FISIOTERAPIA NA ARTROPLASTIA DE QUADRIL: RELATO DE UM CASO PHYSICAL THERAPY IN HIP ARTHROPLASTY: A CASE REPORT Leticia Didomenico – [email protected] Mayra Battistini Paes – [email protected] Ana Claudia de Souza Costa – [email protected] RESUMO A articulação do quadril é composta pelo acetábulo e pela cabeça femoral. Estas estruturas são cobertas com uma cartilagem que permite que os movimentos sejam feitos sem fricção ou dor. Quando essa cápsula é muito danificada e há exposição do osso subcondral acontece então a osteoartrose. Em alguns casos, a dor é tão intensa que o indivíduo passa a evitar os movimentos do quadril, fazendo com que a musculatura se enfraqueça. Assim, os movimentos do quadril tornam-se cada vez mais limitados, dificultando a marcha, e assim a execução de atividades diárias do paciente. Então se faz necessária a artroplastia de quadril. Um procedimento cirúrgico onde ocorre a substituição da superfície articular por prótese, restaurando assim a função do quadril e diminuindo a dor. Na reabilitação o fisioterapeuta lança mão de inúmeras técnicas para restaurar a mobilidade normal do paciente e atingir precocemente a deambulação. Constatou-se então, que a fisioterapia promove melhor e mais rápida reabilitação do paciente com melhor qualidade de vida. Palavras-chave: Osteoartrose. Artroplastia de Quadril. Fisioterapia. ABSTRACT The hip joint is composed of the acetabulum and the femoral head. These structures are covered with a cartilage that allows movements to be made without friction or pain. When this capsule is very damaged and there is exposure of subchondral bone in osteoarthritis happens then. In some cases, the pain is so intense that the individual begins to avoid the movements of the hip, causing muscles to weaken. Thus, the hip movements become increasingly limited, hindering the march, and so the implementation of patient's daily activities. So it is necessary to hip arthroplasty. A surgical procedure where the substitution occurs in the articular surface of the prosthesis, thus restoring hip function and reducing pain. In rehabilitation, the therapist makes use of many techniques to restore normal mobility of the patient and achieve early ambulation. It was verified that the physical therapy promotes better and faster rehabilitation of patients with better quality of life, there is no more pain. Keywords: Osteoarthritis. Hip Arthroplasty. Physiotherapy. INTRODUÇÃO A artroplastia total de quadril é uma cirurgia onde ocorre a substituição da articulação do quadril por prótese. O componente acetabular é feito, geralmente, de plástico e o femoral, de metal. Esta cirurgia se faz necessária quando alguma doença acomete a articulação coxofemoral causando dor e restringindo o movimento, incapacitando assim o paciente. O principal objetivo da artroplastia de quadril é restabelecer os movimentos da articulação e aliviar a dor. Inúmeros são os tipos de prótese do quadril. A indicação dependerá do tipo de doença que acometeu a articulação, da idade do paciente, da qualidade do osso e da experiência do cirurgião ortopedista. O objetivo deste trabalho é relatar a importância do tratamento fisioterapeutico no processo de reabilitação em pacientes com artroplastia de quadril, desde o procedimento cirúrgico até a reinserção do paciente às suas atividades funcionais. Este estudo procura responder o seguinte questionamento: qual a importância da fisioterapia na reabilitação de um paciente que se submeteu a artroplastia de quadril? É de suma importância o tratamento fisioterapêutico no pós-operatório de artroplastia de quadril. A aplicação de variadas técnicas promove uma satisfatória reabilitação, minimizando e prevenindo possíveis complicações, implicando assim, no resultado almejado. O tratamento engloba desde alongamentos, exercícios ativos e fortalecimento, até hidroterapia e treino de marcha. Todos os recursos são aplicados de acordo com a necessidade específica do paciente, sendo aumentados ou modificados periodicamente, até que o paciente se recupere completamente e volte a ter uma vida normal. O trabalho engloba desde a anatomia do quadril e o procedimento cirúrgico até a completa reabilitação do paciente. 