DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS ANTRACNOSE

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4 • Agosto 07 - Soja - Doenças
Charles Echer
M
ais de 40 doenças causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus
que acometem a cultura da soja, já foram identificadas no Brasil. Esse número continua aumentando com a expansão da soja para novas áreas, como conseqüência da monocultura e com a introdução de novos patógenos, tornando
as doenças um dos principais fatores limitantes da produção. A importância
econômica de cada doença varia de ano
para ano e de região para região, dependendo das condições climáticas de cada
safra. A ferrugem asiática, desde que começou a ocorrer no Brasil, em 2001, tornou-se o principal problema fitossanitário da cultura. Estima-se que, entre 2001
e 2007, a ferrugem tenha causado per-
das s~periores a 13 milhões de t de soja.
E primordial saber reconhecer a
causa dos problemas que ocorrem na
lavoura, sabendo distinguir os sintomas
de cada doença e também, os resultantes de fatores abióticos como a nutrição e o clima. O técnico e o produtor
devem estar sempre buscando informações atualizadas sobre manejo, cultivares resistentes e controle químico, visando utilizar as técnicas mais eficientes de controle de doenças, de forma a
realizar o cultivo sustentável da soja.
DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS
ANTRACNOSE
Causada por Colletotrichum truncatum, a antracnose é uma doença impor-
tante nas regiões do Cerrado, mas a ocorrência de prejuízos tem sido inconstante, devido à dependência de condições
climáticas favoráveis.
Sintomas
Pode causar morte de plântulas, necrose dos pecíolos, manchas nas folhas,
nas hastes e nas vagens, queda total das
vagens ou deterioração das sementes em
colheita retardada. As vagens infectadas
adquirem coloração castanho-escura a
negra e ficam retorcidas; nas vagens em
granação, as lesões iniciam-se por estrias
e evoluem para manchas negras. As partes infectadas podem ficar cobertas por
pontuações. Sementes apresentam manchas deprimidas, de coloração 'castanhoescuras.
Conc&ções de desenvolvimento
Elevada precipitação e altas temperaturas são favoráveis à doença. Em
anos chuvosos, pode causar perda total da produção e, em maior freqüência, pode causar alta redução no número de vagens, induzindo a planta à
retenção foliar e à haste verde. Uso de
sementes infectadas e deficiências nutricionais também contribuem
para
maior ocorrência da doença.
À esq. vagens com sintomas de antracnose com coloração castanho-escura a negra e retorci das. À dir.
cancro da haste - restos culturais podem manter o fungo Diaporthe phaseo/orum viável para infecção
Controle
Usar sementes sadias dou tratadas,
utilizar rotação de cultura, espaçamento
Doenças - Soja - Agosto 07 • 5
entre as linhas entre 50-55 em, estande
adequado e manejo adequado do solo,
principalmente com relação à adubação
potássica. Para o controle em sementes,
recomenda-se o armazenamento em condição ambiente, pois há redução acentuada, mas não total, do nível de infecção.
O tratamento de sementes com fungicidas é recomendado em lotes que apresentem mais de 5% de infecção.
CANCRO DA HASTE
Importante doença que já causou
grandes prejuízos à cultura no Brasil, mas
atualmente Diaporthe phaseolorum varo
meridionalis e D. p. varo cau/ivora é bem
controlada através do uso de cultivares
resistentes. Na safra 2005/2006, foi constatada pela primeira vez no país a variedade caulivora do fungo, de menor agressividade.
Sintomas
O sintoma inicial é indicado por pequenos pontos negros que evoluem para
manchas alongadas a elípticas e mudam
da coloração negra para castanho-avermelhada. No estádio final, as manchas
adquirem coloração castanho-clara, com
bordas castanho-avermelhadas,
geralmente de um lado da haste. Infecções
severas causam quebra da haste e acamamento. As lesões são profundas e causam necrose na medula. Uma das indicações de infecção é a presença de folhas
amareladas e com necrose entre as nervuras (folha "carijó").
C~
de desenvolvimento
Os restos culturais podem manter o
fungo viável. Sob condições de alta umidade, peritécios podem ser produzidos
nos cancros de plantas verdes. E uma
doença de evolução lenta e as infecções
ocorridas logo após a emergência formam
os cancros entre a íloração e o enchimento
das vagens. As plantas adultas adquirem
resistência à doença. Normalmente, o
nível de infecção nas sementes é baixo.
