UTILIZAÇÃO DA TRANSFORMADA DA INCERTEZA NA DETERMINAÇÃO DO GRAU DE INTERFERÊNCIA ENTRE SINAIS DE DIFERENTES NATUREZAS EM SISTEMAS DE CABEAMENTO PARA TRANSMISSÃO DE DADOS João Batista José Pereira – [email protected] IFG/Câmpus Goiânia Programa de Apoio à Produção em Pesquisa/ProAPP, Edital 08/2013 Resumo O objetivo deste estudo foi verificar o grau de interferência entre condutores metálicos instalados em ambientes agressivos e buscar soluções eficientes para a aplicação destes. Esta interferência será avaliada se utilizando da Transformada da Incerteza. Ela faz parte do estudo de Compatibilidade Eletromagnética que verifica se cabos e dispositivos são compatíveis elétrica e magneticamente com o meio onde se encontram. O grau de interferência entre cabos depende de fatores tais como sua construção e ambiente inserido. Os cabos são as partes mais longas de um sistema e captam e/ou irradiam ruído. Entre os mecanismos de acoplamento de ruído em cabos se tem o acoplamento capacitivo, o acoplamento indutivo e o acoplamento irradiado. O cenário de estudo é composto por dois condutores paralelos, onde um é vítima e o outro interferente. Calcula-se então a tensão induzida no condutor vítima e avalia esta em relação à distância entre os condutores e a corrente no condutor interferente.Verifica-se então se a tensão induzida, neste caso, tensão de ruído, está na faixa de valor de Susceptibilidade à Irradiação suportada pelo circuito em que o condutor é vítima. Palavras-Chave Compatibilidade, Cabeamento, Incerteza. 1 Objetivos Os objetivos deste estudo foram verificar o grau de interferência e buscar uma solução eficiente que melhore a aplicação de cabeamento metálico trançado em ambientes agressivos. Fundamentação teórica Denomina-se EMC (ElectroMagnetic Compatibility - Compatibilidade Eletromagnética) a habilidade de um dispositivo ou sistema elétrico/eletrônico de funcionar satisfatoriamente dentro de um ambiente eletromagnético sem introduzir níveis intoleráveis de EMI (ElectroMagnetic Interference - Interferência Eletromagnética) e sem ser suscetível aos níveis considerados aceitáveis de EMI. Ela significa que um dispositivo é compatível elétrica e magneticamente com o meio externo e interno [PEREIRA 2008]. A EMC é subdividida em Emissões Eletromagnéticas e Susceptibilidade Eletromagnética, onde a primeira se subdivide em Emissões Conduzidas e Emissões Irradiadas e a segunda em Susceptibilidade à Condução e Susceptibilidade à Irradiação. O grau de interferência em cabos depende de alguns fatores, como: projeto; construção e características, de sua interação com outros elementos do sistema (conectores, equipamentos terminais, outros cabos, blindagem, etc.); além de certos parâmetros do sistema e propriedades do ambiente [CALTENCO 2009]. Há uma variedade de fatores limitativos de desempenho de transmissão de sinais digitais associados aos cabos, que devem ser considerados no projeto e utilização destes, entre eles a atenuação; EMI conduzidas e radiadas; ruídos diferencial, longitudinal e impulsivo; e, diafonia [OTT, 1988]. 2 Metodologia As técnicas aplicadas neste projeto foram pesquisas bibliográficas buscando avaliar os níveis teóricos de interferência a partir de um modelo de canal composto por um condutor interferente e um condutor vítima. Resultados e discussão Os cabos são importantes porque são as partes mais longas de um sistema e, portanto, atuam como antenas eficientes que captam e/ou irradiam o ruído. Entre os mecanismos de acoplamento de ruído em cabos tem-se o acoplamento capacitivo ou elétrico, o acoplamento indutivo ou magnético e o acoplamento eletromagnético ou radiado. O cenário proposto é composto por dois pares de condutores dispostos em paralelos com comprimentos de d = 80 ± 20 m e distância entre estes de r = 0,003 ± 0,002 m. O condutor interferente transportando uma corrente de pico de 12,78 A a 60Hz e o vítima, sinal 0,75 ± 0,07 V. A tensão induzida em um par de condutores de circuito fechado de área A devido a um campo magnético de densidade de fluxo B é dada pela equação abaixo: A Figura 1 mostra a função densidade da tensão induzida calculada para o cenário proposto, onde vê que para o cenário proposto a probabilidade da tensão induzida estar entre 0,012 e 0,096 V é de 100%, abaixo de 0,019 V é de 44% e acima de 0,058 V é de 34%. Como o sinal da rede vítima possui imunidade à tensão de ruído de até 0,068 V, a probabilidade de que o sinal da rede vítima sofra modificações significativas é de 23%. 3 Figura 1: Função densidade da tensão induzida calculada para o cenário proposto. Considerações finais Conclui-se que o método de distanciamento dos cabos para combater a EMI é válido e que para o cenário proposto cabos com comprimentos acima de 80 m são susceptíveis à tensão induzida pelo cabo interferente. A solução para este caso seria aumentar a distância entre os cabos interferentes e vítimas. Referências CALTENCO, J. H., Eduardo Cisneros D., R. Linares y M., J. López-Bonilla, and R. Peña-Rivero. Electromagnetic Couplings in Unshielded Twisted Pairs. Apeiron, Vol. 16, No. 3, July 2009. PEREIRA, J.B.J. Modelagem de Incertezas em Sistemas de Aterramento Elétricos, Tese de Doutorado, ENE/FT/UNB, 2008. OTT, Henry W. Noise Reduction Techniques in Electronic System. 2nd Ed. John Wiley & Sons Inc. New York – USA. 1988. 4