1 ANATOMIA DO QUADRIL Segundo Starkey e Ryan (2001), a articulação do quadril é formada pela cabeça do fêmur e pelo acetábulo. O acetábulo é formado pela fusão dos ossos ilíaco, ísquio e púbis. Circundando a articulação, há uma forte e densa cápsula articular sinovial, que tem como função absorver impacto. A articulação do quadril possuí os movimentos de: flexão/extensão, abdução/adução e rotação interna/externa. A limitação desses movimentos se dá pela resistência dos ligamentos e da musculatura que circunda esta articulação. Os principais ligamentos são: iliofemoral, pubofemoral, isquiofemoral, inguinal e o ligamento redondo (ligamento da cabeça do fêmur). Marieb e Hoehn (2009) descrevem os principais músculos da articulação do quadril e suas funções: os músculos ilíaco e psoas maior, ambos flexionam a coxa. O músculo sartório tem como função flexionar o quadril e joelho, abduzir e rodar externamente o quadril. Já o músculo tensor da fáscia lata flexiona e roda internamente o quadril. O músculo reto femoral flexiona o quadril e estende a perna enquanto o músculo adutor magno aduz, flexiona, estende e roda medialmente a coxa. O músculo adutor longo aduz, flexiona e roda medialmente a coxa. Já o músculo adutor curto aduz, flexiona e roda medialmente a coxa. O músculo pectíneo aduz, flexiona e roda medialmente a coxa, enquanto o músculo grácil aduz, flexiona, roda medialmente a coxa e flexiona o joelho. O músculo glúteo médio abduz, flexiona, estende e roda externa e internamente o quadril enquanto o músculo glúteo máximo estende, aduz, abduz e roda externamente o quadril. Há também os músculos bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso. Eles são extensores da perna (quando agem sobre o quadril) e flexores da perna (quando agem sobre o joelho), exceto a curta porção do bíceps. O músculo glúteo mínimo abduz, flete e roda internamente o quadril. Já os músculos gêmeos superior e inferior tem como função rodar externamente o quadril. Há também os músculos obturadores externo e interno que tem por função rodar externamente o quadril. De acordo com Moretti e Pizani (2004), a inervação do quadril se dá pelos nervos obturadores, nervos glúteos superior e inferior, nervo ciático e nervo femoral. Marieb e Hoehn (2009) relatam que a irrigação sanguínea é feita pelas artérias aorta, artérias ilíacas comuns direita e esquerda, artérias ilíacas interna e externa, artérias femorais, artérias circunflexas medial e lateral, e artéria poplítea. 2 ARTROPLATIA TOTAL DE QUADRIL Segundo Kisner e Colby (2006), as indicações mais comuns para realização da artroplastia de quadril incluem: dor intensa durante descarga de peso e movimentação, grande limitação dos movimentos, instabilidade ou deformidade do quadril e falha do tratamento conservador. Segundo Urso et al (2010), na década de 1960, foi desenvolvida a primeira prótese para artroplastia total de quadril, por John Charnley do Wrightington Hospital de Lancashire, na Inglaterra. Charnley desenvolveu a prótese total de quadril com componentes femorais e acetabulares, ambos metálicos. Cerca de três anos depois ele aperfeiçoou a técnica usando metal como componente femoral (titânio, vanádio, ligas de cobalto e níquel), e polietileno como componente acetabular. Outro avanço aconteceu com o uso de cimento acrílico (polimetilmetacrilato) para fixar melhor a prótese. De acordo com Kisner e Colby (2006), as próteses não cimentadas são comumente usadas em pacientes com osteoporose, geralmente idosos, que praticam pouca atividade física. Já as próteses cimentadas são mais indicadas em pacientes com até 60 anos e que fisicamente sejam bastante ativos. Essa escolha evita o afrouxamento da prótese. Moretti e Pizani (2004) afirmam que são inúmeras as doenças que podem acometer a articulação do quadril. Dentre elas estão: hemofilia, alcoolismo, tuberculose, Legg-Pethers, tumores ósseos, seqüelas de epifisiolíse, artrite reumatóide, espondilite anquilosante, luxação, entre outras. A principal causa é, predominantemente, a osteoartrose. Segundo Camargo et al (2004), a osteoartrose é uma doença articular degenerativa muito comum, que acontece mais freqüentemente no sexo feminino. Quando a osteoartrose acomete o quadril, pode levar até a incapacidade devido à dor, pois o quadril