Controle
Sintomas
O fungo Cercospora kikuchii, agente
causal da doença, ataca todas as partes
da planta. Nas folhas, os sintomas são
pontuações escuras, castanho-avermeIhadas, as quais coalescem e formam
grandes manchas escuras que resultam
em severo crestamento e desfolha prematura. Nas vagens, aparecem pontuações vermelhas que evoluem para manchas castanho-avermelhadas. Através da
vagem, o fungo atinge a semente e causa uma mancha púrpura no tegumento. Nas hastes, o fungo causa manchas
vermelhas, geralmente superficiais, limitadas ao córtex.
ConcIcões de desenvolvimento
O fu~go está disseminado por todas
as regiões produtoras de soja do país, porém é mais severo nas regiões mais quentes e chuvosas e regiões altas dos cerrados. O seu ataque é favorecido por temperaturas na faixa de 23°C a 27°C e alta
umidade. Pode ser introduzido na lavoura
através de sementes infectadas, se não
forem tratadas com fungicidas, porém o
mesmo sobrevive nos restos culturais.
Controle
O controle deve ser feito utilizando
sementes livres do patógeno, tratamento
de sementes com fungicidas de ação sistêmica e de contato e aplicações na parte
aérea, utilizando fungicidas dos grupos
dos benzimidazóis, triazóis e estrobilurínas.
FERRUGEM
Problema fitossanitário de maior
impacto econômico da cultura. Phakopsara pachyrhizi e P. meibomiae ocorrem no
Brasil desde 200 1 e pode causar perdas
de produtividade de até 90% na lavouras.
Sintomas
Podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento em cotilédones, folhas e hastes, mas é mais comum
após a floração. Os primeiros sintomas
são minúsculos pontos, mais escuros
do que o tecido sadio da folha, de uma
coloração esverdeada a cinza-esverdeada, com protuberância (urédia) correspondente na parte inferior da folha.
As urédias adquirem cor castanho-clara a castanho-escura, abrem-se em um
poro, pelo qual são expelidos os esporos cristalinos que se acumulam ao redor dos poros ou são carregados pelo
vento. O tecido da folha ao redor das
urédias adquire coloração castanho-clara a castanho-avermelhada,
C~
de desenvolvimento
A infecção depende de água livre na
superfície da folha, sendo necessário um
mínimo de seis horas de molhameto.
Temperaturas entre 15° C e 28° C são
favoráveis para a infecção. Quanto mais
cedo ocorrer a desfolha, menor será o ta-
~
Usar cultivares resistentes. As seguin- ~
tes medidas de controle também podem :;;
ser utilizadas: rotação da cultura com al- ~
godão, arroz, girassol, milho, pastagem ou g>
·c
sorgo e sucessão com aveia-branca, aveia- ai
preta, mílheto; semeadura com maior ~
espaçamento entre as ruas e entre plantas; adubação e calagem equilibradas.
CRESTAMENTO FOLlAR DE
CERCOSPORA E MANCHA PÚRPURA
É uma das doenças de final de ciclo
(DFC) que, sob condições favoráveis,
pode causar prejuízos econômicos às lavouras.
A mancha púrpura no tegumento da semente (detalhe foto à esquerda) é transmitida pelo
fungo através da vagem. À dir. primeiros sintomas da ferrugem na parte inferior da folha
6 • Agosto 07 - Soja - Doenças
se mostrado mais eficientes para o controle da doença. Além do controle químico, é importante semear cultivares mais
precoces, eliminar plantas voluntárias de
soja (guaxa ou tiguera) na entressafra e
fazer o monitoramento periódico da lavoura para detectar a ocorrência da doença no seu início.
MANCHA ALVO E PODRIDÃO
RADICULAR DE CORINÉSPORA
É uma doença que vem aumentando de importância nas últimas safras,
principalmente nas regiões de Cerrado,
com ocorrência de surtos severos, mas
ainda isolados e esporádicos.
Sintomas
Corynespora cassiicola causa lesões
que se iniciam por pontuações pardas,
com halo amarelado, evoluindo para
grandes manchas circulares de coloração
castanho-clara a castanho-escura, atingindo até 2 em de diâmetro. Geralmente, as manchas apresentam uma pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura. Cultivares suscetíveis podem sofrer severa desfolha, com
manchas na haste e nas vagens.
tro cinza e bordos castanho-avermelhados na haste. a semente, causa rachaduras e manchas de coloração pardo a
cinza.
