UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO “LATU SENSU” EM GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS ÉRICA CAMILO RALDI INTERAÇÕES ENTRE AVES E PLANTAS ZOOCÓRICAS NA MATA ATLÂNTICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA CRICIÚMA, MARÇO DE 2009 ÉRICA CAMILO RALDI INTERAÇÕES ENTRE AVES E PLANTAS ZOOCÓRICAS NA MATA ATLÂNTICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Monografia apresentada ao setor de pósgraduação como requisito parcial à obtenção do título de especialista em Gestão de Recursos Naturais da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Orientador (a): Profa. Dra. Birgit HarterMarques CRICIÚMA, MARÇO DE 2009 3 Dedico este trabalho ao meu marido Ângelo e a minha querida avó Iria, pela paciência e incentivo em mais esta fase. 4 AGRADECIMENTO À minha orientadora Profa. Dra. Birgit HarterMarques pela oportunidade, paciência e dedicação. Aos amigos Susana, Ricardo e Márcia pelo incentivo, principalmente pela amizade. colaboração e 5 “The most insidious kind of extinction is the extinction of ecological interactions.” Daniel H. Janzen (1974) 6 RESUMO As aves como agentes dispersores têm um importante valor no processo de reestruturação de ecossistemas e florestas. Assim, o objetivo deste estudo foi reunir em um único trabalho todas as relações de interação entre aves e plantas zoocóricas da Mata Atlântica encontradas em uma revisão bibliográfica. Foram pesquisadas essas relações de mutualismo em várias publicações (artigos, teses, dissertações, monografias e livros) da região de São Paulo à Rio Grande do Sul e construídas tabelas que indicam com facilidade quais aves se alimentam de determinadas plantas. Através da pesquisa foram obtidos registros de 104 espécies de aves e 67 espécies arbóreas, destas as três aves com maior número de interações foram: Penelope superciliaris (Cracidae) com 45 espécies de plantas, Turdus amaurochalinus (Muscicapidae) interagindo com 16 plantas e Turdus rufiventris (Muscicapidae) com 15 interações. Entre as plantas as três espécies que se destacaram foram: Cabralea canjerana (Meliaceae) com registro de 39 aves, Rapanea ferruginea (Myrsinaceae) com 25 espécies de aves e Talauma ovata (Magnoliaceae) interagindo com 24 aves. Em relação às outras espécies de aves e plantas registradas o número de interações foi muito baixo, a maioria com apenas 1 registro, pode-se concluir com isso a importância da variedade e riqueza tanto vegetal quanto animal, para suprir as necessidades individuais de cada espécie. Além disso, deve-se destacar a importância e carência de estudos que descrevam maiores números de espécies de aves e plantas e suas relações. Palavras-chave: Aves; plantas zoocóricas; interação; Mata Atlântica. . 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Número de interações com aves registradas para as espécies zoocóricas encontradas nas referências bibliográficas consultadas............................................25 Figura 2 - Número de interações com aves registradas para as espécies zoocóricas encontradas nas referências bibliográficas consultadas……………………………….35 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Interações entre plantas zoocóricas e aves encontradas na pesquisa de referências sobre o tema, ordenadas de forma decrescente pelo número total de interações registradas................................................................................................26 Tabela 2 – Interações entre aves e plantas zoocóricas encontradas na pesquisa de referências sobre o tema, ordenadas de forma decrescente pelo número total de interações registradas................................................................................................36 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................10 2 O BIOMA MATA ATLÂNTICA................................................................................13 3 A RELAÇÃO DE MUTUALISMO ENTRE FRUGÍVOROS E PLANTAS ZOOCÓRICAS...........................................................................................................15 4 AVES DISPERSORAS DE SEMENTES E SUA IMPORTÂNCIA NA MATA ATLÂNTICA...............................................................................................................17 5 A IMPORTÂNCIA DA AVIFAUNA EM PROJETOS DE MANEJO E RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS.........................................................19 6 JUSTIFICATIVA/OBJETIVO.............. ....................................................................21 7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DE DADOS.......................21 8 CONCLUSÃO ........................................................................................................49 REFERÊNCIAS.........................................................................................................52 10 1 INTRODUÇÃO O Brasil é um país muito rico, no que diz respeito à biodiversidade. Sua extensão territorial e, principalmente seus recursos naturais, seu clima, sua temperatura, entre outros fatores, torna-o um país tropical, o que possibilita a ocorrência de diversos ecossistemas, com características particulares (MACHADO; MARTINS; RÓZ, 2007). Desse modo abriga várias espécies, sendo importante sua conservação. Em se tratando de avifauna, o país conta com inúmeras espécies, muitas endêmicas de determinados ecossistemas, como a Mata Atlântica (SICK, 1997). Segundo Marini e Garcia (2005), a interferência antrópica nos ecossistemas naturais afetou de maneira agressiva as espécies de aves que neles habitam. A caça predatória, a introdução de espécies exóticas, o desmatamento, as queimadas, o aquecimento global, o tráfico de animais silvestres, os desastres naturais, o processo desenfreado de urbanização, entres outros, culminaram em um único e não menos importante problema a redução de habitat e alimentos para essas espécies. A influência do homem tem causado vários impactos sobre a biodiversidade, como a perda da variabilidade genética e a alteração do funcionamento dos ecossistemas (ROOS, 2002). Conforme Sick (1997) e Marini e Garcia (2005), as aves apresentam altas taxas de endemismos e uma riqueza expressiva de espécies, todavia o aumento da quantidade de espécies ameaçadas de extinção explica-se em parte, de muitas delas dependerem dos fatores ambientais (clima, temperatura...) para sobreviver. Contudo as aves são consideradas boas bioindicadoras, uma vez que respondem rápido as alterações do ambiente e por esse motivo podem ser utilizadas para o monitoramento das áreas que encontram-se sujeitas as ações humanas (MARTERER, 1996). As respostas das aves aos problemas ambientais são bem diversificadas, existem aves que aproveitam as alterações ambientais para aumentarem a sua população, outras, no entanto, ficam sujeitas de entrarem na lista dos animais ameaçados de extinção (MARINI; GARCIA, 2005). 11 É provável que se esse atual quadro de degradação continuar o número de espécies ameaçadas irá aumentar de modo significativo, já que a fragmentação das florestas limita a migração e a colonização das espécies para restabelecimento das populações no decorrer do tempo (TABARELLI et al., 2005). Nas florestas tropicais, é possível perceber que existem inúmeras espécies vegetais que apresentam sementes dispersas pela fauna (HOWE; SMALLWOOD, 1982 apud FRANCISCO; GALETTI, 2002). Como agentes dispersores, as aves têm um importante valor no processo de reestruturação de ecossistemas e florestas, uma vez que carregam as sementes das matas para locais degradados, promovendo a sua reconstituição (MANHÃES; ASSIS; CASTRO, 2003). Devido essa interação existente entre aves e as plantas, muitas espécies da avifauna estão sendo utilizadas em processos de conservação de ecossistemas (FRANCISCO; GALETTI, 2002) Diante deste fato, é indispensável o conhecimento dos padrões de diversidade nos sistemas naturais que produzem e sustentam toda a avifauna. Entender a relação das aves com os fatores físicos, químicos e biológicos do ambiente, além da sazonalidade e da importância das espécies envolvidas garantirá medidas seguras de proteção e manejo para a preservação dos ecossistemas. Portanto, esse trabalho teve como objetivo estudar especificamente as aves dispersoras de sementes da vegetação nativa da Mata Atlântica dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, reunindo referências de outros trabalhos e de livros que relatam individualmente determinadas aves relacionadas com algumas plantas, e destacar a importância deste estudo para projetos de manejo e recuperação em áreas de Santa Catarina onde a vegetação é essencialmente formada pelo Bioma Mata Atlântica e as aves dispersoras são semelhantes às de outros estados brasileiros. Este estudo