FISIOTERAPIA NA ARTROPLASTIA DE QUADRIL: RELATO DE UM

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FISIOTERAPIA NA ARTROPLASTIA DE QUADRIL: RELATO DE UM CASO
PHYSICAL THERAPY IN HIP ARTHROPLASTY: A CASE REPORT
Leticia Didomenico – [email protected]
Mayra Battistini Paes – [email protected]
Ana Claudia de Souza Costa – [email protected]
RESUMO
A articulação do quadril é composta pelo acetábulo e pela cabeça femoral. Estas
estruturas são cobertas com uma cartilagem que permite que os movimentos sejam
feitos sem fricção ou dor. Quando essa cápsula é muito danificada e há exposição
do osso subcondral acontece então a osteoartrose. Em alguns casos, a dor é tão
intensa que o indivíduo passa a evitar os movimentos do quadril, fazendo com que a
musculatura se enfraqueça. Assim, os movimentos do quadril tornam-se cada vez
mais limitados, dificultando a marcha, e assim a execução de atividades diárias do
paciente. Então se faz necessária a artroplastia de quadril. Um procedimento
cirúrgico onde ocorre a substituição da superfície articular por prótese, restaurando
assim a função do quadril e diminuindo a dor. Na reabilitação o fisioterapeuta lança
mão de inúmeras técnicas para restaurar a mobilidade normal do paciente e atingir
precocemente a deambulação. Constatou-se então, que a fisioterapia promove
melhor e mais rápida reabilitação do paciente com melhor qualidade de vida.
Palavras-chave: Osteoartrose. Artroplastia de Quadril. Fisioterapia.
ABSTRACT
The hip joint is composed of the acetabulum and the femoral head. These structures
are covered with a cartilage that allows movements to be made without friction or
pain. When this capsule is very damaged and there is exposure of subchondral bone
in osteoarthritis happens then. In some cases, the pain is so intense that the
individual begins to avoid the movements of the hip, causing muscles to weaken.
Thus, the hip movements become increasingly limited, hindering the march, and so
the implementation of patient's daily activities. So it is necessary to hip arthroplasty.
A surgical procedure where the substitution occurs in the articular surface of the
prosthesis, thus restoring hip function and reducing pain. In rehabilitation, the
therapist makes use of many techniques to restore normal mobility of the patient and
achieve early ambulation. It was verified that the physical therapy promotes better
and faster rehabilitation of patients with better quality of life, there is no more pain.
Keywords: Osteoarthritis. Hip Arthroplasty. Physiotherapy.
INTRODUÇÃO
A artroplastia total de quadril é uma cirurgia onde ocorre a substituição da
articulação do quadril por prótese. O componente acetabular é feito, geralmente, de
plástico e o femoral, de metal. Esta cirurgia se faz necessária quando alguma
doença acomete a articulação coxofemoral causando dor e restringindo o
movimento, incapacitando assim o paciente.
O principal objetivo da artroplastia de quadril é restabelecer os movimentos da
articulação e aliviar a dor.
Inúmeros são os tipos de prótese do quadril. A indicação dependerá do tipo
de doença que acometeu a articulação, da idade do paciente, da qualidade do osso
e da experiência do cirurgião ortopedista.
O objetivo deste trabalho é relatar a importância do tratamento fisioterapeutico
no processo de reabilitação em pacientes com artroplastia de quadril, desde o
procedimento cirúrgico até a reinserção do paciente às suas atividades funcionais.
Este estudo procura responder o seguinte questionamento: qual a importância
da fisioterapia na reabilitação de um paciente que se submeteu a artroplastia de
quadril?
É de suma importância o tratamento fisioterapêutico no pós-operatório de
artroplastia de quadril. A aplicação de variadas técnicas promove uma satisfatória
reabilitação, minimizando e prevenindo possíveis complicações, implicando assim,
no resultado almejado. O tratamento engloba desde alongamentos, exercícios ativos
e fortalecimento, até hidroterapia e treino de marcha. Todos os recursos são
aplicados de acordo com a necessidade específica do paciente, sendo aumentados
ou modificados periodicamente, até que o paciente se recupere completamente e
volte a ter uma vida normal.
