Xico Sá fala sobre futebol e literatura Escritor fará palestra na programação da Feira do Livro de São Luís; já Fernando Morais, comentará bioagrafia e invasão de privacidade. P. 5 Alternativo Xico Sá é um dos nomes mais conhecidos da literatura brasileira atualmente [email protected] O ESTADO DO MARANHAO · São Luís, 2 de outubro de 2013 - quarta-feira Atenienses e a formação da literatura brasileira O escritor e pesquisador Ricardo Leão profere palestra hoje na Feira do Livro de São Luís e lança livro no qual reconstrói a formação da identidade literária brasileira; vencedora do Prêmio Ensaio e Crítica da ABL, a obra sai pelo selo do Instituto Geia Paulo Soares O escritor Ricardo Leão apresentará o livro Os Atenienses e a invenção do cânone nacional depois de proferir palestra na sétima edição da Feira do Livro de São Luís Reprodução O livro Os Atenienses e a invenção do cânone nacional, do professor, pesquisador, poeta e escritor Ricardo Leão, será lançado hoje, às 18h, na Aliança Francesa, após palestra a ser proferida na programação da 7ª Feira do Livro de São Luís (FeliS). A obra sai pelo selo do Instituto Geia e foi vencedora do Prêmio Ensaio e Crítica Literária da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2012. Na ocasião, Ricardo Leão apresentará o livro Ensaios (In) Conjuntos, obra que divide com outros pesquisadores literários, e outros livros de poesia. Os Atenienses... é fruto de um trabalho de pesquisa realizado pelo professor Ricardo Leão durante décadas e traz ao leitor a possibilidade de um entendimento sobre a formação da identidade literária brasileira. A obra analisa a formação da cultura letrada maranhense nas primeiras décadas do século XIX, sob a perspectiva dos homens de letras originários do Maranhão. São eles Antonio Henriques Leal, Odorico Mendes, Sotero dos Reis, João Francisco Lisboa, Gomes de Souza e Gonçalves Dias. O livro é baseado em fontes primárias e secundárias e ainda em bibliografia especializada, sendo resultado da tese de doutorado defendida pelo autor no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade de Campinas. Ricardo Leão reconstrói o contexto provincial da época, bem como aborda aspectos como economia e a vida cultural na província maranhense. “São Luís era uma cidade de conquista, depois se torna uma cidade comercial e por último uma cidade letrada, com forte influência lusitana. O fantástico é perceber isso em um espaço muito curto de tempo”, diz Ricardo Leão. Ele retrata também as condições materiais da produção intelectual a exemplo da indústria tipográfica e editorial da época, os jornais, livrarias, bibliotecas, etc. “Os efeitos da Companhia do Comércio repercutiu na sociedade maranhense na qual se criou uma atmosfera letrada não somente em São Luís, mas também Caxias – que tinha uma economia tão desenvolvida quanto São Luís – e Alcântara, que era a sede da aristocracia”. Serviço • O quê Lançamento do livro Os Atenienses e a invenção do cânone nacional, de Ricardo Leão • Quando Hoje, às 18h • Onde Aliança Francesa (Praia Grande) perspectiva, os avatares de nossa confusa e dispersa República das Letras”, escreve o pesquisador que foi o orientador de Leão no doutorado. Capa do livro de Ricardo Leão, que será lançado hoje na FeliS As intervenções da elite portuguesa tal qual a criação do Gabinete Português de Leitura, a construção do Teatro União (depois batizado de Teatro da Cidade e, por fim, Arthur Azevedo). “As elites, que gastavam muito dinheiro jogando, percebeu que era importante atrair companhias de teatro, edificaram o Teatro União e incentivaram o hábito da leitura na cidade com o Gabinete Português de Leitura, que tinha milhares de títulos entre romances vindos de Portugal e depois títulos maranhenses. Ainda não satisfeitos, criaram uma biblioteca pública”, ressalta Leão. Mito – Sobre o mito de Atenas Brasileira, Ricardo Leão diz que discorda de alguns teóricos sobre a edificação de um mito. “Discordo quando se diz que tudo era mito e que nossos intelectuais não eram nada. Isso é um exagero. A Atenas Brasileira é uma narrativa mítica sim e como todo mito de fundação ele foi criado para dignificar o pas- sado de uma elite que percebia que sua decadência se aproximava”, diz Ricardo Leão. Para ele, a tradição maranhense é inventada a partir de um dado real. “Realmente os intelectuais e personagens canônicos existiram e suas produções fizeram com que fossem reconhecidos por todo o Brasil, além de ter contribuído com a formação da literatura brasileira”, atesta Ricardo Leão. Para o professor do departamento de teoria literária do Instituto de Estudos de Linguagem da Unicamp, Francisco Foot Hardman, Ricardo Leão exprime, no livro “uma tenaz capacidade de análise em diálogo crítico permanente com as interpretações preexistentes em torno da formação do cânone literário nacional. Nesse sentido, o pesquisador não se esquiva, em momento algum, de inquirir outros âmbitos elucidativos do passado, seja a história econômica e política maranhense e do Brasil Colônia, sejam as contradições regionais do período imperial, sejam, enfim, em Trajetória – Ricardo Leão, nome literário de Ricardo André Ferreira Martins, é licenciado em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA, 1997), mestre em Letras (Unesp, 2000) e doutor em Teoria e História Literária (Unicamp, 2009). Desenvolve seu Pós-doutorado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/CNPq). Atualmente, é professor adjunto da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Campus de Irati, Paraná. Simetria do parto (2000, poesia), Tradição e ruptura: a lírica moderna de Nauro Machado (2002, ensaio), Primeira lição de física (2009, poesia), Os dentes alvos de Radamés (2009, ficção) e Os atenienses: a invenção do cânone nacional (2012) são livros de sua autoria. A comissão julgadora que premiou a obra com o Prêmio de Ensaio e Crítica Literária, da Academia Brasileira de Letras, foi composta por grandes nomes da crítica literária brasileira, como Alfredo Bosi, Eduardo Portella e Antonio Carlos Secchin. Em São Luís, Ricardo Leão integrou alguns movimentos culturais de cunho literário como os grupos Poeme-se, Curare e Carranca. Leia mais em A5 e A8