encontra-se dividido em capítulos: o Bioma Mata Atlântica, onde encontra-se um breve histórico sobre esta vegetação e a grande importância de sua riqueza de espécies arbóreas para a manutenção da vida animal. No que se trata da relação de mutualismo entre frugívoros e plantas zoocóricas é evidente a dependência entre esses seres vivos, onde plantas servem de alimento e as aves dispersam seus propágulos. Com a crescente degradação do que ainda resta da Mata Atlântica as 12 aves dispersoras apresentam grande importância não só para a manutenção dessas florestas, como para a recuperação de áreas degradadas, apresentando uma relação estreita de dependência entre estas aves e o Bioma em questão. O último capítulo e não menos importante, trata da importância da avifauna em projetos de manejo e recuperação de áreas degradadas, encontra-se neste capítulo como as aves podem ser uma alternativa acessível em relação a custos para manutenção e recuperação de ambientes degradados ou alterados. Posteriormente além do objetivo deste trabalho, encontram-se os procedimentos metodológicos e a análise de dados, onde descreve-se os métodos empregados para a realização da pesquisa e a análise dos resultados para a construção de duas tabelas. Na parte que encerra este estudo, encontram-se as conclusões e comentários sobre os resultados obtidos, além das referências utilizadas. 13 2 O BIOMA MATA ATLÂNTICA A Mata Atlântica originalmente estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, tratava-se da segunda maior floresta tropical úmida do Brasil, só comparável à Floresta Amazônica. A Mata Atlântica assume formações que desenvolvem plantas adaptadas às diferentes regiões brasileiras, com variação de altitude, temperatura, relevo e umidade (MACHADO; MARTINS; RÓZ, 2007). o De acordo com a lei N 11.428, de 22 de dezembro de 2006, art. 2º para os efeitos desta lei consideram-se integrantes do Bioma Mata Atlântica as seguintes formações florestais nativas e ecossistemas associados, com as respectivas delimitações estabelecidas em mapa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, conforme regulamento: Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do nordeste. A história de degradação da floresta atlântica não é algo apenas da atualidade. Ela sofre influência antrópica desde a chegada dos primeiros colonizadores, que abriam áreas para a implantação da agricultura e pecuária, realizavam a extração de madeira e utilizavam a fauna para a alimentação e confecção de vestimentas (TABARELLI et al., 2005). Atualmente a maior floresta brasileira dá lugar às grandes cidades, áreas de pastagens e agricultura. Ainda, segundo Tabarelli et al. (2005), o grande problema do desmatamento e queimadas dessa floresta é que leva a um rápido empobrecimento do solo e na redução de alimentos e habitat para os animais. O quadro se agrava com o avanço da indústria e do comércio, cuja matéria-prima e energia necessárias à manutenção da produção eram e ainda são retirados dos nossos ecossistemas. A onda massiva de industrialização, desenvolvimento econômico e degradação ambiental que se iniciou no Brasil na década de 1950 tem resultado, desde a metade da década de 1970, em um levante de preocupações e ações sobre as questões ambientais, particularmente com referência a mecanismos eficientes de proteção à biodiversidade. (TABARELLI et al., 2005; p.135). Apesar da relevante importância da Mata Atlântica na manutenção dos ecossistemas e conservação de espécies vegetais e animais, as florestas foram e estão sendo cada vez mais degradadas. Atualmente restam apenas 5% da sua 14 área de abrangência original, as regiões Sul e Sudeste do Brasil compõem os estados com maior dominância original do Bioma Mata Atlântica (MACHADO; MARTINS; RÓZ, 2007). Nessas regiões, as florestas têm apresentado distribuição fragmentada em remanescentes que se localizam principalmente na zona costeira da Serra Geral, preservados somente pelo difícil acesso relacionado à declividade da área (MACHADO; MARTINS; RÓZ, 2007). Apesar do vasto desmatamento, a Floresta Atlântica guarda a maior biodiversidade por hectare entre florestas tropicais, devido a sua distribuição que abrange condições características de clima e altitude, favorecendo a diversidade de espécies vegetais e animais (SCHERER; SILVA; BAPTISTA, 2007; MACHADO; MARTINS; RÓZ, 2007). Há plantas adaptadas aos vários extratos que formam a floresta, desde bromélias e epífitas a arbustos e grandes árvores, além disso, apresentam flores e frutos de vários formatos, cores, odores e sabores para atrair a maior diversidade de polinizadores e dispersores de sementes (SCHERER; SILVA; BAPTISTA, 2007; MACHADO; ROSA, 2005). A falta de levantamentos sobre os animais da Mata Atlântica torna a descrição e o diagnóstico mais difícil do que no caso da vegetação. Apesar da deficiência de informações para alguns grupos taxonômicos, pesquisas evidenciam que a diversidade é muito elevada (MARINI; GARCIA, 2005). A fauna da Mata Atlântica, uma das mais ricas em diversidade de espécies, está entre as cinco regiões do planeta que possuem o maior número de espécies endêmicas (MARINI; GARCIA, 2005). Sua fauna está intimamente relacionada com a vegetação, conforme os motivos vistos anteriormente. De acordo com Primack e Rodrigues (2001 apud KRIECK, 2006) para a conservação do que ainda resta das florestas de Mata Atlântica é indispensável o equilíbrio entre todos os organismos deste ecossistema, sem desconsiderar os elementos abióticos como a água, vento, clima e temperatura. É notável a relação de dependência entre os componentes das florestas, principalmente entre a fauna e a flora (OLIVEIRA, 1998; FRANCISCO; GALETTI, 2002; FADINI; MARCO JUNIOR, 2004). As plantas terrestres vivem a maior parte de suas vidas fixas a um substrato e por esse motivo desenvolve uma grande dependência aos outros elementos da natureza para facilitar o seu processo reprodutivo, tanto na fase de trocas de gametas, polinização, quanto na fase de dispersão de propágulos (OLIVEIRA, 15 1998). Assim, a conservação e restabelecimento dos fragmentos florestais garantirão o bom funcionamento do ecossistema e conseqüentemente manterá as espécies que dele dependem para sobreviver. 3 A RELAÇÃO DE MUTUALISMO ENTRE FRUGÍVOROS E PLANTAS ZOOCÓRICAS A relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O fornecimento de alimento a fauna, em troca do auxílio à conservação de uma espécie vegetal é bastante comum (VAN DER PIJL, 1982 apud FRANCISCO; GALETTI, 2002). Essa influência mútua existente entre a fauna e a flora, se dá através de um processo de co-evolução, onde plantas com flores e seus polinizadores foram adaptando hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. (CARVALHAL; RODRIGUES; BERCHEZ, 2008) Além disso, segundo Howe e Primack (1975); Janzen et al. (1976) e Augsburger (1984) (apud FDINI; MARCO JUNIOR, 2004), os animais têm uma importante função na disseminação das sementes de frutos zoocóricos, porque as retiram dos arredores da planta-mãe, local sujeito a intensa predação, tanto pela ação de insetos como de mamíferos predadores de sementes, quanto pela competição com as plantas adultas. Uma vez que esses animais se alimentam da polpa de frutos desprezando as sementes das plantas zoocóricas (SCHERER; SILVA; BAPTISTA, 2007). Tal relação pode ser considerada uma forma de mutualismo, onde ambas as espécies são beneficiadas, os frugívoros obtém sua nutrição através da polpa do fruto e em troca transportam as sementes dessas plantas garantindo assim o seu estabelecimento e desenvolvimento em outra área (VAN DER PIJL (1982 apud FRANCISCO; GALETTI, 2001); JORDANO, (1992 apud CAZETTA et al., 2002); FRANCISCO; GALETTI, 2002). A ação dos dispersores de sementes torna-se, portanto essencial tanto para o sucesso individual das plantas como para a dinâmica das populações e das comunidades vegetais). As aves se destacam como os frugívoros de maior importância e 16 eficiência na dispersão de propágulos de plantas para a manutenção de florestas e recuperação de áreas degradadas (ASSUNÇÃO, 2006). Essa dependência entre animais e plantas confirma a importância do equilíbrio ecológico entre fauna e flora assim como entre todos os elementos dos ecossistemas. Conforme Francisco; Galetti (2001); Francisco; Galetti (2002); Scherer; Silva e Baptista (2007), a dispersão de sementes é uma das principais interações entre seres vivos, tornando-se essencial para as plantas zoocóricas, pois permitem a elas a ocupação de novos nichos e a manutenção da espécie. Embora as aves sejam importantes na dispersão de sementes, a eficiência desse processo não é a mesma para todas as espécies de aves. (FRANCISCO; GALETTI, 2002). As plantas cuja dispersão ocorre por meio das aves apresentam