O trabalho engloba desde a anatomia do quadril e o procedimento cirúrgico
até a completa reabilitação do paciente.
1
ANATOMIA DO QUADRIL
Segundo Starkey e Ryan (2001), a articulação do quadril é formada pela
cabeça do fêmur e pelo acetábulo. O acetábulo é formado pela fusão dos ossos
ilíaco, ísquio e púbis. Circundando a articulação, há uma forte e densa cápsula
articular sinovial, que tem como função absorver impacto. A articulação do quadril
possuí
os
movimentos
de:
flexão/extensão,
abdução/adução
e
rotação
interna/externa. A limitação desses movimentos se dá pela resistência dos
ligamentos e da musculatura que circunda esta articulação. Os principais ligamentos
são: iliofemoral, pubofemoral, isquiofemoral, inguinal e o ligamento redondo
(ligamento da cabeça do fêmur).
Marieb e Hoehn (2009) descrevem os principais músculos da articulação do
quadril e suas funções: os músculos ilíaco e psoas maior, ambos flexionam a coxa.
O músculo sartório tem como função flexionar o quadril e joelho, abduzir e rodar
externamente o quadril. Já o músculo tensor da fáscia lata flexiona e roda
internamente o quadril. O músculo reto femoral flexiona o quadril e estende a perna
enquanto o músculo adutor magno aduz, flexiona, estende e roda medialmente a
coxa. O músculo adutor longo aduz, flexiona e roda medialmente a coxa. Já o
músculo adutor curto aduz, flexiona e roda medialmente a coxa. O músculo pectíneo
aduz, flexiona e roda medialmente a coxa, enquanto o músculo grácil aduz, flexiona,
roda medialmente a coxa e flexiona o joelho. O músculo glúteo médio abduz,
flexiona, estende e roda externa e internamente o quadril enquanto o músculo glúteo
máximo estende, aduz, abduz e roda externamente o quadril. Há também os
músculos bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso. Eles são extensores
da perna (quando agem sobre o quadril) e flexores da perna (quando agem sobre o
joelho), exceto a curta porção do bíceps. O músculo glúteo mínimo abduz, flete e
roda internamente o quadril. Já os músculos gêmeos superior e inferior tem como
função rodar externamente o quadril. Há também os músculos obturadores externo e
interno que tem por função rodar externamente o quadril.
De acordo com Moretti e Pizani (2004), a inervação do quadril se dá pelos
nervos obturadores, nervos glúteos superior e inferior, nervo ciático e nervo femoral.
Marieb e Hoehn (2009) relatam que a irrigação sanguínea é feita pelas
artérias aorta, artérias ilíacas comuns direita e esquerda, artérias ilíacas interna e
externa, artérias femorais, artérias circunflexas medial e lateral, e artéria poplítea.
2
ARTROPLATIA TOTAL DE QUADRIL
Segundo Kisner e Colby (2006), as indicações mais comuns para realização
da artroplastia de quadril incluem: dor intensa durante descarga de peso e
movimentação, grande limitação dos movimentos, instabilidade ou deformidade do
quadril e falha do tratamento conservador.
Segundo Urso et al (2010), na década de 1960, foi desenvolvida a primeira
prótese para artroplastia total de quadril, por John Charnley do Wrightington Hospital
de Lancashire, na Inglaterra. Charnley desenvolveu a prótese total de quadril com
componentes femorais e acetabulares, ambos metálicos. Cerca de três anos depois
ele aperfeiçoou a técnica usando metal como componente femoral (titânio, vanádio,
ligas de cobalto e níquel), e polietileno como componente acetabular. Outro avanço
aconteceu com o uso de cimento acrílico (polimetilmetacrilato) para fixar melhor a
prótese.