C~
de desenvolvinento
O fungo dissemina-se através de sementes contaminadas e esporos levados
pelo vento. Possui a capacidade de desenvolver novas raças. Já foram identíficadas 25 raças no Brasil. É introduzido
na lavoura pela semente contaminada e
sobrevive nos restos culturais.
Controle
O uso de cultivares resistentes e o
tratamento de sementes com fungicidas benzimidazóis + fungicida de contato, de forma sistemática, são fundamentais para o controle da doença e
para evitar a introdução do fungo ou
de uma nova raça, em áreas onde ele
não está presente.
MANCHA PARDA
Compõe, junto com o crestamento
foliar de cercospora, o complexo de doenças de final de ciclo.
Sintomas
Condi~ões de desenvolvimento
O fungo é encontrado em praticamente todas as regiões de cultivo de soja
do Brasil. Sobrevive em restos de cultura
e sementes ínfectadas, podendo colonizar uma ampla gama de resíduos no solo.
Condições de alta temperatura e umidade relativa são favoráveis à infecção na
folha.
Controle
Recomenda-se o uso de cultivares
resistentes, o tratamento de sementes, a
rotação/sucessão de culturas com milho
e espécies de gramíneas e o controle com
fungicidas.
MANCHA OLHO-DE-RÃ
Identificada no Brasil em 1971 e
causada por Cercospora sojina, é considerada uma importante doença, mas
que está sob controle devido ao uso de
cultivares resistentes.
Sintomas
De cima para baixo, sintomas de: mancha alvo,
mancha olho-de-rã, mancha parda e meia
manho dos grãos e, conseqüentemente,
maior a perda do rendimento e da qualidade (grãos verdes).
Controle
O controle químico é a ferramenta
mais viável atualmente. Os fungicidas dos
grupos dos triazóis e estrobilurinas têm-
Ocorre em qualquer estádio da planta, mas é mais comum a partir do florescimento. Atinge folhas, hastes, vagens e
sementes, iniciando como pequenos pontos de encharcamento que evoluem para
manchas castanho-claras no centro, com
bordos castanho-avermelhados na face
superior da folha, e cinza na face inferior.
Em hastes e vagens, forma manchas circulares castanho-escuras nas vagens e
manchas elípticas ou alongadas, com ccn-
Nas folhas, surgem pontuações pardas, menores que 1 mm de diâmetro, as
quais evoluem e formam manchas com
halos amarelados e centros de contornos
angulares, de coloração parda na face superior da folha e rosada na face inferior,
medindo de 1 a 3 mm de diâmetro. Infecções severas causam desfolha e rnaturação precoce.
C~
de desenvolvimento
O fungo Septoria glycines, sobrevive
em sementes infectadas e em restos de
cultura. A infecção e o desenvolvimento
da doença são favorecidos por condições quentes e úmidas. A dispersão dos
esporos ocorre através da ação da chuva e do vento. O fungo necessita de um
período de molhamento mínimo de
oito horas e temperatura entre 15-30°C
para desenvolver os sintomas.
Controle
Devido à sobrevivência do fungo em
restos culturais, o controle mais eficiente
é obtido pela rotação de culturas, acompanhada da melhoria das condições físico-químicas do solo, com ênfase na adubação potássica. Em situações severas, o
controle químico com pulverização de
fungicidas é recomendado.
TOMBAMENTO E MELA OU REQUEIMA
Rhiwctonia solani ocorre, principalmente, no estados do Mato Grosso, Maranhão, Tocantins e Roraima, causando
Doenças - Soja - Agosto 07 • 7
R.M.Soares
umidade relativa do ar e temperaturas
amenas são altamente favoráveis ao desenvolvimento do fungo.
Controle
Usar cultivares resistentes. O controle
químico pode ser utilizado através da
aplicação de fungicidas foliares do grupo
dos triazóis e/ou dos bendamidazóis. Para
controle nos estádios iniciais, indica-se
usar, preferencialmente, o enxofre (S) (2
kg i.a./ha).
Oídio, em condições severas, pode causar seca e queda prematura das folhas
reduções médias de 30% de produtividade.
