome de Guillain-Barré e sua relação com o vírus Zika, em Salvador (BA). Do total
do material coletado na pesquisa de campo, um terço ficará no Brasil e a outra parte
seguirá para os Estados Unidos.
O CDC também está colaborando com a área laboratorial de estudos da Fiocruz de
Pernambuco sobre a relação do vírus Zika e microcefalia.
Além disso, o CDC também firmou parceria em fevereiro com o governo da Paraíba
para estudo de caso controle de microcefalia relacionada ao vírus Zika no Brasil. A
pesquisa contará com a participação de 17 técnicos do CDC, nove do Ministério da
Saúde brasileiro, além de técnicos do governo da Paraíba. O objetivo da pesquisa é
estimar a proporção de recém-nascidos com microcefalia associada ao Zika, além do
risco da infecção pelo vírus.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai pedir ao Congresso americano
mais de US$ 1,8 bilhão para um fundo de emergência de combate ao vírus da zika. Os
recursos seriam direcionados para apoio a estratégias essenciais para combater o vírus
no país e no exterior. Seriam divididos entre o Departamento de Saúde, a Agência de
Desenvolvimento Internacional e o Departamento de Estado para apoiar programas de
controle do mosquito transmissor do vírus, além de pesquisas para uma vacina e
serviços de saúde para mulheres grávidas de baixa renda, disse a Casa Branca em um
comunicado. Parte do dinheiro seria enviada para países afetados pelo zika para
melhorar o combate ao mosquito e o controle da transmissão.
 União Europeia
A União Europeia abriu uma linha de crédito no valor de 10 milhões de euros para
pesquisas sobre Zika e outras doenças tropicais. Todas as instituições do mundo
poderão participar do edital que deve ser lançado no dia 15 de março. A expectativa é
que o edital possibilite a criação de consórcios internacionais, juntando as melhores
instituições especializadas nessas áreas.
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 Mercosul
Em fevereiro, foi realizado em Montevidéu, Uruguai, sede do Mercosul, encontro de
emergência entre 12 ministros latino-americanos para tratar do combate unificado ao
vírus Zika. O Brasil reafirmou à Opas que está à disposição para passar informações aos
países e receber e treinar profissionais estrangeiros interessados. O País já recebeu
profissionais do Peru para treinamento e testagem do vírus.
EPIDEMIAS GLOBAIS
Desde o início deste século, a OMS tem verificado um número historicamente sem
precedentes de surtos de doenças. Durante os primeiros três meses de 2015, a OMS
detectou e investigou 75 surtos, dos quais 62 foram verificados como sendo de
preocupação internacional.
A incidência de dengue cresceu significativamente em todo o mundo nas últimas
décadas. O número real de casos de dengue é difícil de estimar porque nem todos os
países notificam seus casos de forma adequada. Uma estimativa recente indica 390
milhões de infecções por dengue por ano. Outro estudo, da prevalência da dengue,
estima que 3,9 bilhões de pessoas, em 128 países, estão em risco de infecção pelo
vírus da dengue.
Antes de 1970, apenas nove países tinham experimentado epidemias graves de
dengue. A doença é agora endêmica em mais de 100 países na África, Américas,
Mediterrâneo Oriental, Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental. As regiões da
América, Sudeste da Ásia e do Pacífico Ocidental são as mais gravemente afetadas.
O aumento de epidemias globais é atribuído à maior facilidade de mobilidade de
pessoas e mercadorias, aliada à globalização da economia, que promoveu grande
circulação de pessoas e produtos pelo mundo. Além disso, a maior proliferação de
mosquitos transmissores é comumente associada ao aquecimento global.
Adiciona-se ainda uma maior capacidade de notificação e troca de informações em
nível mundial, promovido pela tecnologia de comunicação disponível, o que leva a um
maior conhecimento sobre o surto de doenças, tanto por parte dos profissionais de
saúde quanto da população em geral.
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MITOS E VERDADES
1. Associação entre o uso do larvicida pyriproxifen e a microcefalia
Não existe nenhum estudo epidemiológico que comprove a associação do
uso de pyriproxifen e a microcefalia. O governo brasileiro somente utiliza
larvicidas recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os
produtos passam por um rigoroso processo de avaliação da World Health
Organization Pesticed Evaluation Scheme (WHOPES).
O pyriproxifen está entre os produtos aprovados por esse comitê e também
possui certificação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
que avalia a segurança do larvicida no Brasil.
Ao contrário da relação entre o vírus Zika e a microcefalia, que já teve sua
confirmação atestada em exames que apontaram a presença do vírus em
amostras de sangue, tecidos e no líquido amniótico, a associação entre o
uso de pyriproxifen e a microcefalia não possui nenhum embasamento
cientifico.
O Ministério da Saúde brasileiro somente recomenda a utilização de
larvicidas em situações especiais, onde há necessidade de armazenamento
de água e os depósitos não podem ser protegidos fisicamente.
2. Associação entre vacinas e microcefalia
Não há nenhuma evidência científica que comprove a associação entre a
vacinação contra a rubéola e contra o sarampo (dupla viral e tríplice viral) e
os casos de microcefalia. Primeiro porque tais vacinas não são aplicadas
durante a gestação. O Ministério da Saúde brasileiro não recomenda a
vacinação de gestantes com qualquer vacina que contenha vírus vivo
atenuado, como é o caso das vacinas dupla e tríplice viral. A pasta
recomenda – como medida adicional de segurança – que a mulher não
engravide até um mês após a vacinação, apesar de estudos mostrarem que
as vacinas são seguras, mesmo se aplicadas durante a gravidez, não
causando danos ao feto. Este procedimento visa a evitar dúvidas no
diagnóstico, caso o feto apresente algum problema durante a gestação.
Além disso, todas as crianças com suspeita de microcefalia no país
passaram por testes para as principais causas de malformação, que são
rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus. Para todas essas doenças, o
resultado foi negativo.
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Com relação a vacina dTpa, esse imunobiológico é recomendado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) como a estratégia com melhor custobenefício para a prevenção da mortalidade infantil por coqueluche. A
vacina disponibilizada pelo Ministério da Saúde às gestantes é a absorvida
de difteria, tétano e coqueluche-dTpa (pertussis acelular), utilizada apenas
no final da gestação, a partir da 27ª semana.
As vacinas DTP ou DTPw (células inteiras) são indicadas apenas para
crianças de 15 meses a menores de 7 anos e são contraindicadas para
pessoas acima dessa idade.
3. Crianças e idosos infectados apresentam sequelas neurológicas graves
O vírus da Zika e outros, como varicela, herpes vírus, enterovírus e dengue,
podem causar danos neurológicos – encefalites, cerebelites e neurites
(inflamações no sistema nervoso) – em pessoas de qualquer idade. Mas não
há registro de aumento destes casos em crianças nem em idosos.
4. É possível afirmar que a presença do vírus zika na saliva pode infectar
outras pessoas?
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão vinculado ao Ministério da
Saúde, constatou a presença do vírus Zika ativo (com potencial de provocar
a infecção) em amostras de saliva e de urina de pacientes. Mas isso não é
suficiente para afirmar que é possível transmitir o vírus pela saliva. Serão
necessários outros estudos para analisar se há capacidade de infectar as
pessoas. Neste momento, a recomendação é de cautela e de prevenção,
com orientações conhecidas para outras doenças, como evitar
compartilhar objetos de uso pessoal (escovas de dente e copos, por
exemplo) e lavar as mãos. Os maiores cuidados devem ser tomados pelas
grávidas, que já devem se proteger contra o mosquito Aedes aegypti.
Fonte: Ministério da Saúde
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