é uma articulação que suporta muita carga. Com o passar dos anos, há o processo de envelhecimento normal de um indivíduo. E com isso ocorre a modificação da cartilagem articular. Quando o indivíduo ainda é jovem sua cápsula apresenta superfície lisa e brilhante, tornando-se gradativamente granulosa e opaca. Nesse período a cartilagem já não absorve impacto. Assim a movimentação normal causa atrito na articulação, resultando em dor, por vezes, incapacitante. Segundo Urso et al (2010), a artroplastia de quadril visa restaurar a mobilidade articular e as estruturas que controlam esta articulação, como os músculos e ligamentos. Mas o principal objetivo é o alívio da dor. De acordo com Moretti e Pizani (2004), as principais contra-indicações incluem:infecções, pacientes com distúrbios neurológicos não controlados, doenças neuromusculares, pacientes que não possuam orientação para conservar a prótese e qualquer processo destrutivo ósseo (osteoporose, osteopenia). A cirurgia também é contra-indicada em pacientes que não possuam osso suficiente para fixação dos componentes. Algumas complicações podem surgir após a cirurgia. Tais como: infecção, trombose, afrouxamento, luxação, desgaste ou até quebra da prótese. 3 TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO Segundo Magee (2002), se faz necessária uma avaliação fisioterapêutica em um paciente que se submeterá a cirurgia de artroplastia de quadril para que se possa observar as capacidades e limitações do paciente, e diante disso, estabelecer um plano de tratamento. Esse tratamento tem por meta prevenir ou corrigir possíveis disfunções, preservando assim a mobilidade, a força, o equilíbrio e as habilidades funcionais do paciente. De acordo com Kisner e Colby (2006), dentre os exercícios usados para a reabilitação de um paciente que se submeteu a cirurgia de artroplastia de quadril estão: alongamento, exercícios ativos, fortalecimento, propriocepção, treino de marcha e hidroterapia. 3.1 ALONGAMENTO Segundo Kisner e Colby (2006), alongamento é uma manobra fisioterapeutica usada para aumentar a mobilidade dos músculos, tecido conectivo e pele, melhorando assim amplitude de movimento. Algumas condições podem restringir a amplitude normal dos movimentos, como a imobilização prolongada, mobilidade restrita, doenças do tecido conectivo ou neuromusculares, doenças causadas por traumas e deformidades ósseas. Em alguns casos é usado o alongamento passivo. É quando o fisioterapeuta aplica manualmente o alongamento, controlando a força, a direção, a velocidade, a intensidade e a duração. Há também o auto-alongamento, que é quando o próprio paciente se alonga depois que o fisioterapeuta lhe orienta. E por fim, há o alongamento feito por dispositivos mecânicos. 3.2 EXERCÍCIOS ATIVOS Segundo Kisner e Colby (2006), amplitude de movimento é o movimento completo possível de um segmento. Envolve músculos, nervos, vasos, cápsulas, ligamentos e superfícies articulares. É uma técnica usada principalmente no início do tratamento cinesioterapêutico e também para avaliação fisioterapêutica. Há três tipos de exercícios: o passivo, produzido por uma força externa, sem contração muscular; o exercício ativo-assistido, quando uma força manual ou mecânica auxilia o movimento e; o exercício, ativo, quando há o movimento sem restrições e sem auxílio, ou seja, o movimento é realizado somente com a contração dos músculos. A intensidade, volume, freqüência e duração dos exercícios é estabelecida pelo fisioterapeuta de acordo com a necessidade, capacidade e limitação do paciente. 3.3 FORTALECIMENTO De acordo com Kisner e Colby (2006), para que um indivíduo tenha uma vida saudável fisicamente é necessário que seus músculos sejam capazes de produzir, manter e regular tensão, para atender as demandas das atividades cotidianas. Esse desempenho muscular poderá alterar-se em caso de lesão, doença, imobilização ou desuso. Para corrigir ou evitar essa situação é indicado que se faça exercícios com resistência. Nesse caso o exercício é resistido estática ou dinamicamente, por uma força externa mecânica ou manual. McArdle, Katch e Katch (2003) relatam que na contração muscular estática ou isométrica há uma ativação do músculo sem que haja movimento articular. Já