algumas características bastante peculiares, como a produção de frutos adocicados, dotados de cores vistosas e texturizados, a fim de atrair as aves para uma boa alimentação e conseqüente dispersão (VAN DER PIJL (1972 apud MANHÃES; ASSIS; CASTRO, 2003); SCHERER; SILVA; BAPTISTA, 2007). O tratamento da semente no bico e trato digestivo e qualidade de dispersão de sementes am áreas favoráveis tem grande influência no sucesso reprodutivo de uma planta (HERRERA; JORDANO, (1981 apud GONDIM, 2001)). Cabe ressaltar, segundo Pascotto (2007), que as sementes ingeridas podem não só atravessar o trato digestivo das aves para serem eliminadas pelas fezes, como também poderão ser regurgitadas pelas mesmas. A regurgitação das sementes traz benefícios às espécies, uma vez que as sementes são lançadas intactas ao solo tendo a plena capacidade de germinação, além disso, dispensando as sementes, as aves tornam-se mais leve facilitando seu deslocamento (vôo) (MACHADO; ROSA, 2005). Conforme o mencionado, verifica-se que uma das melhores, se não a única e mais viável forma de preservar e recuperar nossas florestas e suas relações é através da interação existente entre animais frugívoros e plantas zoocóricas, uma vez que são espécies dependentes, no diz respeito à alimentação e reprodução. Além disso, a recuperação de áreas possibilita a ocorrência de novas espécies e fornece habitat a fauna, possibilitando a sucessão ecológica e o equilíbrio do ecossistema. 17 4 AVES DISPERSORAS DE SEMENTES E SUA IMPORTÂNCIA NA MATA ATLÂNTICA Dos estudos realizados sobre dispersão de sementes, a maioria relata apenas eventos de frugivoria analisando uma espécie de ave ou planta. No entanto, poucos estudos relatam de forma sistemática e abrangente as relações entre grupos de aves frugívoras dispersoras e plantas (HOWE, 1997; FOSLER, 1987; GALETTI; STOTZ (1996 apud FRANCISCO; GALETTI, 2002)). É notável a necessidade de estudos de frugivoria que dêem enfoque a dispersão de sementes dada à importância deste processo para a sustentação da variedade vegetal nos trópicos, onde cerca de 90% das espécies arbóreas são dispersas por animais (FADINI; MARCO JUNIOR, 2004). Com a fragmentação das florestas há uma diminuição na oferta de alimentação para a avifauna, que possuem um grande potencial dispersor, o que além de diminuir a possibilidade de trocas gênicas entre as plantas de fragmentos florestais ainda gera competição e risco de extinção de espécies tanto vegetais quanto animais (TABARELLI, 2005). As plantas dependem muito de agentes polinizadores e dispersores, principalmente animais (JORDANO (1992 apud CAZETTA et al., 2002)). As aves têm mostrado maior eficiência na dispersão de sementes pela sua capacidade de vôo, transportando os propágulos para outras áreas não vegetadas (FRANCISCO; GALETTI, 2002). A diminuição e extinção de espécies devido à fragmentação florestal podem provocar a eliminação de sucessões ecológicas importantes para a manutenção da diversidade (SANTOS; TELLERIA, 1994; PHILLIPS, 1997; SILVA; TABARELLI (2000 apud FADINI; MARCO JUNIOR, 2004)). A perda de habitat e as alterações de qualidade no ecossistema em conseqüência de efeitos de borda podem causar um processo seletivo de perda de espécies de maior tamanho corporal ou com maior dependência de grandes áreas de dominância para obtenção recursos (FADINI; MARCO JUNIOR, 2004). Dessa forma a permanência dos indivíduos funcionais que possuem poucas espécies necessitaria, deste modo, receber cuidado prioritário. Contudo, 18 saber quais espécies interagem entre si é um caminho importante para compreender e promover a conservação não exclusivamente de espécies, mas igualmente das relações de mutualismos em que participam. De modo geral, é simples compreender que estudos abrangentes relatando o consumo de frutos por aves, são úteis porque podem sugerir relações de dependência ou de oportunismo, servindo de subsídio para um estudo funcional da comunidade (FADINI; MARCO JUNIOR, 2004). As florestas tropicais apresentam altas proporções de espécies vegetais com sementes dispersas por animais. Quando comparada com outras síndromes de dispersão, a proporção de espécies zoocóricas pode ultrapassar 90% (Morellato; Leitão- Filho 1992). Como agentes dispersores de sementes as aves têm um imprescindível valor na regeneração das florestas. Elas carregam as sementes das matas para as áreas impactadas, promovendo a sua reconstituição. Pesquisas recentes têm comprovado o relevante papel exercido pelas aves frugívoras nos processos de dispersão de muitas plantas, de tal maneira que a dispersão natural de propágulos tem sido avaliada como fator de importância em recomendações para a conservação de ecossistemas (MANHÃES; ASSIS & CASTRO, p.173, 2003). Cabe ressaltar, que as flores polinizadas por aves, também são adaptadas para atraí-las, geralmente são vistosas, com cores vibrantes e que produzem néctar (CARVALHAL; RODRIGUES; BERCHEZ, 2008). Segundo Scherer; Silva e Baptista (2007), a dispersão de sementes por animais é um processo simbiótico, no qual as plantas têm suas sementes dispersas enquanto os animais dispersores garantem a sua alimentação. Com esse processo os dispersores carregam as sementes para longe da planta-mãe diminuindo a competição e aumentando a chance do estabelecimento de uma nova planta em outra área (FADINI; MARCO JUNIOR, 2004). As aves destacam-se como dispersores de sementes. Isso se deve a capacidade de vôo desses animais e assim abrangem maiores áreas e maior capacidade de freqüentes visitas às variadas espécies de plantas (OLIVEIRA, 1998). Esses animais são de grande importância para os projetos de recuperação de áreas degradadas e desmatadas, servindo como semeadores naturais. Apesar do extremo valor da avifauna para o Bioma Mata Atlântica, cabe observar que muitas das espécies de aves encontram-se ameaçadas especialmente pelo extermínio de habitats, pelo comércio ilegal e pela caça seletiva de várias espécies (MARINI; GARCIA, 2005). 19 É certo que a avifauna contribui em muito para a reprodução e manutenção das espécies vegetais, contudo tais espécies também contribuem para a reprodução das aves, no sentido de fornecer um lugar seguro para a produção de ninhos e postura de ovos, além da proteção em dias de fortes chuvas e da predação (HOWE; SMALLWOOD (1982 apud SCHERER; SILVA; BAPTISTA, 2007)). Algumas espécies apresentam uma relação tão estreita de alimentação e reprodução que a extinção de uma pode, por conseguinte extinguir a outra, ocasionando perdas irreparáveis para todo o sistema (FADINI; MARCO JUNIOR, 2004). 5 A IMPORTÂNCIA DA AVIFAUNA EM PROJETOS DE MANEJO E RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS As florestas brasileiras, em especial a Mata Atlântica, estão perdendo sua biodiversidade, devido a vários fatores, tais como: a destruição de habitats para a ocupação humana, lavoura, pastagem e extração de madeira e outros produtos, a exploração comercial excessiva (como a caça indiscriminada), a poluição e a introdução de espécies exóticas (que não estavam presentes em um ecossistema) vêm provocando não só a fragmentação da floresta, como também uma alta taxa de extinção das espécies, muitas talvez nem descritas. Com a extinção de uma espécie, perdem-se suas informações genéticas, sua utilidade. Desaparecem também as chances de se conhecer melhor a natureza. Além disso, muitas dessas espécies são essenciais ao equilíbrio dos ecossistemas que sustentam a vida na terra (MARINI; GARCIA, 2005). Deste modo, estamos perdendo o nosso mais valioso patrimônio natural, além da extrema exploração das florestas que tem como conseqüência uma perda da qualidade de vida da população, que sofre com problemas relacionados a poluição (ar, água, solo...), sem contar que um ecossistema desequilibrado pode ocasionar inúmeras doenças, antes controladas, pois na falta de habitat ou alimentos os animais passam a conviver conseqüentemente tornam-se vetores de doenças. nas áreas urbanizadas e 20 Também deve-se considerar o grande potencial de substâncias químicas orgânicas com propriedades medicamentosas ou nutritivas existente nas espécies selvagens, muitas ainda não foram estudadas pelos cientistas. Pelos motivos apresentados, em toda a parte do mundo, inclusive no Brasil, estão sendo criados projetos de manejo e recuperação de áreas degradadas e/ou para conservação e manutenção dos ecossistemas. Os custos dos projetos de recuperação e reflorestamento de áreas são muito altos quando feitos pelo próprio homem, ou seja, no sentido de pagar pela mão-de-obra empregada e pelo preparo de mudas e solo (OLIVEIRA, 1998). As aves apresentam um grande potencial na recuperação de áreas abertas, através da dispersão de sementes de espécies de vegetação primárias que se