PODRIDÃO BRANCA DA HASTE
É uma doença de ocorrência esporá-
Sintomas
Os sintomas iniciais causados
dica, porém é de difícil controle e pode
causar sérios prejuízos à lavoura.
por
Peronospora manshurica, são pontuações
Sintom"s
O sintoma do tombamento ocorre ao nível do solo, onde ocorre o estrangulamento causado por uma podridão seca, de coloração castanho a
castanho-avermelhada.
A meia pode
ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento, afetando toda a parte aérea da planta. As partes infectadas secam rapidamente e adquirem coloração castanha. Folhas e pecíolos infectados ficam pendentes ao longo da
haste ou caem sobre as plantas vizinhas, propagando a doença. Infecções
nas hastes e vagens produzem lesões
castanho-avermelhadas.
Os sintomas
ocorrem em reboleiras.
~
de desenvolvinento
Favorecida por temperaturas entre 25°C e 30°C e por longos períodos
de umidade. O fungo sobrevive no
solo, em restos de cultura e em hospedciros alternativos.
A disseminação
ocorre por respingos de chuva e pelo
crescimento micelial e formação de
microesc!erócios, com disseminação
por contato entre plantas. O patógeno apresenta uma ampla gama de hospedeiros.
Controle
Adotar práticas como semeadura direta, nutrição equilibrada das plantas,
rotação/sucessão com culturas não hospedeiras, adequação de população de
plantas e espaçamento entre linhas, tratamento de sementes para protegê-Ias do
fungo presente no solo, uso de sementes
com boa qualidade sanitária e fisiológica,
eliminação de plantas daninhas e restevas de soja, e controle químico com fungicidas.
MíLDIO
Doença de menor importância, mas
precisa ser conhecida, para não confundir os seus sintomas iniciais com os da
ferrugem.
amarelas na parte superior das folhas, que
aumentam de tamanho, podendo atingir 3-5 mm de diâmetro. Pode haver coaleseência das lesões e crestamento foliar.
No verso da mancha amarelada aparecem estruturas de aspecto cotonoso, levemente rosadas a cinzas. a vagem pode
ocorrer deterioração da semente ou infecção parcial, com formação de uma
crosta pulverulenta, dando uma coloração bege a castanho-clara ao tegumento.
Sintomas
Os primeiros sintomas são manchas
encharcadas que evoluem para coloração
castanho-clara e logo desenvolvem micélio branco e denso. O fungo Sclerotinia
sclerotiorum é capaz de infectar qualquer
parte da planta, porém as infecções iniciam-se com freqüência a partir das infloreseências, das axilas das folhas e dos ramos laterais. O micélio transforma-se em
massa negra e rígida, o esclerócio, que
varia de tamanho desde poucos milímetros até alguns centímetros e é formado
tanto na superfície como no interior da
haste e das vagens infectadas.
Condi~ões de desenvolvimento
O fungo é introduzido na lavoura por
meio de sementes infectadas e por esporos disseminados pelo vento. Ocorre em
praticamente todas as regiões produtoras de soja do Brasil. Temperatura amena e umidade elevada, principalmente na
fase vegetativa, são fuvoráveis à doença.
A medida em que as folhas envelhecem
tomam-se resistentes.
~
de desenvalvinento
Alta umidade relativa do ar e tempefatura amena favorecem a doença. Esg'
'§
'"
I
Controle
Não há controle recomendado devido a pouca importância econômica da
doença até o momento.
<i
OíDIO
É uma doença de ocorrência generalizada no país e, em condições favoráveis,
Erysiphediffusa, seu agente causal, pode
causar perdas econômicas.
Sintomas
É um parasita obrigatório que se desenvolve em toda parte aérea da planta.
Apresenta uma fina cobertura esbranquiçada. Nas folhas, com o passar do tempo, a coloração branca do fungo muda
para castanho-acinzentada e, em condições de infecção severa, pode causar seca
e queda prematura das folhas.
~
de desenvolvimento
A infecção pode ocorrer em qualquer
estádio de desenvolvimento da planta,
porém, é mais comum por ocasião do
início da floração. Condições de baixa
Podridão branca da haste - de ocorrência esporádica, mas
de difícil controle. O fungo ataca qualquer parte da planta
8 • Agosto 07 - Soja - Doenças
tomam-se cloróticas, secam e adquirem
coloração marrom, permanecendo aderidas aos pedalas. Nessa fase, as plantas
apresentam raízes de cor cinza, cuja epiderme é facilmente destacada, mostrando microesclerócios negros nos tecidos
imediatamente abaixo.
