UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE E AGROECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS LUDILÉIA VANUCIA BONFANTE DESENVOLVIMENTO DE MUDAS INOCULADAS COM FUNGO MICORRÍZICO ARBUSCULAR COMBINADO COM DOSES DE FÓSFORO E PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez. Dissertação de Mestrado ALTA FLORESTA - MT 2014 LUDILÉIA VANUCIA BONFANTE Dissertação de mestrado Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos – PPGBioAgro 2014 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE E AGROECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS LUDILÉIA VANUCIA BONFANTE DESENVOLVIMENTO DE MUDAS INOCULADAS COM FUNGO MICORRÍZICO ARBUSCULAR COMBINADO COM DOSES DE FÓSFORO E PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez. Dissertação apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos, para a obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos. Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Filgueiras Braga ALTA FLORESTA - MT 2014 AUTORIZO A DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO, CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. Catalogação na publicação Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias ______BONFANTE, Ludiléia Vanucia Desenvolvimento de mudas inoculadas com fungo micorrízico arbuscular combinado com doses de fósforo e propagação vegetativa de Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez./ Ludiléia Vanucia Bonfante - Alta Floresta-MT, 2014. 86 f.: il. Dissertação (Mestrado em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos. Área de concentração: Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos) – Universidade do Estado de Mato Grosso, Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias. Orientação: Dra. Lúcia Filgueiras Braga. 1.Itaúba. 2.Micorriza 3.Fósforo 4.Auxinas 5.Estaquia 6.Espécie florestal. I.Título CDD____________ DESENVOLVIMENTO DE MUDAS INOCULADAS COM FUNGO MICORRÍZICO ARBUSCULAR COMBINADO COM DOSES DE FÓSFORO E PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez. LUDILÉIA VANUCIA BONFANTE Dissertação apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos, para a obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos. Aprovada em:___/___/___ ___________________________________________________ Dra. Lúcia Filgueiras Braga Orientadora – UNEMAT / PPGBioAgro ___________________________________________________ Dr. Rubens Marques Rondon Neto UNEMAT / Alta Floresta-MT ___________________________________________________ Dra. Daniela Tiago da Silva Campos UFMT / Cuiabá-MT AGRADECIMENTOS À minha família, verdadeiros amigos. À Lucia Filgueiras Braga, pela orientação, incentivo e disponibilidade, meus respeitosos agradecimentos. Ao viveiro municipal de mudas nativas de Alta Floresta-MT. À Embrapa Agrobiologia pelo fornecimento de inóculos de FMAs. À Carolina Michels Ruedell e Manoel Euzébio de Souza, pela contribuição na banca do exame de qualificação. À Universidade do Estado de Mato Grosso. A CAPES pela concessão da bolsa de Pós Graduação ao nível de mestrado. ii “O elogio que vem daquele que merece o elogio está acima de todas as recompensas.” John Ronald Reuel Tolkien iii SUMÁRIO LISTA DE TABELAS .............................................................................. v LISTA DE FIGURAS .............................................................................. vi RESUMO................................................................................................ ix ABSTRACT ............................................................................................ x 1. INTRODUÇÃO ............................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................... 4 2.1 Caracterização da espécie Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez. .......................................................................................... 4 2.2 Crescimento e desenvolvimento de mudas: papel dos Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) e fósforo .................................... 5 2.3 Propagação vegetativa de espécies arbóreas por estaquia .......... 9 3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................. 11 3.1 Crescimento e desenvolvimento de mudas com Fungo Micorrízico Arbuscular (FMA) e adubação fosfatada ..................... 11 3.2 Propagação vegetativa por Estaquia ............................................. 17 4. 19 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................... 4.1 Crescimento e desenvolvimento de mudas com Fungo Micorrízico Arbuscular (FMA) e adubação fosfatada ....................................... 19 4.2 Propagação vegetativa por estaquia.............................................. 54 5. CONCLUSÕES .............................................................................. 60 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 61 iv LISTA DE TABELAS TABELAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. Página Características químicas e físicas da amostra de terra e do substrado utilizado para a produção de mudas de M. itaúba ............... Valores médios de diâmetro do coleto (mm) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza.. ....................................... Valores médios da altura (cm) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza ................................................................ Valores médios para a relação entre altura de parte aérea e diâmetro do coleto de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza .............................................................................................. Valores médios do comprimento de raiz (cm) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza ......................................... Número médio de folhas de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza ................................................................ Valores médios da área foliar (cm2) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza ............................................... Valores médios da massa seca da parte aérea (g) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza ............................... Valores médios da massa seca da raiz (g) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza ......................................... Valores médios da relação entre massa seca da parte aérea e massa seca da raiz (MSA/MSR) (g) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza ............................................... Valores médios da massa seca das folhas (g) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza ............................... Valores médios de massa seca total (g) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza ............................................... Valores médios da eficiência micorrízica em plantas de M. itauba em diferentes épocas de avaliação em função de doses de fósforo ......... Valores médios de sobrevivência, número de gemas formadas (NGF), comprimento das gemas (CG), presença (p) ou ausência (a) de folhas expandidas nas gemas formadas em dois tipos de estacas de M. itauba (com ou sem folhas) ........................................................ v 12 20 22 26 27 28 30 32 35 37 39 40 53 55 LISTA DE FIGURAS FIGURAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Página Diâmetro do coleto (mm) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m -3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). ...................................................... Altura (cm) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ....................................................................... Relação entre altura de parte aérea e diâmetro do coleto de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) . Comprimento de raiz (cm) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ....................................................... Número de folhas de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ....................................................... Área foliar (cm2) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ....................................................................... Massa seca da parte aérea (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5)..................................... Massa seca da raiz (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de vi 20 22 25 27 28 29 32 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ....................................................... Relação entre massa seca da parte aérea (g) e massa seca da raiz (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ....................................................................... Massa seca das folhas (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ...................................................... Massa seca total (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ....................................................... Teores de N, P, Ca, Mg, S, B e Mn na biomassa foliar de plantas de M. itauba aos 120 dias em função de doses de fósforo e micorriza .... Área foliar especifica (dm2 g-1) de plantas de M. itauba, em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5)..................................... Razão de Área Foliar (dm2 g-1) de plantas de M. itauba, em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5)..................................... Taxa Assimilatória Líquida (g dm2 dia-1) de plantas de M. itauba, em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ............................ Taxa de Crescimento Relativo (g g-1 dia-1) de plantas de M. itauba, em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5) ............................ vii 34 36 38 40 44 48 50 51 52 17. Fotomicrografia de raízes de M. itauba aos 120 dias após o estabelecimento das mudas, colonizadas por G. clarum. (A) Detalhe de arbúsculos; (B) Vesículas; (C) Esporos e arbúsculos; (D) Hifa. (A, B e C) Aumento de 40x no microscópio óptico; (D) Aumento de 10x no microscópio óptico. (A, B e D) Tratamento CMP0 (com micorriza sem aplicação de P); (C) Tratamento CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5). ......................................................... 18. Aspecto das brotações formadas em estacas de M. itauba - lenhosas sem folhas, após 60 dias dos tratamentos: A) AIB 500 mg L -1, B) AIB 1000 mg L-1, C) AIB 4000 mg L-1, D) AIA 500 mg L-1, E) AIA 4000 mg L-1, F) ANA 2000 mg L-1 ....................................................................... 19. Aspecto das estacas de M. itauba - lenhosas com um par de folhas reduzidas pela metade, após 60 dias dos tratamentos: A) AIB 500 mg L-1, B e C) AIB 1000 mg L-1, D) AIB 4000 mg L-1, E e F) AIA 500 mg L-1, G a I) AIA 1000 mg L-1,. J) AIA 2000 mg L-1,.K) AIA 3000 mg L-1,.L e M) AIA 4000 mg L-1,. N) AIA 5000 mg L-1,.O) ANA 2000 mg L1 ,.P) ANA 3000 mg L-1, Q) ANA 4000 mg L-1, R) Testemunha ............. viii 54 57 58 RESUMO BONFANTE, Ludiléia Vanucia. M.Sc. Universidade do Estado de Mato Grosso, Março de 2014. Desenvolvimento de mudas inoculadas com fungo micorrízico arbuscular combinado com doses de fósforo e propagação vegetativa de Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez. Orientadora: Lúcia Filgueiras Braga. Mezilaurus itauba é intensivamente explorada na região norte do Brasil, porém, as pesquisas sobre as características e comportamento da espécie que permitam a exploração sustentável e seu cultivo são insipientes. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de fungo micorrízico arbuscular e doses de fósforo no crescimento e desenvolvimento de Mezilaurus itauba e o seu potencial de macropropagação por estaquia. Os ensaios foram realizados no município de Alta Floresta – MT. Os tratamentos constituíram-se da inoculação com o fungo micorrízico Glomus clarum e doses de 0, 765 e 1.530 g m-3 de P2O5. Para a estaquia utilizaram-se estacas com e sem folhas e as auxinas AIB, ANA e AIA nas concentrações de 0, 500, 1000, 2000, 3000, 4000 e 5000 mg L-1. A inoculação com Glomus clarum proporcionou aumento na altura das plantas, número de folhas, área foliar, massa seca aérea, massa seca de raiz, massa seca total, área foliar específica, razão área foliar, taxa assimilatória líquida e taxa de crescimento relativo de plantas de M. itauba quando associada à dose de 765 g m-3 de P2O5. A aplicação de 765 g m-3 de P2O5 e o fungo micorrízico G. clarum é indicada para o desenvolvimento inicial das plantas de M. itauba, pois aumenta o teor de N, P, S, Ca e B nas folhas. A estaquia de plantas de M. itauba não foi favorecida pela aplicação de auxinas, devendo ser investigados os fatores que podem interferir na condução desta técnica para a espécie. Palavras-chave: itaúba, micorriza, fósforo, auxinas, estaquia, espécie florestal. ix ABSTRACT BONFANTE, Ludiléia Vanucia. M.Sc. Universidade do Estado do Mato Grosso, March of 2014. Development of seedlings inoculated with mycorrhizal fungi combined with doses of phosphorus and vegetative propagation of Mezilaurus itauba (Meissner) Taubet ex Mez. Leader: Lúcia Filgueiras Braga. Mezilaurus itauba is intensively exploited in the northern region of Brazil, however, the research on the characteristics and behavior of the species which allow the sustainable exploitation and its cultivation are undergoing. This work aimed to evaluate the effect of arbuscular mycorrhizal fungi and phosphorus levels in the growth and development of Mezilarus itauba and its potential for macropropagation by cuttings. The trials were carried out in the municipality of Alta Floresta - MT. The treatments consisted of inoculation with the