na contração muscular dinâmica há não só a ativação do músculo como também o movimento articular. Há dois tipos de contração dinâmica: contração concêntrica e excêntrica. A contração concêntrica acontece quando o músculo se contrai, encurtando-se à medida que o movimento articular vai acontecendo. Já na contração excêntrica acontece quando a resistência excede a força do músculo, alongando-o. 3.4 TREINO DE MARCHA De acordo com Magee (2002) a marcha acontece em ciclos. Um ciclo começa no contato inicial de um pé com o solo até o contato inicial desse mesmo pé com o solo. O ciclo da marcha tem duas fases: fase de apoio que representa 60% do ciclo da marcha e fase de balanço que representa os 40% restantes. Kisner e Colby (2006) relatam que alguns problemas podem alterar a marcha. Deformidades articulares e ósseas alteram a mecânica da marcha, pois afetam o alinhamento dos membros inferiores. Já em condições em que há dor, adota-se um padrão de marcha antálgica, ou seja, evita-se a descarga de peso do lado doloroso. 3.5 HIDROTERAPIA Segundo Kisner e Colby (2006), o uso da água dentro de um tratamento fisioterapeutico já vem sendo usado há muito tempo. Isso acontece porque dentro da água os exercícios se tornam mais fáceis de serem realizados, devido as propriedades físicas da água. Deliberato (2007) relata que as propriedades da água incluem: refração, tensão superficial, viscosidade, pressão hidrostática e flutuabilidade. De acordo com Kisner e Colby (2006) os exercícios fisioterapêuticos devem ser feitos com a temperatura da água entre 26ºC e 33ºC. Essa faixa proporciona desde relaxamento e diminuição do espasmo muscular, até aumento do limiar da dor, entre outros benefícios. 3.6 PROPRIOCEPÇÃO De acordo com Deliberato (2007), propriocepção refere-se a percepção de posição e movimento articular dada pelos impulsos recebidos dos receptores periféricos. Discrimina-se também a direção, a amplitude e a velocidade com que os músculos se contraem, além da tensão que ocorre sobre os tendões. Segundo Gabriel, Petit e Carrie (2001), a propriocepção é usada como técnica fisioterapêutica para desenvolver ou potencializar a percepção do paciente, facilitando principalmente o equilíbrio e o controle articular. 3.7 FISIOTERAPIA APÓS A CIRURGIA Moretti e Pizani (2004) declaram que já no primeiro dia após a cirurgia, a fisioterapia já é iniciada. Posiciona-se o paciente com uma almofada entre os joelhos, mantendo o quadril em abdução de 15º e flexão menor que 90º. Essa posição evita a luxação da prótese. O paciente é colocado na posição semiinclinada, e inicia-se o tratamento com exercícios respiratórios. Com o membro operado são feitos exercícios ativos e ativo-assistidos de flexão e abdução do quadril. O movimento de adução do quadril é extremamente contra-indicado, pois causa a luxação prótese. No segundo dia trabalha-se a flexão e a abdução do quadril, e a flexão e extensão do joelho ativamente. O fisioterapeuta auxilia esses movimentos somente quando o paciente não suportar realizá-los. A quantidade de exercícios é aumentada de acordo com a capacidade do paciente de realizar os movimentos. De acordo com Ribeiro et al (2008), entre o 3º ou 4º dias pós-operatório, o paciente pode sentar a beira da cama por curtos períodos, com o quadril abduzido e fletido até 45º. Inicia-se também o treino de marcha com apoio parcial, sempre com auxílio de muletas ou andador. A progressão do tratamento varia de acordo com a técnica cirúrgica usada. Na cirurgia em que as próteses foram cimentadas e não houve a osteotomia trocantérica, a sustentação total de peso é permitida bem cedo. Já nos casos em que foi realizada a osteotomia trocantérica, a sustentação de peso só será permitida depois de 6 semanas após a cirurgia. Nos casos em que a cirurgia foi realizada sem o uso de cimento, a marcha com sustentação total de peso só será possível três meses após a cirurgia. Até lá, faz-se o uso de muletas ou andador. Segundo Moretti e Pizani (2004) algumas orientações devem ser dadas ao paciente quando o mesmo receber alta hospitalar, tais como: andar por curtas distâncias, mas freqüentemente, dando passos largos e iguais, evitar cruzar um joelho sobre o outro (movimento de adução), evitar o flexionamento