desenvolvem e geram condições favoráveis de sombreamento, umidade e qualidade do solo ao aparecimento e estabelecimento de novas espécies vegetais garantindo assim o processo de sucessão (OLIVEIRA, 1998). Além da importante função de semeadores naturais algumas aves endêmicas, que somente se desenvolvem, se alimentam e se reproduzem em determinadas áreas, são elementos importantes na indicação da qualidade do ambiente, por serem sensíveis às alterações do ambiente sendo facilmente observáveis nas variações de quantidade e qualidade das espécies de aves (MARTERER, 1996). Hoje em dia é comum nos projetos a utilização de poleiros artificiais como forma de garantir um pouso para as aves e conseqüentemente esperar que as mesmas depositem as sementes no local, por meio de evacuações, regurgitações ou mesmo casualmente durante a alimentação (ASSUNÇÃO, 2006). Tendo por objetivo a germinação dessas sementes na presente área como forma de garantir os primeiros estágios sucessionais, com isso a instalação de novas comunidades animais e vegetais, no intuito de recuperar a área através da instalação da comunidade clímax (REIS et al. (2003 apud ASSUNÇÃO, 2006)). A utilização de aves nos processos de recuperação e conservação de áreas da Mata Atlântica garante não só a sucessão gradual e estável das comunidades animais e vegetais, como também são de baixo custo, pois essas espécies atuam como polinizadores e semeadores naturais, dispensando, em determinados momentos, o trabalho humano (HOWE (1984 apud FRANCISCO; GALETTI, 2001)). A preservação da Mata Atlântica ainda é viável, porém não basta apenas 21 a criação, aplicação e fiscalização de leis nacionais que visem a segurança de nossa floresta, a consciência ambiental, deve estar acima da legislação, ou seja, deve partir de cada um de nós, através do uso racional dos recursos naturais, é na verdade o que chamamos de desenvolvimento sustentável, isso garantirá a manutenção das florestas e recursos e uma vida mais saudável, não só a esta geração, mas principalmente das gerações futuras. 6 JUSTIFICATIVA/OBJETIVO Existem diversos levantamentos da avifauna e estudos isolados da frugivoria em espécies de plantas individuais para a Mata Atlântica, no entanto são publicações específicas que dificultam a compreensão da complexidade dessa interação entre aves e plantas zoocóricas. Diante da indisponibilidade de estudos que reúnam dados sobre esta relação de mutualismo entre aves dispersoras de sementes das espécies arbóreas da Mata Atlântica na região de São Paulo à Rio Grande do sul, objetivou-se na presente pesquisa reunir informações existentes sobre tais interações por meio de revisão bibliográfica em estudos publicados e livros, com o intuito de fornecer em um único trabalho as relações descritas entre aves frugívoras e plantas zoocóricas neste Bioma, servindo de subsídio para projetos de recuperação de áreas degradadas. 7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DE DADOS O método científico é forma de pesquisa que transparece credibilidade e assim instiga os pesquisadores a buscar cada vez mais o conhecimento com eficiência e utilidade não só para a comunidade científica como também para a sociedade. Para a realização de um estudo é necessário o estabelecimento de uma metodologia a qual deve ser seguida durante todo o desenvolvimento da pesquisa. 22 No presente trabalho encontra-se abordados os estudos feitos sobre a interação entre fauna e flora, contemplando a relação das aves dispersoras de sementes das florestas pertencentes à vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O desenvolvimento da pesquisa deu-se primeiramente pela busca de informações na literatura por meio de artigos e/ ou periódicos científicos, livros, monografias e dissertações, ressaltando a não inclusão de informações presentes em resumos de congressos. A partir dessas referências realizou-se uma catalogação dos dados publicados, utilizando-se para isto a produção de uma tabela, na qual estão expressos os seguintes dados: espécies vegetais zoocóricas e as espécies de aves registradas, alimentando-se dos frutos; e outra tabela com os dados inversos (espécies de aves e quais as espécies vegetais utilizadas para alimentação). A nomenclatura das plantas e das aves nas tabelas no presente trabalho segue a adotada pelos respectivos autores das referências bibliográficas que citam as interações, sendo que as mesmas não foram atualizadas segundo as novas regras de nomenclatura (APG II 2003 e CBRO, 2007, respectivamente). Mediante a produção das tabelas e reunião das referências sobre o assunto foi possível destacar quais as espécies-chave de plantas na alimentação de grande parte das aves dispersoras de sementes. Assim este estudo contribui fortemente na facilitação e eficiência de dados para a elaboração e desenvolvimento de projetos de manejo e recuperação de áreas degradadas e desmatadas. Nesse contexto, entende-se que a pesquisa realizada foi qualiquantitativa, pois pesquisou-se não só a importância das plantas para as aves mas também quantas aves se alimentam de determinadas plantas e vice-versa. Com a análise das referências consultadas obteve-se dados para a construção de duas tabelas que serão analisadas e discutidas nos parágrafos que seguem. Nas referências consultadas para este estudo, foram encontrados registros de 104 espécies de aves em 67 espécies zoocóricas (Tab. 1). Entre as espécies vegetais destacaram-se três no que diz respeito ao número de espécies de aves registradas: Cabralea canjerana (Meliaceae) com registro de 39 diferentes espécies de aves, Rapanea ferruginea (Myrsinaceae), freqüentadas por 25 de espécies e Talauma ovata (Magnoliaceae) na qual foram observadas, no total, 24 espécies de aves se alimentaram dos frutos (Tab. 1). 23 Segundo LORENZI (2002), Cabralea canjerana (Meliaceae) é uma planta que mede de 20 a 30 metros de altura, com folhas compostas e frutos que se apresentam em forma de cápsula globosa com 3-5 sementes grandes. Sua distribuição vai de MG, MS até o RS, na mata pluvial da encosta Atlântica, floresta semidecídua de altitude. Esta espécie apresenta-se como uma planta decídua, heliófita, encontrada em quase todas as formações vegetais, apesar de ser mais comum na floresta primária, pode ser encontrada também como planta pioneira e secundária nas capoeiras e capoeirões, tem preferência por solos argilosos e úmidos de encostas, sendo rara em terrenos secos (FERREIRA; PIZO, 1994). Floresce em mais de uma época do ano, porém com maior intensidade em setembro-outubro, junto com o surgimento das novas folhas. Os frutos, em conseqüência, também amadurecem em mais de uma época, predominando os meses de agosto-novembro (LORENZI, 2002) Com o arilo suculento que envolve a semente Cabralea canjerana se torna uma preferência de várias espécies de pássaros, confirmando sua inclusão importante e indispensável na composição de reflorestamentos heterogêneos em áreas destinadas à restauração ou à preservação permanente. Rapanea ferruginea (Myrcinaceae) é uma árvore perenifólia, heliófila, higrófila e pioneira, característica de formações secundárias, como capoeiras e capoeirões, mas prefere encostas e beiras de córregos. Em determinado estágio da sucessão secundária da encosta atlântica, a canela-azeitona chega a ser espécie predominante (LORENZI, 2002). Ocorre em todo o país, em quase todas as formações vegetais, sendo particularmente freqüente na floresta pluvial da encosta atlântica. Floresce duas vezes ao ano, podendo a mesma estar com flores e frutos maduros na mesma árvore. Os frutos são pequenos, globosos e de coloração negroarroxeada quando maduros, possuindo uma única semente e um pericarpo delgado (LORENZI, 2002). Segundo Pinisch (1990), espécies desse gênero representam uma considerável fonte alimentar para variadas espécies de aves. Este elevado consumo de diásporos de Rapanea ferruginea pode se dar tanto pela fartura de frutos, que são pequenos e envoltos por um delgado pericarpo, como por estarem localizados nas extremidades dos galhos, desprovidos de folhas facilitando para as aves que 24 coletam rapidamente. O que pode determinar números para o consumo de diásporos não é a abundância de uma dada espécie de ave, mas um conjunto de outros fatores, como a preferência alimentar das aves e a oferta de outros alimentares na estação (PASCOTTO, 2007). R. ferruginea oferece frutos por um longo período durante o ano, diminuindo a competição entre as aves e aumentando a possibilidade de dispersão de suas sementes por maior abundância de espécies de aves, especialistas ou não (PASCOTTO, 2007). Espécies arbóreas de sucessão secundária, como a Rapanea ferruginea estão adaptadas a preencher lacunas como, por exemplo, em clareiras e bordas, produzindo