arbuscular mycorrhizal fungi Glomus clarum and doses of 0, 765 and 1,530 g m-3 of P205. For the cuttings used cuttings with and without leaves and auxins IBA, NAA and IAA in concentrations of 0, 500, 1000, 2000, 3000, 4000, 5000 mg L -1. The inoculation with Glomus clarum provided an increase in plant height, number of leaves, leaf area, dry mass air, root dry weight, total dry weight, leaf area, specific reason leaf area, rate pressures exerted by liquid and relative growth rate of plants M. itauba wood measuring when associated with the dose of 765 g m-3 of P205. The application of 765 g m-3 of P205 and arbuscular mycorrhizal G. clarum is indicated for the initial development of plants M. itauba wood measuring, because it increases the content of N, P, S, Ca and B in leaves. The cuttings of plants M. itauba wood measuring was not favored by application of auxins, and should be investigated factors that may interfere with the conduct of this technique for the species. Keywords: itaúba, mycorrhiza, phosphorus, auxins, cuttings, forest species. x 1. INTRODUÇÃO A Amazônia possui larga extensão de floresta tropical, e suas espécies - fontes de matéria prima - lhe conferem potencial ambiental e econômico, já explorado, geralmente, sem os cuidados necessários à sua conservação e sustentabilidade (SILVEIRA et al., 2007). Dentre essas espécies que possuem diversos usos e alto potencial econômico está Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez (SANTANA et al., 2008; IMAZON, 2010), pertencente à família Lauraceae (MARQUES, 2001). A espécie vem sendo explorada nas regiões Norte do Brasil de maneira extrativista (RIBEIRO, 2010), por isso a necessidade de informações que viabilizem o plantio de mudas, como as exigências nutricionais - especialmente quanto ao fósforo, elemento limitante para o desenvolvimento das plantas em solos ácidos e de baixa fertilidade, que caracterizam a região da Amazônia (CHU et al., 2004) - condições ideais para a produção, além de métodos alternativos de propagação. Nesse sentido, os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) podem constituir uma boa alternativa para o incremento na produção de mudas, reduzindo a necessidade de aplicação de insumos, prática comum em viveiros, maximizando o nutriente disponível às plantas, com ganhos econômicos e ecológicos, como a abreviação da época de transplante das mudas para o campo, aumento da sobrevivência das mudas após transplante, maior capacidade das plantas em absorver nutrientes do solo, especialmente fósforo, controle biológico no solo, proteção das plantas contra doenças e maior resistência à seca (MIRANDA e MIRANDA, 2001; OLIVEIRA et al., 2009; CARDOSO et al., 2010). Não há informações se M. itauba é potencialmente capaz de se associar a fungos micorrízicos arbusculares, porém, como relatado por Berbara et al. (2006) a associação entre raízes e fungos micorrízicos, ocorre na maioria das espécies vegetais superiores. Cavalcante et al. (2009) destacam que entre os vários tipos de micorrizas, a arbuscular é a mais disseminada nos trópicos. Berbara et al. (2006) afirmam ainda que 80% das famílias de plantas são 1 constituídas por espécies que se associam com micorrizas arbusculares (MA), portanto, é possível que M. itauba realize esse tipo de associação. Quanto aos estudos com métodos de propagação, Dias et al. (2012) mencionam que quase a totalidade de estudos com espécies florestais nativas estão relacionadas com a propagação sexuada, e que isso tem limitado a produção comercial das mudas. Por motivos como ausência de informações silviculturais, custos mais baixos e falta de domínio sobre as técnicas de propagação assexuada, a propagação sexuada é mais adotada, porém algumas desvantagens a acompanham, como restrição de épocas de colheita das sementes, seu armazenamento e heterogeneidade dos plantios de origem seminal. Para Ferrari et al. (2004) a importância da propagação assexuada pode ser atestada pelo fato da maioria das florestas de eucalipto plantadas no Brasil terem origem por propagação vegetativa. Os autores citam como vantagens dessa técnica a grande facilidade e maior rapidez em programas de melhoramento genético, essenciais para o aumento da produtividade florestal. Estudos nesse sentido são escassos para espécies nativas da Amazônia, e para M. itauba são inexistentes. As estacas estão entre os propágulos mais utilizados na propagação vegetativa, e podem ser caulinares, foliares ou radiculares, sendo que especialmente para espécies florestais a estaca caulinar é mais adequada pelo potencial de regeneração das gemas pré-formadas (XAVIER et al., 2003). De acordo com Andrade e Martins (2003), o enraizamento de estacas é um método de propagação assexuada que mantém as características básicas da planta-mãe e incrementa o número de plantas rapidamente. No entanto, para algumas espécies o enraizamento só ocorre com a aplicação de reguladores vegetais (ONO et al., 1994) e entre eles o grupo das auxinas é o que promove os melhores resultados para formação de raízes adventícias (NICOLOSO et al., 1999). O presente estudo objetivou avaliar o crescimento e desenvolvimento inicial da espécie arbórea Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez., em substrato com adição de fungo micorrízico arbuscular e diferentes dosagens de fósforo, visando determinar o comportamento em 2 viveiro e avaliar a viabilidade da propagação da espécie por estaquia com diferentes tipos e concentrações de auxina. 3 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Caracterização da espécie Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez. A família Lauraceae possui cerca de 2.500 espécies divididas em 50 gêneros distribuídos nas regiões tropicais e subtropicais do planeta (SOUZA e LORENZI, 2012) sendo que no Brasil ocorrem 23 gêneros e 418 espécies (QUINET et al., 2010). Mezilaurus é um gênero neotropical com 18 espécies que ocorrem desde a Costa Rica até o sudeste do Brasil (WERFF, 1987). No Brasil são apontadas 15 espécies distribuídas na sua maioria na região amazônica (QUINET et al., 2010). M. itauba ocorre comumente no Rio Tapajós, dispersando-se até as Guianas e o Estado de Mato Grosso. É encontrada sempre em solos pobres, silicosos ou argilos silicosos (GARCIA et al., 2012). Alcântara et al. (2012) salientam que Mezilaurus é um gênero raro e pouco conhecido na ciência. Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez., apresenta altura entre 20 e 40 m (LORENZI, 2002), folhas agrupadas no topo dos ramos, cartáceas ou coriáceas, glabras na maturidade, elípticas ou obovadas. Inflorescência axilar, subterminal. Flores pubescentes. Frutos elipsoides com cúpula (WERFF, 1987), flores globosas ou elipsoides, tépalas menores que o receptáculo, cerca de 1/3 a 1/5 do comprimento da flor, estames livres, ovário glabro e frutos glabros no ápice (ALVES, 2011). De acordo com Amaral et al. (2009) o tipo de dispersão é zoocórica e o tipo de sucessão é secundária tardia, desenvolvendo-se em Floresta de Terra-firme, Igapó e Várzea. Severiano et al. (2011) encontraram um padrão de distribuição do tipo agregado para M. itauba em uma floresta do Amapá. A madeira de M. itauba é muito pesada e dura, com densidade de 1,14 g cm-3, apresentando alta resistência mecânica e baixa retratibilidade, elevada resistência natural ao apodrecimento e ao ataque de insetos, por isso sua madeira vem sendo largamente usada em construções externas e internas e dentre outros usos como em carrocerias e cabos para ferramentas e em situações em que há necessidade de ter parte da madeira enterrada no solo (como no caso de postes e moirões de cerca) (RIBEIRO, 2010; GARCIA et al., 4 2012). A madeira de M. itauba é frequentemente citada como a de mais alto valor de venda no Brasil, sendo muito valorizada no mercado de exportação, como madeira serrada e beneficiada, ficando atrás somente do mogno (SANTANA et al., 2008; IMAZON, 2010), por esse motivo é amplamente explorada em Planos de Manejo Florestal e em Planos de Exploração Florestal no norte do Estado de Mato Grosso, por seu alto valor econômico agregado (MIRANDA et al., 2013), porém essa exploração é realizada de forma extrativista, o que ameaça o futuro da espécie (RIBEIRO, 2010). A importância ecológica da espécie está no consumo de seus frutos por pássaros e fácil regeneração em áreas abertas por rebrotas ou através de propágulos disseminados por pássaros (LORENZI, 2002). Suas mudas apresentam bom crescimento e altas taxas de sobrevivência no campo, sendo recomendada para composição de agroflorestas (RAYOL et al., 2013). 2.2 Crescimento e desenvolvimento de mudas: papel dos fungos micorrízicos arbusculares e fósforo O setor florestal é muito dependente da produção de mudas de essências florestais nativas, porém, devido à carência de informações sobre o crescimento e desenvolvimento das mesmas há atraso no ciclo produtivo. Dessa forma torna-se interessante buscar alternativas para produção de mudas de alta qualidade com baixo impacto ambiental (ANDREAZZA, 2006). O P tem grande importância para as plantas, sendo indispensável no seu metabolismo, atuando na transferência de energia das células, na respiração e na fotossíntese, além de ser um componente estrutural dos ácidos nucléicos de genes e cromossomos, muitas coenzimas, fosfoproteínas e fosfolipídeos (MALAVOLTA, 1980; MATOS et al., 1999; GRANT et al., 2001). Grant et al. (2001) informam ainda que especialmente no início do ciclo vegetativo, restrições desse nutriente podem comprometer o desenvolvimento de forma que a planta não se recupere posteriormente mesmo quando submetidas a níveis adequados de P. O P é considerado um elemento essencial por participar dos compostos e reações vitais para as plantas e na sua ausência a planta não completar seu ciclo de vida (MALAVOLTA et al., 1997), e em quantidades 5 suficientes estimula o crescimento radicular das plantas, promove a boa formação e aumenta a produtividade, porém encontra-se em baixa disponibilidade nos solos tropicais e subtropicais (RAIJ, 1991), sendo o segundo elemento mais limitante à produtividade nesses solos (GATIBONI, 2003), onde é altamente fixado pela presença de minerais compostos de Fe e Al (MATOS et al., 1999). A região Amazônica é caracterizada por solos ácidos de baixa fertilidade (CHU et al., 2004), merecendo destaque a realização de pesquisas que visem avaliar o comportamento das espécies vegetais nativas sob diferentes condições de disponbilidade de P. Para Novais et al. (1990) na fase de produção de mudas a grande maioria das espécies florestais necessita de maior disponibilidade de P, pois a demanda por esse nutriente é maior nessa fase. Nesse sentido, alternativas biológicas, como a utilização de fungos micorrízicos podem ter sucesso na minimização dos custos com fertilizantes na fase de viveiro, maximizando o nutriente disponível às plantas, proporcionando ganhos econômicos e ecológicos. Os fungos micorrízicos arbusculares pertencem ao Filo Glomeromycota, classe Glomeromycetes (SOUZA et al., 2008) e estabelecem uma simbiose mutualista com as plantas, na qual colonizam o sistema radicular, proporcionando melhor absorção de nutrientes do solo, principalmente fósforo, e recebendo, em troca, fotossintatos produzidos pela planta (SMITH et al., 2003), melhorando sua resposta aos fertilizantes e corretivos, e beneficiando seu crescimento e produção (MIRANDA e MIRANDA, 2002). Os fungos micorrízicos arbusculares estão ligados à diversidade e produtividade das comunidades vegetais, pois a planta supre o fungo com energia para crescimento e reprodução via fotossintatos, e o fungo provê a planta e o solo com uma gama de serviços, como melhora na absorção de nutrientes, aumento de resistência em plantas e maior formação e estabilidade de agregados no solo (HARRIS et al., 1966; BERBARA et al., 2006). Os organismos da classe Glomeromycetes são biotróficos obrigatórios, característica de simbioses muito evoluídas. Seu micélio é asseptado e isso permite uma rápida 6 movimentação citoplasmática favorecendo a translocação de nutrientes provenientes de regiões além da zona de depleção do sistema radicular (SOUZA et al., 2008). A infecção pelos FMAs envolve a penetração da hifa do fungo nas células do córtex da raiz, onde se formam pequenas estruturas ramificadas semelhantes a uma minúscula árvore (arbúsculos) onde ocorrem as trocas entre fungos e plantas (GENRE e BONFANTE, 2002; SOUZA et al., 2006), essas estruturas são efêmeras e duram de 4 a 5 dias (LAMBAIS, 1996). Cavalcante et al. (2009) destacam que entre os vários tipos de micorrizas, a arbuscular é a mais disseminada nos trópicos e Berbara et al. (2006) relatam que cerca de 80% das famílias de plantas são constituídas por espécies que se associam com micorrizas arbusculares (MA). Javot et al. (2007) afirmam que as associações micorrízicas são muito difundidas nos ecossistemas terrestres, como salientou Rosado (1996) de que as micorrizas ocorrem na maioria das plantas vasculares, variando o nível de colonização conforme o genótipo da planta. Os FMAs promovem crescimento diferenciado entre as espécies nativas, com forte interação com os níveis de P no solo (SIQUEIRA e SAGGIN JÚNIOR, 2001). A eficiência simbiótica dos fungos micorrízicos arbusculares, de acordo com Koide (1991) resulta da complexa relação entre a exigência da planta por P e a capacidade do fungo em dispor desse nutriente à planta. Cardoso et al. (2010) citam a nutrição fosfatada como um dos maiores benefícios advindos da associação micorrízica, porém esses benefícios são variáveis e dependem dos níveis de fósforo, da espécie de fungo micorrízico