Relatório Oficina URBISAmazônia Modelo EGC Amazônia – 11.03.2013 OLHAR Edson Domingues Abertura da apresentação com a primeira versão do modelo, expondo a intenção de trabalhar com os municípios do estado do Pará, em 22 microrregiões e 33 setores, procurando compreender os fluxos inter-regionais (principais destinos da produção por microrregião, dados estimados que não existem em bases do IBGE). Isso oferece um quadro detalhado e estimado de fluxos, entradas e saídas e dependências entre economias estaduais, permitindo enxergar o tamanho relativo entre economia doméstica e os setores exportadores, que vendem para fora do lugar de referência. Esses números são estimados e consistentes em relação ao País, o que é uma grande vantagem do método. Revela-se que, recentemente, partiu-se para uma nova agregação da base de dados, a partir de 30 mesorregiões, com 27 setores e 27 produtos, em uma abordagem top-down. O problema apresentado pelo modelo, considerado pelo próprio Edson, é que ele só decompõe o resultado da mesorregião, em uma decomposição baseada na estrutura do município e dos setores dele. Isso significa que o modelo permite uma decomposição até o nível do município, partindo das informações agregadas para as mesorregiões. No entanto, o método decompõe do alto (meso) ao baixo nível (municipal), mas não o contrário. Assim, choques no município não podem ser re-escalados para cima. Apresenta-se ainda o módulo do uso da terra, mostrando a transição do uso da terra em quatro categorias: lavoura, pasto, floresta plantada e terra não utilizada. Essas matrizes vão controlar o efeito de mudança de um uso para outro e a parametrização será trabalhada a partir de agora. Com esse tipo de modelo é possível colocar um cenário qualquer, alimentá-lo com informações e o modelo entregará um cenário de uso da terra. Considera-se, contudo, que é preciso ainda refinar o modelo. O que vai alimentar esse modelo será, por exemplo, os principais investimentos públicos e privados que vão dar o cenário, mas por enquanto estão alimentando ainda apenas com variáveis macroeconômicas. Nesse estágio atual, o modelo oferece um cenário a partir de 2006-2020, com resultados preliminares. Expõe-se que serão necessários um cenário local e hipóteses de investimentos na região para entrar na análise, bem como cenário de crescimento da população e migração, entre outros dados. Desse conjunto de fatores, o modelo poderá gerar uma trajetória de crescimento das regiões e setores, alimentando o modelo CENTRALINA, com suas centralidades e hierarquias, para ver como esse cenário mudará. Em síntese, no ponto em que se está agora, é preciso definir a calibragem desse modelo, buscar dados mais interessantes e alimentá-lo com hipóteses de investimentos públicos e privados na região. Desse modo, será possível trabalhar com cenários de investimentos mais ou menos prováveis e chegar a respostas mais factíveis. CONTRA-OLHAR Roberto do Carmo Na linha da conversa feita pela manhã, considera-se que o modelo apresentado traz um nível ainda mais macro e, talvez, ofereça elementos mais complexos. Um exemplo: Como ficaria a expansão da soja nessa discussão? Num determinado momento, percebiase que o plantio da soja ganhava força em Mato Grosso e chegava a Santarém. Em 2005, a moratória da soja fez com que a produção se estagnasse. Assim, até que ponto, é possível fazer essa relação proposta pelo modelo sem considerar outros fatores? O mercado internacional oferece uma grande pressão, mas os movimentos sociais, por exemplo, não podem ser desconsiderados. Como incorporar isso a um modelo analítico? Outro ponto importante a ser discutido, segundo o debatedor, está na questão do desmatamento, já que grande parte da transição do uso da terra se dá a partir de terra que já foi desmatada, tanto que os índices de desmatamento revelam queda. Como isso pode ser inserido no modelo? Como é a dinâmica temporal do modelo, tanto em relação ao futuro quanto ao passado. O que vai calibrar o modelo passa, parece-nos, por uma dimensão temporal. Além desse aspecto temporal, conforme a exposição, é preciso considerar ainda a dimensão espacial: quais são os elementos para se definir essa espacialização dentro dos modelos, qual o parâmetro para ter essa referencia espacial? E isso é fundamental para dialogar com os outros olhares, já que muitos trabalham limitados pelos setores censitários. CONTRA-OLHAR Miguel Reconhece-se, mais uma vez, que o mais importante do modelo é possibilitar a criação da base de cidades, a definição de um cenário base que, a partir de todos os elementos de economia, vai nos fazer enxergar a realidade a partir da escala macro. A fim de refinar isso, um exemplo do que pode ser agregado a esse conjunto de dados é a carteira de investimento público-privado regional, aprimorando os resultados. Aqui há um ponto de interface – o que seria o diferencial do trabalho – e algum dos integrantes deveria estar mais próximo do grupo do Edson para isso1. O outro aspecto, e possivelmente o mais importante, de acordo com o debatedor, é a transição de uso e cobertura da terra. A matriz de transição de uso apresentada foi feita a partir do Censo Agropecuário de 1996-2006, estabelecendo quatro categorias, a partir de dados declarados. Qual a compatibilidade disso com os dados de cobertura e uso medidos e apresentados pelo TerraClass (20082010)? A partir dessa exposiçãoo, debate-se sobre a possibilidade do emprego de matrizes de transição do uso do solo a partir dos dados do INPE, reconhecendo que há problemas de ajuste entre as bases, mas ganhos nesse exercício para ver se temos informações compatíveis. É colocada ainda a possibilidade de abrir um pouco a categoria “não utilizada”, o que Edson considera que talvez não seja útil para o modelo. Debate-se também sobre a possibilidade de uso da classificação das trajetórias propostas por Chiquito e os problemas de agregação de áreas a partir dessa classificação para a construção da matriz de transição em uso. SÍNTESE DA DISCUSSAO Miguel Chega-se à conclusão que duas atividades podem contribuir para refinar o modelo. A primeira delas é que Edson e equipe devem informar, de modo mais detalhado possível, o que já foi usado na carteira regional, o que foi agregado em cada classe, uma definição dessas classes e quais os dados do IBGE foram utilizados para a formação de cada uma delas. Após, Ana Cláudia Cardoso acrescentará e/ou demandará outros dados, conforme a realidade local. Outra atividade é discutir a transição de uso da terra, buscando um mapa de índice de atividade econômica que alimentará o trabalho do Rodrigo e equipe. Discute-se a possibilidade de sobrepor uma matriz de transição do TerraClass, ainda que em uma dinâmica de dois anos (2008-2010), às classes do IBGE, a fim de verificar compatibilidade. Harley ficará encarregado ainda de fazer a discussão a partir das classes trabalhadas por Chiquito, verificando a viabilidade de elas poderem se articular ao modelo ou mesmo substituir as classes utilizadas. 1 Ana Claudia Cardoso considera a possibilidade de verificar isso na Fiepa. A Fiepa faz esses estudos, ainda que não seja por município, e está no site da Vale. A partir desse trabalho, pretende-se chegar à expressão espacial de algumas dessas cidades e descobrir as pequenas redes que vão se formando, trabalho que será feito por outra parte da equipe, respeitando as escalas de cada tipo de trabalho. Caso seja possível voltar essas informações para rodar novamente os modelos, será um ganho muito importante na pesquisa.