máximo do quadril, sentar em cadeiras altas e afastar os joelhos. Ribeiro et al (2008) declara que a hidroterapia deve ser iniciada 10 dias após a cirurgia. No início devem ser priorizados exercícios que usam a flutuabilidade como auxílio. Ao passar das semanas os exercícios vão progredindo em dificuldade e intensidade. De acordo com Kisner e Colby (2006), devem ser feitos alongamentos para evitar ou prevenir contraturas, bem como exercícios de amplitude de movimento ativa suportadas pelo paciente. Quando for permitido ficar em pé sem apoio, deve-se realizar exercícios para fortalecimento muscular como miniagachamentos, resistência com faixa elástica e tornozeleiras de baixo peso. Aumenta-se progressivamente com exercícios de apoio unilateral, como subida de degraus. De acordo com a evolução do paciente aumenta-se as repetições e a resistência dos exercícios. Inicia-se programas como ciclismo e natação. Nos casos em que a prótese cirúrgica for cimentada, após três semanas, passa-se a fazer o uso de uma bengala e treina-se a marcha em superfícies macias e irregulares. Quando a prótese não for cimentada, ou houve a osteotomia trocantérica, a data é protelada por 12 semanas. O paciente só deixará de usar a bengala quando não houver mais restrições de apoio de peso, ou apresente desvios durante a marcha, como o sinal de Trendelenburg positivo (fraqueza do glúteo médio). Finalizando o tratamento, o fisioterapeuta prepara o paciente para retornar às suas atividades funcionais, fortalecendo ainda mais a musculatura do quadril, estendendo as caminhadas semanais em tempo e distância, e orientando o paciente a conservar a prótese. 4 RELATO DE UM CASO Foi realizado o estudo de um caso de um paciente que se submeteu a cirurgia de artroplastia de quadril, gênero masculino, 56 anos de idade, nascido no dia 28 de abril de 1954, residente na cidade de Lins/SP. Paciente era portador de coxartrose à direita, há aproximadamente 10 anos. Com a evolução da doença se fez necessária a cirurgia para substituição da articulação, a artroplastia de quadril. A cirurgia foi feita no dia 19 de dezembro de 2009, no Hospital UNIMED de Lins. No dia 13 de janeiro de 2010 paciente apresentou quadro de trombose. Teve alta hospitalar dia 08 de fevereiro de 2010. O dia 22 de fevereiro de 2010 deu inicio no tratamento na Clínica de Reabilitação Física Dom Bosco, com duração em média de 1 a 2 horas por dia, finalizando em junho de 2010. 4.1 REABILITAÇÃO Pós-operatório imediato: posicionamento do paciente com o quadril abduzido e levemente fletido, e mobilização ativo-assistido de joelho. Realizados também exercícios respiratórios associados com membros superiores. 2º P.O: Foram realizados: - Alongamentos de quadríceps. - Alongamento de isquiotibiais. - Alongamento de tríceps surais. - Exercícios ativo-assistidos de flexão de quadril até 90º. - Exercícios ativo-assistidos de abdução de quadril. - Exercícios ativos de flexão de joelho. - Exercícios ativos de extensão de joelho. - Exercícios calistênicos de tornozelo e pé. 2º mês: Inicia-se o trabalho fisioterapêutico na clínica. Paciente apresentava goniometria de: 8º de extensão, 98º de flexão, 24º de abdução e rotação medial de 34º. Paciente deambulava com auxílio de andador. Cinesioterapia: - Alongamentos de quadríceps. - Alongamento de isquiotibiais. - Alongamento de tríceps surais. - Alongamento de adutores. - Alongamentos de glúteos. - Alongamento de dorsoflexores e flexores plantares. - Exercícios ativos de flexão de quadril. - Exercícios ativos de abdução de quadril. - Exercícios ativos de extensão de quadril. - Exercícios ativos de flexão de joelho. - Exercícios ativos de extensão de joelho. Os exercícios ativos foram realizados com auxílio da bola suíça, tábua de quadríceps, overball e espelhos. - Treino de marcha nas barras paralelas com e sem obstáculos, com descarga parcial de peso. Hidroterapia: - Alongamento global de membros inferiores. - Exercícios ativos de flexo/extenso/abdução de quadril. - Exercícios de flexo/extensão de joelho. - Exercícios dinâmicos no step. - Caminhadas de frente, laterais e para trás. - Relaxamento. 