grandes quantidades de frutos com pequenas sementes, aumentando suas possibilidades de fixação e desenvolvimento em áreas abertas disponíveis, comumente, de ambientes em fases iniciais e intermediárias de sucessão (FRANCISCO; GALETTI, 2001). Portanto é uma espécie de grande importância em desenvolvimento de projetos de recuperação de áreas degradadas. Conforme Lorenzi (2002), Talauma ovata é uma planta com aproximadamente 20 a 30 m de altura, que ocorre do Sul de minas Gerais até o Norte do Rio Grande do Sul, sendo particularmente comum na mata pluvial Atlântica e em ambientes de cerrado associadas às matas de galeria ou brejosos. Floresce a partir do final de outubro, prolongando-se até dezembro. A maturação dos frutos ocorre durante os meses de agosto-setembro. Os frutos são deiscentes, e quando abertos expõem as sementes que se encontram envoltas por um arilo vermelho (LORENZI, 2002). Apesar de que a espécie produzir poucos frutos, num único fruto ela disponibiliza muitos diásporos que, possivelmente, são ricos em lipídios, assim como os frutos de diversas espécies da família Meliaceae (CAZETTA et al., 2002). Além disso, ainda segundo estes autores, o elevado número de espécies de aves que consomem os frutos desta planta mantém sua dispersão garantida até em áreas onde os frugívoros especialistas já tenham se tornados extintos, estabelece uma importante fonte alimentar para as aves. Constitui uma das espécies mais importantes em áreas permanentemente alagadas por ser tolerante a esta condição, e apresenta alta capacidade de recrutamento, tornando-se um importante elemento de projetos de reflorestamento de matas ciliares (LORENZI, 2002). Conforme Cazetta et al. (2002) perceberem em seu estudo, o fato de T. ovata ter sido eficientemente dispersa nos diferentes tipos fitofisionômicos e mesmo 25 em áreas fragmentadas, vem sugerir que essa espécie é provavelmente pouco afetada pela redução da diversidade de aves em ambientes alterados pelo homem. Este fato se dá, possivelmente, pelo fenômeno da evolução para um sistema de dispersão generalista, no qual pequenos diásporos com produção em abundância, se disponibilizam para uma grande variedade de aves, permitindo a distribuição desta espécie em ambientes diversificados. Em relação às demais 64 das 67 espécies zoocóricas observou-se que 77% possuem menos do que dez registros de espécies de aves e aproximadamente 60% possuem registro de apenas uma espécie de ave encontrada na literatura consultada (Fig. 1), mostrando que existe uma grande lacuna no conhecimento sobre as interações das plantas zoocóricas e as aves consumidoras de seus frutos Número de espécies vegetais para a maioria das espécies vegetais da Mata Atlântica. 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 1a4 5a9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 Número de interações Fig. 1: Número de interações com aves registradas para as espécies zoocóricas encontradas nas referências bibliográficas consultadas.. 26 Tabela 1. Interações entre plantas zoocóricas e aves, encontradas na pesquisa de referências sobre o tema, ordenadas de forma decrescente pelo número total de interações registradas. Espécie de Aves N° de Interações Espécie de Planta Família 01-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-105 Cabralea canjerana (Vell.)Mart. Meliaceae 03-0405-0809 111314-15 24-29 37-40 41-4244-4548-49 53-5860 62-6364 71-7374-76 87-88 91-92-9496-97-99100-102 39 10 17-18 24-2526-29 41-4346-48 61-62 72-7880 8286-87 95-96-9799-100103 25 23-2425-2930 43-4547-4849 62-70 75-7980 86-90 95-96-9799-100101-103 24 Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez Myrcinaceae Talauma ovata (St. Hil) Magnoliaceae Euterpe edulis (Mart.) Arecaceae 05-0607 11-12 Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Lauraceae 02 13 Alchornea glandulosa (Poepp.) Euphorbiaceae Pera glabrata (Schott) Poepp. Euphorbiaceae Ocotea pulchella (Mart.) Lauraceae Trichilia catingua (C. DC.) Meliaceae 10 Trichilia clausenii (C. DC.) Meliaceae 01 48 52-5758-59 64-6566-6769 71-76 87 93-94-97 22 41-4648 54-5758 62-67 73 81-87 92-94-9597-99100-103 21 43-4648-50 55-58 62 80 82-86 20 22-2429 45-47 51-56 61-70 80 86 94-95-9699-100103 95-96103-104 26-29 62 75 86 70 80 868789-90 73-7980 8486-90 39 29 24-29 1416-18 38 13 24-30 34-40 43-4748-49 48 14 24-2629 32-33 48 58 19 94-95-9697-99-100 97-99 15 92-103 15 15 27 Continuação... Espécie de Planta Família Espécie de ave 01-10 11-20 Copaifera langsdorffii (A. Juss.) Caesalpiniaceae Davilla rugosa (Poir.) Dilleniaceae 01 Miconia rubiginosa (Bonpl.) DC. Melastomataceae Trichilia pallida (Sw.) Meliaceae Trema micrantha (L.) Blume Ulmaceae 31-40 26-28 43-4749 24-29 46-48 26 48 51-55 36-3840 58 20 21-2426-2729 31 58 13-14 01 51-60 24 21 Trichilia elegans (A. Juss) Meliaceae 41-50 13-19 Fícus organensis (Miq.) Moraceae Rapanea lancifolia (A.DC.) Mez Myrsinaceae 21-30 26 18 32-36 61-70 71-80 81-90 91-105 N° de Interações 62 75-7780 86 95-96-97 13 75-80 86 96-9899-102 12 80 86 95-9697-99 11 79 83 96-104 11 82-86 95 11 94-9597-104 10 62 43 62 73 85-86 45 70 73 89-90 80 86 41-48 51 Cytharexyllum myrianthum (Cham.) Verbenaceae 26-29 43-49 62 Peschiera fuschsiaefolia (Miers.) Apocynaceae 21-24 43 62 80 84-86 10 96-99103 10 95-96-99 08 96 08 28 Continuação... Espécie de Planta Família Espécie de ave 0110 11-20 21-30 Vitex megapotamica (Spreng.) Lamiaceae 31-40 41-50 51-60 35 Cecropia pachystachia (Trec.) Cecropiaceae 24-26 Schinus terebinthifolius (Raddi) Anacardiaceae 24-27 61-70 71-80 62 31 58 81-90 91-105 86 94-9597-99 86 05 05 103 04 95-97 04 97 03 94-95 03 Myrciaria cuspidata (O. Berg.) Myrtaceae 95-97100 03 Eugenia hiemalis (Cambess.) Myrtaceae 97 01 Erythroxylum argentinum (O.E. Schulz) Erythroxylaceae 95 01 Eugenia uruguayensis (Cambess) Myrtaceae 26 58 14 Opuntia monacantha (Willd.) Haw. Cactaceae 73 62 Myrcia palustris (DC.) Myrtaceae Guapira opposita (Vell.) Nyctaginaceae 86 07 96 Solanum inodorum (Vell.) Solanaceae 43 N° de Interações 62 21 43 86 01 29 Continuação... Espécie de Planta Família Espécies de aves 01-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-105 N° de Interações Annona cacans (Warm.) Annonaceae Dendropanax cuneatum (DC.) Araliaceae 58 01 58 01 Dydimopanax morototoni (Aubl.), Dcne. et Planch Araliaceae 58 01 Syagrus romanzoffiana (Cham.) Arecaceae 58 01 Cordia axillaris (I. M. Johnst) Boraginaceae 58 01 Cordia ecalyculata (Vell.) Boraginaceae 58 01 Pereskia aculeata (Mill.) Cactaceae 58 01 Holocalyx balansae (Mich.) Caesalpiniaceae 58 01 Cecropia glaziouii (Sneth.) Cecropiaceae 58 01 Davilla elíptica (St. Hil.) Dilleniaceae 58 01 Endlicheria paniculata (Spreng.) Lauraceae 58 01 30 Continuação... Espécie de Planta Família Espécies de aves 01-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-105 N° de Interações Ocotea dyospyrifolia (Meissn.) Mez. Lauraceae Miconia collatata (Wurdack) Melastomataceae 58 01 58 01 Miconia discolor (DC.) Melastomataceae Miconia pusilliflora (Beurl.) Melastomataceae 58 01 58 01 Guarea kunthiana (A. Juss.) Meliaceae 58 01 Fícus guaranítica (Chodat.) Moraceae 58 01 Fícus insípida (Willd.) Moraceae 58 01 Maclura tictoria (L.) D. Don. Steud. Moraceae 58 01 Morus nigra (L.) Moraceae 58 01 Sorocea bonplandii (Baill.) Burg. Lanj. & Bóer.) Moraceae 58 01 Camponesia xanthocarpa (Berg.) Moraceae 58 01 31 Continuação... Espécie de Planta Família Espécies de aves 01-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-105 N° de Interações Eugenia florida (D.C.) Myrtaceae 58 01 Prunus selowii (Koehne) Rosaceae Geophila macropoda (Ruiz & Pav.) DC. Rubiaceae 58 01 58 01 Geophila repens (L.) I.M. Johnst. Rubiaceae 58 01 Palicourea macrobotrys (Ruiz & Pav.) DC. Rubiaceae 58 01 Psychotria carthagenensis (Jacq.) Rubiaceae 58 01 Psychotria leiocarpa (Cham. & Schltdl.) Rubiaceae 58 01 Allophyllus edulis (St. Hill.) Radik Sapindaceae 58 01 Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) Engl. Sapotaceae 58 01 32 Continuação... Espécie de Planta Família 01-10 11-20 21-30 31-40 Espécies de aves 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-105 N° de Interações Cestrum amictum (Schltdl.) Solaceae 58 01 Solanum australe (C.V. Morton) Solaceae 58 01 Citharexylum solanaceum (Cham.) Verbenaceae 58 01 Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. Euphorbiaceae 58 01 Ocotea silvestris (Vatt.) Lauraceae 58 01 1. Antilophia galeata (Lichtenstein, 1823); 2. Aratinga leucophthalmus (Müller, 1776); 3. Attila phoenicurus (Pelzeln, 1868); 4. Attila rufus (Vieillot, 1819); 5. Baillonius bailloni (Vieillot, 1819); 6. Baryphthengus ruficapillus (Vieillot, 1818); 7. Brotogeris tirica (Gmelin, 1788); 8. Cacicus chrysopteus (Vigors, 1825); 9. Cacicus haemorrhous (Linnaeus, 1766); 10. Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824); 11. Carpornis cucullata (Swainson, 1821); 12. Celeus flavescens (Gmelin, 1788); 13. Chiroxiphia caudata (Shaw, 1793); 14. Ciclaris gujanensis (Gmelin, 1789); 15. Cissopis leveriana (Gmelin, 1788); 16. Coereba flaveola (Linnaeus, 1758); 17. Colaptes campestris (Vieillot, 1818); 18. Colaptes melanochloros (Gmelin,1788); 19. Columba cayanensis; 20. Columbina talpacoti (Temminck, 1811); 21. Coryphospingus cucullatus (Muller, 1776); 22. Cyanocorax chrysops (Vieillot, 1818); 23. Cyanocorax cristalellus (Temminck, 1823); 24. Dacnis cayana (Linnaeus,1766); 25. Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766); 26. Elaenia flavogaster (Thumberg, 1822); 27. Elaenia mesoleuca (Deppe, 1830); 28. Elaenia obscura (d’ Orbigny e Lafresnaye, 1837); 29. Empidonomus varius (Vieillot, 1818); 30. Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766); 31. Forpus xanthopterygius (Spix, 1824); 32. Habia rubica (Vieillot, 1817); 33. Hemithraupis ruficapilla (Vieillot1818); 34. Hylophilus amaurocephalus (Nordmann, 1835); 35. Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766); 36. Knipolegus cyanirostris (Vieillot, 1818); 37. Legatus leucophaius (Vieillot, 1818); 38. Leptotila rufaxilla; 39. Lipaugus lanioides (Lesson, 1844); 40. Manacus manacus (Linnaeus,1766); 41. Megarhynchus pitangua (Linnaeus, 1766); 42. Melanerpes flavifrons (Vieillot, 1818); 43. Mimus saturninus (Lichtenstein,1823); 44. Mionectes rufiventris 33 (Cabanis, 1846); 45. Myiarchus ferox (Gmelin, 1789); 46. Myiarchus swainsoni (Cabanis e Heine,1859); 47. Myiarchus tyrannulus (Statius Muller,1776); 48. Myiodinastes maculatus (Muller, 1776); 49. Myiozetetes similis (Spix, 1825); 50. Myozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766); 51. Nemosia pileata (Boddaert, 1783); 52. Orthogonys chloricterus; 53. Oxyruncus cristatus (Swainson, 1821); 54. Pachyramphus polychopteru (Vieillot, 1818); 55. Pachyramphus validus (Vieillot, 1816); 56. Parula pitiayumi (Vieillot, 1817); 57. Penelope obscura (Temminck, 1815); 58. Penelope superciliaris (Temminck, 1815); 59. Pipile jacutinga; 60. Pipraeidea melanonota (Vieillot, 1819); 61. Piranga flava (Spix, 1825); 62. Pitangus sulphuratus (Linnaeus,1766); 63. Pitylus fuliginosus; 64. Platycichla flavipes (Vieillot, 1818); 65. Procnias nudicollis; 66. Pyroderus scutatus (Shaw, 1792); 67. Pyrrhura frontalis (Vieillot,1818); 68. Ramphastos dicolorus (Linnaeus, 1766); 69. Ramphastos vitellinus (Lichtenstein, 1823); 70. Ramphocelus carbo (Hellmayr, 1920); 71. Ramphocelus dicolorus; 72. Saltator atricollis (Vieillot, 1817); 73. Saltator similis (d’Orbighy e Lefresnye, 1837); 74. Schiffornis virescens (Lafresnaye, 1838); 75. Schistochlamys ruficapillus (Vieillot, 1817); 76. Selenidera maculirostris (Lichtenstein, 1823); 77. Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817); 78. Sirystes sibilator (Vieillot, 1819); 79. Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822); 80. Tangara cayana (Linnaeus 1766); 81. Tangara preciosa (Cabanis, 1850); 82. Tersina viridis (Llliger, 1811); 83. Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764); 84. Thlypopsis sordida (d' Orbigny & Lafresnaye, 1837); 85. Thraupis bonariensis (Gmelin, 1789); 86. Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766); 87. Tityra cayana (Linnaeus, 1766); 88. Tityra inquisitor (Lichtenstein, 1823); 89. Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825); 90. Trichothraupis melanops (Vieillot, 1818); 91. Trogon rufus; 92. Trogon surrucura (Vieillot, 1817); 93. Trogon viridis (Vieillot1817); 94. Turdus albicollis (Vieillot, 1818); 95. Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850); 96. Turdus leucomelas (Vieillot,1818); 97. Turdus rufiventris (Vieillot,1818); 98. Turdus subalaris (Seebohm, 1887); 99. Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819); 100. Tyrannus savana (Linnaeus, 1766) 101. Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766); 102. Vireo chivi (Hellmayr e Seilern, 1913); 103. Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766); 104. Zonotrichia capensis (Statius Muller,1776) . 34 Com relação às espécies de aves e suas interações com espécies zoocóricas registradas na revisão bibliográfica, destacam-se Penelope superciliaris (Cracidae) que interagiu com 45 espécies de plantas, Turdus amaurochalinus (Muscicapidae) que foi registrada em 16 espécies e Turdus rufiventris (Turdidae) que foi observada se alimentando de frutos de 15 espécies arbóreas (Tab. 2). Penelope superciliaris (Cracidae) possui ampla distribuição geográfica entre os Cracidae, do sul dos rios Amazonas e Madeira, pelo Brasil Central, Nordeste e Brasil Merídio-oriental, até o Paraguai e Rio Grande do Sul. Habita em matas, capoeiras, cerrados e caatingas, chegando a medir até 55cm de comprimento (MIKICH, 2002). Possui uma barbela nua e vermelha, mais proeminente no macho, um topete rudimentar, asas com largas bordas ferrugíneas bem distintas, peito com desenho esbranquiçado e íris vermelha em ambos os sexos (SICK, 1997). Esta espécie apresenta preferência por áreas florestadas e possui uma grande variedade alimentar, como frutas, sementes, folhas, brotos, insetos e pequenos animais. Apresenta forte apreciação ao fruto do palmiteiro (MIKICH, 2002). Segundo Mikich (2002), quando passam pelo tubo digestivo dessas aves pode-se constatar que as sementes dessas plantas apresentam altas taxas de germinação o que indica que P. superciliaris pode ser considerada potencial dispersora desta espécie de planta. Além disso, deve-se destacar a importância desta ave devido ao seu tamanho corporal tanto ao fato de carregar um lastro relativamente grande e depositar estas sementes em outras áreas, quanto ao fato de se alimentaram de frutos com grandes sementes e, assim, garantindo a disseminação e estabelecimento dessas plantas em outras áreas, evitando a extinção (OLIVEIRA, 1998). Em escala de interação entre as aves e plantas nas próximas colocações se encontram as espécies do gênero Turdus, com T. amaurochalinus e T. rufiventris. Estas aves habitam florestas, matas abertas, capoeiras, cercas-vivas, áreas urbanas arborizadas. Nas florestas são encontradas com mais frequência no extrato médio e no chão, alimentando-se de várias espécies de frutos carnosos, gostam de laranjas pelo suco desse fruto e se alimentam de alguns insetos, moluscos e minhocas. As espécies deste gênero medem aproximadamente 25cm. Sua distribuição se estende 35 do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, em estados litorâneos e tem sua concentração, principalmente, no sudeste do Brasil (SICK, 1997). Em estudos realizados sobre interações mutualísticas entre espécies arbóreas e aves frugívoras como em Francisco e Galetti (2002) e Scherer; Silva e Baptista (2007), mostram que representantes do gênero Turdus aparecem entre as mais importantes para a dispersão de sementes, confirmando as primeiras colocações, das espécies desse gênero, na escala de interações que são apontadas neste trabalho. Observou-se com a análise dos dados que das outras 101 espécies de aves, 80% possuem menos do que cinco registros de interação com espécies de plantas e aproximadamente 16% das aves apresentam de cinco a quatorze registros de interações com as plantas encontradas na literatura consultada (Fig. 2). Número de espécies de aves 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1a 4 5a9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 45 Número de interações Fig. 2: Número de interações com aves registradas para as espécies zoocóricas encontradas nas referências bibliográficas consultadas. . 