e da espécie de planta utilizada. Além disso, os autores ainda relatam que as associações podem ser inibidas quando há fertilidade elevada, sendo essas associações inversamente proporcionais aos níveis de fósforo no solo, enquanto isso, em solos pobres, adições de fósforo podem favorecer o efeito dos fungos sobre o crescimento de plantas. Rheinheimer et al. (1997) compartilham essa ideia quando afirmam que a adição de P nas mudas pode reduzir a colonização por micorrizas e a quantidade de P requerida para essa inibição depende da exigência da planta (MOREIRA e SIQUEIRA, 2002). Para Souza et al. (2006), quando supridas com P e outros elementos essenciais, as plantas crescem normalmente, mesmo sem micorrizas, porém quando não há 7 disponibilidade suficiente de nutrientes as plantas não micorrizadas não crescem ou crescem muito pouco. Os FMA promovem o crescimento das plantas diretamente pela absorção de nutrientes pelo fungo e indiretamente por outros mecanismos como o auxílio na fixação biológica de N, a mineralização e/ou solubilização de nutrientes da rizosfera, modificações na translocação, na partição e eficiência de uso de nutrientes absorvidos pelas raízes ou micorrizas (MATOS et al., 1999). Outros ganhos como a abreviação da época de transplante das mudas para o campo, aumento da sobrevivência das mudas após o transplante, maior capacidade das plantas em absorver nutrientes do solo, controle biológico no solo, proteção das plantas contra doenças e maior resistência à seca também podem ser atribuídos à micorrização de plantas (MIRANDA e MIRANDA, 2001; CARNEIRO et al., 2004). Os ganhos de maior absorção de nutrientes são provenientes do efeito benéfico da formação de micélio externamente à raiz o que aumenta a superfície de raiz e consequentemente aumenta também a retirada de elementos minerais pouco móveis, como é o caso do fósforo (OLIVEIRA et al., 2009). Em ambientes estressantes, as associações micorrízicas beneficiam as plantas (SIQUEIRA e SAGGIN JÚNIOR, 1995), desse modo constituem-se uma alternativa promissora para melhorar a qualidade das mudas de M. itauba já que após a produção de mudas o sucesso depende ainda de seu estabelecimento e sobrevivência no campo. De acordo com Mello et al. (2008), geralmente em solos com baixa fertilidade há baixa disponibilidade de fósforo e também baixo potencial de inóculos de microorganismos como FMAs. Na Amazônia muitas espécies apresentam naturalmente colonização radicular por fungos micorrízicos (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2005). O conhecimento insuficiente sobre as exigências nutricionais e relações ecológicas de espécies nativas da Amazônia, como sua capacidade de formar simbioses com fungos micorrízicos contrasta com a crescente demanda atual por tecnologias para recomposição florística, especialmente em 8 matas nativas que foram desflorestadas ou em áreas abandonadas (LACERDA et al., 2011), sendo necessários estudos que visem fornecer tais informações. 2.3 Propagação vegetativa de espécies arbóreas por estaquia Inoue e Putton (2007) sustentam que espécies que atualmente estão escassas, foram e são a preferência do mercado madeireiro, e que estudos sobre a conservação dessas espécies são necessários e urgentes. Os autores apontam a propagação vegetativa como alternativa, em curto prazo, para garantir a conservação dessas espécies. M. itauba se encaixa nesse perfil, pois devido sua grande exploração encontra-se agora em declínio populacional na Amazônia. A propagação vegetativa gera indivíduos idênticos à planta mãe através da multiplicação assexuada de partes vegetativas (FERRARI et al., 2004). Há várias técnicas de propagação assexuada, como enxertia, alporquia, mergulhia e estaquia, e a mais utilizada comercialmente é a estaquia, que consiste no enraizamento de partes da planta (CHAPMAN, 1989; FERRARI et al., 2004), por meio da regeneração de meristemas radiculares (MALAVASI, 1994). O interesse pela estaquia em espécies nativas surgiu frente ao sucesso obtido com a técnica para mudas de Eucalyptus sp. (DIAS, 2011). Para Colares et al. (2013) a aplicação da técnica de estaquia é pouco conhecida para espécies florestais tropicais, e como corroboram Dias et al. (2012) grande parte dos estudos sobre espécies florestais nativas do Brasil estão relacionados à propagação sexuada, mas a propagação assexuada traria grandes benefícios ao setor florestal brasileiro. Betanin e Nienow (2010) citam como vantagens da estaquia a garantia de genótipos superiores, produção de mudas em menor tempo e redução de tempo até a fase reprodutiva das plantas, e como desvantagens citam a dificuldade de indução de raízes adventícias. Nesse sentido os autores afirmam que várias substâncias estão envolvidas na formação de raízes adventícias em estacas, e que as auxinas são as de maior efeito no enraizamento. Conforme Fochesato et al. (2006) o aumento da concentração de auxinas nas plantas estimula a indução de enraizamento, mas a resposta da 9 planta à auxina depende da natureza do tecido e da concentração dessa substância. O enraizamento das estacas sofre influência dentre outros fatores da presença ou ausência de folhas (BEZERRA e LEDERMAN, 1995). Araújo et al. (1999) explicam que as folhas são fontes de carboidratos, aminoácidos, auxinas, entre outras substâncias, que contribuem para a formação de raízes. Tais substâncias se acumulam na zona de regeneração das raízes, o que pode auxiliar na sobrevivência das estacas. De acordo com Pio et al. (2003), a importância dos carboidratos para emissão e formação de raízes em estacas vem sendo bastante estudada. As condições ambientais também podem influenciar o enraizamento de estacas, sendo a alta umidade e temperaturas entre 25 e 30ºC essenciais para o sucesso da técnica (WENDLING et al., 2005). De acordo com Dias et al. (2012) a propagação vegetativa de espécies florestais por estaquia tem sido limitada, entre outras coisas pela escasses de estudos que enfatizem quais os fatores relevantes para o enraizamento das diferentes espécies, tais como aplicação de reguladores vegetais e tipo de estaca a ser utilizada. 10 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Crescimento e desenvolvimento de mudas com Fungo Micorrízico Arbuscular (FMA) e adubação fosfatada O trabalho foi conduzido no Viveiro de Mudas da Prefeitura Municipal de Alta Floresta - MT localizado na Avenida Teles Pires, S/N, entre o período de setembro de 2013 a janeiro de 2014. Utilizou-se um Argissolo Vermelho Amarelo (EMBRAPA, 2006) classificado como argiloso pelo diagrama triangular de classificação textural de Lemos e Santos (1984). Para a coleta da terra da camada arável do solo, descartaram-se os 20 cm iniciais da camada superior, sendo então utilizada a terra abaixo dessa, chamada de terra de barranco. As características químicas e físicas da terra peneirada encontram-se na Tabela 1. Foram usados 0,35 m-3 dessa terra, misturada a 0,1 m-3 de areia, e 0,05 m-3 de vermiculita, originando um substrato de terra + areia + vermiculita na proporção 7:2:1, respectivamente, totalizando 0,5 m-3 de substrato. Esse substrato foi esterilizado em autoclave a 120ºC por 90 minutos, sendo posteriormente acondicionado em sacos plásticos, os quais foram lacrados e armazenados no Laboratório de Ecofisiologia e Propagação de Plantas da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, campus de Alta Floresta. O substrato foi homogeneizado com auxílio de enxada sobre lona plástica, para evitar o contato com o chão, sendo adicionado calcário dolomítico com PRNT 85%. A necessidade de calagem foi calculada com base na elevação da saturação por bases, conforme a equação de Raij (1991) adaptada por Silva e Stein (2008): CaCO3, Kg m-3 = (T(V2-V1))/20xPRNT, para elevar a saturação por bases (V%) a 60%. Após sete dias da incorporação do calcário misturou-se ao substrato 150 g m-3 de ureia (45% de N) e 100 g m-3 de cloreto de potássio (60% de K2O) como fonte, respectivamente de nitrogênio e potássio, conforme indicação de Silva e Stein (2008). Análises químicas e físicas do substrato foram realizadas após tais procedimentos (Tabela 1). As dosagens de P (superfosfato simples, contendo 18% de P 2O5) utilizadas foram 0; 4.200 (765 g m-3 de P2O5) e 8.400 g m-3 (1.530 g m-3 de P2O5) de substrato. Análises químicas e físicas do solo com as duas doses encontram-se na Tabela 1. 11 TABELA 1. Características químicas e físicas da amostra de terra e do substrato utilizado para a produção de mudas de M. itauba. Tratamentos pH P K S Ca Mg Al V H+Al T SB Argila Silte Areia MO (g de P2O5 -3 -3 -3 -1 -3 m terra) 0* 0 ** 765 ** 1.530 ** CaCl2 4,0 6,5 6,7 6,8 --------mg dm -------- ------cmolc dm ------ (%) -3 22,0 g dm 6,70 26 9,8 0,86 0,41 0,94 16,6 -1 2,1 g Kg 7,80 4,03 - 3,40 2,73 0,25 99,7 5,6 g Kg-1 22,98 3,52 - 3,48 1,99 0,27 100 4,3 g Kg-1 29,16 3,52 - 2,02 4,26 0,11 100 * Terra de barranco não esterelizada; ** Substrato esterelizado; K e P: Menlich; Ca, Mg e Al: KCL 1N 12 ------cmolc dm ------ 6,75 0,02 0,02 0 8,1 6,2 5,5 6,3 1,30 6,14 5,48 6,29 ------------g Kg ------------ 619 255 255 222 74 50 26 33 307 695 728 745 Sementes de Mezilaurus itauba (Meissner) Taubert ex Mez. foram coletadas de várias árvores no município de Alta Floresta – MT, em maio de 2013, tratadas com o fungicida Derosal Plus® à base de Metil benzimidazol-2ylcarbamato (150 g L-1) e Dissulfeto de tetrametithiuram (350 g L-1) em solução na proporção de 1 mL de produto comercial para cada litro de água. As sementes foram imersas na solução por 12 horas e semeadas em seguida em canteiro contendo terra de subsolo e palha de café curtida na proporção de 7:3, respectivamente. As mudas foram transplantadas 90 dias após a semeadura do canteiro para sacos de polietileno (0,10 x 0,25 m), contendo aproximadamente 0,9 kg de substrato já esterilizado e inoculado com fungo micorrízico arbuscular (FMA) da espécie Glomus clarum Nicolson & Schenck. O FMA foi multiplicado em cultura-estoque em raízes de Brachiaria decumbens Stapf., cultivadas em vasos. O material (substrato de cultivo) contendo os esporos do fungo micorrízico arbuscular (FMA) foi adicionado no terço superior do substrato, coberto pelo mesmo, acondicionado nos sacos de polietileno e irrigados, posteriormente, duas vezes ao dia durante quatro dias antes do transplante das mudas. A dose de inóculo aplicada aos tratamentos que receberam os fungos foi de 1 g contendo aproximadamente 110 esporos de FMA do referido cultivo. Os tratamentos utilizados foram identificados pelas letras SM (sem fungo micorrízico arbuscular) ou CM (com fungo micorrízico arbuscular) para micorrizas, e P, para fósforo, sendo: SMP0: sem micorrizas e 0 g m-3 de P2O5 (controle); SMP1: sem micorrizas e 765 g m-3 de P2O5; SMP2: sem micorrizas e 1.530 g m-3 de P2O5; CMP0: 1 g de FMA 0,9 Kg de substrato e 0 g m-3 de P2O5; CMP1: 1 g de FMA 0,9 Kg de substrato e 765 g m-3 de P2O5; CMP2: 1 g de FMA 0,9 Kg de substrato e 1.530 g m-3 de P2O5. As plantas foram mantidas em viveiro coberto com sombrite 50% de sombreamento, dispostas em canteiros forrados a 15 cm do chão com peças lineares de policloroetano de forma que as mudas não ficassem em contato com o chão. As peças foram desinfestadas previamente com hipoclorito de sódio 5%. As mudas foram irrigadas duas vezes ao dia (às 06:00 e 18:00 horas), por aspersão, durante 15 minutos, em intervalo de 12 horas. 13 As avaliações foram realizadas aos 30, 60, 90 e 120 dias após o estabelecimento das plântulas (15 dias após o transplante). Determinou-se a altura das plantas (cm), o comprimento da raiz (cm), diâmetro do coleto (mm), número de folhas e a área foliar das plantas (cm2); que em seguida foram separadas em caule, raiz e lâminas foliares, e acondicionadas em sacos de papel, colocadas em estufa com circulação forçada de ar à temperatura de 65oC ± 5oC até atingir massa seca constante. Após a secagem completa, o material foi pesado em balança analítica de até 0,001 g para determinação da massa seca. Para avaliação do crescimento procedeu-se a estimativa das seguintes variáveis: Diâmetro de coleto: medido com auxílio de um paquímetro digital, rente ao solo. O diâmetro representa a média dos diâmetros das plantas por repetição. Altura de planta: definido como a distância em centímetros, medido com auxílio de régua, do colo da planta até a gema apical. A altura representa a média dos comprimentos das plantas por repetição. Relação entre altura de parte aérea (cm) e diâmetro do coleto (mm): calculada através da fórmula: APA ÷ DC Em que: APA = Altura de parte aérea (cm) e DC = Diâmetro do coleto (mm). Comprimento de raiz: definido como a distância em centímetros, medido com auxílio de régua, do colo da planta até o ápice radicial. O comprimento da raiz representa a média dos comprimentos das raízes das plantas por repetição. Número de folhas: representa a média do total de folhas de cada planta. Área foliar: determinada com um medidor de área foliar, modelo LI-300, expressa em cm2. A área foliar média foi definida como o resultado da soma das medidas individuais das áreas de todas as lâminas foliares de cada planta por repetição. Massa seca de parte aérea: definida como o peso seco médio, expresso em g, correspondente à soma de caules, pecíolos e lâminas foliares, de cada planta por repetição. Massa seca de raiz: definida como o peso seco médio das raízes, expresso em g por repetição. Relação entre massa seca da parte aérea (g) e massa seca da raiz (g): por 14 meio da fórmula: MSPA ÷ MSR Em que: MSPA = Massa seca de parte aérea (g) e MSR = Massa seca de raiz (g). Para avaliação do desenvolvimento das plantas procedeu-se a estimativa dos seguintes índices fisiológicos, de acordo com Benincasa (2003): Massa seca de folhas (MSF): a massa seca de folhas (g) correspondeu à massa das folhas de cada planta, em cada coleta, sendo definida como a média das massas. Massa seca total (MST): a massa seca total (g) correspondeu à soma das massas de todos os órgãos existentes, em cada coleta, sendo definida como a média das massas. A massa seca das folhas, de cada tratamento aos 120 dias, foi utilizada para determinação dos teores de N, P, K, Ca, Mg, S, Zn, Fe, Cu, Mn e B. Área foliar especifica (AFE): é o componente morfológico e anatômico da RAF porque relaciona a superfície (AF) com a massa seca das folhas (MSF): AFE = AF / MSF Razão de área foliar (RAF): a razão de área foliar (dm2 g-1) expressa a área foliar útil para fotossíntese e é definida como o quociente entre a área foliar (AF), área responsável pela intercepção de energia luminosa e a massa seca total (MST), resultado da fotossíntese: RAF = AF / MST Taxa assimilatória líquida (TAL): a taxa assimilatória liquida (g dm-2 dia-1) expressa a taxa de fotossíntese líquida, em termos de massa seca produzida. É obtida pela equação: TAL = P2 –P1 .Ln A2 – Ln A1 t2– t1 A2 – A1 Em que: P = massa seca; t = tempo em dias; 1 e 2 = amostras sucessivas; Ln = logaritmo neperiano; A = amostra. Taxa de crescimento relativo (TCR): a taxa de crescimento relativo (g g-1 dia-1) de uma planta ou qualquer órgão da planta reflete o aumento da matéria orgânica em um intervalo de tempo, dependente do material préexistente. Essa taxa é calculada pela equação: TCR = Ln P2 – Ln P1 t2 – t1 15 Em que: P = massa seca; t = tempo em dias; 1 e 2 = amostras sucessivas; Ln = logarítimo neperiano. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3x2 (doses de P x presença ou ausência de FMA) perfazendo seis tratamentos, com oito repetições de 4 plantas cada, totalizando 192 plantas para cada período de avaliação. Os resultados foram submetidos à análise de variância (teste F) e à comparação das médias pelo teste Tukey a 5% de probabilidade com ajustes em modelos matemáticos de regressão para cada tratamento, com uso do programa estatístico SISVAR. As variáveis de desenvolvimento foram analisadas pelo programa computacional ANACRES, de acordo com as especificações de Portes e Castro Junior (1991) e os valores ajustados por equação de regressão em função do coeficiente de determinação ajustado utilizando o programa estatístico SISVAR. A eficiência micorrízica (EM) foi estimada com base na produção de biomassa seca da parte aérea, calculada pela fórmula EM = 1 - b/a. Em que: a = biomassa dos tratamentos com inoculação e b = biomassa do tratamento não inoculado, sendo a simbiose benéfica para as plantas quando EM > 0 (HEIDJEN e KUYPER, 2001 apud SOARES et al., 2012). A coloração das raízes para observação de estruturas fúngicas foi realizada segundo a metodologia proposta por Brundrett et al. (1996), utilizando dez segmentos de raiz com 2 cm de comprimento retirados da extremidade inferior da raiz principal e das secundárias de duas plantas por tratamento, lavadas, fixadas em FAA 50 (formaldeído 37-40%, ácido acético glacial e álcool etílico 50% 1:1:18, v/v) durante 24 horas e posteriormente estocadas em álcool etílico 70% até as análises. No momento das análises as raízes foram lavadas abundantemente (cerca de 5 minutos) em água corrente e enxaguadas em água destilada, e então submetidas ao clareamento em KOH (hidróxido de potássio) 10% em banho-maria a 90oC durante aproximadamente 24 horas. Em seguida procedeu-se a lavagem das raízes em água destilada e imersão em HCL (ácido clorídrico) a 1% por 20 minutos em banho-maria a 90oC. Após esse processo as raízes foram escorridas e colocadas 16 imediatamente em solução de Azul de Tripan em glicerol ácido (1:1:1) a 0,05% durante 10 minutos em banho-maria a 70oC. Para a montagem das lâminas utilizou-se dez segmentos de raiz com 1 cm e verificou-se a presença ou ausência de estruturas fúngicas. 3.2 Propagação vegetativa por estaquia Os experimentos de estaquia foram realizados no viveiro de mudas da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, campus de Alta Floresta, durante o período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014, utilizando-se material vegetativo de uma população artificial de M. itauba com 26 anos de idade localizada no município de Alta Floresta - MT, aproximadamente a 2 Km da margem direita da Rodovia MT 208 entre as coordenadas geográficas 9º51’20,06”S; 56º10’11,62”O e 9º51’30,85”S; 56º10’5,91”O. Foram utilizadas estacas lenhosas de M. itauba de até 1 cm de diâmetro, com corte reto no ápice e em bisel na base, com e sem folhas. As estacas sem folhas continham pelo menos uma gema, as estacas com duas folhas foram reduzidas a 1/3 do tamanho da folha, sendo os dois tipos de estacas mantidos com aproximadamente 10-15 cm de comprimento. Após a confecção das estacas foi realizada desinfestação do material em hipoclorito de sódio 0,5% por 10 minutos e aplicado o fungicida Captan a 0,5 g L-1 por 15 minutos. Em seguida cerca de 2 cm da base das estacas foram imersas, durante 15 segundos, nas soluções aquosas contendo as auxinas Ácido 4-(3Indolil) Butírico (AIB), Ácido 3-Indolilacético (AIA) ou Ácido naftileno-(alfa) acético Vetec (teor mínimo de 99%), nas concentrações de 500, 1000, 2000, 3000, 4000 e 5000 mg L-1 e o tratamento controle, com estacas imersas em água. Em seguida as estacas foram plantadas em tubetes de 50 cm3, contendo substrato comercial Plantmax e vermiculita na proporção 7:3 (v:v), colocadas sob nebulização com duração de 15 minutos a cada 3 horas, durante 12 horas por dia com início às 06:00 horas da manhã, onde permaneceram por 60 dias. Foram avaliados a sobrevivência, porcentagem de enraizamento das estacas, número de estacas com calos, número e 17 comprimento médio de raízes formadas por estaca, emissão ou não de parte aérea e número e comprimento das brotações. As imagens das brotações foram registradas para caracterizar o aspecto das brotações formadas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3x7x2, sendo três reguladores vegetais, sete concentrações e dois tipos de estacas, com quatro repetições de cinco estacas cada, totalizando 740 estacas. Os dados obtidos em todas as avaliações foram submetidos à análise de variância (teste F), e as médias, comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de significância. 18 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Crescimento e desenvolvimento de mudas com Fungo Micorrízico Arbuscular (FMA) e adubação fosfatada Os dados das análises de solo (Tabela 1) demonstram que o método utilizado para calcular a necessidade de calagem produziu resultados satisfatórios para o pH, que aumentou de 4,0 para em média 6,7, valor considerado por Silva e Stein (2008) adequados para mudas nativas. O método de cálculo para a necessidade de calagem baseado na saturação por bases (V%), apresenta correlação com o nível de acidez do solo (pH), de modo que quanto maior o pH, maior o V%, portanto, quando aplica-se calcário para elevar o V%, eleva-se também o pH, eliminando os problemas do excesso de acidez (CAMPANHARO et al., 2007). A correção da terra com calagem aumentou os teores de Ca e Mg e diminuiu o teor de Al. O diâmetro do coleto no período avaliado sob influência dos diferentes tratamentos utilizados encontra-se na Figura 1 e Tabela 2. Observase na Figura 1 aumento gradual do diâmetro do coleto em todos os tratamentos ao longo do período, e ao final das avaliações (120 dias), o maior diâmetro do coleto ocorreu no tratamento CMP0 e o menor no tratamento SMP2. Reportando-se à Tabela 2 é possível observar que todos os tratamentos foram iguais à testemunha, exceto os tratamentos SMP2 aos 30 dias, que foi inferior à testemunha e SMP1 aos 90 dias, que foi superior à testemunha, porém voltou a se igualar aos 120 dias. Isso indica que não há incremento no diâmetro do coleto de mudas de M. itauba com a adição de micorriza, mas a adição de P na dose de 765 g m-3 de P2O5 aos 90 dias foi benéfico para o aumento do diâmetro. A manutenção do cotilédone nas mudas até aproximadamente 60 dias de avaliação pode ter contribuído para a nutrição das mudas durante esse período, fazendo com que as mudas não apresentassem resposta à adição de nutrientes. Barbieri Junior (2008) avaliando também o efeito de micorrizas e doses de fósforo em mudas de jatobá (Hymenaea courbaril) obteve resultados semelhantes para diâmetro do coleto e inferiu que provavelmente as mudas tenham a capacidade de assimilação de uma quantidade baixa de fósforo, não respondendo assim a adubação fosfatada. Chu et al. (2004) e Rocha et al. 19 (2006) não encontraram diferenças no diâmetro do coleto em mudas de quaruba (Vochysia maxima) e cedro (Cedrela fissilis) sob inoculação micorrízica e adubação fosfatada. FIGURA 1. Diâmetro do coleto (mm) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. TABELA 2. Valores médios de diâmetro do coleto (mm) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 2,35 a 2,19 ab 2,08 b 2,24 ab 2,23 ab 2,19 ab 60 2,44 a 2,41 a 2,35 a 2,39 a 2,36 a 2,42 a 90 2,77 bc 3,00 a 2,74 bc 2,61 c 2,83 ab 2,89 ab 120 2,84 ab 2,88 ab 2,74 b 2,95 a 2,77 ab 2,84 ab CV (%) = 5,53 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. 20 Em mudas de embaúba (Cecropia pachystachya), no entanto, houve aumento no diâmetro do coleto aos 120 dias de avaliação devido à inoculação de FMAs, mas não houve resposta à adubação fosfatada (CARNEIRO et al., 2004). Em mudas de algaroba (Prosopis juliflora) a inoculação com FMAs promoveu aumento do diâmetro do coleto e o incremento na dose de fósforo anulou a vantagem observada em doses mais baixas (AGUIAR et al., 2004). Lacerda et al. (2011) encontraram diferenças no diâmetro do caule de mudas de ingá (Inga laurina), caroba (Jacaranda cuspidifolia), gabiroba (Campomanesia cambessedeana), baru (Dipterix alata) e chichá (Sterculia striata), com valores maiores em mudas inoculadas com FMAs em relação àquelas não inoculadas, já em jatobá (Hymenaea courbaril) não houve diferenças e doses crescentes de fósforo não produziram efeitos significativos para nenhuma das espécies. Diferenças no diâmetro do coleto em mudas de seringueira (Hevea brasiliensis) também não foram observadas por Moraes et al. (2010) em mudas inoculadas com seis espécies de fungos micorrízicos arbusculares. Para Daniel et al. (1997) o diâmetro do coleto é um parâmetro importante a ser observado e indica a capacidade de sobrevivência das mudas em campo, portanto um parâmetro importante em mudas em fase de viveiro. A mensuração da dimensão do coleto auxilia na escolha das doses de fertilizantes a serem utilizados nas mudas, afetando diretamente seu custo no viveiro. Conforme Carneiro (1995), pesquisas tem comprovado uma forte correlação entre o diâmetro do coleto e a sobrevivência das mudas em campo. Na Figura 2 (curvas ajustadas) e Tabela 3 (comparação de médias) encontram-se os valores para altura de planta. Nota-se claramente distinção entre os tratamentos com inoculação de FMA, cujas plantas apresentaram maior altura em relação àqueles sem inoculação com menor altura. Houve aumento gradual nos valores em mudas inoculadas com FMA e doses de P ao longo do período de avaliação, sendo aos 120 dias todos os tratamentos superiores ao controle (Figura 2). Observando a comparação de médias da altura das plantas (Tabela 3) nos diferentes períodos de avaliação, as maiores médias ocorreram no tratamento CMP1 (aos 30, 90 e 120 dias) e no tratamento CMP0 (aos 60 dias) 21 indicando o efeito benéfico da aplicação de micorriza e 765 g m-3 de P2O5, contudo as médias desses tratamentos só superaram estatisticamente o tratamento SMP2, aos 30 dias, e nos outros períodos não exibem diferença com os demais tratamentos. FIGURA 2. Altura (cm) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada linear e polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. TABELA 3. Valores médios da altura (cm) de plantas de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 30 17,09 ab 17,82 a 16,08 b 17,82 a 60 17,48 bc 17,15 c 17,49 bc 19,13 a 90 18,75 b 19,51 ab 18,10 b 19,63 ab 120 17,35 b 18,97 a 19,16 a 19,61 a CV (%) = 5,78 de M. itauba em função CMP1 18,04 a 17,99 abc 20,61 a 20,18 a CMP2 17,47 ab 18,75 ab 19,57 ab 19,38 a Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. 