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DOENÇAS GRAVES PIORAM QUADRO DE PESSOAS QUE CONTRAEM A NOVA GRIPE
A Vigilância Sanitária de São Paulo procura pessoas que tiveram contato com a menina de 11 anos
que morreu em consequência da nova gripe.
Giuliana Girardi. Jornal Hoje. São Paulo .
Médicos ouvidos pelo Jornal Hoje associam as complicações aos pacientes com doenças graves,
mas lembram que a maioria se cura rapidamente. No Brasil são três pessoas em estado grave. Em
Minas Gerais, um homem de 27 anos, está internado desde o dia 29 de junho. Em São Paulo, são
dois casos graves. Os médicos dizem que não há motivo para pânico. Na maioria dos casos a nova
gripe se manifesta de maneira fraca e o paciente se cura sem maiores problemas. Mas para quem já
tem algum tipo de doença como diabetes, câncer, problemas de coração ou já teve outras
complicações a doença deve ser acompanhada com mais atenção. "A maior parte das complicações
e das mortes relacionadas à gripe são complicações pulmonares, deficiência respiratória,
pneumonia", explica o médico Marco Aurélio Sáfadi. Em Osasco, na Grande São Paulo, o tio da
menina que morreu com a gripe não entende como toda a família ficou doente. "Não viajamos, não
fomos para nenhum lugar", conta Jurandir Vieira. A família inteira foi infectada pelo vírus da
gripe A. O pai, a mãe, o filho de sete anos, e a filha de 11, que morreu. A menina foi ao hospital pela
primeira vez no dia 28 de junho com dor abdominal, vômito e febre. No dia seguinte, voltou com
febre de 39ºC, tosse, dores no corpo e vômito. Foi medicada e liberada. Dia 30 foi internada em um
hospital particular com infecção generalizada. Morreu seis horas depois. Para a Secretaria Estadual
da Saúde não houve erro de diagnóstico e a garota, que teve hantavirose quando era menor, pode
ter morrido porque estava com o sistema imunológico deficiente. "Nós ainda não sabemos onde essa
criança se contaminou. Estamos investigando", afirmou o Secretário Estadual de Saúde de São
Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata. Os países com mais casos de gripe suína são Estados
Unidos, México e Canadá. Na América do Sul, Chile, Argentina e Brasil são os países com mais
doentes. Quatro estados já tem mais de 100 casos da doença. São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro e Minas Gerais. "Algumas situações mexem com a gravidade da doença. Doentes
pulmonares crônicos, o doente com alguma doença imuno-depressiva, o cardíaco, o diabético e o
obeso. Esses precisam ser mais cuidadosos. A pessoa deve procurar o médico com mais rapidez. E
lógico deve estar atento, mais do que habitual, por conta do potencial de gravidade maior na sua
frente", explica o médico infectologista David Uip. O infectologista Davi Uip lembra que em todo o
mundo o número de mortes provocadas pela nova gripe não chega a 0,5%, semelhante à gripe
comum.
A pandemia da Influenza AH1N1 progride e os países são obrigados pela realidade
a adequarem seus serviços de saúde à cambiante situação da doença.
Há um consenso internacional que o número de casos dessa Influenza já é
incomensurável. Procedem-se desde já investigações epidemiológicas para estimar,
através de inquéritos sorológicos, qual realmente é o tamanho da população
atingida. Tais estudos têm caráter acadêmico e servirão para se conhecer melhor a
dinâmica do vírus e seus mecanismos de propagação. Igualmente se atenta para a
emergência de novas cepas virais decorrentes de mutações. Descobriu-se, como
esperado, que já há cepas virais da Influenza AH1N1 resistentes aos medicamentos
disponíveis.
Além disso, já se tem uma idéia razoável da periculosidade desse vírus e,
felizmente, trata-se de uma infecção com baixíssima letalidade, ao menos não
diferente das Influenzas sazonais correntes.