36 Tabela 2. Interações entre aves e plantas zoocóricas encontradas na pesquisa de referências sobre o tema, ordenadas de forma decrescente pelo número total de interações registradas. Espécie de ave Família 01-10 11-20 21-30 Penelope superciliaris (Temminck, 1815) Cracidae 01-0203-0405-0607-0809-10 2225262729-30 Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) Emberizidae 01-08 111314161819-20 12-17 Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850) Muscicapidae 01 12-15 2124-28 Turdus rufiventris (Vieillot,1818) Muscicapidae 05 12 232425-28 01-05 1215-17 01-05 12-15 01-0508 17 01-05 15-17 01-05 17 Turdus leucomelas (Vieillot,1818) Muscicapidae Pitangus sulphuratus (Linnaeus,1766) Tyrannidae Dacnis cayana (Linnaeus,1766) Emberizidae Tyrannus melancholicus(Vieillot, 1819) Tyrannidae Myiodinastes maculatus (Muller, 1776) Tyrannidae 28 24-28 25 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-100 N° de Interações 42-4345-4749 51-5253-5758-5960 62-6366 45 44-4850 54-5556 61-6263-6467 18 31-38 41-4244-48 54 61-6267 16 38-40 41-4244 54 61-6367 15 38 44-4850 54-5556 61-66 14 38-40 42-4450 54 61-67 14 48-50 54-56 61-6263-6466 13 38 42-44 54-55 61-6367 12 38 42-44 54-55 61-6364 12 323334353637-39 38-40 37 Continuação... Espécie de ave Família 01-10 11-20 21-30 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 Pitangus sulphuratus (Linnaeus,1766) Tyrannidae 01-05 12-15 24-28 38-40 Dacnis cayana (Linnaeus,1766) Emberizidae 01-0508 17 Tyrannus melancholicus(Vieillot, 1819) Tyrannidae 01-05 15-17 Myiodinastes maculatus (Muller, 1776) Tyrannidae 01-05 17 01 12-17 01-05 15-17 Elaenia flavogaster (Thumberg, 1822) Tyrannidae 08 12-15 Mimus saturninus (Lichtenstein,1823) Mimidae 01 12-15 Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) Vireonidae 01 Tangara cayana (Linnaeus 1766) Emberizidae Empidonomus varius (Vieillot, 1818) Tyrannidae 25 81-90 91-100 42-4450 54 61-67 14 48-50 54-56 61-6263-6466 13 38 42-44 54-55 61-6367 12 38 42-44 54-55 61-63 64 12 38 48-50 54-55 61-6364 11 42-4448 54 61-6264 11 44 54-58 62-6465 10 44-4650 54-56 61 10 42-48 5455-58 61-64 08 38 28 71-80 N° de Interações 38 Continuação... Espécie de ave Família 01-10 Turdus albicollis (Vieillot, 1818) Muscicapidae Tyrannus savana (Linnaeus, 1766) Tyrannidae Saltator similis (d’Orbighy e Lefresnye, 1837) Emberizidae Chiroxiphia caudata (Shaw, 1793) Pipridae Cyclaris gujanensis (Gmelin, 1789) Vireonidae 01-05 Myiozetetes similis (Spix, 05 Tyrannidae Tityra cayana (Linnaeus, 1766) Tyrannidae 05 1825) Trichothraupis melanops (Vieillot, 1818) Thraupidae Coryphospingus cucullatus (Muller, 1776) Emberizidae Megarhynchus pitangua (Linnaeus, 1766) Tyrannidae 11-20 21-30 25-28 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 31 01-05 05 28 05 05 24 12-15 25 28 05 42-44 81-90 91-100 67 08 41-4244 54 61 07 42 58 64-65 06 42 63-6566 05 48 64-65 05 44 61 05 63 05 61-6364-65 04 62 04 42 31 71-80 N° de Interações 54 50 42 54-55 04 39 Continuação... Espécie de ave Família Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) Tyrannidae Myiarchus swainsoni (Cabanis e Heine,1859) Tyrannidae Myiarchus tyrannulus (Statius Muller,1776) Tyrannidae Schistochlamys ruficapillus (Vieillot, 1817) Thraupidae Ramphocelus carbo (Hellmayr, 1920) Emberizidae Trogon surrucura (Vieillot, 1817) Trogonidae Colaptes melanochloros (Gmelin,1788) Picidae Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) Emberizidae Tersina viridis (Llliger, 1811) Emberizidae Zonotrichia capensis (Statius Muller,1776) Emberizidae Espécie de Plantas 01-10 11-20 21-30 05 01 31-40 41-50 51-60 48 61-70 61-65 81-90 91-100 04 17 42 12 44-48 61 04 12-17 44 61 04 48 61-6365 04 42 64 03 05 48 01 54 71-80 N° de Interações 54-55 54 28 48 04 03 61-6466 03 62 03 66 03 40 Continuação... Espécie de ave Família Espécie de Plantas 01-10 21-30 31-40 17 Antilophia galeata (Lichtenstein, 1823) Pipridae Manacus manacus (Linnaeus,1766) Pipridae 11-20 41-50 51-60 48 55 05 61-70 38 48 81-90 91-100 03 63-66 Nemosia pileata (Boddaert, 1783) 71-80 N° de Interações 55 03 03 Thraupidae Thlypopsis órdida (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837) 50 64 02 63-65 02 Thraupidae Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Tyrannidae Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Tyrannidae 01 Carpornis cucullata (Swainson, 1821) Cotingidae 05 25 02 Selenidera maculirostris 05 25 02 05 25 02 (Lichtenstein, 1823) 54 02 Ramphastidae Platycichla flavipes (Vieillot, 1818) Muscicapidae 41 Continuação... Espécie de ave Família Pyrrhura frontalis (Vieillot,1818) Psittacidae Vireo chivi (Hellmayr e Seilern, 1913) Vireonidae Baillonius bailloni (Vieillot, 1819) Ramphastidae Habia rubica (Vieillot, 01-10 11-20 21-30 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 25 05 05 42 17 25 02 (Vieillot, 1818) Tyrannidae 91-100 02 Emberizidae Knipolegus cyanirostris (Deppe, 1830) 81-90 02 1817) Tyrannidae Pachyrampus validus (Vieillot, 1816) Tyrannidae Penelope obscura (Temminck, 1815) Cracidae Piranga flava (Spix, 1825) Emberizidae Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) Picidae Elaenia mesoleuca 71-80 N° de Interações 01 64-65 02 65-66 02 38 25 02 42 48 02 54 02 54 61 02 56 62 02 42 Continuação... Espécie de ave Família 01-10 11-20 21-30 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Emberizidae Forpus xanthopterygius 08 71-80 81-90 91-100 N° de Interações 61-63 02 62 02 (Spix, 1824) Psittacidae Baillonius bailloni (Vieillot, 1819) Ramphastidae 05 25 02 Habia rubica (Vieillot, 64-65 02 65-66 02 1817) Emberizidae Knipolegus cyanirostris (Vieillot, 1818) Tyrannidae Pachyrampus validus (Vieillot, 1816) Tyrannidae Penelope obscura (Temminck, 1815) Cracidae Piranga flava (Spix, 1825) Emberizidae 01 38 25 02 42 48 02 54 02 Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) Picidae 54 61 02 Elaenia mesoleuca 56 62 02 (Deppe, 1830) Tyrannidae 43 Continuação... Espécie de ave Família Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Emberizidae Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) Psittacidae Thraupis bonariensis (Gmelin, 1789) Emberizidae Tityra inquisitor (Lichtenstein, 1823) Tityridae Trogon rufus (Gmelin, 1788) Trogonidae Trogon viridis (Vieillot1817) Trogonidae Celeus flavescens (Gmelin, 1788) Picidae Cissopis leverianus (Gmelin, 1788) Thraupidae Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Emberizidae Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Picidae 01-10 11-20 21-30 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 08 28 71-80 81-90 91-100 N° de Interações 61-63 02 62 02 01 05 01 05 01 25 01 25 01 05 01 48 01 54 01 44 Continuação... Espécie de ave Família Columba cayenensis Bonaterre, 1792 Columbidae Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Columbidae Hemithraupis ruficapilla (Vieillot1818) Thraupidae Hylophilus amaurocephalus (Nordmann, 1835) Vireonidae Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) Icteridae Legatus leucophaius (Vieillot, 1818) Tyrannidae Lipaugus lanioides (Lesson, 1844) Cotingidae Orthogonys chloricterus (Vieillot, 1819) Thraupídae Oxyruncus cristatus (Swainson, 1821) Tityridae Pachyrampus polychopterus (Vieillot, 1818) Tyrannidae 01-10 11-20 21-30 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 05 71-80 81-90 91-100 N° de Interações 66 01 62 01 64 01 63 01 67 01 01 25 01 25 01 05 01 42 01 45 Continuação... Espécie de ave Família Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) Parulidae Pipile jacutinga (SPIX, 1988) Cracidae Pipraeidea melanota (Vieillot, 1819) Emberizidae Turdus subalaris (Seebohm, 1887) Turdidae Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766) Picidae Aratinga leucophthalmus (Müller, 1776) Psittacidae Attila phoenicurus (Pelzeln, 1868) Tyrannidae Attila rufus (Vieillot, 1819) Tyrannidae Baryphthengus ruficapillus (Vieillot, 1818) Momotidae Brotogeris tirica (Gmelin, 1788) Psittacidae 01-10 11-20 21-30 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 48 71-80 81-90 91-100 N° de Interações 01 25 01 05 01 17 01 61 42 01 01 05 01 05 01 25 01 25 01 46 Continuação... Espécie de ave Família Cacicus chrysopteus (Vigors, 1825) Icteridae Cacicus haemorrhous (Linnaeus, 1766) Icteridae Schiffornis virescens (Lafresnaye, 1838) Pipridae Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) Tyrannidae Sirystes sibilator (Vieillot, 1819) Tyrannidae Tangara preciosa (Cabanis, 1850) Emberizidae Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) Formicariidae Pitylus fuliginosus (Daudin, 1800) Fringillidae Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) Cotingidae Pyroderus scutatus (Shaw, 1792) Cotingidae 01-10 11-20 21-30 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-100 N° de Interações 05 01 05 01 05 01 12 01 54 01 42 01 66 05 01 01 25 01 25 01 47 Continuação... Espécie de ave Família Ramphastos dsicolorus (Linnaeus, 1766) Ramphastidae Ramphastos vitellinus (Lichtenstein, 1823) Ramphastidae Saltator atricollis (Vieillot, 1817) Emberizidae Melanerpes flavifrons (Vieillot, 1818) Picidae Mionectes rufiventris (Cabanis, 1846) Tyrannidae Myiozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766) Tyrannidae Cyanocorax chrysops (Vieillot, 1818) Corvidae Cyanocorax cristalellus (Temminck, 1823) Corvidae Elaenia obscura (d' Orbigny & Lafresnaye, 1837) Tyrannidae 01-10 11-20 21-30 Espécie de Plantas 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-100 N° de Interações 25 01 25 01 54 01 05 01 05 01 01 01 48 01 61 12 01 01 48 1. Alchornea glandulosa (Poepp.); 2. Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg.; 3. Allophyllus edulis (St. Hill.) Radik; 4. Annona cacans (Warm.); 5. Cabralea canjerana (Vell.)Mart.; 6. Campomanesia xanthocarpa (Berg.); 7. Cecropia glaziouii (Sneth.); 8. Cecropia pachystachia (Trec.); 9. Cestrum amictum (Schltdl.); 10. Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) Engl.; 11. Citharexylum solanaceum (Cham.); 12. Copaifera langsdorffii (A. Juss.); 13. Cordia axillaris (I. M. Johnst); 14. Cordia ecalyculata (Vell.); 15. Cytharexyllum myrianthum (Cham.); 16. Davilla elíptica (St. Hil.); 17. Davilla rugosa (Poir.); 18. Dendropanax cuneatum (DC.); 19. Dydimopanax morototoni (Aubl.), Dcne. et Planch; 20. Endlicheria paniculata (Spreng.); 21. Erythroxylum argentinum (O.E. Schulz); 22. Eugenia florida (D.C.); 23. Eugenia hiemalis (Cambess.); 24. Eugenia uruguayensis (Cambess); 25. Euterpe edulis (Mart.); 26. Ficus guaranítica (Chodat.); 27. Ficus insipida (Willd.); 28. Ficus organensis (Miq.); 29. Geophila macropoda (Ruiz & Pav.) DC.; 30. Geophila repens (L.) I.M. Johnst.; 31. Guapira opposita (Vell.); 32. Guarea kunthiana (A. Juss.); 33. Holocalyx balansae (Mich.); 34. Maclura tinctoria (L.) D. Don. Steud.; 35. Miconia collatata (Wurdack); 36. Miconia discolor (DC.); 37. Miconia pusilliflora (Beurl.); 38. Miconia rubiginosa (Bonpl.) DC.; 39. Morus nigra (L.); 40. Myrcia palustris (DC.); 41. Myrciaria cuspidata (O. Berg.); 42. Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez; 43. Ocotea dyospyrifolia (Meissn.) Mez.; 44. Ocotea pulchella (Mart.); 45. Ocotea silvestris (Vatt.); 46. Opuntia monacantha (Willd.) Haw.; 47. Palicourea macrobotrys (Ruiz & Pav.) DC.; 48. Pera glabrata (Schott) Poepp.; 49. Pereskia aculeata (Mill.); 50. Peschiera fuchsiaefolia (Miers.); 51. Prunus sellowii (Koehne); 52. Psychotria carthagenensis (Jacq.); 53. Psychotria leiocarpa (Cham. & Schltdl.); 54. Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez; 55. Rapanea lancifolia (A.DC.) Mez; 56. Schinus terebinthifolius (Raddi); 57. Solanum australe (C.V. Morton); 58. Solanum inodorum (Vell.); 59. Sorocea bonplandii (Baill.) Burg. Lanj. & Bóer.); 60. Syagrus romanzoffiana (Cham.); 61. Talauma ovata(St. Hil); 62. Trema micrantha (L.) Blume; 63. Trichilia catingua (C. DC.); 64. Trichilia clausenii (C. DC.); 65. Trichilia elegans (A. Juss); 66. Trichilia pallida (Sw.); 67. Vitex megapotamica (Spreng.). 49 8 CONCLUSÃO Por meio desse trabalho, obtiveram-se dados referentes à riqueza e à diversidade das aves que se alimentam dos frutos da vegetação do Bioma Mata Atlântica. A partir desses dados, geraram-se subsídios para projetos de manejo e recomposição da flora e fauna de áreas degradadas, principalmente para a região em que se trata este estudo. Os dados demonstram que a manutenção de espécies-chave, de aves e plantas, é muito eficiente para aceleração do processo de recuperação ambiental, visto que as copas das árvores, seus frutos e também os poleiros artificiais, atraem agentes dispersores de sementes, gerando condições à germinação e estabelecimento de novas comunidades vegetais, garantindo a manutenção e conseqüente conservação, não só do ecossistema como também de seus recursos naturais. As aves têm o maior número de espécies frugívoras dos neotrópicos, possuindo famílias altamente dependentes de frutos (eg. Cotingidae, Cracidae) e outras menos dependentes (eg. Emberezidae, Tyrannidae). Isso resulta num padrão assimétrico das interações ave-planta, segundo o qual poucas aves interagem com muitas plantas enquanto poucas plantas interagem com muitas aves (Jordano, 1987). Portanto, a assimetria de interações e a dependência entre espécies de aves e plantas devem ser consideradas elementos essenciais para determinar a estabilidade dessas comunidades (FADINI; MARCO JUNIOR, p.97, 2004). Analisando os resultados obtidos entre as interações, pode-se perceber um considerável número de espécies tanto de aves, quanto de plantas, que se relacionam com poucas espécies para se alimentarem ou servirem de alimento, do que grandes números de interações. Com isso, deve-se levar em conta a importância da variedade e riqueza de espécies tanto animais quanto vegetais na manutenção dos ecossistemas, uma vez que a maioria necessita especificamente de alguns indivíduos para se alimentar e estes para dispersarem seus propágulos. Além disso, observa-se uma lacuna a ser preenchida em relação à falta de estudos que identifiquem as relações entre as plantas e seus dispersores, principalmente na região em que se trata este estudo, o que dificulta a seleção das espécies a serem implantadas em projetos de recuperação e manejo de áreas degradadas. 50 A recuperação destas áreas se apresenta agora como um desafio, sendo necessário encontrar formas de acelerar ou incrementar a sucessão ecológica. Considerando-se a extensão da área a ser recuperada, estas formas ou modelos de recuperação deverão ser triviais e de fácil aplicação, a inclusão de espécies arbóreas que atraiam a fauna, principalmente as aves. Quando implantados pelo próprio ser humano, os custos de um programa de revegetação são muito altos. Existe, portanto, interesse em desenvolver técnicas de recuperação de áreas degradadas que se utilizem dos processos naturais de recrutamento e sucessão. Desta forma pode-se perceber como é necessário o entendimento da interação entre aves, os frutos que elas comem e as sementes que dispersam: além de ser interessante do ponto de vista da ecologia como ciência pura, o estudo da dispersão por aves pode resultar em mecanismos muito mais eficientes e econômicos de proteger a fertilidade da terra e a água adequada para o consumo humano (OLIVEIRA, p.19, 1998). Considerando que em florestas tropicais, os principais vetores de sementes são vertebrados frugívoros e que estes são importantes para o avanço da regeneração natural, a presença de uma floresta conservada em áreas vizinhas às áreas que devem ser recuperadas, servindo como fonte de propágulos, é de extrema importância para garantir o sucesso e aceleração do processo de recuperação (KRIECK et al., 2006). Analisando a necessidade de se conhecer as espécies animais e vegetais individualmente e suas relações mutualísticas, pôde-se constatar na busca de estudos realizados e publicados desta relação que, ainda é um campo pouco explorado, considerando a sua importância para que se possa compreender e recuperar o equilíbrio ecológico. Com o conhecimento de quais aves se alimentam das plantas da Mata Atlântica e quais plantas servem de alimento e são dispersas por esses animais há uma maior facilidade e eficiência na elaboração e desenvolvimento de projetos de manejo e recuperação de áreas desmatadas desta formação vegetal em qualquer região do Brasil. Nos últimos 20 anos, muitas instituições e profissionais adotaram linhas de pesquisa que abordam diretamente as questões sobre a conservação e a comunidade ornitológica e conservacionista promoveu os meios para estudar, planejar e tomar uma atitude ativa para conservar a rica e crescentemente ameaçada avifauna brasileira. Nós sabemos quais as espécies estão ameaçadas, quais são as principais ameaças e onde elas devem ser preservadas. Contudo, faltam informações sobre as novas espécies e sobre a biologia das espécies descritas tanto recentemente quanto anteriormente. As pesquisas e as medidas de conservação ainda estão desigualmente distribuídas entre as regiões e espécies, e as ameaças não estão diminuindo. (MARINI; GARCIA, p. 100. 2005). 51 Para proteger a biodiversidade é preciso preservar o ambiente natural das espécies nativas. Nesse sentido, é fundamental criar e manter unidades de conservação, como parques nacionais e reservas biológicas. É preciso também combater a biopirataria, ou seja, o envio ilegal de plantas e animais para o exterior para extração e pesquisa de medicamentos, cosméticos e outros produtos. Apesar de o número e a grandeza das iniciativas de conservação terem crescido consideravelmente nos últimos anos, elas ainda são poucas para garantir a preservação e continuidade da biodiversidade da Mata Atlântica. Controle, fiscalização e consciência formam a base necessária de qualquer estratégia de conservação. Conservar, preservar e reconstruir nosso patrimônio natural é fundamental, não só para preservar nossa biodiversidade e nossos recursos naturais, como também para garantir o bom funcionamento dos sistemas ecológicos e conseqüentemente melhorar a qualidade de vida da população. 52 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Lidiamar Barbosa de. Polinização e dispersão de sementes em solanáceas neotropicais. 2001. 200f. Tese (Doutorado em ecologia). Universidade Estadual de Campinas. Campinas. APG II (The Angiosperm Phylogeny Group). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the ordens and families of flowering plants: APG II. Bot. j. Linn. Soc., London, v. 141, p. 399-436, 2003. ASSUNÇÃO, Luis Guilherme. Poleiros secos como modelo de nucleação em projetos de restauração de áreas degradadas. 2006. 26f. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas). Universidade regional de Blumenau. Blumenau. 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