ConcI<ões de desenvolvimento
Área~ onde o preparo do solo é inadequado, com conseqüente compactação,
resultam em plantas com sistemas radiculares superficiais e com pouca tolerância a seca. Essas plantas são mais vulneráveis ao ataque de Macrophomina.
Controle
Adequada cobertura do solo com restos de cultura, boa adubação e manejo
do solo.
PODRIDÃO PARDA DA HASTE
Phialophora gregata é um fungo de
Acima, sintomas do ataque de Macrophomina phaseolina. Abaixo, podridão parda da haste, causada por Phia/ophora gregata
solo, importante nas regiões mais frias de
cultivo da soja.
Sintomas
clerócios caídos ao solo, sob alta umidade e temperaturas entre 10-21 °C, germinam e produzem esporos que são liberados ao ar, infectando as plantas. A transmissão por semente pode ocorrer tanto
através de micélio dormente (interno)
quanto esclerócios misturados às sementes. Uma vez introduzido em urna área é
de difícil erradícação,
A partir do enchimento de grãos,
pode ser observado escurecimento do sistema vascular e da medula da haste e da
raiz. Esses sintomas podem ser acompanhados de clorose e necrose internerval
das folhas (folha "carijó"). A doença não
apresenta sintoma externo na haste. Em
casos severos, ocorre intensa queda de
vagens e as plantas podem apresentar rápido murchamento das folhas.
Controle
Evitar a introdução do fungo na área
utilizando sementes certificadas. Efetuar tratamento de sementes com mistura
de fungicidas de contato e benzirnidazóis.
Em áreas de ocorrência da doença, fazer
a rotação/sucessão de soja com espécies
resistentes como milho, aveia-branca ou
trigo; eliminar as plantas hospedeiras do
fungo; incorporar restos culturais; fazer
adubação adequada; aumentar o espaçamento entre linhas, reduzindo a população ao mínimo recomendado.
C~
de desenvolvimento
O fungo sobrevive em restos culturais de soja e no solo e não é disseminado
por sementes. A infecção ocorre através
do sistema radicular, aproximadamente
30 dias após a germinação de sementes.
O aumento da intensidade de sintomas
é favorecido por temperaturas do ar entre 15- 27°C e alta umidade do solo após
o Borescimento.
Controle
PODRIDÃO DE CARVÃO DA RAIZ
Macrophomina phaseolina é um fungo natural de solo, mas que devido a estresses climáticos durante a safra, pode
afetar o desenvolvimento da soja.
Utilizar cultivares resistentes e rota-
ção de culturas. Para evitar a introdução
da doença em novas áreas, deve-se realizar limpeza de máquinas e implementos.
PODRIDÃO RADICULAR DE FlTÓFTORA
É uma das doenças mais destrutivas da soja, causada por Phytophthora
sojae e que pode causar perdas de até
100% em cultivares altamente suscetíveis, sob condições climáticas e de manejo favoráveis à doença.
Sintomas
Sementes infectadas podem apodrecer ou germinar lentamente, resultando
em morte de plântulas, as quais apresentam hípocótílos com aspecto encharcado
e de coloração marrom. Em plantas adultas, ocorre clorose de folhas e murcha de
plantas. As folhas secam e se mantêm
presas à haste. A haste e os ramos laterais
exibem apodrecimento de coloração marrom-escura, que progride de baixo para
cima na planta, a partir da linha do solo,
atingindo vários nós. Internamente, o
córtex e os tecidos vasculares tomam-se
escuros.
C~
de desenvolvimento
As condições climáticas ideais para a
ocorrência de falhas na emergência e do
tombamento em plântulas são temperaturas em tomo de 25°C e elevada umidade no solo durante a semeadura e a
emergência. Solos compactados aumentam a intensidade da podridão. O fungo
desenvolve estruturas de resistência (DÓsporos) que permanecem viáveis em restos de cultura e no solo por muitos anos.
Controle
Usar variedades resistentes e manejo do solo, proporcionando boa drenagem.
Em plantas adultas, os danos não justificam a adoção de medidas de controle.
PODRIDÃO VERMELHA DA RAIZ
Fusarium spp. é um fungo de solo de
difícil controle, que vem aumentando sua
presença em diversas regiões de cultivo
no país.
