BUMBA-MEU-BOI DO MARANHÃO: CORPO

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BUMBA-MEU-BOI DO MARANHÃO: CORPO, DISCURSO E TRAVESTISMO NA
CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM CATIRINA
Fernando Augusto do NASCIMENTO (UFMA)
[email protected]
Orientadora: Ilza Galvão CUTRIM (UFMA)
[email protected]
O presente trabalho visa problematizar os discursos por traz da tradicional
representação da personagem Mãe Catirina, do auto do Bumba-meu-boi do Maranhão,
por homens. A pesquisa é fruto do projeto de Iniciação Científica “Corpo e gênero: a
construção discursiva da identidade homossexual no teatro de São Luís”, desenvolvida no
interior do Grupo de Pesquisa em Linguagem e Discurso do Maranhão -GPELD, cujo
objetivo principal é verificar o lugar discursivo que o corpo ocupa nesta manifestação popular
do Maranhão, de que forma o mesmo é posto em cena e quais são os discursos que se filiam à
noção de travestismo e travestilidade neste auto. O bumba-meu-boi do Maranhão, manifestação
popular tradicionalmente representada nas festas juninas do estado, tem suas origens mais
primitivas em diversas culturas milenares. Na festa maranhense, a matança se estrutura na
história, em que a personagem de Pai Francisco, escravo fugido e marido de Mãe Catirina, sai à
procura de emprego, encontrando trabalho na fazenda do Amo. Nessa fazenda, tem um boi, o
novilho mais belo e querido por seu dono. A personagem de Catirina está grávida e deseja
comer língua de boi, especificamente a língua do boi mais querido da fazenda, e pede ao seu
marido Francisco, também conhecido como negro Chico, para satisfazer seu desejo, justificando
que, caso ela não coma a língua do boi, seu filho nascerá com o mesmo rosto do animal. Em
todas as apresentações, Catirina é interpretada por ator e não uma atriz. Percebe-se que ao longo
da história do teatro o homem sempre interpretou personagens femininas, desde sua origem
mais primitiva na Grécia Antiga até a atualidade. No mito de Dioniso, por exemplo, Deus do
teatro, nos concursos das grandes dionisíacas, onde os dramaturgos gregos encenaram suas
tragédias, passando por períodos como Idade Média, Renascimento até chegar à
contemporaneidade. No Bumba-meu-boi do Maranhão, a personagem de Catirina também é
tradicionalmente interpretada por homens. De ssa forma, afim de compreender como se
desenvolve o travestismo no auto, discute-se conceitos de corpo, gênero, discurso,
travestismo e travestilidade a partir dos pressupostos teóricos de (GAIARSA, 1986),
(FOUCAULT, 1988), (BORRALHO, 2012) e (COELHO, 2009). Por fim, concluímos
problematizando os discursos inerentes na construção desta personagem e sua representação por
homens.
Palavras-chave: Discurso; Travestismo; Bumba-meu-boi; Catirina.
São Carlos, Setembro de 2015
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