De acordo com Kisner e Colby (2006), as próteses não cimentadas são
comumente usadas em pacientes com osteoporose, geralmente idosos, que
praticam pouca atividade física. Já as próteses cimentadas são mais indicadas em
pacientes com até 60 anos e que fisicamente sejam bastante ativos. Essa escolha
evita o afrouxamento da prótese.
Moretti e Pizani (2004) afirmam que são inúmeras as doenças que podem
acometer a articulação do quadril. Dentre elas estão: hemofilia, alcoolismo,
tuberculose, Legg-Pethers, tumores ósseos, seqüelas de epifisiolíse, artrite
reumatóide, espondilite anquilosante, luxação, entre outras. A principal causa é,
predominantemente, a osteoartrose.
Segundo Camargo et al (2004), a osteoartrose é uma doença articular
degenerativa muito comum, que acontece mais freqüentemente no sexo feminino.
Quando a osteoartrose acomete o quadril, pode levar até a incapacidade devido à
dor, pois o quadril é uma articulação que suporta muita carga. Com o passar dos
anos, há o processo de envelhecimento normal de um indivíduo. E com isso ocorre a
modificação da cartilagem articular. Quando o indivíduo ainda é jovem sua cápsula
apresenta superfície lisa e brilhante, tornando-se gradativamente granulosa e opaca.
Nesse período a cartilagem já não absorve impacto. Assim a movimentação normal
causa atrito na articulação, resultando em dor, por vezes, incapacitante.
Segundo Urso et al (2010), a artroplastia de quadril visa restaurar a
mobilidade articular e as estruturas que controlam esta articulação, como os
músculos e ligamentos. Mas o principal objetivo é o alívio da dor.
De acordo com Moretti e Pizani (2004), as principais contra-indicações
incluem:infecções, pacientes com distúrbios neurológicos não controlados, doenças
neuromusculares, pacientes que não possuam orientação para conservar a prótese
e qualquer processo destrutivo ósseo (osteoporose, osteopenia). A cirurgia também
é contra-indicada em pacientes que não possuam osso suficiente para fixação dos
componentes. Algumas complicações podem surgir após a cirurgia. Tais como:
infecção, trombose, afrouxamento, luxação, desgaste ou até quebra da prótese.
3
TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO
Segundo Magee (2002), se faz necessária uma avaliação fisioterapêutica em
um paciente que se submeterá a cirurgia de artroplastia de quadril para que se
possa observar as capacidades e limitações do paciente, e diante disso, estabelecer
um plano de tratamento. Esse tratamento tem por meta prevenir ou corrigir possíveis
disfunções, preservando assim a mobilidade, a força, o equilíbrio e as habilidades
funcionais do paciente.
De acordo com Kisner e Colby (2006), dentre os exercícios usados para a
reabilitação de um paciente que se submeteu a cirurgia de artroplastia de quadril
estão: alongamento, exercícios ativos, fortalecimento, propriocepção, treino de
marcha e hidroterapia.
3.1
ALONGAMENTO
Segundo Kisner e Colby (2006), alongamento é uma manobra fisioterapeutica
usada para aumentar a mobilidade dos músculos, tecido conectivo e pele,
melhorando assim amplitude de movimento. Algumas condições podem restringir a
amplitude normal dos movimentos, como a imobilização prolongada, mobilidade
restrita, doenças do tecido conectivo ou neuromusculares, doenças causadas por
traumas e deformidades ósseas. Em alguns casos é usado o alongamento passivo.
É quando o fisioterapeuta aplica manualmente o alongamento, controlando a força, a
direção, a velocidade, a intensidade e a duração. Há também o auto-alongamento,
que é quando o próprio paciente se alonga depois que o fisioterapeuta lhe orienta. E
por fim, há o alongamento feito por dispositivos mecânicos.