~
a.::;
o::
Sintomas
A infecção das raízes pode ocorrer
desde o início da gerrrrinação, visto que o
fungo pode ser transmitido por sementes e é um habitante natural dos solos.
Lefu'no
colo da planta são de coloração marrom-avermelhada e superficiais.
Radículas infectadas apresentam tecidos
com escurecimento. Após o Ilorescimento e ocorrendo deftcit hídrico, as folhas
Podridão radicular de frtóftora causada por Phytophthora sojae (esq.). Podridão
vermelha da raiz (dir.), com infecção na raiz iniciada por mancha avermelhada
Doenças - Soja - Agosto 07 • 9
A.Almeida
Sintomas
Ocorre em reboleiras ou de forma generalizada na lavoura. A infecção na raiz
inicia com uma mancha avermelhada, geralmente localizada um a dois centímetros abaixo do nível do solo. O tecido lenhoso da haste, acima do nível do solo,
adquire coloração castanho-clara. Na
parte aérea, observa-se o amarelecimento prematuro das folhas e necrose entre
as nervuras (folha "carijó"). Em plantas
severamente afetadas pode ocorrer desfolha e abortamento de vagens.
C~ões
de desenvolvimenta
Costuma aparecer de duas a três
semanas antes da floração e se estende até as fases posteriores ao florescimento. Cultivares precoces tendem a
sofrer menos danos. A podridão vermelha é mais severa em solos mal-drenados e compactados. A temperatura
ótima para o seu desenvolvimento varia de 22°C a 24°C.
Cantrale
Não existem ainda cultivares com
resistência completa. Uso de materiais
precoces e bom manejo do solo podem
reduzir a severidade da doença.
DOENÇAS CAUSADAS POR BAaÉRIAS
CRESTAMENTO BAaERIANO
É uma doença de ocorrência generalizada nas regiões de cultivo, mas co~ baixa capacidade de causar prejuízos. E causada por Pseudomonas savastanoi pv. gly-
cinea.
Sintomas
É comum na folha, mas pode atacar
haste, pecíolo e vagem. Inicia com manchas aquosas, semitransparentes quando
visualizadas contra a luz, que necrosam
e agiu tinam, formando áreas grandes de
tecido morto. Pode haver ou não halo
amarelado ao redor da mancha. Na face
inferior da folha visualiza-se a mancha
angular, de cor negra e, com umidade,
mostra uma película brilhante (exsudato). Ataques severos causam rasgamento
dos espaços intemervais da folha e queda de folhas.
Canclções de desenvolvimento
Semente infectada e restos do cultivo anterior de soja são as fontes iniciais de inóculo. A semente infectada não
mostra sintoma. É favorecida por alta
umidade, principalmente
chuva com
vento e sob temperaturas
amenas
(20°C a 26°C). Em dias secos, finas
escamas do exsudato da bactéria se disseminam na lavoura, mas para haver
infecção há necessidade de filme de
Ataques severos de Pseudomonas savastano; pv. G/ycinea, agente causador do crestamento
bacteriano, causam rasgamento dos espaços internervais da folha e queda destas
água na superfície da folha. As folhas,
à medida que envelhecem, tomam-se
mais resistentes à doença.
Cantrale
Não há medidas de controle recomendadas para essa doença.
viver na rizosfera da cultura do trigo e,
assim, manter o inóculo para a lavoura
de soja seguinte.
Cantrale
Uso de cultivares resistentes.
DOENÇAS CAUSADAS POR NEMATÓIDES
PÚSTULA BACTERIANA
Xanthomonas axonopodis pv. glycines
é a principal bactéria capaz de causar
danos à cultura, mas está sob controle
devido ao uso de cultivares resistentes.
Sintomas
Ataca as folhas, mas também infecta
haste, pecíolo e vagem. As manchas são
arredondadas e de coloração parda. Na
face inferior da folha, no centro da lesão,
ocorre pequena elevação de cor esbranquiçada, parecendo uma bolha, que dá o
nome comum da doença, pústula bacteriana. Além da elevação, esta doença se
diferencia do crestamento bacteriano pela
inexistência do brilho na face abaxial. Em
cultivares suscetíveis, o grande número
de pústulas na superfície da folha dá a
aparência áspera, à vista e ao tato.
ConcIções de desenvalvimento
O patógeno é transmissível pela semente, que não mostra sintoma típico.