22 Esse resultado indica que o aumento em altura de plantas de M. itauba é mais influenciado pela presença de fósforo, sendo a dose de 1.530 g m-3 de P2O5 (sem a presença de FMA) prejudicial para as plantas até 30 dias, e gradualmente, ao longo do período de crescimento a planta tende a se beneficiar da maior quantidade de P, exibindo aos 120 dias altura estatisticamente superior a todos os tratamentos, em relação à testemunha (SMPO). Todos os tratamentos com micorrizas e fósforo favoreceram o aumento em altura das mudas de M. itauba até 120 dias, podendo propiciar redução no tempo de produção da muda em viveiro. De acordo com Mexal e Landis (1990) a mensuração da altura das mudas é importante por oferecer uma boa estimativa de seu comportamento no campo, sendo que a altura ideal varia conforme as condições do sítio, a competição e possíveis predadores, sendo preferíveis mudas mais baixas em sítios pobres e mudas mais altas em locais com alto risco de predação. Pouyú-Rojas e Siqueira (2000) avaliando mudas de sete espécies florestais pós-transplante: tamboril (Enterolobium contortisiliquum), açoitacavalo (Luehea grandiflora), fedegoso (Senna macranthera), cássia verrugosa (Senna multijuga), sesbânia (Sesbania virgata), embaúba (Cecropia pachystachya) e colvílea (Colvillea racemosa), constataram aumento na altura em seis dessas espécies quando inoculadas com FMAs e adubadas com fósforo. Em semelhança aos resultados encontrados para M. itauba (Tabela 3), os referidos autores também observaram que a inoculação de FMA em baixas doses de fósforo promoveu altura das mudas semelhante aos tratamentos sem inoculação e altas doses de fósforo, o que evidencia o papel de associações micorrízicas na eficiência em absorver nutrientes. Analogamente Aguiar et al. (2004) observaram aumento na altura de mudas de algaroba (Prosopis juliflora) inoculadas com FMAs, e efeito sinérgico entre fungos e doses de fósforo até a dose de 50 kg de P kg-1 de solo. Quando se elevou a dose para 100 kg de P kg-1 de solo a altura das plantas foi igual ao tratamento sem inoculação. Para M. itauba, o aumento de doses de P sem inoculação favoreceu a altura de plantas aos 120 dias, assim como nos resultados encontrados por Costa et al. (2005) em mudas de mangabeira (Hancornia speciosa), por Balota 23 et al. (2011) em mudas de acerola (Malpighia emarginata) e por Machineski et al. (2009) em mudas de nim (Azadirachta indica). Em mudas de seringueira (Hevea brasiliensis) cultivadas em solo amarelo distrófico com seis espécies de FMAs não houve aumento na altura de plantas em nenhum tratamento (MORAES et al., 2010). Os autores atribuíram esse comportamento, já confirmado em outros trabalhos com seringueira, à grande adaptabilidade da espécie a condições de baixa disponibilidade de P no solo, conseguindo uma máxima eficiência na absorção de nutrientes nessas condições. O motivo da dose de 1.530 g m-3 de P2O5 (sem a presença de FMA) aplicada ter exercido influência negativa para diâmetro do coleto e altura das mudas aos 30 dias pode estar relacionada à capacidade de absorção da planta, que pode não ter quantidade de raízes suficientes nesse período, portanto uma baixa zona de depleção, para assimiliar essa quantidade de P. Então o P assimilado pode ter sido translocado para outras áreas da planta como folhas ou raiz em detrimento do caule das mudas. É interessante que além da avaliação de altura de parte aérea isoladamente, se proceda a avaliação combinada com outros fatores como o diâmetro do coleto, como sugere Gomes et al. (2002). A relação entre a altura de planta e o diâmetro do coleto compõe um bom parâmetro para prever o comportamento das mudas após o plantio no campo, conhecida como relação H/D, resultando um índice de valor absoluto (CARNEIRO, 1995). De acordo com Campos e Uchida (2002) a relação altura/diâmetro do colo é indicadora da qualidade da muda, e o que se espera é equilíbrio entre as medidas. Na Figura 3 encontram-se as curvas ajustadas para os valores da relação entre altura da parte aérea e diâmetro do coleto (H/D) das mudas de M. itauba. É possível observar que os maiores valores da relação H/D a partir de 60 dias ocorreram nos tratamentos com micorrizas. Verificando a Tabela 4, aos 30 dias após o estabelecimento das plântulas, todos os tratamentos, exceto SMP2, favoreceram mais o crescimento da parte aérea, comparados ao tratamento controle, de forma que a muda cresceu mais em altura que em diâmetro de coleto, e o valor mais equilibrado ocorreu na testemunha. Aos 60 dias os tratamentos onde ocorreu relação H/D mais equilibrada foram SMP1 e a testemunha (SMPO). Aos 90 dias o maior 24 equilíbrio na relação H/D ocorreu no tratamento SMP1 só diferindo dos tratamentos CMP0 e CMP1 com os maiores valores (menor equilíbrio na relação H/D). Aos 120 dias no tratamento testemunha (SMPO) houve maior equilíbrio em relação aos tratamentos SMP2, CMP1 e CMP2. Isto fica evidente quando nos reportamos aos valores de diâmetro do coleto (Tabela 2) e altura de planta (Tabela 3) em relação ao tratamento controle (SMP0) e constatamos que enquanto os valores de diâmetro não foram alterados nesses tratamentos, a altura de plantas foi incrementada. Isso explica os maiores valores obtidos na relação H/D para os tratamentos em questão. FIGURA 3. Relação entre altura de parte aérea e diâmetro do coleto de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada linear e polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 25 TABELA 4. Valores médios para a relação entre altura de parte aérea e diâmetro do coleto de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 7,29 b 8,16 a 7,76 ab 7,98 a 8,11 a 8,00 a 60 7,17 b 7,14 b 7,44 ab 8,03 a 7,64 ab 7,77 ab 90 6,79 bc 6,51 c 6,64 bc 7,55 a 7,32 ab 6,79 bc 120 6,12 c 6,60 bc 6,99 ab 6,65 abc 7,30 a 6,83 ab CV (%) = 6,59 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. Para comprimento de raiz (Figura 4 e Tabela 5) e número de folhas (Figura 5 e Tabela 6) todos os tratamentos foram estatisticamente iguais ao controle até 60 dias. Aos 90 dias na maior dose de P no tratamento sem micorriza (SMP2), ocorreu a menor média de comprimento de raiz para as mudas de M. itauba, só diferindo de SMPO e SMP1 (Tabela 5), não ocorrendo neste período alteração no número de folhas entre todos os tratamentos avaliados (Tabela 6). Silva e Delatorre (2009) defendem que o P pode causar modificações na arquitetura das raízes, e parte dessas modificações se refere a sistema de resgate para suprir as necessidades de P. É possível então que o maior aumento das raízes seja uma estratégia para favorecer a captação de P, pelo aumento da área de absorção, especialmente quando este elemento encontra-se em menores doses no solo. Rosolem e Marcello (1998) constataram isso para raízes de soja, que na ausência de fósforo eram mais longas, compensando a baixa disponibilidade de P. Aos 120 dias os tratamentos com as maiores doses de P (SMP2 e CMP2) apresentaram os menores valores de comprimento de raiz, diferindo apenas do tratamento SMP1 (Tabela 5). Nesse mesmo período o maior número de folhas foi registrado no tratamento SMP2. Este resultado poderia indicar que com a maior dose de P a planta priorizou o aumento do número de folhas (Tabela 6) com reflexos no aumento da área foliar (Tabela 7). Segundo Faria et al. (2002), é nas folhas onde ocorre a maior parte do processo fotossintético, por isso é esperado que mudas que apresentem maior número de folhas também apresentem maior crescimento, devido à maior produção de fotoassimilados, como reforçam Barbieri Junior et al. (2007), 26 quando afirmam que o aumento do número de folhas e área foliar promove o aumento de fotossíntese líquida. Considerando o número médio de folhas (Figura 5), a área foliar (Figura 6) e a altura da planta (Figura 2), aos 120 dias, é possível verificar que no tratamento SMP2, houve maior número de folhas e área foliar, mas não apresentou o maior valor para crescimento em altura, isso indica que o possível aumento na produção de fotoassimilados pode ter sido direcionada para as próprias necessidades das folhas e não para o aumento em altura. FIGURA 4. Comprimento de raiz (cm) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. TABELA 5. Valores médios do comprimento de raiz (cm) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 7,48 a 8,19 a 8,94 a 7,08 a 7,74 a 7,25 a 60 12,66 a 11,98 a 12,06 a 14,49 a 12,68 a 12,84 a 90 23,70 a 22,92 ab 20,11 c 21,81 abc 21,67 abc 20,67 bc 120 23,22 ab 25,55 a 22,64 b 24,42 ab 24,65 ab 22,67 b CV (%) = 11,52 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. 27 FIGURA 5. Número de folhas de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada linear e polinomial quadrática. * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. TABELA 6. Número médio de folhas de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 7,72 a 8,00 a 7,38 a 7,41 a 7,34 a 7,13 a 60 7,41 a 8,12 a 8,22 a 8,02 a 7,72 a 7,99 a 90 9,69 a 9,81 a 10,43 a 9,26 a 10,06 a 10,47 a 120 11,33 b 11,97 ab 13,00 a 11,06 b 11,97 ab 11,04 b CV (%) = 10,88 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. De acordo com Portes (2008) os produtos da fotossíntese são deslocados para áreas de crescimento e de reserva, e seu sentido depende do local da demanda. As áreas onde os fotossintatos de deslocam podem ser áreas de metabolismo intenso ou dreno. Ainda de acordo com o autor, as folhas, quando adultas se comportam como produtoras de fotossintatos além de suas necessidades, porém folhas jovens podem importar carboidratos para 28 o seu desenvolvimento normal, mesmo que sejam fotossintetizantes, então, de uma forma geral há partição de fotoassimilados em beneficio de um determinado órgão em detrimento de outro, que será prejudicado. Esse comportamento ocorre de diferentes formas nas diferentes fases da planta, onde há diferenças na partição de fotoassimilados entre os órgãos (TANAKA e FUJITA, 1979). Diferentemente desses resultados Balota et al. (2009) trabalhando com acerola (Malpighia emarginata) constataram um aumento no número de folhas de até 365% em mudas micorrizadas em relação a mudas não micorrizadas. FIGURA 6. Área foliar (cm2) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 29 TABELA 7. Valores médios da área foliar (cm2) de função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 30 33,84 a 35,83 a 36,03 a 35,21 a 60 34,71 a 32,62 a 34,82 a 42,02 a 90 48,29 ab 50,65 ab 49,10 ab 45,68 b 120 54,86 c 61,38 bc 76,41 a 55,84 c CV (%) = 15,89 plantas de M. itauba em CMP1 36,60 a 38,06 a 56,85 a 71,02 ab CMP2 34,18 a 35,11 a 57,15 a 64,15 BC Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. O aumento das doses de P nos tratamentos não inoculados com FMA apresentou efeitos positivos para área foliar em mudas de M. itauba a partir de 90 dias (Figura 7). Houve aumento de 39% na área foliar de mudas de M. itauba do tratamento SMP2 em relação ao controle aos 120 dias de avaliação (Tabela 7). O tratamento CMP1 também foi superior à testemunha aos 120 dias, apresentando aumento de 30% na área foliar. Na Figura 6 (curvas ajustadas) é possível observar também que nos tratamentos com micorrizas e adição de fósforo (CMP1 e CMP2) ocorreram maiores médias para a área foliar até 90 dias de avaliação, e aos 120 dias somente CMP1 não diferiu do tratamento sem micorrizas e maior dose de P (SMP2) (Tabela 7). Constata-se que para tratamentos micorrizados o aumento da dose de P (CMP2) não aumentou a área foliar das mudas. Flores-Aylas et al. (2003) observaram efeitos positivos advindos da micorrização e do aumento no P disponível em mudas de fedegoso (Senna macranthera), multijuga), mutamba gravitinga (Guazuma (Solanum ulmifolia), cássia-verrugosa granuloso-leprosum), aroeira (Senna (Schinus terebenthifolius) e trema (Trema micrantha). Semelhante ao observado para mudas de M. itauba, os autores verificaram que, com aumento na dose de P para níveis elevados, as micorrizas não influenciaram significativamente o aumento da área foliar. No trabalho de Santos et al. (2008) a área foliar de aroeira (Schinus terebenthifolius), trema (Trema micrantha), açoita-cavalo (Luehea grandiflora) e sesbânia (Sesbania virgata) aumentou devido à inoculação de FMAs em solos de baixa fertilidade. Os autores descreveram que sem a inoculação, todas as espécies apresentaram área foliar muito reduzida e sem diferenças 30 significativas entre elas, porém quando inoculadas elas se diferenciaram, evidenciando a importância dos FMAs e seu efeito para cada espécie. A área foliar de mudas de embaúba (Cecropia pachystachya) inoculadas na fase de viveiro e transplantadas para o campo também aumentou, quando utilizaram fungos micorrízicos (CARNEIRO et al., 2004). Para Favarin et al. (2002) a área foliar é um indicativo da produtividade da planta, por isso é a base do rendimento potencial de uma cultura. Machineski et al. (2009) compartilham essa ideia quando afirmam que a área foliar indica a capacidade de produção fotossintética da planta e a assimilação total de carbono. Esses autores encontraram efeito benéfico advindo da micorrização no desenvolvimento inicial do nim (Azadirachta indica) sobre a área foliar, mas o efeito benéfico dos FMA diminuiu com o aumento das doses de P e nos tratamentos sem micorrização o aumento das doses de P também favoreceu a área foliar. Balota et al. (2009) trabalhando com acerola (Malpighia emarginata) verificaram aumento da área foliar das mudas de até 811% em relação a mudas não micorrizadas. Valores de área foliar por planta nas mudas micorrizadas em pequenas doses de P (30 mg de P kg-1) foram semelhantes a de mudas submetidas a altas doses de P (110 mg de P kg-1) mas sem FMA. Aos 120 dias, mudas de M. itauba inoculadas com G. clarum em menor dose de P (CMP1) apresentaram aumento de 16% na área foliar em relação a mudas não micorrizadas submetidas à mesma quantidade de P (SMP1) e aumento de 29% em relação ao controle, enquanto o tratamento sem FMA, com maior dose de P (SMP2) apresentou aumento de 39% na área foliar em relação ao controle. Portanto, a utilização de FMA no substrato de crescimento de mudas de M. itauba é uma alternativa ao uso de doses maiores de fósforo. Para a massa seca da parte aérea de mudas de M. itauba é possível observar na Figura 7 (curvas ajustadas) que os maiores aumentos aos 120 dias ocorreram nos tratamentos com micorrizas e adição de P (CMP1 e CMP2) e no tratamento com 1.530 g m-3 de P2O5 sem micorriza (SMP2). Na Tabela 8 (comparação de médias) é possível verificar que os tratamentos SMP2 e CMP1 foram significativamente superiores à testemunha aos 120 dias. 31 Para Matos et al. (1999) os fungos micorrízicos podem contribuir para aumentar a fotossíntese e o crescimento da planta. Filgueira (2003) afirmou que após o transplante de espécies olerícolas, o enraizamento adequado e a continuação do desenvolvimento da planta são favorecidos por tecidos que acumulam maior massa seca. É possível que mudas de espécies florestais tenham o mesmo comportamento, pois o acúmulo de massa seca indica crescimento vegetal. FIGURA 7. Massa seca da parte aérea (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. TABELA 8. Valores médios da massa seca da parte aérea (g) de itauba em função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 30 1,41 a 1,61 a 1,42 a 1,48 a 1,47 a 60 1,48 b 1,57 ab 1,53 ab 1,89 a 1,60 ab 90 2,31 abc 2,56 ab 2,07 c 2,25 bc 2,66 a 120 2,51 b 2,73 ab 3,11 a 2,77 ab 3,01 a CV (%) = 13 plantas de M. CMP2 1,40 a 1,58 ab 2,68 a 2,90 ab Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. 