3.2
EXERCÍCIOS ATIVOS
Segundo Kisner e Colby (2006), amplitude de movimento é o movimento
completo possível de um segmento. Envolve músculos, nervos, vasos, cápsulas,
ligamentos e superfícies articulares. É uma técnica usada principalmente no início do
tratamento cinesioterapêutico e também para avaliação fisioterapêutica. Há três
tipos de exercícios: o passivo, produzido por uma força externa, sem contração
muscular; o exercício ativo-assistido, quando uma força manual ou mecânica auxilia
o movimento e; o exercício, ativo, quando há o movimento sem restrições e sem
auxílio, ou seja, o movimento é realizado somente com a contração dos músculos. A
intensidade, volume, freqüência e duração dos exercícios é estabelecida pelo
fisioterapeuta de acordo com a necessidade, capacidade e limitação do paciente.
3.3
FORTALECIMENTO
De acordo com Kisner e Colby (2006), para que um indivíduo tenha uma vida
saudável fisicamente é necessário que seus músculos sejam capazes de produzir,
manter e regular tensão, para atender as demandas das atividades cotidianas. Esse
desempenho muscular poderá alterar-se em caso de lesão, doença, imobilização ou
desuso. Para corrigir ou evitar essa situação é indicado que se faça exercícios com
resistência. Nesse caso o exercício é resistido estática ou dinamicamente, por uma
força externa mecânica ou manual.
McArdle, Katch e Katch (2003) relatam que na contração muscular estática ou
isométrica há uma ativação do músculo sem que haja movimento articular. Já na
contração muscular dinâmica há não só a ativação do músculo como também o
movimento articular. Há dois tipos de contração dinâmica: contração concêntrica e
excêntrica. A contração concêntrica acontece quando o músculo se contrai,
encurtando-se à medida que o movimento articular vai acontecendo. Já na
contração excêntrica acontece quando a resistência excede a força do músculo,
alongando-o.
3.4
TREINO DE MARCHA
De acordo com Magee (2002) a marcha acontece em ciclos. Um ciclo começa
no contato inicial de um pé com o solo até o contato inicial desse mesmo pé com o
solo. O ciclo da marcha tem duas fases: fase de apoio que representa 60% do ciclo
da marcha e fase de balanço que representa os 40% restantes.
Kisner e Colby (2006) relatam que alguns problemas podem alterar a marcha.
Deformidades articulares e ósseas alteram a mecânica da marcha, pois afetam o
alinhamento dos membros inferiores. Já em condições em que há dor, adota-se um
padrão de marcha antálgica, ou seja, evita-se a descarga de peso do lado doloroso.
3.5
HIDROTERAPIA
Segundo Kisner e Colby (2006), o uso da água dentro de um tratamento
fisioterapeutico já vem sendo usado há muito tempo. Isso acontece porque dentro da
água os exercícios se tornam mais fáceis de serem realizados, devido as
propriedades físicas da água.
Deliberato (2007) relata que as propriedades da água incluem: refração,
tensão superficial, viscosidade, pressão hidrostática e flutuabilidade.
De acordo com Kisner e Colby (2006) os exercícios fisioterapêuticos devem
ser feitos com a temperatura da água entre 26ºC e 33ºC. Essa faixa proporciona
desde relaxamento e diminuição do espasmo muscular, até aumento do limiar da
dor, entre outros benefícios.
3.6
PROPRIOCEPÇÃO
De acordo com Deliberato (2007), propriocepção refere-se a percepção de
posição e movimento articular dada pelos impulsos recebidos dos receptores
periféricos. Discrimina-se também a direção, a amplitude e a velocidade com que os
músculos se contraem, além da tensão que ocorre sobre os tendões.
Segundo Gabriel, Petit e Carrie (2001), a propriocepção é usada como técnica
fisioterapêutica para desenvolver ou potencializar a percepção do paciente,
facilitando principalmente o equilíbrio e o controle articular.