Os restos de cultura são fonte de inócu10. Infecções secundárias são favorecidas
por chuva e vento, aliados às condições
de umidade elevada e temperatura alta
(acima de 28°C). A bactéria pode sobre-
NEMATÓIDE DE CISTO
Importante doença, responsável por
causar sérios prejuízos à cultura. É de
difícil controle devido à capacidade do
nematóide Heterodera glycines de formar
estruturas de sobrevivência, se disseminar e possuir diversas raças.
Sintomas
O nernatóide penetra nas raízes e
dificulta a absorção de água e nutrientes,
causando a redução de porte e número
de vagens, clorose das folhas e baixa produtividade. Ocorre em reboleiras e, em
muitos casos, as plantas morrem. O sistema radicular fica reduzido e infectado
por fêmeas do nematóide com formato
de límão ligeiramente alongado, de coloração branca a ligeiramente amarela. A
diagnose requer análise de amostras de
solo e/ou raízes em laboratório.
Canclçóes de desenvalvimento
O cisto pode permanecer no solo por
mais de oito anos. Em solo úmido, com
temperaturas de 20°C a 30°C, as larvas
eclodem, penetram na raiz e o ciclo se
completa em três a quatro semanas. O
10 • Agosto 07 - Soja - Doenças
À esq. Xanthomonas axonopodis pv.glycines, causadora da pústula bacteriana, é a principal bactéria capaz de causar
danos à cultura. À dir. detalhe dos danos causados às raízes pelo nematóide de cisto - Heterodera glycines
trânsito de máquinas, equipamentos e
veículos, carregando solo contaminado,
tem sido o principal agente de dispersão
do nematóide. Também pode ser disseminado pela enxurrada, animais e sementes com partículas de solo.
Controle
Prevenir a ínfestação de áreas isentas
por meio da limpeza das máquinas, implernentos, ferramentas e calçados, e utilização de sementes beneficiadas, sem
partículas de solo. As estratégias de controle incluem a rotação de culturas, o
manejo do solo (nível adequado de matéria orgânica, calagem e adubação equilibradas, evitar compactação) e a utilização de cultivares resistentes.
NEMATÓIDES DE GALHAS
Diversas espécies de Meinidogyne são
causadores de galhas na soja (Meloidogyne íncogníta, M. javanica e M. arenaria),
mas M. javanica é a mais disseminada e
M. íncogníta predomina em áreas culti-
quer análise de amostras de solo e/ou
raizes em laboratório.
C~
de desenvolvimento
Os nematóides causadores de galhas
parasitam um grande número de espécies de plantas. Sobrevivem na maioria das
plantas daninhas, dificultando o controle. O ciclo de vida é muito influenciado
pela temperatura. Em geral, se completa
em três a quatro semanas a 25°C.
Controle
Os métodos de controle mais eficientes são a rotação de culturas com plantas não hospedeiras e o uso de cultivares
resistentes. A rotação de culturas deve ser
bem planejada, uma vez que a maioria
das espécies cultivadas multiplicam os
nematóides de galha. Por isso, deve-se
fazer uma correta identificação da espécie e, se possível, da raça, do nematóide
presente na área. Para recuperação da
matéria orgânica e da atividade rnicrobiana do solo é importante incluir na rotação espécies utilizadas como adubos verdes. A semeadura direta contribui para
reduzir a disseminação destes e de outros nematóides.
DOENÇAS CAUSADAS POR VíRUS
MOSAICO COMUM DA SOJA
O vírus Soybean Mosaic Vírus (SMV),
pode causar grandes reduções de produtividade, mas tem diminuído sua importância no Brasil devido ao uso de cultivares resistentes.
Sintomas
Plantas infectadas apresentam folhas encarquilhadas com algumas bo-
vadas anteriormente com café e algodão.
Sintomas
Ocorrem em reboleiras, onde as
plantas normalmente
apresentam
manchas cloróticas ou necroses entre
as nervuras (folha "carijó"). Pode não
ocorrer redução no tamanho das plantas, mas intenso abortamento de vagens e amadurecimento prematuro das
plantas. Nas raizes, observam-se galhas em números e tamanhos variados, dependendo da suscetibilidade da
cultivar e da densidade populacional
do nematóide no solo. A diagnose rc-
Calhas podem ser a indicação da presença de nematóides na área de plantio
Cultivares resistentes têm contido os
danos do VÍrusdo mosaico comum
Doenças - Soja - Agosto 07 • 11
Plantas ínfectadas podem produzir vagens, as quais são deformadas e com grãos
pequenos.