Mas, há um efeito colateral inesperado que não é oriundo das intrincadas relações
biológicas do vírus e suas vítimas. Trata-se do efeito decorrente da irresistível
voluntariosidade das autoridades governamentais em quererem obter dividendos
políticos positivos fazendo crer à população que, para o bem do povo, controla a
biologia. Por causa desta compulsão pelo apoio popular pôde-se observar desde o
início da epidemia alguns comportamentos bizarros das autoridades
governamentais em todo mundo.
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O México, local original dos primeiros casos, teve a decretação de feriado nacional
e praticamente toque de recolher para impedir a propagação do vírus. Coisa inédita
na epidemiologia mundial foi a diminuição dos casos naquele país após o decreto
presidencial de recesso nacional enquanto no resto do mundo a gripe grassava.
No Egito, logo no início da pandemia, foi anunciado que todos os porcos seriam
sacrificados, medida levada a cabo não sem violentos protestos dos criadores,
principalmente na cidade do Cairo. Foi uma medida inútil para conter a epidemia e
com graves repercussões econômicas e políticas.
Em Hong Kong trezentas pessoas foram retidas em um hotel local, muitas delas
mexicanas, devido ao aparecimento de um caso de Influenza AH1N1. O governo
mexicano fretou um avião para resgatar os 71 nacionais e acusou as autoridades
chinesas de terem sido abusivamente discricionárias. No Japão estudantes
americanos foram postos em quarentena.
A Argentina suspendeu no final de abril os vôos oriundos do México, medida
acompanhada por Cuba e solicitada à comunidade européia pela França.
Viu-se por toda parte a adoção de medidas inteiramente inúteis para conter a
propagação do vírus: máscaras faciais, capotes e óculos protetores, máquinas de
detecção de temperatura corporal nos aeroportos, isolamento de passageiros e
pessoas etc. No país onde ocorreu o maior número de casos até o momento, os
E.E.U.U. houve também a adoção de medidas semelhantes embora sem o
estardalhaço visto mundo afora, principalmente o fechamento de escolas públicas.
Logo a seguir houve o recuo das autoridades federais daquele país quanto à
eficácia dessa medida mas, por razões políticas, deixou-se a cargo das autoridades
locais a decisão quanto a este procedimento.
No Brasil perpetrou-se uma operação em nível nacional envolvendo vários órgãos
públicos com a finalidade de conter a epidemia, objetivo este explicitado através das
inúmeras entrevistas de diferentes autoridades sanitárias do país.
Nestas entrevistas sempre foram enfatizadas três assertivas:
- Não há motivo para intranquilidade;
- Todos os esforços estão sendo feitos para conter a epidemia;
- Há inteira condição financeira, material e disponibilidade de serviços para proteger
o público.
Temerárias tais afirmações uma vez que se desconhecia o perigo a ser enfrentado
e a dimensão que poderia assomar-se.
Os fatos foram benevolentes de modo que a pandemia instalou-se, mas a
periculosidade do vírus se demonstrou baixa.
O vírus se comportou como esperado e recrudesceu no hemisfério sul com chegada
do inverno fazendo com que os dois países mais meridionais do planeta, Argentina
e Chile observassem um rápido aumento dos casos. Na sequência, as regiões sul e
sudeste do Brasil, ainda que em menor monta, viram ocorrer o mesmo fenômeno.
Ainda assim o governo brasileiro continua apontando para os nossos irmãos
sulistas como a fonte dos novos casos no Brasil e mantém a recomendação de se
restringir o trânsito entre as fronteiras insistindo na tese da origem alienígena da
epidemia. Há mesmo um plano anunciado de se usar o exército para conter o vírus.
Enfim, não é de espantar que os parentes da menina morta em Osasco estejam
perplexos, ademais da tragédia vivida, pois como declararam: "Não viajamos, não
fomos para nenhum lugar".
Eles foram enganados quando acreditaram na parolagem oficial.
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