3.7
FISIOTERAPIA APÓS A CIRURGIA
Moretti e Pizani (2004) declaram que já no primeiro dia após a cirurgia, a
fisioterapia já é iniciada. Posiciona-se o paciente com uma almofada entre os
joelhos, mantendo o quadril em abdução de 15º e flexão menor que 90º. Essa
posição evita a luxação da prótese. O paciente é colocado na posição semiinclinada, e inicia-se o tratamento com exercícios respiratórios. Com o membro
operado são feitos exercícios ativos e ativo-assistidos de flexão e abdução do
quadril. O movimento de adução do quadril é extremamente contra-indicado, pois
causa a luxação prótese. No segundo dia trabalha-se a flexão e a abdução do
quadril, e a flexão e extensão do joelho ativamente. O fisioterapeuta auxilia esses
movimentos somente quando o paciente não suportar realizá-los. A quantidade de
exercícios é aumentada de acordo com a capacidade do paciente de realizar os
movimentos.
De acordo com Ribeiro et al (2008), entre o 3º ou 4º dias pós-operatório, o
paciente pode sentar a beira da cama por curtos períodos, com o quadril abduzido e
fletido até 45º. Inicia-se também o treino de marcha com apoio parcial, sempre com
auxílio de muletas ou andador. A progressão do tratamento varia de acordo com a
técnica cirúrgica usada. Na cirurgia em que as próteses foram cimentadas e não
houve a osteotomia trocantérica, a sustentação total de peso é permitida bem cedo.
Já nos casos em que foi realizada a osteotomia trocantérica, a sustentação de peso
só será permitida depois de 6 semanas após a cirurgia. Nos casos em que a cirurgia
foi realizada sem o uso de cimento, a marcha com sustentação total de peso só será
possível três meses após a cirurgia. Até lá, faz-se o uso de muletas ou andador.
Segundo Moretti e Pizani (2004) algumas orientações devem ser dadas ao
paciente quando o mesmo receber alta hospitalar, tais como: andar por curtas
distâncias, mas freqüentemente, dando passos largos e iguais, evitar cruzar um
joelho sobre o outro (movimento de adução), evitar o flexionamento máximo do
quadril, sentar em cadeiras altas e afastar os joelhos.
Ribeiro et al (2008) declara que a hidroterapia deve ser iniciada 10 dias após
a cirurgia. No início devem ser priorizados exercícios que usam a flutuabilidade
como auxílio. Ao passar das semanas os exercícios vão progredindo em dificuldade
e intensidade.
De acordo com Kisner e Colby (2006), devem ser feitos alongamentos para
evitar ou prevenir contraturas, bem como exercícios de amplitude de movimento
ativa suportadas pelo paciente. Quando for permitido ficar em pé sem apoio, deve-se
realizar
exercícios
para
fortalecimento
muscular
como
miniagachamentos,
resistência com faixa elástica e tornozeleiras de baixo peso. Aumenta-se
progressivamente com exercícios de apoio unilateral, como subida de degraus. De
acordo com a evolução do paciente aumenta-se as repetições e a resistência dos
exercícios. Inicia-se programas como ciclismo e natação. Nos casos em que a
prótese cirúrgica for cimentada, após três semanas, passa-se a fazer o uso de uma
bengala e treina-se a marcha em superfícies macias e irregulares. Quando a prótese
não for cimentada, ou houve a osteotomia trocantérica, a data é protelada por 12
semanas. O paciente só deixará de usar a bengala quando não houver mais
restrições de apoio de peso, ou apresente desvios durante a marcha, como o sinal
de Trendelenburg positivo (fraqueza do glúteo médio). Finalizando o tratamento, o
fisioterapeuta prepara o paciente para retornar às suas atividades funcionais,
fortalecendo ainda mais a musculatura do quadril, estendendo as caminhadas
semanais em tempo e distância, e orientando o paciente a conservar a prótese.