Condicões de desenvolvimento
É tr;nsmitido pela mosca-branca (Bemisia tabaci). Toda condição
que favoreça o desenvolvimento
da
população de mosca-branca também
favorece o aparecimento da doença,
desde que haja planta hospedeira disponível. Plantas hospedeiras alternativas deste vírus, no Brasil, são desconhecidas.
do. O crescimento é paralisado, conferindo aspecto de planta anã. As sementes podem apresentar inanchas associadas à ruptura do tegumento, que
fica com menos brilho.
Conci~s de desenvolvimento
O vírus causador é transmitido por
tripes e infecta diversas espécies vegetais
como girassol e amendoim. No campo, a
principal planta fonte de inóculo é a eravorana (Ambrosia polystachya).
Doenças
Controle
Não existem cultivares resistentes.
Controle
Necrose da haste - sintomas
tornam-se evidentes na f1oração
lhas e com mosaico distribuído irregularmente sobre o limbo foliar. A maturação é atrasada e é comum encontrar plantas verdes no meio de plantas já amadurecidas.
Genótipos suscetíveis produzem sementes com manchas marrons ou pretas, de acordo com
a cor do hilo. Há genótipos suscetÍveis que não produzem sementes manchadas. Sementes sem manchas podem transmitir o vírus e originar plântulas infectadas.
10 entanto, nem todas as sementes manchadas originam
plântulas infectadas.
C~
de desenvolvimento
Diversas variedades de soja são resistentes e podem ser utilizadas em regiões
onde o problema se manifestou. Além das
dificuldades de se controlar mosca-branca, a transmissão de forma não persistente favorece a disseminação nos campos de soja
QUEIMA DO BROTO
Tobacco Streak Virus (TSV)
Caderno Técnico:
Como a população de tripes é reduzida pela ação das chuvas, recomendamse semeaduras tardias, época em que
a incidência da virose permanece inferior a 15% de plantas infectadas,
com prejuízos desprezíveis. O uso de
inseticidas não fornece controle satisfatório, visto que os tripes virulíferos
mantêm a migração durante longo
período, de fora para dentro das lavouras, e conseguem infectar as plantas
antes de morrer pelo inseticida.
~
Foto de Capa:
Dirceu Gassen
Circula encartado na
revista Cultivar
Grandes Culturas
nQ 99 - Agosto 07
Reimpressões podem
ser solicitadas através
do telefone:
(53) 3028.2075
www.grupocultivar.com
Sintomas
O broto apical fica curvado, necrosado e facilmente quebrável. Normalmente, apresenta escurecimento
da
medula da haste principal, que é o
principal sinal para diagnose. Após a
morte do broto apical, as plantas produzem excessiva brotação axilar, com
folhas afiladas e de tamanho reduzi-
Rafael Moreira Soares,
Ademir Assis Henning,
Álvaro Manoel R. Almeida,
Cláudia Vieira Godoy,
Claudine Dinale S. Seixas e
Waldir Pereira Dias,
Embrapa
Soja
O vírus do mosaico comum da soja
foi introduzido no Brasil através de sementes infectadas e está distribuído em
todas as regiões onde a soja é cultivada. É
transmitido por pulgões. Condições climáticas que favorecem a população de
pulgões contribuem para maior incidência do vírus no campo.
Controle
A maneira mais eficiente de controle
é através de variedades resistentes. Inúmeras cultivares de soja são resistentes a
esse vírus.
NECROSE DA HASTE
É uma doença de ocorrência relativamente recente, com grande potencial
de dano à cultura, causada pelo vírus
Cowpea Mild Mottle virus (CPMMV).
Sintomos
a Iloração e início de formação de
vagens, os sintomas tomam-se evidentes
com aparecimento da queima do broto e
da necrose das hastes, quando as plantas
acabam morrendo. Corte longitudinal das
hastes mostram escurccimento da medula. Plantas que não morrem apresentam
severo nanismo c foLhas deformadas.
Transmitida por tripes, a queima do broto é diagnosticada pelo escurecimento da medula da
haste principal e pelo broto apical que fica curvado, necrosado e facilmente quebrável
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