2º mês: Foi autorizada a retirada do andador do paciente. Nesta data ele apresentava goniometria de: 18º de extensão, 100º de flexão, 42º de abdução e 25º de rotação medial. Cinesioterapia: - Alongamentos de quadríceps, isquiotibiais, tríceps surais, adutores, glúteos, dorsoflexores e flexores plantares. - Exercícios resistidos de flexo/extenso/abdução de quadril. - Exercícios resistidos de flexo/extensão de joelho. - Exercícios resistidos de dorsoflexão e flexão plantar. A resistência foi aplicada não só manualmente, como por tornozeleiras e thera band. Iniciou-se o fortalecimento com tornozeleiras de meio quilo. - Treino de marcha nas barras paralelas, rampa e escada, com e sem obstáculos, de frente, de lado e de ré. - Exercícios de agachamento utilizando a bola suíça, com ou sem auxílio da overball, fazendo ou não flexão plantar. - Bicicleta estacionária com resistência. Hidroterapia: - Alongamento global de membros inferiores. - Exercícios ativos de flexo/extenso/abdução de quadril com tornozeleiras flutuadoras. - Exercícios de flexo/extensão de joelho com tornozeleiras flutuadoras. - Exercícios dinâmicos no step com tornozeleiras flutuadoras. - Caminhadas de frente, laterais e para trás. - Minitrote. - Legg-press. - Agachamentos. - Relaxamento. 4º mês: Nesta data o paciente apresentava goniometria de: 20º de extensão, 110º de flexão, 45º de abdução e 25º de rotação medial. O trabalho de fortalecimento foi intesificado com o aumento progressivo de resistência. Cinesioterapia: - Alongamentos de quadríceps, isquiotibiais, tríceps surais, adutores, glúteos, dorsoflexores e flexores plantares. - Exercícios resistidos de flexo/extenso/abdução de quadril. - Exercícios resistidos de flexo/extensão de joelho. - Exercícios resistidos de dorsoflexão e flexão plantar. A resistência, neste estágio, era aplicada por tornozeleiras de 1,5Kg. - Treino de marcha passou a incluir terrenos instáveis. - Exercícios de agachamento utilizando a bola suíça, com ou sem auxílio da overball, fazendo ou não flexão plantar. - Bicicleta estacionária com resistência. - Propriocepção na cama elástica e balanço bipodal. Hidroterapia: - Alongamento global de membros inferiores. - Exercícios ativos de flexo/extenso/abdução de quadril com flutuadores no tornozelo. - Exercícios de flexo/extensão de joelho com flutuadores no tornozelo. - Exercícios dinâmicos no step com flutuadores no tornozelo. - Caminhadas de frente, laterais e para trás. - Minitrote. - Pedaladas. - Movimentos de tesoura sem cruzar as pernas. - Miniagachamentos. - Relaxamento. 5º mês: Finalização do tratamento. Paciente apresenta prova de função muscular de grau bom e amplitude de movimento normal. Cinesioterapia: - Alongamentos de quadríceps, isquiotibiais, tríceps surais, adutores, glúteos, dorsoflexores e flexores plantares. - Exercícios resistidos de flexo/extenso/abdução de quadril. - Exercícios resistidos de flexo/extensão de joelho. - Exercícios resistidos de dorsoflexão e flexão plantar. A resistência, neste estágio, era aplicada por tornozeleiras de 3k. - Exercícios de agachamento utilizando a bola suíça, com auxílio da overball, fazendo flexão plantar. - Bicicleta estacionária com resistência. - Propriocepção na cama elástica e balanço unipodal. - Corridas com parada brusca, corrida carioca e polichinelos. Hidroterapia: - Alongamento global de membros inferiores. - Exercícios ativos de flexo/extenso/abdução de quadril com flutuadores no tornozelo. - Exercícios de flexo/extensão de joelho com flutuadores no tornozelo. - Exercícios dinâmicos no step com flutuadores no tornozelo. - Caminhadas de frente, laterais e para trás. - Corridas resistidas por flutuadores. - Legg-press - Agachamentos. - Saltos. - Relaxamento. CONCLUSÃO Com o desenvolvimento dessa pesquisa constatou-se que, a intervenção fisioterapêutica na reabilitação do paciente que se submeteu a artroplastia total de quadril, quando adaptada as necessidades do paciente, proporciona melhora rápida e eficaz do paciente, fazendo com que o mesmo retome suas atividades de vida diária e de vida prática mais precocemente. A abordagem da fisioterapia na artroplastia total de quadril deve ser ampliada através de novos estudos que possibilitem uma análise da qualidade de vida em indivíduos que foram submetidos a essa intervenção cirúrgica. 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