32 No crescimento inicial a adição de fósforo favoreceu o incremento de massa seca na parte aérea das mudas de itaúba (Tabela 8) e a inoculação com FMAs pode otimizar a adubação, já que combinados com a adição de P os fungos promoveram efeitos similares àqueles conseguidos nas doses mais altas de P (Figura 7). Amaral et al. (2009) classificam M. itauba, quanto a classe sucessional, como secundária tardia e Resende et al. (1999) defendem que espécies assim tem um rígido ajuste a condições limitantes de nutrientes, o que restringe sua resposta à melhoria da fertilidade nos solos, isso pode explicar a ausência de resposta das mudas de M. itauba à fertilização com P até os 90 dias de avaliação (Tabela 8), só apresentando aumento no crescimento aos 120 dias. Pouyú-Rojas et al. (2006) também encontraram aumento para massa seca aérea em várias espécies vegetais quando utilizaram 11 isolados de fungos micorrízicos, inclusive G. clarum. Incrementos de até 320 e 500% foram observados em acoita-cavalo (Luehea grandiflora) e embaúba (Cecropia pachystachya), respectivamente, e incrementos menos expressivos ocorreram para as espécies bico-de-pato (Machaerium nytitans), gravitinga (Solanum granuloso), ipê (Tabebuia serratifolia), aroeirinha (Schinus terebenthifolius), cássia-carnaval (Senna espctabilis), tamboril (Enterolobium contortisiliquum), cedro (Cedrela sp.) e mutamba (Guazuma ulmifolia). Da mesma maneira fungos micorrízicos arbusculares promoveram aumento da matéria seca de parte aérea em mudas de embaúba (C. pachystachya) transplantadas para o campo, o que favoreceu o vigor e o estabelecimento das mudas (CARNEIRO et al., 2004). A inoculação de G. clarum em mudas de gabiroba (Campomanesia cambessedeana) e ingá (Inga laurina) promoveu aumento na matéria seca da parte aérea de 66 e 23%, respectivamente, em relação às plantas não inoculadas, e mudas de caroba (Jacaranda cuspidifolia) apresentaram sinergismo entre aplicação de P e inoculação com G. clarum, com incrementos de 234% em altos teores de P em relação àquelas não inoculadas e em baixas doses de P (LACERDA et al., 2011). 33 Para massa seca de raízes é possível observar na Figura 8 (curvas ajustadas), aos 120 dias, que o tratamento CMP0 apresentou o maior valor e o menor valor ocorreu no tratamento SMP0. Na comparação de médias (Tabela 9) aos 120 dias, somente o tratamento CMP0 foi superior ao controle (SMP0) o que sugere que a associação micorrízica beneficia o acúmulo de massa seca de raízes, provavelmente por aumentar a área de captação de água e nutrientes. Contudo a presença de P não produziu efeitos adicionais, pois suas médias não diferiram ou foram inferiores ao tratamento CMP0. FIGURA 8. Massa seca da raiz (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 34 TABELA 9. Valores médios da massa seca da raiz (g) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 0,55 a 0,80 a 0,80 a 0,59 a 0,59 a 0,59 a 60 1,65 d 2,42 b 2,22 bc 2,95 a 1,90 cd 2,08 bc 90 1,86 ab 1,54 BC 1,48 bc 1,32 c 1,52 bc 2,08 a 120 1,66 b 2,00 ab 1,92 ab 2,21 a 1,92 ab 1,76 b CV (%) = 18,09 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. Lacerda et al. (2011) obtiveram efeito semelhante em mudas de gabiroba (Campomanesia cambessedeana) e chichá (Sterculia striata), observando-se aumento na matéria seca de raízes nas mudas submetidas à inoculação com G. clarum, comportamento que não ocorreu com o aumento nas doses de P. Os mesmos autores trabalhando com mudas de caroba (Jacaranda cuspidifolia), baru (Dipterix alata) e jatobá (Hymenaea courbaril) verificaram aumentos de 225% na massa seca de raiz de mudas de caroba em altos teores de P (0,2 mg L-1 de P) em relação às plantas não inoculadas e em baixas doses de P (0,02 mg L-1 de P). Já o baru e o jatobá apresentaram incrementos da massa seca de raiz de 9 e 13% respectivamente, em baixo teor de P (0,02 mg L-1 de P). Em mudas de jacarandá da Bahia (Dalbergia nigra) inoculadas com Gigaspora margarita e Glomus fasciculatum a massa seca de raiz foi superior nas três épocas de avaliação (45, 90 e 135 dias) e as mudas foram mais eficientes na utilização de P (CHAVES e BORGES, 2005). O sucesso das mudas no campo é maior quando estas são de boa qualidade, com ênfase na produção de raízes (LACERDA et al., 2011). As mudas de M. itauba produziram 33% mais massa seca de raízes quando inoculadas com micorrizas em baixa dose de P quando comparadas a ausência de FMA, e não responderam ao aumento das doses de P, sendo a micorrização altamente recomendada em viveiro para produção dessas mudas. Ao analisar o crescimento vegetal se faz necessário determinar o destino do C fixado e sua partição na planta (FLOSS, 2004), uma vez que 90% do material orgânico acumulado pela planta é resultado da atividade fotossintética e o restante, da absorção mineral pelo solo (NASCIMENTO et al., 2010). Avaliando a relação entre massa seca de parte aérea e massa seca de 35 raiz (Figura 9 e Tabela 10), é possível observar que em mudas de M. itauba, aos 30 dias de avaliação, os tratamentos sem adição de micorrizas e com adição de fósforo promoveram maior aporte de fotoassimilados para as raízes quando comparados a outros tratamentos oferecendo maior equilíbrio entre essas partes, demonstrando que neste período um pequeno incremento no sistema radicular foi favorecido pela adição de P. Aos 60 dias todos os tratamentos se igualaram à testemunha e os valores foram menores que 1 (Tabela 10), diferentemente dos outros períodos de avaliação. Esse resultado mostra que aos 60 dias houve maior acúmulo de massa no sistema radicular em relação à parte aérea, como pode ser verificado pelas médias das massas (g) nas Tabelas 9 e 8, respectivamente. FIGURA 9. Relação entre massa seca da parte aérea (g) e massa seca da raiz (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada linear e polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 36 TABELA 10. Valores médios da relação entre massa seca da parte aérea e massa seca da raiz (MSA/MSR) (g) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 2,68 a 2,07 b 1,81 b 2,53 a 2,52 a 2,41 a 60 0,90 a 0,68 a 0,69 a 0,66 a 0,84 a 0,77 a 90 1,29 c 1,71 ab 1,42 bc 1,75 a 1,78 a 1,30 c 120 1,52 ab 1,39 ab 1,62 a 1,28 b 1,58 ab 1,65 a CV (%) = 14,33 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. Aos 90 dias os tratamentos SMP1, CMP0 e CMP1 apresentaram as maiores médias, sendo assim pode-se inferir que doses mais altas de P com ou sem micorriza (CMP2 e SMP2) propiciam maior equilíbrio entre massa seca de parte aérea e raiz, porém não diferem do controle. Aos 120 dias nenhum tratamento diferiu do controle (Tabela 10). Pelos resultados observados aos 60 dias, é possível deduzir que neste período a quantidade de fotoassimilados translocados para as raízes seja uma estratégia da espécie para se estabelecer e se fixar melhor no solo. A importância no aumento de massa seca em raízes se encontra no seu importante papel na preservação e/ou aumento da matéria orgânica do solo (GREGORY, 2006), e pela capacidade de reter carbono (BALESDENT e BALABANE, 1996). Para Grant et al. (2001) geralmente observa-se diminuição na relação MSPA/MSR, com valores mais próximos ou menores que 1 quando existe deficiência de P no início do desenvolvimento das plantas, isso porque a redução de crescimento devido ao fósforo é mais pronunciado na parte aérea que nas raízes, o que permite à planta manter seu sistema radicular em crescimento para extrair P do solo, portanto o aumento dos valores na relação MSPA/MSR, estaria relacionado a nutrição com P mais adequada, sem citar valores de doses. Isso não foi verificado nas mudas de M. itauba aos 90 dias, já que os menores valores da relação MSPA/MSR foram encontrados nas maiores doses de fósforo em relação a doses menores. Ainda de acordo com os autores a distribuição de P nestes órgãos tem relação com o crescimento dos mesmos, sendo que quando o suprimento de P é baixo, as raízes o retém 37 mais; quando esse suprimento é adequado ocorre exportação para parte aérea e quando a disponibilidade de P é alta também há retenção para as raízes, para evitar toxidez na parte aérea. Para Berta et al. (1990) a competição entre fungos e raízes por fotossintatos pode aumentar a relação MSPA/MSR. Isso poderia explicar as maiores relações encontradas em plantas micorrizadas de M. itauba nas menores doses de P (CMP0 e CMP1) aos 90 dias. Brissette (1984) propõe o valor 2,0 como sendo melhor para a relação entre massa seca aérea e massa seca de raiz, sem mencionar espécie. Valores mais próximos a 2,0 aos 120 dias foram verificados nos tratamentos com a maior dose de P com ou sem micorriza (Figura 9), esses valores, porém, não diferiram do controle (Tabela 10). O aumento da massa seca de folhas ocorreu no tratamento SMP2, aos 120 dias de avaliação (Tabela 11), mas observando a Figura 10 (curvas ajustadas) nota-se que nos tratamentos com doses de fósforo micorrizados ou não, são observadas as maiores médias para massa seca de folhas, o que evidencia a contribuição favorável da adubação fosfatada. FIGURA 10. Massa seca das folhas (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada linear e polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 38 TABELA 11. Valores médios da massa seca das folhas (g) de itauba em função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 30 0,72 a 0,78 a 0,94 a 0,90 a 0,77 a 60 1,13 ab 0,82 c 0,83 bc 1,04 abc 1,34 a 90 1,09 a 1,13 a 1,08 a 1,05 a 1,24 a 120 1,26 b 1,37 ab 1,67 a 1,23 b 1,48 ab CV (%) = 19,56 plantas de M. CMP2 0,71 a 0,89 bc 1,33 a 1,40 ab Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. O aumento da área foliar ocasiona maior produção de massa seca de folhas (SHIBLES e WEBER, 1966), esse aumento atinge seu valor máximo quando então não há mais contribuição no acúmulo de fotossintatos (MULLER, 1981). Comparando-se os resultados de área foliar (Figura 6) e massa seca de folhas (Figura 10) observa-se aos 120 dias que o aumento de massa seca de folhas foi condizente com o aumento da área foliar das mudas de M. itauba nos diversos tratamentos. Os resultados para massa seca total das mudas de M. itauba encontram-se na Figura 11 (curvas ajustadas) e Tabela 12 (comparação de médias). Aos 30 e 90 dias nenhum tratamento diferiu da testemunha. Aos 60 dias os tratamentos SMP1 e CMP0 foram superiores à testemunha. De acordo com os dados da Figura 11, aos 120 dias, nos tratamentos com P com ou sem adição de micorriza e no tratamento com micorriza sem adição de P ocorreram maiores valores de massa seca de folhas em relação à testemunha, mas os dados da Tabela 12 indicam que somente os tratamentos SMP2, CMP0 e CMP1 são superiores à testemunha (aos 120 dias). Este resultado demonstra que inoculação de FMA auxilia no aumento de massa seca total de plantas de M. itauba, mesmo sem P ou sob dose menor (765 g m-3 de P2O5), sendo que na ausência de micorriza, é necessário maior dose de P (1.530 g m-3 de P2O5) para ocorrência de valores semelhantes de massa seca total. Isso significa que com a inoculação de fungo micorrízico a dose de P necessária para o máximo aumento de massa seca em plantas de M. itauba é diminuída em relação a mudas não inoculadas. Os tratamentos SMP2, CMP0 e CMP1 apresentaram valores de massa seca 20%, 19% e 19%, respectivamente, maiores que o controle. Em mudas inoculadas a maior dose 39 de P utilizada não aumentou a massa seca total das plantas, já em mudas não inoculadas o aumento das doses de P foi acompanhado de aumento nas médias de massa seca total (Figura 11). Mudas (Campomanesia de caroba cambessedeana) (Jacaranda tiveram cuspidifolia) suas massas e gabiroba secas totais significativamente aumentadas pela inoculação micorrízica com G. clarum e doses de P crescentes (0,02 mg L-1 e 0,2 mg L-1) (LACERDA et al., 2011). FIGURA 11. Massa seca total (g) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. TABELA 12. Valores médios de massa seca total (g) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza. Tratamentos DAE 3 SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 1,95 a 2,41 a 2,22 a 2,07 a 2,06 a 1,99 a 60 3,13 c 3,98 b 3,75 bc 4,83 a 3,50 bc 3,67 bc 90 4,17 ab 4,09 ab 3,55 b 3,56 b 4,18 ab 4,76 a 120 4,17 b 4,73 ab 5,03 a 4,98 a 4,94 a 4,66 ab CV (%) = 13,21 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento. 40 Os resultados encontrados para M. itauba são condizentes aos relatados por Barbieri Junior et al. (2011) para mudas de urucum (Bixa orellana) que apresentaram a maior massa seca total aos 120 dias de avaliação nos tratamentos sem micorriza na maior dose de P (1.512 g m -3 de P2O5) e com micorriza e duas doses crescentes de P (765 e 1.512 g m -3 de P2O5). Esses autores verificaram que o aumento das doses de P nos tratamentos inoculados com G. clarum não acarretaram efeitos negativos nas mudas, mas não diferiram significativamente entre eles. Já para as mudas de jatobá (Hymenaea courbaril) foi constatado maiores valores de massa seca total quando submetidas à inoculação com G. clarum, independente da dose de P utilizada (BARBIERI JUNIOR et al., 2007). Para diâmetro do coleto (Tabela 2), número de folhas (Tabela 6), área foliar (Tabela 7), massa seca aérea (Tabela 8), massa seca de raiz (Tabela 9), relação MSPA/MSR (Tabela 10), massa seca de folhas (Tabela 11) e massa seca total (Tabelas 12) os efeitos benéficos dos FMAs só foram observados aos 60 dias ou mais de avaliação. Rocha et al. (2006) observaram que mudas de cedro (Cedrela fissilis) apresentaram aumento em altura somente a partir de 180 dias. De acordo com Siqueira et al. (1994) apud Rocha et al. (2006) mesmo com fungos eficientes em beneficiar a planta hospedeira, pode haver grande dreno de fotossintatos durante o período de maior colonização das raízes, sendo assim os benefícios podem aparecer somente alguns dias após a inoculação. Em mudas de limoeiro-cravo (Citrus limonia) estudadas por Melloni et al. (2000) a altura de plantas, diâmetro do caule e massa seca de parte aérea foram influenciadas positivamente pela adição de FMA ao substrato. Para altura de plantas, doses crescentes de P tiveram influência positiva, resultado esperado pelos autores que explicam que sendo o P o único nutriente limitante ao experimento esse comportamento era previsto. De acordo com estes autores não houve efeito negativo das doses crescentes de P empregadas no estudo, porém doses maiores poderiam acarretar redução no crescimento das mudas pelo efeito micorrízico passar de simbiótico para parasita. 