DOC Portuguese

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Língua Portuguesa
Shirley Gomes
Escrever bem é um exercício constante
São muitos e complexos os caminhos da nossa língua. De fato, são. E nem
sempre o asfalto é novo, a sinalização é boa, o tempo ajuda, enfim, encontramos
vários obstáculos que, se não nos fazem desistir, às vezes, desanimam-nos.
No entanto, se prestarmos atenção naquilo que escrevemos,
transmitiremos com clareza a idéia pretendida. Se, além de atenção, tivermos um
pouco de tempo e paciência para revisar esse texto, melhor ainda. Dessa forma,
faremos a concordância certa, pontuaremos corretamente, empregaremos um
advérbio no lugar em que é necessário.
Analisemos o seguinte exemplo:
“Realizado (1) três biópsias de medula óssea onde (2) constatou-se (3)
sinais de citotoxicidade porém, (4) não se encontrou o parasita.”
(1) concordância incorreta entre sujeito feminino plural (três biópsias) e
verbo (realizadas);
(2) o uso de onde só se justificaria se se aplicasse a lugar físico; o correto
seria usar em que/nas quais;
(3) o verbo deve concordar com o sujeito plural (sinais de citotoxicidade):
sinais foram constatados;
(4) porém é uma conjunção que deve vir precedida de vírgula.
Eis o texto corrigido:
“Realizadas (1) três biópsias de medula óssea, (2) constataram-se (3)
sinais de citotoxicidade, porém (4) não se encontrou o parasita.”
Ou:
“ Foram realizadas três biópsias de medula óssea, nas quais se
constataram sinais de citotoxicidade, porém não se encontrou o parasita.”
Na maioria das vezes, escrever uma oração na ordem direta ajuda a evitar
erros de concordância:
Três biópsias de medula óssea foram realizadas ...
Sinais de citotoxicidade foram constatados...
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No caso da vírgula, na dúvida, melhor não usá-la, pois a omissão é menos
grave do que uma inserção indevida. Naturalmente, o melhor mesmo é aprender a
pontuar, afinal, no discurso escrito, a pontuação é a marca mais forte das pausas
do discurso oral.
Nunca é demais repetir
Diz a sabedoria popular que “quem tem boca vai a Roma”. Por mais difícil e
tortuoso que seja o caminho escolhido, pode-se chegar lá. Afinal, o verbo ir
transmite a idéia de movimento e pode levar as pessoas aonde elas quiserem ir.
Portanto, é bom que nos lembremos sempre que aonde só pode ser usado com
verbos (ir, vir, chegar, levar) e expressões que dão idéia de movimento.
Se é assim, fica fácil verificarmos que isso não se aplica ao seguinte
exemplo:
“ Embora essa elevação possa ser explicada de diversas maneiras ainda se
discute a sua duração, principalmente em condições de diálise de alto fluxo e alta
eficiência aonde a depuração do intravascular é mais rápida que o reequilíbrio
entre os diferentes compartimentos.”
Se sabemos que aonde é a combinação de a com onde, significando a que
lugar, e usado com verbos e expressões de movimento, sabemos também que
seu emprego no exemplo acima não é correto. E devemos corrigi-lo:
“(...) em condições de diálise de alto fluxo e alta eficiência nas quais/em
que (...).”
Com outros verbos e expressões que não indicam movimento, devemos
usar onde. Nesse caso, é correto perguntar: “Onde você esteve? Estive em Roma,
afinal, quem tem boca...”
Portanto, onde só é sinônimo de em que, ou seja, um pode ser usado pelo
outro, quando estivermos fazendo referência a lugar físico. Por exemplo:
A casa onde (em que) nasceu.
O parque onde (em que) as crianças brincam.
Mas em exemplos como os que se seguem, devemos usar sempre em
que, na qual, no qual e não onde:
“O método mais fidedigno para se dosar CKMB é o da
quimioimunoluscência, em que/no qual a dosagem é realizada diretamente (...).”
“A extração de DNA foi realizada pela técnica rápida com DTAB/CTAB, em
que a camada de leucócitos obtida a partir de 5ml de sangue é misturada com
(...).”
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“Apesar de não representar a principal causa de óbito, nossos índices
gerais estão um pouco acima dos descritos em um dos estudos italianos, em
que/no qual o sistema de desconexão vem sendo usado há vários anos (...).”
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