4
RELATO DE UM CASO
Foi realizado o estudo de um caso de um paciente que se submeteu a cirurgia
de artroplastia de quadril, gênero masculino, 56 anos de idade, nascido no dia 28 de
abril de 1954, residente na cidade de Lins/SP.
Paciente era portador de coxartrose à direita, há aproximadamente 10 anos.
Com a evolução da doença se fez necessária a cirurgia para substituição da
articulação, a artroplastia de quadril. A cirurgia foi feita no dia 19 de dezembro de
2009, no Hospital UNIMED de Lins. No dia 13 de janeiro de 2010 paciente
apresentou quadro de trombose. Teve alta hospitalar dia 08 de fevereiro de 2010. O
dia 22 de fevereiro de 2010 deu inicio no tratamento na Clínica de Reabilitação
Física Dom Bosco, com duração em média de 1 a 2 horas por dia, finalizando em
junho de 2010.
4.1
REABILITAÇÃO
Pós-operatório imediato: posicionamento do paciente com o quadril abduzido
e levemente fletido, e mobilização ativo-assistido de joelho. Realizados também
exercícios respiratórios associados com membros superiores.
2º P.O: Foram realizados:
- Alongamentos de quadríceps.
- Alongamento de isquiotibiais.
- Alongamento de tríceps surais.
- Exercícios ativo-assistidos de flexão de quadril até 90º.
- Exercícios ativo-assistidos de abdução de quadril.
- Exercícios ativos de flexão de joelho.
- Exercícios ativos de extensão de joelho.
- Exercícios calistênicos de tornozelo e pé.
2º mês: Inicia-se o trabalho fisioterapêutico na clínica. Paciente apresentava
goniometria de: 8º de extensão, 98º de flexão, 24º de abdução e
rotação medial de 34º. Paciente deambulava com auxílio de andador.
Cinesioterapia:
- Alongamentos de quadríceps.
- Alongamento de isquiotibiais.
- Alongamento de tríceps surais.
- Alongamento de adutores.
- Alongamentos de glúteos.
- Alongamento de dorsoflexores e flexores plantares.
- Exercícios ativos de flexão de quadril.
- Exercícios ativos de abdução de quadril.
- Exercícios ativos de extensão de quadril.
- Exercícios ativos de flexão de joelho.
- Exercícios ativos de extensão de joelho.
Os exercícios ativos foram realizados com auxílio da bola suíça, tábua de
quadríceps, overball e espelhos.
- Treino de marcha nas barras paralelas com e sem obstáculos, com descarga
parcial de peso.
Hidroterapia:
- Alongamento global de membros inferiores.
- Exercícios ativos de flexo/extenso/abdução de quadril.
- Exercícios de flexo/extensão de joelho.
- Exercícios dinâmicos no step.
- Caminhadas de frente, laterais e para trás.
- Relaxamento.
2º mês: Foi autorizada a retirada do andador do paciente. Nesta data ele
apresentava goniometria de: 18º de extensão, 100º de flexão, 42º de abdução e 25º
de rotação medial.
Cinesioterapia:
- Alongamentos de quadríceps, isquiotibiais, tríceps surais, adutores, glúteos,
dorsoflexores e flexores plantares.
- Exercícios resistidos de flexo/extenso/abdução de quadril.
- Exercícios resistidos de flexo/extensão de joelho.
- Exercícios resistidos de dorsoflexão e flexão plantar.
A resistência foi aplicada não só manualmente, como por tornozeleiras e thera
band. Iniciou-se o fortalecimento com tornozeleiras de meio quilo.
- Treino de marcha nas barras paralelas, rampa e escada, com e sem
obstáculos, de frente, de lado e de ré.
- Exercícios de agachamento utilizando a bola suíça, com ou sem auxílio da
overball, fazendo ou não flexão plantar.
- Bicicleta estacionária com resistência.