41 Saggin Júnior e Siqueira (1996) explicam que em solos com baixíssima disponibilidade de P a simbiose pode ter efeito parasita, pois os benefícios da maior absorção de P são menores que o dreno de fotossintatos da planta para o fungo, sendo assim pequenas doses de nutrientes garantem um aumento na colonização micorrízica e a simbiose passa a ter um caráter mutualista, até certo ponto, onde as associações micorrízicas não produzem mais efeito no crescimento de plantas. Quando o P é disponibilizado em grandes quantidades no solo as associações são dispensáveis para a planta podendo até exercer um efeito depressivo, devido ao dispêndio de energia. Adubações com P, em grandes quantidades, podem reduzir a ocorrência de FMAs, comprometendo também outros benefícios que poderiam vir das associações. Por isso a importância de se estudar as doses onde a relação mutualista exerce benefício máximo para a planta. Na determinação dos teores de K, Fe, Cu e Zn não foram observados efeitos significativos das doses de fósforo aplicadas, da micorrização e da interação entre esses dois fatores. Para o teor de N e S nas folhas (Figura 12) nos tratamentos sem FMA a adição de P beneficiou as mudas de M. itauba, sendo que a maior dose não diferiu da menor dose aplicada. Para o nitrogênio, nos tratamentos inoculados observa-se que na menor dose aplicada de P a micorriza proporcionou um efeito benéfico às mudas, mas o efeito foi contrário sem aplicação e na maior dose de P. É possível verificar ainda que a média alcançada com a aplicação de FMA na dose de 765 g m-3 de P2O5 foi a maior entre os tratamentos, demonstrando efeito benéfico da inoculação para as mudas em condições de moderado nível de P. De acordo com Bonfante e Anca (2009), os FMAs podem suprir a planta quanto ao nitrogênio, qué é um nutriente essencial. O superfosfato simples possui cerca de 12% de S em sua composição. Esse elemento é importante para a produção de aminoácidos, proteínas e clorofila e compõe vitaminas e hormônios nas plantas (DECHEN e NACHTIGALL, 2007) e entra na constituição química dos grupos sulfídricos, presentes em várias enzimas e coenzimas (RUELA, 2008). O IAC (2014) apresenta uma tabela no qual considera teores de 5-10 mg dm-3 de S como 42 médios e acima de 10 mg dm-3 como altos. A análise de solo (Tabela 1) mostra que o teor de S encontrado na terra de barranco utilizada para compor o substrato foi 9,8 mg dm-3, valor próximo ao considerado alto. Com a adição de superfosfato simples nos tratamentos a quantidade de S pode ser considerada alta, o que beneficia as mudas. Para Cardoso (2008) e Saboya et al. (2012) as micorrizas podem contribuir para a absorção de S, porém o efeito do S na colonização micorrízica não foi relatada. 43 FIGURA 12. Teores de N, P, Ca, Mg, S, B e Mn na biomassa foliar de plantas de M. itauba aos 120 dias em função de doses de fósforo e micorriza. Letras iguais em colunas da mesma cor não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 44 Não houve diferenças significativas para o teor de P nas folhas de plantas de M. itauba quando adubadas com P sem a inoculação de G. clarum (Figura 12). Quando da aplicação de FMA o melhor efeito foi observado nos tratamentos com aplicação de P ao substrato, tendendo a ocorrer redução no teor de P quando aplicada a dose de 1.530 g m-3 de P2O5. Observa-se, no geral, que as médias dos tratamentos sem inoculação foram superiores àquelas com inoculação, com exceção do tratamento sem P, onde as médias foram muito semelhantes. De acordo com Deon (2007) citando Epstein e Bloom (2005) e Marschner (1995) geralmente a concentração de P encontrada em plantas cultivadas situa-se entre 1,5 a 5 g Kg-1 de matéria seca e teores acima de 10 g Kg-1 são tóxicos. O teor de Ca nas folhas de M. itauba foi maior com a aplicação de 765 g m-3 de P2O5 no substrato sem a combinação com FMA (Figura 12). Quando submetidas à inoculação com FMA e adubação fosfatada não houve variação significativa nos teores de cálcio. A micorrização proporcionou valor maior deste nutriente nas folhas das plantas do tratamento sem aplicação do P quando comparadas as plantas não inoculadas, porém com o aumento dos teores de P no substrato os efeitos do FMA foram anulados. Efeito similar ocorreu para o Mg (Figura 12). Para este nutriente os tratamentos com adubação fosfatada, sem micorriza, não diferiram da testemunha, e quando inoculados com FMA ocorreu redução progressiva de seu teor nas folhas com o aumento das doses de P. As mudas de itaúba com adubação fosfatada exibem aumento nos teores de S nas folhas com ou sem inoculação de FMA (Figura 12). Deon (2007) também obteve uma correlação linear crescente para teor de S em folhas de soja com o aumento de doses de P. O teor de Mg nas folhas de itaúba (Figura 12) sofreu redução gradual com a aplicação de P2O5, com menores valores no teor de Mg com a maior dose de P2O5. Deon (2007) encontrou o mesmo efeito em folhas de soja, que apresentaram uma relação linear decrescente para o teor de Mg com o acréscimo das doses de P aplicadas em solução nutritiva. 45 O teor de Mn só foi afetado pela adição de P (Figura 12), sendo que com a dose de 765 g de P2O5 houve maior teor foliar de Mn, estatisticamente superior a dose de 1.530 g de P2O5 e semelhante à testemunha (sem P2O5). O teor de Boro foi fortemente influenciado pela aplicação de FMA com maior teor em solo micorrizado na ausência de P (Figura 12). É possível observar que na ausência de FMA as mudas não apresentaram diferença quanto aos teores de B, já a associação micorrízica possibilitou que as mudas em substrato sem a adição de P2O5 acumulassem mais B em suas folhas. A dose mais adequada de P para aumentar o teor de S nas folhas de itaúba é de 765 g de P2O5 por metro cúbico de substrato, como ocorrido também para N, P, Ca, Mg e Mn. Essa dosagem proporcionou os maiores valores para os teores dos respectivos nutrientes nas folhas. Para mudas de mamoeiro (Carica sp.) Trindade et al. (2000) encontraram aumentos nos teores de P e K em baixas doses de P (0 e 20 mg Kg-3) quando inoculadas com FMA, e quando não inoculadas, o aumento de P (0, 20, 40, 80 e 140 mg Kg-3 ) proporcionou aumento linear nos teores de P. Os teores de P de 13 espécies florestais estudadas por Pouyú-Rojas et al. (2006) foi aumentado pela inoculação com FMA, e o teor de N aumentado pela inoculação em cássia (Senna espctabilis) e cedro (Cedrela sp.). Os maiores teores de N, Ca e S na dose de 765 g m-3 de P2O5 em plantas de itaúba micorrizadas ou não, podem explicar o aumento de crescimento em altura (Figura 3). O N e o Ca têm função estrutural nas plantas, fazendo parte das moléculas orgânicas, como proteínas, aminoácidos, clorofila e membranas. O N cumpre sua função nas plantas como componente de macromoléculas e enzimas, o Ca mantém a integridade de membranas, regula a absorção de íons e o S associa-se ao N na composição de proteínas e atua como regulador osmótico (FAQUIN, 2001). O teor de Mg diminuiu com a maior dose de P, nas plantas micorrizadas ou não. Isso também ocorreu para o Ca nos tratamentos sem FMA. De acordo com Deon (2007) a disponibilidade em grandes quantidades de um nutriente pode afetar a absorção de outros nutrientes e interferir em processos fisiológicos. Em erva de são João (Hypericum perforatum) a 46 suplementação de P aumentou os teores foliares de Ca, Mg, K, N e P (AMARANTE et al., 2007). Oliveira e Oliveira (2005) obtiveram correlação entre FMA e aumento no teor de K, Mg, P e Zn para a cultivar maçã, no teor de K e P na cultivar nanica e no teor de Zn na cultivar prata para plantas de bananeira (Musa sp.). Para cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) e guaranazeiro (Paullinia cupana), a colonização micorrízica também se correlacionou com teores foliares de Ca, Mg, P e Cu para cupuaçuzeiro e teores de Ca, Fe, Zn e Cu no guaranazeiro (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2004). Em mudas de cana de açúcar (Saccharum sp.) a inoculação com duas espécies de fungos micorrízicos do gênero Glomus, aumentou os conteúdos de N, Ca, e Mg da parte aérea das plantas e os teores de P e K não foram aumentados. Mas o teor de N, P e K foram aumentados pelo incremento da adubação fosfatada (TELLECHEA, 2007). Os aumentos de P no tratamento CMP1 em relação ao tratamento CMP0 coincidem com o aumento de altura de plantas de M. itauba, enquanto não foram observadas diferenças entre esses tratamentos no comprimento e massa seca de raiz. O aumento de Ca promovido pelo tratamento SMP1 pode ter se refletido no comprimento de raiz, onde esse mesmo tratamento promoveu a maior média (Figura 4). De acordo com Sengik (2003) o Ca atua na membrana celular garantindo sua integridade, e por isso a deficiência de Ca compromete o crescimento das raízes no sentido longitudinal e lateral. A correlação entre a superfície e a massa seca das folhas (área foliar específica - AFE) mostrou tendências diferentes para os tratamentos (Figura 13). O tratamento que mais se diferenciou dos demais foi SMP2, que apresentou aumento significativo a partir dos 60 dias de avaliação, enquanto os outros tratamentos apresentaram já aos 30 dias altos valores de AFE, mas sofreram leve decréscimo até o final do período estudado. A área foliar específica máxima foi atingida aos 30 dias de avaliação no tratamento SMP1, e após esse período os valores foram menores, exceto para o tratamento SMP2 que apresentou comportamento inverso, o que significa que o tratamento SMP2 ao final da avaliação apresentou maior superfície foliar por grama de folha em relação aos outros tratamentos. A AFE correlaciona o componente 47 morfológico (superfície) com o componente anatômico (massa), assim no tratamento SMP2 a maior superfície pode ter sido influenciada pelo maior número de folhas, como se verifica nas Figuras 6 e 5, respectivamente. Para os tratamentos em que os valores de AFE são menores, significa que as folhas são mais espessas que as folhas do tratamento SMP2 (Figura 13). Barbieri Junior et al. (2007) observaram redução da AFE em mudas de jatobá (Hymenaea courbaril) submetidas a inoculação micorrízica e doses de P, com os maiores valores de AFE aos 30 dias. De acordo com Larcher (2006) a alocação de fotoassimilados aumenta o número e a massa de folhas e diminui a superfície foliar, pois aumenta o mesófilo, isso causa uma redução nos valores de AFE. FIGURA 13. Área foliar especifica (dm2 g-1) de plantas de M. itauba, em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. Sanches et al. (2009) encontraram maiores valores de AFE, em folhas jovens do que em folhas adultas de pau-brasil (Caesalpinia echinata), o que confirma a tendência de diminuição da AFE conforme o amadurecimento 48 das folhas. Guerreiro (2006) observou tendência de diminuição da AFE no decorrer de 240 dias para mudas de fáfia (Pfaffia glomerata), adubadas com diferentes doses de esterco. Após esse período a autora observou um leve aumento da AFE e atribuiu esse fato a produção de novas folhas, pois as plantas foram danificadas por uma chuva de granizo. Para Evans e Poorter (2001) folhas com mesófilo bem desenvolvido tem maior probabilidade de apresentar maior taxa fotossintética. Considerando os resultados da AFE em plantas de M. itauba, a maior redução aos 120 dias foi observada no tratamento SMP1, indicando maior espessura das folhas o que favorece a fotossíntese, ressaltando a importância da aplicação de P no crescimento inicial de plantas de itaúba. A razão de área foliar (RAF) de mudas de M. itauba sofre decréscimo até aproximadamente 90 dias com posterior aumento até o final das avaliações. Esse comportamento é comum para todos os tratamentos, exceto no tratamento SMP2 cujo aumento ocorre a partir de 60 dias, inclusive sendo superior a todos os outros tratamentos aos 120 dias, e seguido pelos tratamentos CMP1 e CMP2 (Figura 14). A RAF correlaciona a área foliar, responsável pela interceptação da energia luminosa com a massa seca total, responsável pela fotossíntese, sendo que o comportamento da RAF observado para as plantas