Religião, política e a construção do Cristo Redentor Contexto da construçã construção ção O Cristo Redentor, localizado na cidade do Rio de Janeiro, foi inaugurado em 1931, apesar de ter sido planejado para inaugurar em 1922, data comemorativa dos 100 anos da independência do Brasil. Na inauguração do monumento, junto com Getúlio Vargas, estavam presentes membros importantes da Igreja Católica. Mas o que está por traz dessa construção? O que ela representava? Lembremos que durante o Império (1822-1889) o Estado estava unido à Igreja Católica, que era, nesse contexto, a religião oficial do país. Em 1890 ocorreu a separação dessas duas instituições, tornando o governo brasileiro laico, ou seja, sem vinculação a nenhum tipo de religião. Quem apoiaria, agora, a Igreja Católica? Foram difíceis os momentos após essa separação. A Igreja precisou buscar recursos financeiros de outras formas. Apesar da separação definitiva, a Igreja católica, a partir da década de1920, começa a se aproximar do Estado, não como antes, mas através de estratégias de conciliação com a política nacional. Ela a passa a defender o regime republicano e os vários dirigentes políticos, desde que estes não se voltassem contra ao catolicismo. Por outro lado, os políticos ganhavam o apoio da Igreja e, consequentemente, da população católica, que era maioria no contexto nacional. A motivação central na construção do Cristo proveio das iniciativas do Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme. Quando as propostas de construção foram lançadas, os bispos e os jornais eclesiásticos católicos do Brasil passaram a apoiar a causa. A construção do Cristo numa região alta e central no Rio de Janeiro não foi inocente, mas objetivava mostrar a vinculação entre catolicismo e patriotismo, além de apresentar para o mundo o Brasil como uma nação católica. Veja a seguir uma reportagem de um jornal católico na década de 1920, falando sobre o projeto de construção do Cristo Redentor: “Circular sobre o monumento a Cristo Redentor Considerando o justo entusiasmo que reina em todo o Brasil para a ereção de um grandioso monumento a Jesus Cristo, N. Redentor, na Capital Federal, no alto do Corcovado, que perpetue a nossa gratidão pela proteção divina em nossos distintos e ateste perenemente a nossa fé, e considerando que todas as Dioceses do Brasil já assentaram medidas práticas para a realização desse voto nacional, primando entre todas a Arquidiocese do Rio de Janeiro, tendo seu Arcebispo Coadjutor à frente, com uma coleta de mais de 700 contos, o Exmo. Snr. Arcebispo Metropolitano determina que se faça em todas as Paroquias e Curatos no dia da Imaculada conceição e no Domingo seguinte, 8 e 9 de Dezembro próximo, a coleta geral da contribuição dos fiéis desta Arquidiocese para tão nobre fim. [...] S. Exa Rvma. espera que todos os seus queridos Cooperadores se empenhem vivamente nesta missão e ninguém deixe de contribuir com seu óbolo, por pequeno que seja, para este empreendimento eminentemente PATRIÓTICO E RELIGIOSO, que ficará perpetuamente atestando a nossa gratidão pelos benefícios recebidos de Deus e a fé invicta dos Brasileiros em Jesus Cristo, Nosso Criador e nosso Redentor. Mariana, 25 de Outubro de 1923. Monsenhor José Silvério Horta, Pró-Vigário Geral” Fonte: Jornal Boletim Eclesiástico, 1923. Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana. Armário 2, prateleira 4.