Hidroterapia:
- Alongamento global de membros inferiores.
- Exercícios ativos de flexo/extenso/abdução de quadril com tornozeleiras
flutuadoras.
- Exercícios de flexo/extensão de joelho com tornozeleiras flutuadoras.
- Exercícios dinâmicos no step com tornozeleiras flutuadoras.
- Caminhadas de frente, laterais e para trás.
- Minitrote.
- Legg-press.
- Agachamentos.
- Relaxamento.
4º mês: Nesta data o paciente apresentava goniometria de: 20º de extensão,
110º de flexão, 45º de abdução e 25º de rotação medial. O trabalho de
fortalecimento foi intesificado com o aumento progressivo de resistência.
Cinesioterapia:
- Alongamentos de quadríceps, isquiotibiais, tríceps surais, adutores, glúteos,
dorsoflexores e flexores plantares.
- Exercícios resistidos de flexo/extenso/abdução de quadril.
- Exercícios resistidos de flexo/extensão de joelho.
- Exercícios resistidos de dorsoflexão e flexão plantar.
A resistência, neste estágio, era aplicada por tornozeleiras de 1,5Kg.
- Treino de marcha passou a incluir terrenos instáveis.
- Exercícios de agachamento utilizando a bola suíça, com ou sem
auxílio da overball, fazendo ou não flexão plantar.
- Bicicleta estacionária com resistência.
- Propriocepção na cama elástica e balanço bipodal.
Hidroterapia:
- Alongamento global de membros inferiores.
- Exercícios ativos de flexo/extenso/abdução de quadril com flutuadores no
tornozelo.
- Exercícios de flexo/extensão de joelho com flutuadores no tornozelo.
- Exercícios dinâmicos no step com flutuadores no tornozelo.
- Caminhadas de frente, laterais e para trás.
- Minitrote.
- Pedaladas.
- Movimentos de tesoura sem cruzar as pernas.
- Miniagachamentos.
- Relaxamento.
5º mês: Finalização do tratamento. Paciente apresenta prova de função
muscular de grau bom e amplitude de movimento normal.
Cinesioterapia:
- Alongamentos de quadríceps, isquiotibiais, tríceps surais, adutores, glúteos,
dorsoflexores e flexores plantares.
- Exercícios resistidos de flexo/extenso/abdução de quadril.
- Exercícios resistidos de flexo/extensão de joelho.
- Exercícios resistidos de dorsoflexão e flexão plantar.
A resistência, neste estágio, era aplicada por tornozeleiras de 3k.
- Exercícios de agachamento utilizando a bola suíça, com auxílio da overball,
fazendo flexão plantar.
- Bicicleta estacionária com resistência.
- Propriocepção na cama elástica e balanço unipodal.
- Corridas com parada brusca, corrida carioca e polichinelos.
Hidroterapia:
- Alongamento global de membros inferiores.
- Exercícios ativos de flexo/extenso/abdução de quadril com flutuadores no
tornozelo.
- Exercícios de flexo/extensão de joelho com flutuadores no tornozelo.
- Exercícios dinâmicos no step com flutuadores no tornozelo.
- Caminhadas de frente, laterais e para trás.
- Corridas resistidas por flutuadores.
- Legg-press
- Agachamentos.
- Saltos.
- Relaxamento.
CONCLUSÃO
Com o desenvolvimento dessa pesquisa constatou-se que, a intervenção
fisioterapêutica na reabilitação do paciente que se submeteu a artroplastia total de
quadril, quando adaptada as necessidades do paciente, proporciona melhora rápida
e eficaz do paciente, fazendo com que o mesmo retome suas atividades de vida
diária e de vida prática mais precocemente.
A abordagem da fisioterapia na artroplastia total de quadril deve ser ampliada
através de novos estudos que possibilitem uma análise da qualidade de vida em
indivíduos que foram submetidos a essa intervenção cirúrgica.
REFERÊNCIAS
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