de M. itauba (Figura 14) nos tratamentos SMP2, CMP1 e CMP2 corresponde ao aumento de área foliar (Figura 6) e massa seca total (Figura 11). Muroya et al. (1997) observaram decréscimo da RAF em mudas de jacareúba (Calophyllum angulare) mantidas em viveiro sob diferentes níveis de sombreamento, durante 150 dias de avaliação, e atribuíram esse resultado ao auto sombreamento das mudas durante o crescimento. Resultado de decréscimo da RAF durante 120 dias de avaliação foram encontrados por Barbieri Junior et al. (2007) para jatobá (Hymenaea courbaril) e por Barbieri Junior et al. (2011) em mudas de urucum (Bixa orellana) inoculadas com FMA em diferentes doses de P, e atribuíram os resultados ao amadurecimento das folhas durante o período avaliado, porém tratamento com dose de P mais alta e inoculação micorrízica apresentou aumento da RAF aos 120 dias, evidenciando que esse tratamento trouxe benefícios para a RAF. 49 FIGURA 14. Razão de Área Foliar (dm2 g-1) de plantas de M. itauba, em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. Para as plantas de M. itauba, até 90 dias a maioria dos tratamentos apresentou necessidade de menor área útil para a fotossíntese do que aos 120 dias (Figura 14). É provável que o aumento do número de folhas (Figura 5) tenha promovido o aumento da RAF aos 120 dias. É interessante observar que SMP2 e CMP1 foram os tratamentos com maior número de folhas e com maior RAF aos 120 dias. As curvas para taxa assimilatória líquida (TAL), observadas na Figura 15, têm forte correlação com os períodos avaliados, e em todos os tratamentos observa-se redução na TAL a partir da primeira avaliação. Essa redução é menos pronunciada nos tratamentos CMP1 e SMP2, nos quais se observa curvas ligeiramente diferenciadas das demais aos 120 dias, com valores mais altos de TAL, isso mostra que a micorrização associada a menor dose de P (765 g m-3 de P2O5) ou somente o P aplicado em maior dose (1.530 g m-3 de P2O5) proporcionam aumento na assimilação de carbono por unidade de área quando comparado aos demais tratamentos. No entanto, na dose mais 50 alta de P a micorrização (CMP2) não promoveu esse aumento na capacidade de assimilação, apresentando fotossíntese líquida negativa por dm 2 de área foliar, indicando que aos 120 dias as plantas deste tratamento diminuíram a massa seca total (Figura 11) devido a menor taxa fotossintética. Já que a taxa assimilatória líquida expressa a relação entre a produção fotossintética e o que é perdido pela respiração, a diminuição da eficiência da produção líquida ao longo do período de avaliação pode ser resultado do maior consumo devido ao aumento de área foliar (Figura 6). É possível que o aparelho fotossintético tenha atingido o máximo de eficiência com uma determinada área foliar menor que a atingida pelas mudas ao longo do tempo, fazendo com que os valores de TAL diminuíssem ao longo do período de avaliação. Com o aumento da área foliar e número de folhas pode ter ocorrido também o sombreamento das folhas inferiores, o que ocasionaria diminuição da TAL. FIGURA 15. Taxa Assimilatória Líquida (g dm2 dia-1) de plantas de M. itauba, em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. 51 Silva et al. (2010) encontraram o mesmo comportamento para plantas de pimentão (Capsicum annuum), com valores de TAL decrescendo ao longo do tempo de avaliação da cultura. Na taxa de crescimento relativo (TCR) (Figura 16) os maiores valores ocorreram nos tratamentos CMP1 e SMP2. Para os outros tratamentos os valores diminuíram ao longo do tempo avaliado, exceto no tratamento SMP1 que apresentou comportamento diferente dos demais, com acréscimo nos valores de TCR até 60 dias, com posterior decréscimo. De acordo com Benincasa (2003) maior acúmulo de massa nas plantas requer maior necessidade de fotoassimilados, reduzindo sua disponibilidade para o crescimento, que tende a ser menor. Quando se compara a massa seca total de mudas de M. itauba (Figura 11) com a TCR verifica-se essa relação. Os tratamentos SMP2 e CMP1 promoveram os maiores aumentos de massa seca total (aos 120 dias) e também registraram os maiores valores de TCR, mostrando-se os mais eficazes para o crescimento, pois a maior massa seca produzida indica maior taxa fotossintética total em relação ao consumo metabólico do material já existente e, portanto, maior “sobra” (fotossíntese líquida) para investimento no crescimento. FIGURA 16. Taxa de Crescimento Relativo (g g-1 dia-1) de plantas de M. itauba, em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. 52 Para Silva et al. (2010) os valores de TCR tendem a ser mais baixos ao longo do tempo, característica comum a várias espécies, e estão relacionados com os decréscimos na TAL e na RAF. Pode-se verificar para eficiência micorrízica (Tabela 13) que aos 30 dias somente o tratamento sem adição de fósforo apresentou resultados positivos em relação à eficiência micorrízica. A eficiência não foi observada com a adição de P ao substrato. Já aos 60 dias a eficiência micorrízica foi positiva nos tratamentos com 0 e 1.530 g m-3 de P2O5. Aos 90 dias só ocorreu benefício da associação micorrízica nos tratamentos em que se adicionou fósforo. Ao final da avaliação (120 dias) a eficiência micorrízica ocorreu no tratamento sem adição de fósforo e com a menor dose de P adicionada (765 g m-3 de P2O5). Observando os resultados da eficiência micorrízica no tratamento testemunha (0 g m-3 de P2O5) ao longo do período (Tabela 13) nota-se que somente aos 90 dias a associação micorrízica não foi eficiente, o que traduz a importância da micorriza para M. itauba em condições de baixa disponibilidade de P. A contribuição das micorrizas também foi observada nos tratamentos com adição de fósforo, porém sendo verificada após 30 dias de avaliação, o que pode ser resultado do tempo necessário para interação fungo-raiz sob incremento do P disponível no solo. TABELA 13. Valores médios da eficiência micorrízica em plantas de M. itauba em diferentes épocas de avaliação em função de doses de fósforo. DOSES DE FÓSFORO -------------------------------------------------------------------------------------------DAE 0 g m-3 de P2O5 765 g m-3 de P2O5 1.530 g m-3 de P2O5 30 0,044 -0,166 -0,115 60 0,345 -0,133 0,067 90 -0,197 0,134 0,244 120 0,144 0,008 -0,095 DAE = Dias Após o Estabelecimento. Várias estruturas fúngicas nas raízes de itaúba aos 120 dias após estabelecimento das mudas podem ser observadas na figura 17, como hifas cenocíticas, vesículas globulares, arbúsculos e esporos. As plantas não inoculadas não apresentaram colonização micorrízica. 53 FIGURA 17. Fotomicrografia de raízes de M. itauba aos 120 dias após o estabelecimento das mudas, colonizadas por G. clarum. (A) Detalhe de arbúsculos; (B) Vesículas; (C) Esporos e arbúsculos; (D) Hifa. (A, B e C) Aumento de 40x no microscópio óptico; (D) Aumento de 10x no microscópio óptico. (A, B e D) Tratamento CMP0 (com micorriza sem aplicação de P); (C) Tratamento CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5). 4.2 Propagação vegetativa por Estaquia Para o experimento de estaquia os resultados encontrados apresentaram coeficiente de variação muito alto na ANAVA (98%), por isso não foi realizada a comparação de médias. Na Tabela 14 encontram-se os resultados da sobrevivência das estacas (%), número de gemas formadas, comprimento médio das gemas (mm), presença (p) ou ausência (a) de folhas formadas nas gemas em dois tipos de estacas (com e sem folhas), aos 60 dias. 54 Estacas com um par de folhas reduzidas pela metade Estacas sem folhas TABELA 14. Valores médios de sobrevivência, número de gemas formadas (NGF), comprimento das gemas (CG), presença (p) ou ausência (a) de folhas expandidas nas gemas formadas em dois tipos de estacas de M. itauba (com ou sem folhas). Tratamentos Sobrevivência CG Folhas NGF (mg L-1) (%) (mm) novas AIB 500 10 2 20,22 p AIB 1000 10 1 14,93 p AIB 2000 10 1 9,69 p AIB 3000 0 0 0 AIB 4000 10 3 10,58 p AIB 5000 0 0 0 AIA 500 10 1 14,14 p AIA 1000 0 0 0 AIA 2000 0 0 0 AIA 3000 0 0 0 AIA 4000 5 4 4,98 a AIA 5000 0 0 0 ANA 500 5 1 3,13 a ANA 1000 0 0 0 ANA 2000 5 1 8,02 p ANA 3000 0 0 0 ANA 4000 5 2 6,93 p ANA 5000 0 0 0 CONTROLE 0 0 0 AIB 500 20 0 0 AIB 1000 25 3 7,63 a AIB 2000 0 0 0 AIB 3000 5 0 0 AIB 4000 5 1 7,93 p AIB 5000 5 1 5,55 a AIA 500 40 3 4,07 a AIA 1000 35 1 6,16 p AIA 2000 30 3 2,93 a AIA 3000 5 1 4,98 a AIA 4000 30 1 6,47 a AIA 5000 5 0 0 ANA 500 5 0 0 ANA 1000 35 3 3,75 p ANA 2000 10 2 8,34 p ANA 3000 15 0 0 ANA 4000 5 0 0 ANA 5000 0 0 0 CONTROLE 10 1 6,72 a - indica ausência total de folhas 55 O tipo de estaca utilizada influenciou a sobrevivência com média 3,7% e 15%, respectivamente para estacas sem e com folhas. O número de gemas formadas também foi maior nas estacas com folhas (1,05) comparadas às estacas sem folhas (0,84). O comprimento das gemas, porém foi em média duas vezes maior nas estacas sem folhas (10,3 mm) em relação às estacas com folhas (5,9 mm) (Tabela 14). Nas estacas com folhas, 46% das gemas apresentaram novas folhas expandidas ( 0,5 cm comprimento), contrastando com o percentual de 78% das gemas que produziram folhas expandidas de estacas inicialmente sem folhas (Tabela 14). Isto se deve ao fato de que estacas com folhas, com maior número de gemas, apresentaram menor comprimento das gemas e consequentemente menor número de folhas com tamanho suficiente para estarem expandidas. Nas estacas sem folhas os tratamentos com AIB promoveram maior sobrevivência, maior número e comprimento de gemas formadas do que os reguladores AIA e ANA. Entre as concentrações de AIB, apenas em 3000 e 5000 mg L-1 não houve estacas vivas. Já em estacas com folhas as maiores médias foram observadas em estacas tratadas com AIA, sendo verificado menores porcentagens de sobrevivência nos tratamentos com 3000 e 5000 mg L-1 de AIA. A aplicação de ANA em estacas com folhas resultou em maiores médias de sobrevivência do que as observadas quando aplicado o AIB. As Figuras 18 e 19 mostram o aspecto das estacas e brotações aos 60 dias. Na Figura 18 é possível observar que estacas inicialmente sem folhas produziram brotações e folhas já expandidas (A, B, C, D, F) ou ainda em desenvolvimento (E). Na Figura 19, as estacas que apresentavam um par de folhas (reduzidas à metade) observa-se o aspecto das brotações com folhas expandidas dos tratamentos AIB 4000 mgL-1, AIA 1000 mg L-1, AIA 5000 mg L1 e ANA 2000 mg L-1(Figura 19 D, I, N, e O respectivamente). Inoue e Putton (2007) estudando o potencial de macropropagação de canela-amarela, (Nectandra lanceolata), canela-imbuia (Nectandra megapotamica), canela-sassafrás (Ocotea odorifera), imbuia (Ocotea porosa) e canela-guaicá (Ocotea puberula), todas da família Lauraceae, verificaram 56 enraizamento para todas as espécies, indicando potencial para essa técnica. Para M. itauba, não ocorreu enraizamento das estacas aos 60 dias, evidenciando a complexidade dos fatores estudados. FIGURA 18. Aspecto das brotações formadas em estacas de M. itauba lenhosas sem folhas, após 60 dias dos tratamentos: A) AIB 500 mg L-1, B) AIB 1000 mg L-1, C) AIB 4000 mg L-1, D) AIA 500 mg L-1, E) AIA 4000 mg L-1, F) ANA 2000 mg L-1. 57 FIGURA 19. Aspecto das estacas de M. itauba - lenhosas com um par de folhas reduzidas pela metade, após 60 dias dos tratamentos: A) AIB 500 mg L-1, B e C) AIB 1000 mg L-1, D) AIB 4000 mg L-1, E e F) AIA 500 mg L-1, G a I) AIA 1000 mg L-1,. J) AIA 2000 mg L-1,.K) AIA 3000 mg L-1,.L e M) AIA 4000 mg L-1,. N) AIA 5000 mg L-1,.O) ANA 2000 mg L-1,.P) ANA 3000 mg L-1, Q) ANA 4000 mg L-1, R) Testemunha. Setas indicam brotações. Silva (1998) não observou enraizamento nem brotações em estacas de copaíba (Copaifera langsdorffii), manacá (Tibouchina stenocarpa) e landim (Calophyllum brasiliense). Dessas somente as estacas de landim se mantiveram vivas. Danner et al. (2010) encontraram para estacas semilenhosas com folhas de guaricica (Vochysia bifalcata) submetidas a quatro concentrações de AIB, resultados muito semelhantes aos encontrados neste trabalho para M. itauba. Os autores verificaram altos valores no coeficiente de variação e observaram alto percentual de estacas mortas, e que das estacas 58 vivas algumas apresentaram brotações e outras mantiveram as folhas originais, e complementam afirmando que faltaram co-fatores endógenos necessários à indução radicial, tanto pela ausência de substâncias favoráveis ou presença de substâncias inibidoras ao enraizamento. São necessários estudos adicionais, avaliando épocas de condução e condições para o cultivo para determinar a viabilidade da técnica de propagação por estaquia para a espécie M. itauba. 59 5. CONCLUSÕES A inoculação com FMA Glomus clarum proporcionou aumento na altura das plantas, número de folhas, área foliar, massa seca da parte aérea, massa seca de raiz, massa seca total, área foliar específica, razão de área foliar, taxa assimilatória líquida e taxa de crescimento relativo de plantas de M. itauba, quando associada à dose de 765 g m-3 de P2O5; A aplicação de 765 g m-3 de P2O5 e a micorriza G. clarum são indicadas para o desenvolvimento inicial das plantas de M. itauba pois promovem aumento no teor de N, P, S, Ca e B nas folhas. A estaquia de plantas de M. itauba não foi favorecida pela aplicação de auxinas, devendo ser investigados os fatores que podem interferir na condução desta técnica para a espécie. 60 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, R.L.F. de; MAIA, L.C.; SALCEDO, I.H.; SAMPAIO, E.V. de S.B. Interação entre fungos micorrízicos arbusculares e fósforo no desenvolvimento da algaroba [Prosopis juliflora (sw) Dc]. 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